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Índice de Imunoinflamação Sistêmica e Isquemia em Pacientes com Artérias Coronárias Não Obstrutivas

Palavras-chave
Doença da Artéria Coronariana; Isquemia Miocárdica; Vasos Coronários; Dor no Peito

A doença cardiovascular é a principal causa de morte em todo o mundo e a doença arterial coronariana (DAC) é o tipo mais comum de doença cardiovascular. No entanto, uma parcela significativa dos pacientes que apresentam desconforto torácico característico não demonstra DAC obstrutiva, definida como estenose ≥50% em pelo menos uma artéria coronária na angiografia. Esses pacientes geralmente recebem diagnósticos de afecções não cardiológicas, como distúrbios gastrointestinais ou de desordens psicossomáticas.11 Melikian N, De Bruyne B, Fearon WF, MacCarthy PA. The Pathophysiology and Clinical Course of the Normal Coronary Angina Syndrome (Cardiac Syndrome X). Prog Cardiovasc Dis. 2008;50(4):294-310. doi: 10.1016/j.pcad.2007.01.003.
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Especula-se que a disfunção vascular coronariana parece ser a causa subjacente da isquemia em grade parte destes casos. Desta forma, a padronização dos critérios diagnósticos para sintomas isquêmicos devido à disfunção microvascular coronariana (DMV) é necessária para investigação adicional de pacientes que apresentam dor torácica anginosa consistente com "angina microvascular".22 Ong P, Camici PG, Beltrame JF, Crea F, Shimokawa H, Sechtem U, et al. International Standardization of Diagnostic Criteria for Microvascular Angina. Int J Cardiol. 2018;250:16-20. doi: 10.1016/j.ijcard.2017.08.068.
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Historicamente, os únicos métodos práticos disponíveis para avaliação têm sido invasivos, como o doppler intracoronário ou a termodiluição. Isto provavelmente prejudicou a avaliação objetiva da DMV em pacientes que apresentam dor torácica sem DAC obstrutiva. Assim, o tratamento tem sido frequentemente estudado em entidades clínicas imprecisas, como a síndrome cardíaca X.33 Kemp HG Jr, Vokonas PS, Cohn PF, Gorlin R. The Anginal Syndrome Associated with Normal Coronary Arteriograms. Report of a Six Year Experience. Am J Med. 1973;54(6):735-42. doi: 10.1016/0002-9343(73)90060-0.
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,44 Pepine CJ, Anderson RD, Sharaf BL, Reis SE, Smith KM, Handberg EM, et al. Coronary Microvascular Reactivity to Adenosine Predicts Adverse Outcome in Women Evaluated for Suspected Ischemia Results from the National Heart, Lung and Blood Institute WISE (Women's Ischemia Syndrome Evaluation) Study. J Am Coll Cardiol. 2010;55(25):2825-32. doi: 10.1016/j.jacc.2010.01.054.
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Além disso, a falta de consenso sobre critérios diagnósticos e nomenclatura obscureceu ainda mais as evidências que buscavam definir objetivamente a angina microvascular como uma entidade clínica distinta.55 Marinescu MA, Löffler AI, Ouellette M, Smith L, Kramer CM, Bourque JM. Coronary Microvascular Dysfunction, Microvascular Angina, and Treatment Strategies. JACC Cardiovasc Imaging. 2015;8(2):210-20. doi: 10.1016/j.jcmg.2014.12.008.
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No cenário e contexto das síndromes coronárias, há vários marcadores inflamatórios, como a proteína-C reativa (PCR), fator de necrose tumoral-α e várias interleucinas, que estão associados a um desfecho pior.66 Zamani P, Schwartz GG, Olsson AG, Rifai N, Bao W, Libby P, et al. Inflammatory Biomarkers, Death, and Recurrent Nonfatal Coronary Events After an Acute Coronary Syndrome in the MIRACL Study. J Am Heart Assoc. 2013;2(1):e003103. doi: 10.1161/JAHA.112.003103.
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Embora a inflamação sistêmica grave seja um indicador estabelecido de mortalidade na síndromes coronárias agudas (SCA), nenhum biomarcador inflamatório único é capaz de orientar o tratamento do risco cardiovascular.77 González-Pacheco H, Bojalil R, Amezcua-Guerra LM, Sandoval J, Eid-Lidt G, Arias-Mendoza A, et al. Derivation and Validation of a Simple Inflammation-based Risk Score System for Predicting in-hospital Mortality in Acute Coronary Syndrome Patients. J Cardiol. 2019;73(5):416-24. doi: 10.1016/j.jjcc.2018.11.010.
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Por sua vez, índices hematológicos simples, como a relação neutrófilos-linfócitos (RNL) e a relação plaquetas-linfócitos, também são indicadores úteis e promissores para a estratificação acurada da doença cardiovascular.88 Budzianowski J, Pieszko K, Burchardt P, Rzeźniczak J, Hiczkiewicz J. The Role of Hematological Indices in Patients with Acute Coronary Syndrome. Dis Markers. 2017;2017:3041565. doi: 10.1155/2017/3041565.
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Nas SCA, a ativação descontrolada da imunidade inata e adaptativa converge com a ativação plaquetária, resultando na formação de trombos. O índice imunoinflamatório sistêmico (IIS), derivado das contagens de plaquetas, neutrófilos e linfócitos, combina os principais atores dessas vias fisiopatológicas, sendo descrito pela primeira vez como uma ferramenta prognóstica no carcinoma hepatocelular.99 Hu B, Yang XR, Xu Y, Sun YF, Sun C, Guo W, et al. Systemic Immune-inflammation Index Predicts Prognosis of Patients After Curative Resection for Hepatocellular Carcinoma. Clin Cancer Res. 2014;20(23):6212-22. doi: 10.1158/1078-0432.CCR-14-0442.
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O IIS foi relacionado com a extensão do dano miocárdico e essa relação provavelmente se deu por meio do tipo de SCA, com valores mais elevados deste índice em pacientes com infarto com Supra-ST (IAMCSST). Este achado está de acordo com estudos anteriores, cujos resultados demonstraram que, na ausência de necrose, a correlação da contagem de leucócitos com a mortalidade diminuiu.1010 Núñez J, Núñez E, Sanchis J, Bodí V, Llàcer A. Prognostic Value of Leukocytosis in Acute Coronary Syndromes: The Cinderella of the Inflammatory Markers. Curr Med Chem. 2006;13(18):2113-8. doi: 10.2174/092986706777935221.
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,1111 Núñez J, Fácila L, Llàcer A, Sanchís J, Bodí V, Bertomeu V, et al. Prognostic Value of White Blood Cell Count in Acute Myocardial Infarction: Long-term Mortality. Rev Esp Cardiol. 2005;58(6):631-9.

O manuscrito intitulado "A Relação entre o Índice de Imuno-Inflamação Sistêmica e Isquemia com Artérias Coronárias Não Obstrutivas em Pacientes Submetidos à Angiografia Coronária" investigou a relação entre isquemia em artérias coronárias não obstrutivas (INOCA) e o índice de imunoinflamação sistêmica (IIS) que trata da relação plaquetas × neutrófilos/linfócitos.1212 Karakayali M, Altunova M, Yakisan T, Aslan S, Omar T, Artac I, et al. A Relação entre o Índice de Imuno-Inflamação Sistêmica e Isquemia com Artérias Coronárias Não Obstrutivas em Pacientes Submetidos à Angiografia Coronária. DOI: https://doi.org/10.36660/abc.20230540. Arq Bras Cardiol. 2024; 121(2):e20230540
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Um total de 424 pacientes com idade média de 56 anos foram incluídos. Estes foram alocados em dois grupos de acordo com o diagnóstico de INOCA. Como resultado, observou-se que os pacientes com INOCA eram mais propensos a uma contagem mais elevada de plaquetas, relação neutrófilos para linfócitos, e valores de IIS. O valor de corte ideal do IIS para prever o INOCA foi 153,8, com sensibilidade de 44,8% e especificidade de 78,77%. O valor da AUC do IIS foi maior do que o dos linfócitos e plaquetas em pacientes INOCA.

Desta forma, a despeito de algumas limitações do estudo, os autores concluem que um IIS elevado pode estar associado ao aumento da atividade inflamatória. Desta forma, esse achado sugere que o IIS pode potencialmente ser usado para identificar e estratificar indivíduos de mais alto risco, ainda na admissão em unidades hospitalares.

  • Minieditorial referente ao artigo: A Relação entre o Índice de Imuno-Inflamação Sistêmica e Isquemia com Artérias Coronárias Não Obstrutivas em Pacientes Submetidos à Angiografia Coronária

Referências

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Abr 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    11 Fev 2024
  • Revisado
    15 Fev 2024
  • Aceito
    15 Fev 2024
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