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Desempenho agronômico de seleções de café Bourbon Vermelho e Bourbon Amarelo de diferentes origens

Agronomic performance of selections of Red Bourbon and Yellow Bourbon coffee from different origins

Resumos

O objetivo deste trabalho foi avaliar a adaptabilidade e estabilidade fenotípica e outras características de interesse agronômico de genótipos de café Bourbon Vermelho e Bourbon Amarelo, para selecionar os de melhor desempenho no Estado de Minas Gerais. Foram avaliados 17 genótipos pertencentes ao grupo Bourbon, bem pontuados em concursos de qualidade de bebida, além de três cultivares amplamente cultivadas no estado, utilizadas como testemunhas. Os experimentos foram instalados em dezembro de 2005, nos municípios de Lavras, Santo Antônio do Amparo, Três Pontas, Campos Altos e Patrocínio. As avaliações foram realizadas durante as quatro primeiras colheitas, nos anos agrícolas 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010 e 2010/2011, e compreenderam as seguintes características: produtividade de grãos, adaptabilidade e estabilidade fenotípica, percentagem de frutos chochos, vigor vegetativo e classificação por peneira. Há variabilidade genética dentro do grupo de Bourbon estudado. Os genótipos de Bourbon apresentam produtividades satisfatórias em todos os locais avaliados. O genótipo Bourbon Vermelho 2 apresenta maior adaptabilidade, tendo-se destacado quanto a todas as características avaliadas.

Coffea arabica; adaptabilidade; estabilidade; genótipo x ambiente; qualidade de bebida


The objective of this work was to evaluate phenotypic adaptability and stability, and other traits of agronomic interest of genotypes of Red Bourbon and Yellow Bourbon coffee in order to select the ones with better performance in the state of Minas Gerais, Brazil. We evaluated 17 genotypes of the Bourbon cultivar group, with good performance in cup-quality tests, as well as three cultivars widely grown in the state, used as a control. The experiments were established in December 2005, in the municipalities of Lavras, Santo Antônio do Amparo, Três Pontas, Campos Altos, and Patrocínio. The evaluations were done during the first four harvests in the growing seasons of 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, and 2010/2011, including the following traits: grain yield, phenotypic adaptability and stability, percentage of floating grains, vegetative vigor, and bean size. There is genetic variability within the Bourbon group studied. Bourbon genotypes show satisfactory yields in all evaluated sites. The genotype Red Bourbon 2 has greater adaptability, and stood out as to all studied variables.

Coffea arabica; adaptability; stability; genotype x environment; coffee cup-quality


FITOTECNIA

André Dominghetti FerreiraI; Gladyston Rodrigues CarvalhoII; Juliana Costa de RezendeII; Cesar Elias BotelhoII; Ramiro Machado RezendeIII; Alex Mendonça de CarvalhoIII

IEmbrapa Gado de Corte, Av. Rádio Maia, no 830, CEP 79106-550 Campo Grande, MS. E-mail: andre.dominghetti@embrapa.br

IIEmpresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, Unidade Regional do Sul de Minas, Campus da Universidade Federal de Lavras, s/no, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras, MG. E-mail: carvalho@epamig.ufla.br, julianacosta@epamig.br, cesarbotelho@epamig.br

IIIUniversidade Federal de Lavras, Departamento de Fitotecnia, Caixa Postal 3037, CEP 37200-000 Lavras, MG. E-mail: ramiromr@globo.com, carvalho.am@hotmail.com

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar a adaptabilidade e estabilidade fenotípica e outras características de interesse agronômico de genótipos de café Bourbon Vermelho e Bourbon Amarelo, para selecionar os de melhor desempenho no Estado de Minas Gerais. Foram avaliados 17 genótipos pertencentes ao grupo Bourbon, bem pontuados em concursos de qualidade de bebida, além de três cultivares amplamente cultivadas no estado, utilizadas como testemunhas. Os experimentos foram instalados em dezembro de 2005, nos municípios de Lavras, Santo Antônio do Amparo, Três Pontas, Campos Altos e Patrocínio. As avaliações foram realizadas durante as quatro primeiras colheitas, nos anos agrícolas 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010 e 2010/2011, e compreenderam as seguintes características: produtividade de grãos, adaptabilidade e estabilidade fenotípica, percentagem de frutos chochos, vigor vegetativo e classificação por peneira. Há variabilidade genética dentro do grupo de Bourbon estudado. Os genótipos de Bourbon apresentam produtividades satisfatórias em todos os locais avaliados. O genótipo Bourbon Vermelho 2 apresenta maior adaptabilidade, tendo-se destacado quanto a todas as características avaliadas.

Termos Para indexação:Coffea arabica, adaptabilidade, estabilidade, genótipo x ambiente, qualidade de bebida.

ABSTRACT

The objective of this work was to evaluate phenotypic adaptability and stability, and other traits of agronomic interest of genotypes of Red Bourbon and Yellow Bourbon coffee in order to select the ones with better performance in the state of Minas Gerais, Brazil. We evaluated 17 genotypes of the Bourbon cultivar group, with good performance in cup-quality tests, as well as three cultivars widely grown in the state, used as a control. The experiments were established in December 2005, in the municipalities of Lavras, Santo Antônio do Amparo, Três Pontas, Campos Altos, and Patrocínio. The evaluations were done during the first four harvests in the growing seasons of 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, and 2010/2011, including the following traits: grain yield, phenotypic adaptability and stability, percentage of floating grains, vegetative vigor, and bean size. There is genetic variability within the Bourbon group studied. Bourbon genotypes show satisfactory yields in all evaluated sites. The genotype Red Bourbon 2 has greater adaptability, and stood out as to all studied variables.

Index terms:Coffea arabica, adaptability, stability, genotype x environment, coffee cup-quality.

Introdução

Um dos principais instrumentos que as empresas rurais e as organizações ligadas à cafeicultura dispõem para ingressar no mercado de café é a qualidade. Em decorrência da crescente demanda por cafés com alta qualidade de bebida, o interesse no plantio de cultivares de maior potencial para produção de cafés especiais tem aumentado significativamente nos últimos anos, o que leva os pesquisadores a darem ênfase não só à produtividade das cultivares.

Entre as cultivares comerciais do cafeeiro (Coffea arabica L.) disponíveis para o plantio, a cultivar Bourbon apresenta elevado potencial quanto à qualidade de bebida e é altamente valorizada nos mercados de cafés especiais, por suas características sensoriais diferenciadas. No entanto, sua adoção pelos produtores tem sido lenta, principalmente em razão da falta de informações sobre seu comportamento agronômico nos diferentes sistemas de produção utilizados na cafeicultura nacional.

De maneira geral, as plantas da cultivar Bourbon são menos produtivas que as da cultivar Mundo Novo (Fazuoli et al., 2005); porém, a adaptação de genótipos a ambientes específicos pode consistir a diferença entre uma boa e uma excelente variedade. Vasconcelos et al. (2010) ressaltam que interações significativas associadas a características ambientais previsíveis representam uma grande oportunidade de exploração. Uma das formas mais utilizadas para determinar o efeito dessa interação é a implantação de experimentos em locais contrastantes, em que vários genótipos são avaliados, com vistas à identificação de materiais genéticos com ampla estabilidade e adaptabilidade (Barros et al., 2012; Mendes et al., 2012; Silveira et al., 2012).

No método proposto por Annicchiarico (1992), a estabilidade é medida pela superioridade de um genótipo em relação ao desempenho médio dos genótipos em cada ambiente. Esse método é baseado no cálculo de um índice de recomendação ou confiança, de tal forma que os maiores valores do índice são obtidos para aqueles genótipos que apresentam maior média percentual e menor desvio (Ramos et al., 2011). Condé et al. (2010) e Pereira et al. (2012) recomendam a utilização dessa metodologia pela facilidade de interpretação.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a adaptabilidade e estabilidade fenotípica e outras características de interesse agronômico de genótipos de café Bourbon Vermelho e Bourbon Amarelo.

Material e Métodos

Foram avaliados 20 genótipos de café, dos quais 17 pertencem ao grupo da cultivar Bourbon, obtidos em lavouras que tiveram seus produtos bem pontuados em concursos de qualidade de bebida. Essas fazendas estão localizadas em regiões tradicionais de cultivo do café no Estado de Minas Gerais, mas não têm registro sobre a origem da cultivar plantada inicialmente. Portanto, as cultivares foram denominadas pelo nome da fazenda: Bourbon Amarelo LCJ 10 Fazenda Experimental da Epamig de Machado, MG (BA1), Bourbon Amarelo Fazenda Experimental do Procafé (BA2), Bourbon Amarelo Fazenda Bom Jardim (BA3), Bourbon Amarelo Fazenda Betânia (BA4), Bourbon Amarelo Fazenda Boa Vista (BA5), Bourbon Amarelo LCJ 9 (IAC, SP) (BA6), Bourbon Amarelo Fazenda Toriba (BA7), Bourbon Amarelo Fazenda São Paulo (BA8), Bourbon Amarelo Fazenda Castro (BA9), Bourbon Amarelo Fazenda Nogueira (BA10), Bourbon Amarelo Fazenda Paixão (BA11), Bourbon Amarelo Fazenda Samambaia (BA12), Bourbon Amarelo Italiano Fazenda Monte Alegre (BA13), Bourbon Amarelo Trigo Fazenda Monte Alegre (BA14), Bourbon Amarelo Limoeiro Fazenda Monte Alegre (BA15), Bourbon Vermelho Fazenda Experimental do Procafé (BV1) e Bourbon Vermelho Fazenda São João Batista (BV2). As cultivares Mundo Novo IAC 502/9, Catuaí Vermelho IAC 144 e Icatú Amarelo IAC 3282, amplamente cultivadas no Estado de Minas Gerais, foram utilizadas como testemunhas.

Os experimentos foram instalados em dezembro de 2005 no espaçamento de 3,5x0,8 m, nos municípios de Lavras, Santo Antônio do Amparo, Três Pontas, Campos Altos e Patrocínio, de forma a representar as condições de ambiente existentes nas regiões direcionadas para produção de cafés finos (Tabela 1). Utilizou-se o delineamento de blocos ao acaso, com três repetições e dez plantas por parcela, sendo as oito centrais utilizadas para a coleta dos frutos. A correção e fertilização do solo, bem como o controle de pragas e doenças, foram iguais em todos os locais, com o intuito de fornecer a mais alta tecnologia disponível no sistema de produção.

As avaliações foram realizadas nas quatro primeiras colheitas, durante os anos agrícolas 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010 e 2010/2011, tendo compreendido as seguintes características: produtividade de grãos, adaptabilidade e estabilidade fenotípica, percentagem de frutos chochos, vigor vegetativo e classificação por peneira. As colheitas foram realizadas em várias etapas, para se obter, no mínimo, 80% de frutos no estádio cereja em cada parcela.

A produção foi medida pela pesagem dos frutos, imediatamente após a colheita. Posteriormente, foi realizada a conversão para sacas de 60 kg de café beneficiado por hectare, por meio do rendimento de uma amostra de 3 kg de café, coletada em cada parcela por ocasião da colheita. A percentagem de frutos chochos foi determinada pela metodologia proposta por Antunes Filho & Carvalho (1957), em que são colocados 100 frutos cereja em água e são considerados chochos aqueles que permanecem na superfície.

Para avaliar o vigor vegetativo dos cafeeiros, foram atribuídas notas de acordo com escala arbitrária de 10 pontos, em que a nota 1 correspondente às piores plantas, com reduzido vigor vegetativo e acentuado sintoma de depauperamento; e a nota 10, às plantas com excelente vigor, mais enfolhadas e com acentuado crescimento vegetativo dos ramos produtivos, conforme Carvalho et al. (1979). Para a classificação dos grãos, passou-se uma amostra de 300 g por um conjunto de peneiras intercaladas (12/64 a 19/64). A massa dos grãos retidos em cada peneira foi quantificada e transformada em percentagem (Brasil, 2003).

A análise de variância foi feita com arranjo conjunto das quatro colheitas, dos cinco locais avaliados (Steel & Torrie, 1980), após constatação da homogeneidade da variância, pelo teste de Hartley, conforme sugerido por Ramalho et al. (2000). Em seguida, as médias foram comparadas pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade. Utilizou-se o aplicativo computacional Sisvar.

Após constatação da significância da interação progênies x biênios x locais, foi realizada análise da adaptabilidade e da estabilidade das cultivares, tendo-se considerado, como ambientes, as combinações de biênios com locais. Foi utilizada a metodologia proposta por Annicchiarico (1992), o qual propõe o uso de um índice de confiança que estima o risco da adoção de determinado genótipo. Os procedimentos para os cálculos, pelo método proposto, iniciaram-se com a transformação das médias de produtividade de cada cultivar, em cada ambiente, em percentagem da média do ambiente. Posteriormente, estimou-se a média Yi(GFD) e o desvio-padrão (Si(GFD)) das percentagens de cada cultivar para os ambientes de modo geral (G) e para os ambientes favoráveis (F) e desfavoráveis (D). Utilizou-se o aplicativo computacional Genes (Cruz, 2006).

Resultados e Discussão

Houve efeito significativo na interação genótipo x local para todas as características avaliadas, o que indica comportamento distinto dos genótipos nos ambientes estudados. Esses resultados refletem as diferentes sensibilidades dos genótipos de cafeeiro às mudanças do ambiente, o que também foi verificado por outros autores (Botelho et al., 2010; Cilas et al., 2010; Gichimu & Omondi, 2010).

A produtividade de grãos dos genótipos foi diferente apenas nos experimentos instalados em Santo Antônio do Amparo e Patrocínio, e não foi observada diferença entre os genótipos nos demais locais de cultivo (Tabela 2). Nesses dois locais, houve formação de três grupos de genótipos com produtividades distintas. Dos genótipos avaliados, apenas os Bourbon Amarelo 5, 10 e 14, bem como a cultivar Icatú Amarelo IAC 3282, compuseram o grupo de menor produtividade.

O grupo de maior produtividade em Santo Antônio do Amparo, formado por 12 genótipos, obteve médias que variaram de 42,90 a 56,74 sacas por hectare. Em Patrocínio, o genótipo Bourbon Amarelo 15 foi superior a todos os demais, e o grupo de menor produtividade foi constituído pela maioria dos genótipos. Com base na média geral de quatro colheitas, houve a formação de dois grupos, em que a produtividade variou entre 28,19 e 35,38 sacas por hectare no grupo superior, composto por 15 cultivares, entre elas as cultivares utilizadas como testemunhas (Tabela 2).

Em ensaio conduzido por 33 anos em Campinas, SP, Fazuoli et al. (2005) verificaram que as progênies de Mundo Novo foram superiores às de Bourbon Amarelo e de Bourbon Vermelho em 38,7 e 111,6%, respectivamente, sendo que, entre as 30 progênies mais produtivas, não houve nenhuma progênie de Bourbon. Contudo, no presente trabalho, as cultivares de Bourbon utilizadas apresentaram produtividades satisfatórias em todos os locais avaliados, com valores iguais ou superiores aos da cultivar Mundo Novo. Esse resultado pode ser atribuído ao maior uso de tecnologia no sistema de produção utilizado no presente trabalho, que possibilitou a expressão do potencial produtivo dessas cultivares. Dessa forma, nota-se que os genótipos em estudo são competitivos em relação aos comumente utilizados, principalmente com o emprego de técnicas de cultivo mais intensivas.

Na literatura, recomenda-se a avaliação da produção por pelo menos quatro safras consecutivas, ou dois biênios, para ter sucesso na seleção de uma progênie, visto que o café é uma cultura perene e a estabilidade de produção é alcançada na quarta colheita (Pedro et al., 2011). Portanto, o ciclo de avaliação utilizado no presente trabalho foi suficiente para discriminar, com eficiência, o potencial produtivo das progênies.

O comportamento distinto das cultivares estudadas nos diferentes locais de cultivo confirma a ocorrência da interação genótipo x ambiente e justifica a avaliação de estabilidade dos genótipos (Tabela 3). No presente trabalho, os genótipos Bourbon Vermelho 2 e Mundo Novo 502/9 apresentaram maiores valores do índice de confiança (Annicchiarico, 1992), que foram de 105,32 e 98,74, respectivamente. O genótipo Bourbon Vermelho 2 apresentou o melhor desempenho, com 90% de índice de confiança, 5,32% mais produtivo que a média ambiental, o que confirma os resultados obtidos na Tabela 2, em que esse genótipo esteve nos grupos de maior produtividade nos diferentes locais. Portanto, essa cultivar de Bourbon e a cultivar Mundo Novo 502/9 se mostraram promissoras, pois além de apresentarem maior estabilidade nos ambientes, elas figuraram entre as mais produtivas na média dos ambientes. O genótipo Bourbon Amarelo 10, por sua vez, foi o que apresentou menor valor do índice de confiança, com risco de 40,09% de se comportar abaixo da média dos ambientes.

Ao se compararem os desempenhos desses dois genótipos de Bourbon, nos ambientes mais desfavoráveis para cada um, o Bourbon Vermelho 2 produzirá 45,41% a mais que o Bourbon Amarelo 10, em relação à média ambiental. Ao se considerar a média de produtividade mineira, em torno de 24,6 sacas por hectare (Companhia Nacional de Abastecimento, 2013), haveria um aumento de 11,17 sacas por hectare com a escolha correta da cultivar.

Observou-se, para todos os genótipos e em todos os locais de estudo, maior percentagem de frutos granados em relação aos chochos, com média geral de 92,96%, para frutos granados, e de 7,04% para frutos chochos (Tabela 4). Segundo Carvalho et al. (2006), acima de 90% de frutos bem granados é um percentual considerado satisfatório pelos pesquisadores na avaliação e seleção de cafeeiros em programa de melhoramento, uma vez que grande parte das cultivares comerciais apresenta este percentual.

Em Campos Altos, houve a formação de dois grupos, e os genótipos de Bourbon Amarelo 13, 14 e 15, todos provenientes de uma mesma fazenda, foram iguais entre si e superiores aos demais (Tabela 4). Semelhantemente, em Santo Antônio do Amparo, houve a formação de dois grupos; porém, neste local, a maior parte dos genótipos tiveram notas superiores, e os genótipos de Bourbon Amarelo 4, 5, 10 e 11 apresentaram notas inferiores.

É possível verificar a influência de fatores genéticos e ambientais sobre percentagem de frutos granados, pela variação entre os genótipos e entre os locais estudados. Vale destacar que apenas o genótipo Bourbon Vermelho 1 permaneceu no grupo de maior percentagem de grãos chochos, nos três locais onde foi detectada diferença entre os genótipos, o que indica possível causa genética. Outros autores também observaram variabilidade para essa característica em ensaios de melhoramento genético. Ao estudar progênies de Mundo Novo, Antunes Filho & Carvalho (1957) encontraram percentuais de sementes chochas que variaram de 0 a 80%; já Carvalho et al. (2006), ao avaliar progênies de Coffea arabica, verificaram, para esta característica, uma amplitude de variação de 4,5 a 18,25%, atribuída à variabilidade genética.

As médias de vigor do experimento instalado em Patrocínio foram as mais baixas, tendo-se formado três grupos distintos (Tabela 5). Os resultados permitem inferir que os genótipos de Bourbon, cultivados sob o sistema de sequeiro, não apresentam boa adaptabilidade nesta região, o que evidencia a influência ambiental sobre o desenvolvimento das plantas e exige maiores cuidados na condução de lavouras com essas cultivares, visto que um elevado vigor vegetativo está correlacionado positivamente à melhor adaptação da cultivar ao ambiente de cultivo (Severino et al., 2002).

No ensaio instalado em Três Pontas, houve a formação de dois grupos, e os genótipos de Bourbon Amarelo (12, 13, 14 e 15), Bourbon Vermelho 2, Mundo Novo IAC 509/2 e Icatu Amarelo IAC 3282 formaram o grupo com maior nota de vigor. Apesar de terem sido detectadas diferenças entre os genótipos de Bourbon, de modo geral, estes não apresentaram elevadas notas de vigor, o que corrobora outros trabalhos realizados com a cultivar (Fazuoli et al., 2005; Moura et al., 2009).

Quando se trata de cafeeiros com potencial de produção de cafés especiais, é interessante a análise de peneira alta, pois essa característica proporciona maior uniformidade do lote a ser processado e influencia diretamente o aspecto físico do produto, o que é desejável, principalmente, para a utilização em máquinas de café expresso. Para esta característica, observou-se, em todos os locais estudados, a formação de pelo menos dois grupos, sendo que apenas os genótipos de Bourbon Amarelo 10 e 11, Bourbon Vermelho 2 e Icatu Amarelo IAC 3282 apresentaram maiores percentagens de peneira alta nos cinco locais estudados (Tabela 6). Vale ressaltar que o Bourbon Vermelho 2 também se destaca em produtividade e adaptabilidade. Em programas de melhoramento genético de cafeeiro, busca-se um ideótipo cujo desempenho abranja, além de outras características, alta produção e aumento de peneira (Ferreira et al., 2005).

Fazuoli et al. (2005), ao avaliar cultivares de Mundo Novo e Bourbon, também detectaram diferenças na percentagem de grãos de peneira alta entre os materiais, sendo que as progênies de Bourbon Amarelo e Bourbon Vermelho foram consideradas normais quanto à peneira média, porém, com valores menores do que os encontrados nas progênies de Mundo Novo, fato observado em apenas alguns genótipos no presente trabalho.

Conclusões

1. Há variabilidade genética dos cafeeiros dentro do grupo de genótipos de Bourbon Amarelo e Vermelho.

2. Os genótipos de Bourbon Amarelo e Vermelho apresentam produtividades satisfatórias em todos os locais.

3. O genótipo Bourbon Vermelho 2 foi o mais promissor quanto à adaptabilidade e à estabilidade, tendo-se destacado em todas as demais características de interesse agronômico avaliadas.

Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ao Consórcio de Pesquisa Café e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), pelo apoio financeiro ao projeto.

Recebido em 14 de fevereiro de 2012

Aprovado em 14 de fevereiro de 2013

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    Agronomic performance of selections of Red Bourbon and Yellow Bourbon coffee from different origins
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      05 Jul 2013
    • Data do Fascículo
      Abr 2013

    Histórico

    • Recebido
      14 Fev 2012
    • Aceito
      14 Fev 2013
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