Resumo
A prevalência da nefrolitíase está aumentando em todo o mundo e resulta em ônus significativo para o sistema de saúde. Novos estudos revelam que a formação de cálculos urinários está associada a várias morbidades graves. No entanto, poucos estudos observacionais ou ensaios clínicos randomizados de qualidade demonstraram que intervenções clínicas específicas diminuem a recorrência da nefrolitíase. Portanto, nesta revisão são analisadas as evidências disponíveis da terapia médica expulsiva para cálculos ureterais; avaliam-se os dados da terapêutica não farmacológica, incluindo modificações dietéticas e terapia à base de sucos cítricos; e discute-se a eficácia dos diuréticos tiazídicos no tratamento da hipercalciúria associada à nefrolitíase recorrente.
Palavras-chave:
citrato de potássio; cálculos renais; hipercalciúria; nefrolitíase; ácido cítrico
Abstract
The prevalence of kidney stone disease is increasing worldwide with significant health and economic burden. Newer research is finding that stones are associated with several serious morbidities. Yet, few randomized clinical trials or high quality observational studies have assessed whether clinical interventions decrease the recurrence of kidney stones. Therefore, in this review we analyze the available evidence on medical expulsive therapy for ureteral stones; describe the evidence about non-pharmacological stone therapy including dietary modifications and citrus juice-based therapy; and discuss the efficacy of thiazide diuretics for the treatment of hypercalciuria in recurrent nephrolithiasis.
Keywords:
citric acid; hypercalciuria; kidney calculi; nephrolithiasis; potassium citrate
Introdução
A ocorrência de urolitíase é elevada e continua a crescer em todo o mundo. O risco vitalício de desenvolver cálculos renais sintomáticos é de aproximadamente 13% em homens e 7% em mulheres.11 Stamatelou KK, Francis ME, Jones CA, Nyberg LM, Curhan GC. Time trends in reported prevalence of kidney stones in the United States: 1976-1994. Kidney Int 2003;63:1817-23. PMID: 12675858 DOI: http://dx.doi.org/10.1046/j.1523-1755.2003.00917.x
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Além disso, o risco de recorrência é também elevado. Uma vez diagnosticados, 50% dos pacientes adultos sofrem recidivas em 5-10 anos e 75% em 20 anos.22 Moe OW. Kidney stones: pathophysiology and medical management. Lancet 2006;367:333-44. PMID: 16443041 DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(06)68071-9
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A maioria dos pacientes com nefrolitíase apresentam sintomas, normalmente na forma de dor abdominal ou no flanco. Outras possíveis manifestações incluem hematúria maciça, disúria, náusea/vômitos e eliminação espontânea. Cerca de um terço dos pacientes são assintomáticos, diagnosticados principalmente durante a produção de imagens abdominais por outros motivos.33 Bansal AD, Hui J, Goldfarb DS. Asymptomatic nephrolithiasis detected by ultrasound. Clin J Am Soc Nephrol 2009;4:680-4. DOI: http://dx.doi.org/10.2215/CJN.05181008
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A análise de fatores de risco para nefrolitíase pela urina de 24 horas é essencial para evitar a recorrência do cálculo renal. Hipercalciúria, a anomalia metabólica mais comum em formadores de cálculos renais, apesar de familiar e idiopática, é principalmente influenciada pela dieta.44 Worcester EM, Coe FL. Clinical practice. Calcium kidney stones. N Engl J Med 2010;363:954-63. PMID: 20818905 DOI: http://dx.doi.org/10.1056/NEJMcp1001011
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A hipercalciúria eleva a supersaturação da urina e promove a formação e crescimento de cristais. O citrato urinário também desempenha um importante papel na redução da formação e recorrência dos cálculos renais por se ligar ao cálcio, inibindo a nucleação espontânea e agregação de cristais de oxalato e interagindo com a proteína de Tamm-Horsfall para inibir a cristalização do oxalato de cálcio.55 Pak CY. Citrate and renal calculi: an update. Miner Electrolyte Metab 1994;20:371-7.,66 Hess B, Jordi S, Zipperle L, Ettinger E, Giovanoli R. Citrate determines calcium oxalate crystallization kinetics and crystal morphology-studies in the presence of Tamm-Horsfall protein of a healthy subject and a severely recurrent calcium stone former. Nephrol Dial Transplant 2000;15:366-74. DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ndt/15.3.366
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Os tratamentos atualmente disponíveis para a prevenção do cálculo renal recorrente são relativamente antigos. Apenas um punhado de medicamentos é utilizado com maior frequência, todos com 30 anos ou mais de existência.77 Goldfarb DS. Potential pharmacologic treatments for cystinuria and for calcium stones associated with hyperuricosuria. Clin J Am Soc Nephrol 2011;6:2093-7. DOI: http://dx.doi.org/10.2215/CJN.00320111
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Por outro lado, há várias novas opções conservadoras para o manejo inicial de pequenos cálculos ureterais além da terapia expulsiva clínica (TEC). A presente breve revisão narrativa pretende: 1) apresentar as evidências disponíveis sobre a TEC; 2) descrever algumas das evidências relativas a terapias não-farmacológicas de cálculo renal, incluindo modificações alimentares e demais tratamentos baseados em limonadas e sucos de outras frutas cítricas; e 3) discutir os efeitos dos diuréticos de tiazida no tratamento da hipercalciúria na nefrolitíase recorrente. Por conta de limitações de espaço, a presente revisão não pretende esgotar o assunto, mas sim oferecer uma análise baseada em evidências e orientada ao paciente sobre a questão. Ensaios clínicos prospectivos randomizados controlados e meta-análises serão enfatizados, enquanto estudos sem grupo de controle e retrospectivos serão mencionados.
Terapia expulsiva clinica (TEC)
Os dois fatores preditivos mais importantes para a passagem de cálculos ureterais são o tamanho dos cálculos e sua localização.44 Worcester EM, Coe FL. Clinical practice. Calcium kidney stones. N Engl J Med 2010;363:954-63. PMID: 20818905 DOI: http://dx.doi.org/10.1056/NEJMcp1001011
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Cálculos ureterais distais de 5mm ou menores tem cerca de 50-70% de probabilidade de serem eliminados espontaneamente. A chance de eliminação espontânea de cálculos de 5-10 mm é inferior a 50%.88 Bushinsky DA. Nephrolithiasis. In: Goldman L, Schafer AI, eds. Goldman-Cecil Medicine. 25th ed. Elsevier Saunders: Philadelphia; 2016. p. 811-6. Os bloqueadores do canal de cálcio e os bloqueadores α-1 são os mais promissores agentes para a TEC. Os bloqueadores do canal de cálcio (tais como a nifedipina) inibem as contrações musculares e reduzem o espasmo ureteral, enquanto os bloqueadores do receptor α-1D adrenérgico (ex.: tansulosina) reduzem o tônus da musculatura lisa ureteral, a frequência e a força do peristaltismo.99 Moe OW, Pearle MS, Sakhaee K. Pharmacotherapy of urolithiasis: evidence from clinical trials. Kidney Int 2011;79:385-92. PMID: 20927039 DOI: http://dx.doi.org/10.1038/ki.2010.389
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Vários ensaios randomizados não-mascarados foram realizados com pequenos grupos de pacientes. Em 2006, uma grande meta-análise publicada por Hollingsworth et al.1010 Hollingsworth JM, Rogers MA, Kaufman SR, Bradford TJ, Saint S, Wei JT, et al. Medical therapy to facilitate urinary stone passage: a meta-analysis. Lancet 2006;368:1171-9. PMID: 17011944 DOI:http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(06)69474-9
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estudou 693 pacientes com cálculos ureterais (tamanho médio dos cálculos: 3,9 a 7,8 mm) randomizados para receber bloqueadores do canal de cálcio, bloqueadores α-1, ou nenhum tratamento por de uma a seis semanas, com seguimento de 15 a 48 dias. Em três estudos os pacientes receberam corticosteroides e nifedipina, enquanto outros sete tanto os pacientes tratados como os do grupo de controle receberam agentes anti-inflamatórios não-esteroides. Os indivíduos tratados com alfa-bloqueadores tiveram probabilidade 65% maior de eliminar os cálculos espontaneamente e uma razão de risco combinada de 1,54 (intervalo de confiança [IC] 1,29-1,85) em comparação ao grupo de controle (p < 0,0001). O efeito colateral mais comum foi hipotensão transitória, relatado por 3,3% a 4,2% dos participantes.1010 Hollingsworth JM, Rogers MA, Kaufman SR, Bradford TJ, Saint S, Wei JT, et al. Medical therapy to facilitate urinary stone passage: a meta-analysis. Lancet 2006;368:1171-9. PMID: 17011944 DOI:http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(06)69474-9
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Contudo, os autores enfatizam que seus resultados foram provavelmente limitados por viés de publicação, que pode ter levado a uma superestimação do efeito do tratamento, e clamam pela realização de um ensaio clínico randomizado (Tabela 1).
Um ensaio clínico de grande porte, com grupo de controle, multicêntrico, randomizado, com poder estatístico adequado foi recentemente publicado.1111 Pickard R, Starr K, MacLennan G, Lam T, Thomas R, Burr J, et al. Medical expulsive therapy in adults with ureteric colic: a multicentre, randomised, placebo-controlled trial. Lancet 2015;386:341-9. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(15)60933-3
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No estudo SUSPEND (Spontaneous Urinary Stone Passage Enabled by Drugs), realizado em hospitais do National Health Service do Reino Unido, 1.136 pacientes com um único cálculo ureteral < 10 mm (localizado em qualquer ponto do ureter) foram randomizados em um estudo de quatro semanas com tansulosina, nifedipina ou placebo. O desfecho primário foi passagem espontânea do cálculo em quatro semanas, definida como ausência de necessidade de intervenções adicionais para possibilitar a eliminação do cálculo.1111 Pickard R, Starr K, MacLennan G, Lam T, Thomas R, Burr J, et al. Medical expulsive therapy in adults with ureteric colic: a multicentre, randomised, placebo-controlled trial. Lancet 2015;386:341-9. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(15)60933-3
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Durante o tratamento, cerca de 80% dos pacientes de cada grupo não exigiram intervenções adicionais para conseguir expelir o cálculo. Um percentual semelhante de participantes dos grupos de tansulosina, nifedipina e placebo tiveram intervenções marcadas após 12 semanas (7%, 6% e 8%). Foi observada uma tendência de significância estatística para a TEC, especificamente com tansulosina em mulheres com pedras > 5 mm e para cálculos localizados no ureter baixo. Desfechos secundários como dor e tempo para a passagem do cálculo não foram significativamente diferentes entre os grupos. O estudo teve duas limitações: um alto percentual de pacientes não aderiu aos medicamentos e foram utilizados questionários em vez de provas radiográficas ou endoscópicas para registrar a expulsão do cálculo (Tabela 2).
Recentemente, Furyk et al.1212 Furyk JS, Chu K, Banks C, Greenslade J, Keijzers G, Thom O, et al. Distal Ureteric Stones and Tamsulosin: A Double-Blind, Placebo-Controlled, Randomized, Multicenter Trial. Ann Emerg Med 2015 Jul 13. [Epub ahead of print] PMID: 26194935 avaliaram a eficácia e a segurança da tansulosina como TEC em comparação a placebo em pacientes com cálculos ureterais distais com diâmetro igual ou menor que 10 mm. Este ensaio multicêntrico randomizado duplo-cego controlado por placebo foi realizado em cinco unidades de pronto-socorro (PS) em um estado australiano. Em 316 pacientes com cálculos sintomáticos e seguimento de 28 dias com tomografia computadorizada, a taxa de passagem de cálculos (desfecho primário) foi semelhante entre tansulosina e placebo. Contudo, a análise de um subgrupo (apesar de pré-especificado pelos investigadores) de 103 pacientes com cálculos de 5 a 10 mm revelou maior frequência de eliminação de cálculos com tansulosina. São várias as limitações desse ensaio. Foi identificada baixa aderência ao regime terapêutico sob condições de ensaio clínico. Além disso, a possibilidade de viés de seleção não pode ser excluída, uma vez que o recrutamento foi realizado por profissionais de PS em regime de trabalho intenso sujeito a prioridades concorrentes (Tabela 2).1212 Furyk JS, Chu K, Banks C, Greenslade J, Keijzers G, Thom O, et al. Distal Ureteric Stones and Tamsulosin: A Double-Blind, Placebo-Controlled, Randomized, Multicenter Trial. Ann Emerg Med 2015 Jul 13. [Epub ahead of print] PMID: 26194935
Tratamento não-farmacológico para urolitíase
A dieta típica em países industrializados - rica em sódio, proteína animal e bebidas adoçadas com açúcar e frutose - resulta em elevada excreção de cálcio, ácido úrico, oxalato e fósforo e em redução do citrato urinário e do pH, favorecendo, assim, a formação de cálculos renais.1313 Taylor EN, Curhan GC. Fructose consumption and the risk of kidney stones. Kidney Int 2008;73:207-12. DOI: http://dx.doi.org/10.1038/sj.ki.5002588
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,1414 Massey LK, Whiting SJ. Dietary salt, urinary calcium, and kidney stone risk. Nutr Rev 1995;53:131-9. PMID: 7666985
A dieta pode promover ou inibir a formação de cálculos de oxalato de cálcio. O planejamento nutricional desempenha um papel fundamental na prevenção da nefrolitíase. As recomendações giram em torno da manutenção de níveis adequados de cálcio, do aumento da ingestão de líquidos, frutas e verduras, e da redução do consumo de sódio e proteína animal.1515 Fink HA, Akornor JW, Garimella PS, MacDonald R, Cutting A, Rutks IR, et al. Diet, fluid, or supplements for secondary prevention of nephrolithiasis: a systematic review and metaanalysis of randomized trials. Eur Urol 2009;56:72-80. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.eururo.2009.03.031
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As recomendações nutricionais preventivas devem ser adaptadas aos resultados dos testes de composição dos cálculos ou dos fatores de risco urinários.
Líquidos
Uma das mais simples e importantes recomendações para a prevenção da nefrolitíase é a ingestão de líquidos em volumes suficientes para produzir um volume urinário diário superior a dois litros por dia.1515 Fink HA, Akornor JW, Garimella PS, MacDonald R, Cutting A, Rutks IR, et al. Diet, fluid, or supplements for secondary prevention of nephrolithiasis: a systematic review and metaanalysis of randomized trials. Eur Urol 2009;56:72-80. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.eururo.2009.03.031
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Baixo volume urinário é o maior fator de risco para nefrolitíase, mesmo na ausência de outros fatores predisponentes séricos ou urinários, para uma fatia considerável dos formadores de cálculos.1616 Levy FL, Adams-Huet B, Pak CY. Ambulatory evaluation of nephrolithiasis: an update of a 1980 protocol. Am J Med 1995;98:50-9. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0002-9343(99)80080-1
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A ingestão de no mínimo 2,5 litros de líquidos por dia - pelo menos 50% água - está associada a redução do risco relativo de desenvolver cálculo renal.1717 Curhan GC, Willett WC, Knight EL, Stampfer MJ. Dietary factors and the risk of incident kidney stones in younger women: Nurses' Health Study II. Arch Intern Med 2004;164:885-91. PMID: 15111375 DOI: http://dx.doi.org/10.1001/archinte.164.8.885
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,1818 Carvalho M, Ferrari AC, Renner LO, Vieira MA, Riella MC. Quantification of the stone clinic effect in patients with nephrolithiasis. Rev Assoc Med Bras 2004;50:79-82. PMID: 15253032 DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-42302004000100040
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O aumento do consumo de água mineral tem trazido preocupações quanto à quantidade de eletrólitos ingeridos. Há grande variação no teor de minerais das águas minerais disponíveis no mercado, fato este que deve ser levado em consideração. Contudo, o impacto clínico da dureza da água (concentração combinada de cálcio e magnésio) sobre a nefrolitíase ainda é incerto, uma vez que a maioria dos estudos relata uma correlação fraca entre o índice de dureza e a excreção urinária de cálcio, magnésio e citrato.1818 Carvalho M, Ferrari AC, Renner LO, Vieira MA, Riella MC. Quantification of the stone clinic effect in patients with nephrolithiasis. Rev Assoc Med Bras 2004;50:79-82. PMID: 15253032 DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-42302004000100040
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Modificações alimentares que incluam líquidos ricos em citrato podem surgir como alternativa ao uso de agentes farmacológicos. Recentemente publicamos uma revisão sistemática e uma meta-análise sobre os efeitos das intervenções não-farmacológicas sobre o citrato urinário e a nefrolitíase.1919 Pachaly MA, Baena CP, Buiar AC, de Fraga FS, Carvalho M. Effects of non-pharmacological interventions on urinary citrate levels: a systematic review and meta-analysis. Nephrol Dial Transplant 2015 Aug 26. [Epub ahead of print] DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ndt/gfv303
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Treze estudos com 358 participantes (idade média 43 ± 11,0 anos) foram incluídos. As seguintes intervenções foram realizadas: sucos de fruta comerciais, refrigerantes, água mineral rica em cálcio/magnésio, dieta rica em fibras, dieta com baixo teor de proteína animal e extrato vegetal. Quase metade dos estudos relataram efeitos em nãoformadores de cálculo. As intervenções com sucos de fruta comerciais levaram a um aumento nos níveis de citratúria de 167,2 mg/24 h (IC 95% 65,4 a 269), porém com elevado índice de heterogeneidade (I2 88,1%, p = 0,000). Outras intervenções tiveram amostras menores e não exibiram heterogeneidade. Entretanto, as estimativas agregadas não explicitaram diferenças significativas. Nossa revisão sugere a necessidade de melhorias metodológicas nessa área. As evidências disponíveis indicam que ensaios clínicos de larga escala são necessários para concluir se as intervenções não-farmacológicas podem elevar os níveis urinários de citrato e atuar na prevenção do cálculo renal.1919 Pachaly MA, Baena CP, Buiar AC, de Fraga FS, Carvalho M. Effects of non-pharmacological interventions on urinary citrate levels: a systematic review and meta-analysis. Nephrol Dial Transplant 2015 Aug 26. [Epub ahead of print] DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ndt/gfv303
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Frutose e sacarose
O aumento do uso de sacarose e frutose refinada visto nas últimas décadas, especialmente em refrigerantes e outros alimentos, relaciona-se à litogênese através da indução da obesidade e dos efeitos renais da frutose, produzindo resistência a insulina, redução do pH urinário e elevação da excreção urinária de cálcio, oxalato e ácido úrico.2020 Nguyen NU, Dumoulin G, Henriet MT, Regnard J. Increase in urinary calcium and oxalate after fructose infusion. Horm Metab Res 1995;27:155-8. DOI: http://dx.doi.org/10.1055/s-2007-979929
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O teor de frutose nas frutas varia, mas em tal contexto a frutose está ligada a fibras e outras substâncias que reduzem sua absorção pelo organismo (diferentemente do que ocorre na frutose presente em produtos industrializados).
Terapia farmacológica da hipercalciúria com tiazídicos
Foi demonstrado que os tiazídicos reduzem a hipercalciúria através da depleção do sódio (ainda que modesta), evento associado a queda na excreção urinária de cálcio; este efeito pode ser evitado com a administração de cloreto de sódio.2121 Bergsland KJ, Worcester EM, Coe FL. Role of proximal tubule in the hypocalciuric response to thiazide of patients with idiopathic hypercalciuria. Am J Physiol Renal Physiol 2013;305:F592-9. PMID: 23720347 DOI: http://dx.doi.org/10.1152/ajprenal.00116.2013
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Além disso, pode haver um componente de aprimoramento direto da absorção de cálcio no néfron distal, devido à regulação para cima do canal de cálcio do túbulo distal (TRPV5) e ao aumento da expressão de calbindina.2222 Jang HR, Kim S, Heo NJ, Lee JH, Kim HS, Nielsen S, et al. Effects of thiazide on the expression of TRPV5, calbindin-D28K, and sodium transporters in hypercalciuric rats. J Korean Med Sci 2009;Suppl:S161-9. PMID: 19194547 DOI: http://dx.doi.org/10.3346/jkms.2009.24.S1.S161
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Vários estudos demonstram os efeitos benéficos dos tiazídicos na prevenção da nefrolitíase recorrente. Há pelo menos dez ensaios clínicos randomizados sobre o assunto, sete dos quais com relatos de redução na taxa de recorrência nos pacientes tratados.2323 Xu H, Zisman AL, Coe FL, Worcester EM. Kidney stones: an update on current pharmacological management and future directions. Expert Opin Pharmacother 2013;14:435-47. DOI: http://dx.doi.org/10.1517/14656566.2013.775250
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Apesar da maioria dos pacientes nesses ensaios ter produzido cálculos de oxalato de cálcio, vários indivíduos formaram pedras de fosfato de cálcio. Desses ensaios, apenas quatro estudos (295 pacientes adultos) relataram dados de formadores de cálculo com hipercalciúria documentada.2424 Ala-Opas M, Elomaa I, Porkka L, Alfthan O. Unprocessed bran and intermittent thiazide therapy in prevention of recurrent urinary calcium stones. Scand J Urol Nephrol 1987;21:311-4. PMID: 2832935 DOI: http://dx.doi.org/10.3109/00365598709180789
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25 Ohkawa M, Tokunaga S, Nakashima T, Orito M, Hisazumi H. Thiazide treatment for calcium urolithiasis in patients with idiopathic hypercalciuria. Br J Urol 1992:571-6. PMID: 1638340 DOI: http://dx.doi.org/10.1111/j.1464-410X.1992.tb15624.x
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26 Borghi L, Meschi T, Guerra A, Novarini A. Randomized prospective study of a nonthiazide diuretic, indapamide, in preventing calcium stone recurrences. J Cardiovasc Pharmacol 1993;22:S78-86. PMID: 7508066 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00005344-199312050-00014
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-2727 Fernández-Rodríguez A, Arrabal-Martín M, García-Ruiz MJ, Arrabal-Polo MA, Pichardo-Pichardo S, Zuluaga-Gómez A. The role of thiazides in the prophylaxis of recurrent calcium lithiasis. Actas Urol Esp 2006;30:305-9. Escribano et al.,2828 Escribano J, Balaguer A, Pagone F, Feliu A, Roqué I Figuls M. Pharmacological interventions for preventing complications in idiopathic hypercalciuria. Cochrane Database Syst Rev 2009:CD004754. PMID: 19160242 em uma revisão Cochrane sobre intervenções farmacológicas na hipercalciúria idiopática, identificou uma redução significativa no número de novas recorrências de cálculo em indivíduos tratados com tiazídicos (RR 1,61, IC 95% 1,33 a 1,96). A taxa de formação de cálculos também apresentou uma redução estatisticamente significativa (RM - 0.18, IC 95% -0,30 a -0,06). O período de seguimento dos estudos em questão variou de cinco meses a três anos. A Tabela 3 resume as principais características dos estudos incluídos. Diretrizes recentes recomendam monoterapia farmacológica com diurético tiazídico para prevenir a nefrolitíase recorrente em pacientes com doença ativa em quem a elevação da ingestão de líquidos não conseguiu reduzir a formação de cálculos (grau: recomendação fraca, evidência de qualidade moderada).2929 Qaseem A, Dallas P, Forciea MA, Starkey M, Denberg TD; Clinical Guidelines Committee of the American College of Physicians. Dietary and pharmacologic management to prevent recurrent nephrolithiasis in adults: a clinical practice guideline from the American College of Physicians. Ann Intern Med 2014;161:659-67. DOI: http://dx.doi.org/10.7326/M13-2908
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,3030 Pearle MS, Goldfarb DS, Assimos DG, Curhan G, Denu-Ciocca CJ, Matlaga BR, et al. Medical management of kidney stones: AUA guideline. J Urol 2014;192:316-24. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.juro.2014.05.006
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Ensaios clínicos randomizados do tratamento com tiazídicos de formadores hipercalciúricos de cálculos
A análise crítica desses estudos revela a existência de questões não abordadas. Como mostra a Tabela 3, grande parte das recomendações atuais para o manejo da hipercalciúria com tiazídicos são fundamentadas em trabalhos das décadas de 1980 e 1990. Talvez por esse motivo a sua maioria não relate medições de vitamina D e seus metabólitos. Isso é relevante, uma vez que estudos epidemiológicos relatam associações entre excreção urinária de cálcio e níveis séricos de 25-hidroxivitamina D e 1,25-dihidroxivitamina D.3131 Pipili C, Oreopoulos DG. Vitamin D status in patients with recurrent kidney stones. Nephron Clin Pract 2012;122:134-8. PMID: 23712072 DOI: http://dx.doi.org/10.1159/000351377
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Além disso, nesses estudos o seguimento ou diagnóstico dos cálculos não foi feito por métodos radiológicos atuais, mais sensíveis e específicos, como a tomografia computadorizada (TC) sem contraste. Quando disponível, a TC é hoje considerada o exame de escolha para a detecção e localização dos cálculos renais.3232 Selby MG, Vrtiska TJ, Krambeck AE, McCollough CH, Elsherbiny HE, Bergstralh EJ, et al. Quantification of asymptomatic kidney stone burden by computed tomography for predicting future symptomatic stone events. Urology 2015;85:45-50. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.urology.2014.08.031
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Os pesquisadores desses estudos empregaram vários agentes tiazídicos em diferentes dosagens. Contudo, talvez por conta do padrão prático de se utilizar doses mais baixas de hidroclorotiazida para o tratamento da hipertensão e/ou pela falta de conhecimento dos ensaios clínicos sobre os diuréticos tiazídicos e seu efeito sobre a recorrência da nefrolitíase, Vigen et al. Identificaram que apenas 35% dos pacientes tratados com hidroclorotiazida receberam 50 mg/dia, dose anteriormente associada a redução da recorrência dos cálculos.3333 Vigen R, Weideman RA, Reilly RF. Thiazides diuretics in the treatment of nephrolithiasis: are we using them in an evidencebased fashion? Int Urol Nephrol 2011;43:813-9. Hiperglicemia, hiperlipidemia, hiperuricemia, hipocalemia e hipomagnesemia são todos efeitos colaterais metabólicos, dose-dependentes, induzidos pelos diuréticos tiazídicos. Portanto, limitar a dose administrada para reduzir a calciúria parece ser uma medida razoável. Contudo, um pequeno estudo com seis indivíduos não-formadores de cálculos não foi capaz de demonstrar uma redução estatisticamente significativa no cálcio urinário com 12,5 mg/dia de hidroclorotiazida; com 25 mg/dia o estudo relatou resposta parcial; e com 50 mg/dia foi demonstrada a redução mais significativa no cálcio urinário.3434 Reilly RF, Peixoto AJ, Desir GV. The evidence-based use of thiazide diuretics in hypertension and nephrolithiasis. Clin J Am Soc Nephrol. 2010;5:1893-903. DOI: http://dx.doi.org/10.2215/CJN.04670510
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Além disso, o tratamento com tiazídicos pode induzir hipocitratúria devido a hipocalemia, resultando em acidose intracelular.22 Moe OW. Kidney stones: pathophysiology and medical management. Lancet 2006;367:333-44. PMID: 16443041 DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(06)68071-9
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Portanto, o tratamento concomitante com citrato de potássio deve ser considerado em pacientes normocitratúricos formadores de cálculos em terapia com tiazídicos para hipercalciúria.
Como dito acima, todos os estudos apresentados na Tabela 3 tiveram seguimento curto. Na população média dos indivíduos com urolitíase recorrente, a frequência anual de formação de cálculos é inferior a 0,15-0,20. Por esse motivo, é difícil tirar conclusões sobre tratamentos com períodos inferiores a 5-7 anos.3535 Tiselius HG. Epidemiology and medical management of stone disease. BJU Int 2003;91:758-67. PMID: 12709088 DOI: http://dx.doi.org/10.1046/j.1464-410X.2003.04208.x
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É também preocupante que alguns (pequenos) estudos tenham relatado eficácia de longo prazo limitada dos tiazídicos. Na chamada hipercalciúria absortiva tipo 1, a hidroclorotiazida foi eficaz na redução da excreção urinária de cálcio apenas durante os primeiros dois anos de tratamento.3636 Preminger GM, Pak CY. Eventual attenuation of hypocalciuric response to hydrochlorothiazide in absorptive hypercalciuria. J Urol 1987;137:1104-9. PMID: 3586136 Assim, a duração ideal do tratamento da hipercalciúria para pacientes com nefrolitíase ainda é desconhecida.
Há uma associação linear entre ingestão de sal e excreção de cálcio. Um aumento de 6 g/dia na ingestão de cálcio pode resultar numa elevação de 80 mg/dia no cálcio urinário de formadores de cálculo, em comparação a 40 mg/dia em não-formadores.3737 Ticinesi A, Nouvenne A, Maalouf NM, Borghi L, Meschi T. Salt and nephrolithiasis. Nephrol Dial Transplant 2014 Jul 16. [Epub ahead of print] DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ndt/gfu243
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A restrição de sódio é também essencial para os pacientes que tomam tiazídicos para o tratamento da hipercalciúria. Caso a ingestão de sódio seja elevada (> 100mEq/dia), o efeito hipocalciúrico dos tiazídicos pode ser atenuado.3737 Ticinesi A, Nouvenne A, Maalouf NM, Borghi L, Meschi T. Salt and nephrolithiasis. Nephrol Dial Transplant 2014 Jul 16. [Epub ahead of print] DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ndt/gfu243
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Atualmente, a ingestão elevada de sal é muito mais prevalente do que há duas décadas, o que potencialmente inibe a ação plena dos tiazídicos. Com efeito, em nossa experiência 45,2% dos formadores de cálculo tem níveis de ingestão de sal acima dos limites recomendados. Ainda assim, a ingestão de sódio pode ter sido subestimada, já que o sal adicionado pelos pacientes não foi considerado em nosso estudo.3838 Gordiano EA, Tondin LM, Miranda RC, Baptista DR, Carvalho M. Evaluation of food intake and excretion of metabolites in nephrolithiasis. J Bras Nefrol 2014;36:437-45. DOI: http://dx.doi.org/10.5935/0101-2800.20140063
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Em comparação à realidade de alguns anos atrás, um grande percentual dos atuais pacientes com nefrolitíase tem IMC (sobrepeso ou obesidade), circunferência abdominal e percentual de gordura corporal elevados.3939 Oliveira LM, Hauschild DB, Leite Cde M, Baptista DR, Carvalho M. Adequate dietary intake and nutritional status in patients with nephrolithiasis: new targets and objectives. J Ren Nutr 2014;24:417-22. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2014.06.003
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A obesidade já foi associada a distúrbios metabólicos que podem favorecer a formação de cálculos, tais como o diabetes mellitus. Além disso, o excesso de peso pode elevar a excreção urinária de ácido úrico e oxalato, conhecidos fatores de risco para o surgimento de pedras de oxalato de cálcio.3939 Oliveira LM, Hauschild DB, Leite Cde M, Baptista DR, Carvalho M. Adequate dietary intake and nutritional status in patients with nephrolithiasis: new targets and objectives. J Ren Nutr 2014;24:417-22. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2014.06.003
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Vários estudos enfatizam a capacidade dos tiazídicos de exacerbar as características de síndromes metabólicas e/ou elevar o risco de desenvolvimento de diabetes. Hiperuricemia e hipocalemia induzidas pela tiazida podem responder por alguns desses efeitos negativos.4040 Reungjui S, Pratipanawatr T, Johnson RJ, Nakagawa T. Do thiazides worsen metabolic syndrome and renal disease? The pivotal roles for hyperuricemia and hypokalemia. Curr Opin Nephrol Hypertens 2008;17:470-6. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/MNH.0b013e328305b9a5
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Por esses motivos, é imperativo que os efeitos colaterais de longo prazo dos tiazídicos sobre os formadores de cálculos sejam prospectivamente avaliados.99 Moe OW, Pearle MS, Sakhaee K. Pharmacotherapy of urolithiasis: evidence from clinical trials. Kidney Int 2011;79:385-92. PMID: 20927039 DOI: http://dx.doi.org/10.1038/ki.2010.389
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Conclusão
Após uma dolorosa cólica renal ou uma intervenção cirúrgica para a remoção de um cálculo, o paciente tem fortes motivos para não querer passar por um novo e desagradável episódio.3030 Pearle MS, Goldfarb DS, Assimos DG, Curhan G, Denu-Ciocca CJ, Matlaga BR, et al. Medical management of kidney stones: AUA guideline. J Urol 2014;192:316-24. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.juro.2014.05.006
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Assim, a prevenção da recorrência do cálculo renal é uma estratégia atraente. Idealmente, as recomendações terapêuticas devem ser fundamentadas nas pesquisas disponíveis mais confiáveis. Ao analisarmos pesquisas antes de recomendar o tratamento, devemos nos ancorar na medicina baseada em evidências.
Entretanto, a medicina baseada em evidências deve tomar o paciente como ponto de partida e chegada. Sem o compartilhamento de decisões, na melhor das hipóteses as evidências serão precariamente traduzidas em prática e melhores resultados.4141 Hoffmann TC, Montori VM, Del Mar C. The connection between evidence-based medicine and shared decision making. JAMA 2014;312:1295-6. PMID: 25268434 DOI: http://dx.doi.org/10.1001/jama.2014.10186
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Podemos dizer aos nossos pacientes que os conhecimentos mais recentes indicam que a eficácia da TEC para pedras ureterais é limitada, quando muito. Apenas uma análise de subgrupo de um ensaio clínico randomizado demonstrou que a tansulosina pode melhorar a eliminação de cálculos ureterais distais de 5-10 mm de diâmetro.1212 Furyk JS, Chu K, Banks C, Greenslade J, Keijzers G, Thom O, et al. Distal Ureteric Stones and Tamsulosin: A Double-Blind, Placebo-Controlled, Randomized, Multicenter Trial. Ann Emerg Med 2015 Jul 13. [Epub ahead of print] PMID: 26194935 Uma revisão sistemática e uma meta-análise identificaram que mais ensaios clínicos de grande porte devem ser realizados para analisar se as intervenções não-farmacológicas são capazes de elevar os níveis de citrato urinário e atuar sobre a prevenção dos cálculos renais.1919 Pachaly MA, Baena CP, Buiar AC, de Fraga FS, Carvalho M. Effects of non-pharmacological interventions on urinary citrate levels: a systematic review and meta-analysis. Nephrol Dial Transplant 2015 Aug 26. [Epub ahead of print] DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ndt/gfv303
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E, por fim, podemos discutir com os pacientes que evidências de qualidade moderada indicam que os tiazídicos reduzem a recorrência da nefrolitíase. Não obstante, nos ensaios das décadas de 1980 e 1990, a aderência era fraca e o seguimento curto demais.
A prevalência da nefrolitíase está em crescimento. Esse achado tem impacto significativo não apenas sobre a morbidade dos pacientes, mas também sobre o custo da atenção à saúde.11 Stamatelou KK, Francis ME, Jones CA, Nyberg LM, Curhan GC. Time trends in reported prevalence of kidney stones in the United States: 1976-1994. Kidney Int 2003;63:1817-23. PMID: 12675858 DOI: http://dx.doi.org/10.1046/j.1523-1755.2003.00917.x
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Pouquíssimos novos tratamentos potenciais foram lançados. A realização de estudos para identificar o manejo ótimo dos pacientes com formação recorrente de cálculos renais é oportuna e necessária.4242 Lotan Y. Medical management strategies to prevent recurrent nephrolithiasis are stagnant and stronger evidence is needed to reduce morbidity. Evid Based Med 2014;19:12. PMID: 23749601 DOI: http://dx.doi.org/10.1136/eb-2013-101384
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
Jan-Mar 2016
Histórico
-
Recebido
29 Jul 2015 -
Aceito
27 Out 2015