Resumo
O objetivo do estudo foi testar um modelo de predição para as crenças de autoeficácia de jovens face aos papéis de adulto, identificando seus recursos e de seus contextos. Participaram 434 jovens de ambos os sexos (idade entre 18 e 29 anos), provenientes majoritariamente do estado do Rio de Janeiro. Os instrumentos utilizados foram: Escala de Autoeficácia face aos Papéis de Adulto; Inventário de Habilidades Sociais; Índice de Solidariedade Intergeracional; Inventário de Dimensões da Adultez Emergente; Critério de Classificação Econômica Brasil. Resultados indicaram que as variáveis sexo, foco em si, instabilidade, valores familiarese habilidades sociais de expressão de sentimentos positivospredisseram as crenças de autoeficácia dos jovens.São discutidas as implicações desses resultados para pesquisas de avaliação e intervenção.
Palavras-chave: adultez emergente; habilidades sociais; autoeficácia; solidariedade intergeracional
Abstract
In this study, we tested a predictive model for young people's self-efficacy beliefs regarding adult roles to identify their resources and resources of their contexts in the transition to adulthood. Participants were 434 young men and women (aged between 18 and 29 years) from the State of Rio de Janeiro. The instruments used were: Self-efficacy Scale regarding Adult Roles; Social Skills Inventory; Intergenerational Solidarity Index; Inventory of Emerging Adulthood Dimensions; Brazilian Economic Classification Criteria. Results indicated that the variables as gender, self-focus, instability, family values, and expressing positive feelings predicted young people’s self-efficacy beliefs. We discuss the implications of these results for research on evaluation and intervention.
Keywords: emerging adulthood; social skills; self-efficacy; intergenerational solidarity
As crenças de autoeficácia constituem, na atualidade, uma variável protetora, principalmente para aqueles expostos a situações de risco, tais como pobreza, violência urbana, doenças e/ou divórcio parental (Fontes & Azzi, 2012). Podem ser compreendidas como as crenças dos indivíduos nas suas capacidades de exercer controle e enfrentar os acontecimentos que afetam sua vida e são tanto mais preditivas quanto maior a sua especificidade de contexto (Bandura, 1989). Nesse âmbito, a passagem para a vida adulta tem sido foco de investigações que abordam tanto a autoeficácia geral (Fontes & Azzi, 2012) quanto em domínios específicos, tais como o acadêmico (Iaochite et al., 2016) e a escolha profissional (Ambiel et al., 2011).
Nos contextos urbanos das sociedades industrializadas, os jovens deparam-se com incertezas, imprevisibilidades e menor apoio institucional para realizar as tarefas da vida adulta, como ter independência financeira e constituir a própria família (Andrade, 2010; Côté & Bynner, 2008). As crenças dos jovens nas próprias capacidades para empreender ações e planos necessários para ter sucesso nos aspectos interpessoais (i.e., ter filhos e manter proximidade com amigos), escolares (i.e., terminar formação) e vocacionais (i.e., arrumar emprego e trabalhar com o que gosta) podem desempenhar um papel essencial durante a transição para a vida adulta (Coimbra & Fontaine, 2010a).
O interesse crescente na investigação desses domínios justifica-se pelo reconhecimento da sua importância na vida adulta futura, bem como pela constatação da sua ampla variação em função das características demográficas (Crockett & Beal, 2012). Essas crenças de autoeficácia frente aos papéis de adulto permitem aos jovens antecipar com confiança as responsabilidades e desafios da adultez e, então, traçar objetivos na consecução e enfrentamento dos mesmos, o que pode levar a maiores níveis de bem-estar (Bandura, 2006; Coimbra & Fontaine, 2010a; Oliveira et al., 2014). Assim, o presente estudo focalizou a investigação de variáveis familiares, comportamentais e emocionais (solidariedade intergeracional familiar e habilidades sociais), cognitivas (indicadores da adultez emergente) e demográfico e contextuais (sexo, idade, nível socioeconômico e situação laboral), que podem influenciar as crenças de autoeficácia de jovens diante dos papéis de adulto, aspecto ainda pouco explorado nos estudos da transição para a vida adulta.
Solidariedade Intergeracional Familiar na Transição para a Vida Adulta
Sendo a transição para a vida adulta caracterizada como uma idade de possibilidades, mas também como de instabilidade (Arnett, 2007; 2011), os jovens dependem mais e por um período mais prolongado dos seus pais, tanto do ponto de vista financeiro quanto funcional, afetivo e estrutural (Andrade, 2010; Coimbra & Mendonça, 2013; Mendonça & Fontaine, 2013a). Essa transição é entendida como um “empreendimento desenvolvimental conjunto” (Scabini et al., 2006), em que os pais “investem” nos seus filhos esperando que possa existir um retorno desse investimento mais tarde, numa lógica de “banco de solidariedade” (Antonucci, 1985; Coimbra et al., 2013; Coimbra & Mendonça, 2013). A solidariedade intergeracional torna-se, por conseguinte, cada vez mais importante, na medida em que tanto as camadas mais jovens como as mais envelhecidas necessitam assegurar a sua sobrevivência e o seu bem-estar (Coimbra et al., 2013; Coimbra & Mendonça, 2013). Esse padrão é particularmente acentuado em sociedades em que existe maior exiguidade de apoio estrutural e uma predominância de valores familistas, como é o caso das sociedades do sul da Europa e da América Latina (Brandão et al., 2012).
O modelo de Solidariedade Intergeracional Familiar (SIF) tem recebido notabilidade conceitual e empírica nas últimas quatro décadas, tendo sido inicialmente construído para a compreensão da relação entre pais idosos e seus filhos adultos. Esse modelo é multidimensional e descreve comportamentos, atitudes, valores, afetos e sentimentos de pertença que podem ser agrupados em duas dimensões principais: estrutural-comportamental e afetiva-cognitiva (Lowenstein, 2007). A primeira envolve proximidade geográfica - solidariedade estrutural; atividades conjuntas - solidariedade associativa e trocas de apoios e recursos - solidariedade funcional. A segunda contempla partilha de crenças e valores - solidariedade consensual; subscrição de papéis e obrigações familiares - solidariedade normativa; sentimentos positivos ou relações conflituais entre membros da família - referentes à solidariedade afetiva e conflitual, respectivamente (Lowenstein, 2007).
O altruísmo (ajudar quem precisa mais) e a reciprocidade (ajudar como sinal de gratidão pela ajuda previamente recebida) são duas das motivações mais fortes para a SIF (Lennartsson et al., 2010). O fluxo dessas trocas intergeracionais tende a ser de cima (pais) para baixo (filhos) durante grande parte do ciclo de vida, mas tende a inverter-se quando diante do decrescimento da saúde, da autonomia e do poder econômico dos pais na velhice (Coimbra et al., 2013; Fingerman et al., 2011; Lennartsson et al., 2010). Além disso, tais padrões de trocas variam com o nível de desenvolvimento econômico dos países e das famílias, assim como aqueles que são os seus valores e as suas normas prevalecentes. Nos países desenvolvidos e nas famílias mais abastadas, as transferências são sobretudo descendentes, de pais para filhos. Já nos países em desenvolvimento e nas famílias mais pobres, as transferências são sobretudo ascendentes, de filhos para pais, provavelmente decorrente de processos de mobilidade social ascendente da geração mais nova (Coimbra & Mendonça, 2013; Coimbra et al., 2013; Lennartsson et al., 2010). No Brasil, milhares de jovens adultos de baixo nível socioeconômico (NSE) contribuem com o sustento dos seus pais (Oliveira et al., 2016).
Algumas características da nova geração de jovens podem, contudo, comprometer a sua disponibilidade para serem recíprocos e prestarem apoio aos seus pais. Por um lado, têm de lidar com o abrandamento ou estagnação da economia, o que dificulta a sua mobilidade social ascendente ou mesmo a sua empregabilidade, ainda que, em média, sejam mais qualificados do que as gerações anteriores (Coimbra et al., 2013; Yarrow, 2009). Por outro lado, apresentam níveis mais elevados de autoestima (Gentile et al., 2010) e narcisismo (Twenge et al., 2008). Parece que existe a convicção de que “tudo é possível” para todos os grupos sociais (Twenge & Campbell, 2009). Contudo, a defasagem existente entre essas expectativas elevadas e as oportunidades efetivamente disponíveis, em particular quando é feita a transição para a vida adulta, parece repercutir-se não só em crescentes níveis de ansiedade e de depressão (Twenge, 2006; Twenge & Campbell, 2009), mas também em um menor envolvimento cívico e interesse pelos outros (Twenge et al., 2012). Porém, resultados empíricos sugerem que a maioria dos jovens tem a intenção de ajudar os seus pais no futuro, sendo, assim, importante averiguar se essas intenções se converterão em comportamentos efetivos (Coimbra & Mendonça, 2013).
Habilidades Sociais na Transição para a Vida Adulta
Embora não exista consenso na literatura quanto à definição de habilidades sociais (HS), sua importância nas diversas fases do desenvolvimento é amplamente reconhecida (Rodríguez et al., 2013). As HS podem ser compreendidas como comportamentos necessários a uma relação interpessoal bem-sucedida, conforme características da pessoa, situação, cultura e momento histórico (Del Prette & Del Prette, 2010). Ao longo do desenvolvimento, as HS - que incluem processos interpessoais, cognitivos e emocionais - permitem ao indivíduo se relacionar de forma positiva e evitar situações sociais que resultem em interações negativas (Beauchamp & Anderson, 2010).
Na transição para a vida adulta, as HS funcionam como fatores de proteção por favorecer, dentre outros, o relacionamento entre pares e membros da família e a prevenção de sintomas de depressão e ansiedade (Bolsoni et al., 2015; Braz et al., 2013; Pereira, Dutra-Thomé, &Koller, 2016; Polan et al., 2012; Thase, 2012). Nesse âmbito, habilidades como as de expressão de sentimentos, empatia, civilidade ou assertividade são recursos pessoais privilegiados pela sua potencialidade de proteger os jovens adultos de situações adversas, em diferentes contextos (como familiar, educativo, do trabalho e clínico) e promover a sua saúde mental (Coimbra & Fontaine, 2015c).
Alguns estudos indicaram associações positivas entre crenças de autoeficácia e HS de adolescentes e jovens (Erozkan, 2013; Leme et al., 2016). As crenças de autoeficácia têm como principal fonte as experiências diretas de realização, mas também são afetadas pela observação dos comportamentos dos outros, pela persuasão verbal e por reações fisiológicas e estados emocionais (Bandura, 1989, 2006). É possível que o repertório de HS aumente a chance de os jovens vivenciarem sucesso frente às situações adversas do cotidiano, aumentando sua percepção na capacidade de lidar com tarefas futuras, consolidando, assim, suas crenças de autoeficácia. A generalidade das tarefas desenvolvimentais associadas à vida adulta, como fazer entrevista de emprego e apresentar trabalhos, seja qual for o contexto ou nível de análise (familiar, laboral e comunitário), é bastante exigente do ponto de vista interpessoal e relacional. Desse modo, diante dos desafios vivenciados na transição para a vida adulta, jovens, principalmente aqueles em situação de vulnerabilidade social, podem ser beneficiados pelo fortalecimento de crenças de autoeficácia face aos papéis de adultos, desenvolvendo comportamentos de enfrentamento mais saudáveis. Contudo, as HS na transição para a vida adulta, assim como a relação dessas com fatores de proteção como as crenças de autoeficácia, é pouco focalizada nas pesquisas brasileiras e internacionais.
Adultez Emergente e Transição para a Vida Adulta
A nova geração de jovens (nascidos a partir da década de 80) tem características muito singulares em relação às precedentes (Coimbra & Fontaine, 2015c, Dutra-Thomé et al., 2016). Em parte, isso decorreu de mudanças econômicas, políticas e culturais observadas nas últimas décadas que modificaram a definição dos papéis ou marcadores que tradicionalmente demarcam a entrada na vida adulta, com implicações para as relações entre os jovens e as suas famílias (Andrade, 2010; Mendonça & Fontaine, 2013b; Pappámikail, 2012). Assim, desde 2000, surgiu o construto Adultez Emergente (AE), proposta como uma nova fase no desenvolvimento, a qual estrutura teórica e empiricamente o estudo do prolongamento da transição para a vida adulta, observado em países industrializados com jovens de níveis socioeconômicos mais favorecidos e, sobretudo, no contexto urbano, não se tratando de fenômeno universal (Arnett, 2000, 2011).
A AE não é o que chamam de “adolescência tardia” e possui características que demarcam sua distinção. Alguns exemplos: (1) as características demográficas dos adultos emergentes são heterogêneas, uma vez que podem, ao mesmo tempo, possuir independência financeira (característica de adulto) e morar com os pais (característica de adolescentes); (2) adultos emergentes não são frequentemente monitorados pelos pais, como os adolescentes; e (3) enquanto adultos emergentes exploram suas identidades pensando em planos futuros a médio e longo prazo (por exemplo, profissional e amoroso), os adolescentes tem uma exploração mais lúdica, sem necessariamente estabelecer planos a médio e longo prazo (Arnett, 2011). Cinco características principais compõem a adultez emergente (Arnett 2000, 2011): (1) Exploração de identidade, porque os jovens estão realizando escolhas cruciais em âmbitos importantes da vida, como o amoroso e o laboral, com base no julgamento de seus interesses e preferências e como estes se encaixam com as oportunidades disponíveis; (2) Instabilidade, porque as experiências diversas que vivem ao explorarem suas identidades, tal como no amor, trabalho, educação e coabitação geram sentimentos de instabilidade e negatividade; (3) Foco em si mesmo, porque eles têm menor número de obrigações a longo prazo e maior margem para decidir por conta própria; (4) Sentimento de ambivalência, considerando que eles não se sentem nem completamente adolescentes nem adultos; (5) Possibilidades, uma vez que não importa como sua vida atual se encontra, eles acreditam que irão conquistar a vida a que almejam. Algumas características da AE, como exploração da identidade, foco em si e possibilidades, poderiam levar a maiores níveis de crenças de autoeficácia, ao passo que a percepção de instabilidade e ambivalência estariam associadas a menos autoeficácia (Arnett, 2007; Dutra-Thomé et al., 2016; Oliveira et al., 2014).
A AE foi investigada no Brasil em jovens NSE alto e baixo. Do mesmo modo como em outros países latino-americanos (i.e., Argentina e Chile), a adultez emergente se manifesta como um estágio desenvolvimental distinto, sobretudo para jovens de NSE alto e que frequentam o ensino superior. Jovens de NSE baixo se percebiam como “adultos plenos” com mais frequência em relação a jovens de NSE alto, o que estava de acordo com o fato de que a maioria deles já tinha assumido papéis adultos, como trabalhar, casar e ter filhos (Dutra-Thomé & Koller, 2014). Além disso, eles percebiam que tinham menos oportunidades de viver uma exploração estendida da identidade em comparação com jovens de NSE alto. Os jovens de NSE alto, por sua vez, sentiam-se ambivalentes com mais frequência em relação aos jovens de NSE baixo, uma vez que não se percebiam nem completamente como adolescentes, nem como adultos. Contavam com mais oportunidades de prolongar seu investimento nos estudos e em treinamento profissional, postergando alguns papéis tipicamente adultos. Portanto, o fenômeno da AE no Brasil é atravessado por aspectos socioeconômicos, os quais direcionam os jovens a seguirem trajetórias de desenvolvimento distintas (Dutra-Thomé & Koller, 2014).
Portanto, a transição para a vida adulta é feita, na nova geração, de modo mais tardio, fluido e anômico (Andrade, 2010; Côté & Bynner, 2008). Essa conjuntura aparentemente favorece os recursos pessoais em detrimento dos socioeconômicos, o que, por sua vez, pode ou atenuar ou exacerbar ainda mais as desigualdades entre grupos atualmente observadas, em particular as associadas ao sexo, ao NSE e ao estatuto profissional. Pesquisas sugerem que os grupos de pertença, sejam eles definidos pelo gênero, pelo NSE, por aspectos étnicos-raciais ou pela área de residência, têm um impacto significativo nos modos e nos timings da transição para a vida adulta (Andrade, 2010; Guerreiro & Abrantes, 2007). Por exemplo, as mulheres, os jovens de NSE mais baixo, de minorias étnicas-raciais e residentes em áreas rurais tendem a atingir mais cedo os marcadores tradicionais da vida adulta, como sair da casa dos pais, casar, ter filhos ou começar a trabalhar (Dutra-Thomé et al., 2016; Richard et al., 2010). Em geral, os jovens de NSE mais elevado tendem a ter melhores resultados escolares e um percurso acadêmico mais longo, já que podem se beneficiar mais e até mais tarde do apoio financeiro das suas famílias (Dutra-Thomé & Koller, 2014; Richard et al., 2010), o que provavelmente se refletirá num aumento da sua autoeficácia para o prosseguimento de formação e para a realização profissional e material. Já os jovens de NSE mais baixo tendem a, mais precocemente, afastar-se dos seus projetos acadêmicos e a investir nos seus projetos familiares (Guerreiro & Abrantes, 2007), o que provavelmente aumentará a sua autoeficácia para a conjugalidade e a parentalidade. Face aos melhores resultados escolares tradicionalmente alcançados pelas mulheres de diferentes NSE (Oliveira et al., 2016), é de esperar que essa experiência fortaleça particularmente as suas expectativas de eficácia para o prosseguimento escolar. Contudo, isso não ocorre necessariamente para a realização profissional e material, pela possível influência dos papéis de gênero tradicionais que ditam e levam a uma valorização do homem como "ganha-pão" e da mulher como a cuidadora da família (Coimbra & Fontaine, 2010a).
Durante a transição para a vida adulta, os jovens enfrentam desafios nos âmbitos profissionais, educacionais, interpessoais e familiares. As crenças de autoeficácia diante dos papéis de adulto poderão ajudar os jovens a lidarem com essas tarefas que são inerentes à construção da sua identidade e à conquista da sua autonomia (Coimbra & Fontaine, 2010a; Oliveira et al., 2014). As crenças de autoeficácia potencializam processos de resiliência, contribuem para melhores níveis motivação e estão associadas positivamente com a resolução da idade adulta (Bandura, 2006; Coimbra & Fontaine, 2010a; Oliveira et al., 2014). Contudo, poucos estudos brasileiros abordam aspectos do desenvolvimento interpessoal e socioafetivo, principalmente de jovens que não frequentam o ensino superior, sinalizando uma lacuna na investigação dessa “metade esquecida” (Arnett, 2016). Adicionalmente, nenhuma dessas pesquisas investigou as crenças de autoeficácia de jovens frente aos papéis de adulto. Desse modo, o objetivo deste estudo foi testar um modelo de predição para as crenças de autoeficácia de jovens face aos papéis de adulto, considerando como preditores, a SIF, as HS, os indicadores da adultez emergente, bem comovariáveis demográficas (sexo, idade, nível socioeconômico e situação laboral).
Método
Participantes
Os dados foram coletados com 544 jovens (60,8% mulheres), com idades entre 18 e 29 anos (M=21,0 anos; DP=3,1), residentes em contextos urbanos, principalmente do estado do Rio de Janeiro (85,4%), seguidos dos estados de São Paulo (10,3%), Minhas Gerais (2,2%) e outros (2,1%). Para contemplar apenas jovens que pudessem ser considerados como adultos emergentes, foram excluídos das análises os participantes que declararam: (a) estar casados ou morar junto, ou ainda, separados/divorciados/viúvos; (b) ter filhos (biológicos ou adotivos). A amostra final ficou assim composta por 434 jovens (M= 21,4 anos; DP=2,9, 18-24 anos = 81,3%; 25-29 anos =18,7%), sendo 260 mulheres (59,9%). A maioria dos participantes tinha escolaridade de nível superior (56,7%), seguida de ensino médio (36,4%), pós-graduação (4,8%) e ensino fundamental (2,1%). A maior parte dos jovens pertencia à classe B2 (31,8%) e classe C1 (26,7%), seguidas das classes B1 (19,6%), C2 (9,7%), A2 (8,8%), D (2,3%) e A1 (1,25), segundo a Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP, 2014). A maioria dos jovens declarou-se como não brancos (53,5% - negros, pardos, amarelos e indígena). Em relação à situação laboral, 54,6% dos jovens informaram estar trabalhando.
Instrumentos
Escala de Autoeficácia face aos Papéis de Adulto (AEA)
Foi construída por Coimbra e Fontaine (2010a) para avaliar a confiança no alcance de objetivos em domínios específicos que os adolescentes e jovens portugueses (idade entre 15 e 27 anos) estabelecem para a sua vida adulta. Para o presente estudo, os itens da escala foram adaptados para o português do Brasil e foi feita a validação de constructo por meio da Análise Fatorial Exploratória (método de extração Componente Principal e rotação Varimax). Foi confirmada a estrutura do instrumento com quatro fatores (KMO = 0,90, p<0,001, Variância Explicada = 60,3%, coeficiente alfa de Cronbach=0,90 para o total da escala), porém com exclusão de cinco itens. A versão da AEA para o contexto brasileiro foi composta por 23 itens, com alternativas de respostas dispostas numa escala tipo Likert de quatro pontos (1= Nenhuma certeza de conseguir a 4 =Toda certeza de conseguir). O instrumento contemplou os seguintes fatores: (1) Realização profissional e material (“Arranjar um emprego na minha área de formação”, α=0,87); (2) Realização pessoal (“Ter um estilo de vida saudável”, α=0,79); (3) Conjugalidade e parentalidade (“Encontrar a pessoa certa para casar ou viver junto”, α=0,86); (4) Prosseguimento da formação (“Concluir o nível de escolaridade que frequento”, α=0,84).
Inventário de Dimensões da Adultez Emergente (IDEA)
Desenvolvido por Arnett et al. (2007) e validado para a população de jovens brasileiros (idade entre 18 e 29 anos) por Dutra-Thomé e Koller (2017), investiga as diferenças entre os indivíduos na autoidentificação com os processos da adultez emergente. É composto por 29 itens com alternativas de respostas dispostas numa escala tipo Likert de quatro pontos (1= Discordo fortemente a 4= Concordo fortemente). O instrumento tem seis dimensões com os seguintes índices de consistência interna para a presente amostra: (1) Idade da exploração (“Tempo de descobrir quem você é”, α = 0,72); (2) Idade da instabilidade (“Tempo de confusão”, α = 0,74); (3) Idade do foco em si (“Tempo de consolidar projetos de vida”, α = 0,67); (4) Idade de sentir-se no meio (“Tempo de gradualmente se tornar adulto”, α = 0,70); (5) Idade das possibilidades (“Tempo de descoberta”, α = 0,77; (6) Idade foco nos outros (“Tempo de compromissos com os outros”, α = 0,78). Ao final do instrumento, há uma questão que investiga se os jovens acham que atingiram a vida adulta com três opções de respostas: sim; em parte; não.
Inventário de Habilidades Sociais (IHS)
É um instrumento avaliativo de autorrelato desenvolvido por Del Prette e Del Prette (2009),que investiga as habilidades sociais dos indivíduos entre 18 e 25 anos em diferentes situações como trabalho, escola, família. O IHS contém 38 itens com alternativas de respostas dispostas em uma escala do tipo Likert de cinco pontos (0= Nunca ou raramente a 4= Sempre ou quase sempre). O IHS apresenta cinco fatores com os seguintes índices de consistência interna na presente amostra: (1) Enfrentamento e Autoafirmação com risco descreve situações relacionadas à assertividade (α = 0,77); (2) Autoexposição na expressão de afeto positivo revela situações em que ocorrem demandas de autoafirmação nas expressões de sentimentos positivos (α = 0,75); (3) Conversação e Desenvoltura Social mostram situações em que ocorrem demandas de saber lidar bem com situações sociais neutras (α = 0,74); (4) Autoexposição a Desconhecidos investiga situações em que ocorrem demandas de enfrentamento a situações inusitadas (α = 0,81); (5) Autocontrole da Agressividade em situações aversivas abrange maneiras de como o sujeito vai se portar perante a agressão (α = 0,77).
Índice de Solidariedade Intergeracional (ISI)
Foi desenvolvido por Bengtson e Roberts (1991), sendo validado para a população brasileira por Braz (2013). Trata-se de um instrumento de autorrelato que investiga as dimensões comportamentais e emocionais da interação, da coesão, dos sentimentos e do suporte entre pais e filhos, avós e netos. O instrumento contempla 17 questões de múltipla escolha, que avaliam seis dimensões da solidariedade intergeracional familiar: (1) Afetiva, que investiga proximidade, comunicação, qualidade da relação e compreensão entre filhos e pais/mães; (2) Consensual, que aborda a similaridade de opiniões e valores entre filhos e pais/mães; (3) Conflito, que investigatensão ou divergência entre filhos e pais/mães; (4) Estrutural, que aborda a frequência e forma de contato entre filhos e pais/mães; (5) Associativa, que investiga a distância física entre filhos e pais/mães; (6) Funcional, que procura saber o tipo de apoio que os filhos oferecem às mães e pais; (7) Normativa, que aborda as expectativas sobre obrigações filiais relacionadas aos cuidados dos pais/mães (cuidados) e analisa a concordância sobre as responsabilidades dos filhos para as suas famílias (valores familiares). As cinco primeiras dimensões têm respostas dispostas numa escala tipo Likert de seis pontos (0-5) e as duas últimas, numa escala tipo Likert de cinco pontos (0-4). No presente estudo, as dimensões constituídas por mais de um item apresentaram os seguintes índices de consistência interna:Afetiva pai (α = 0,93) e mãe (α = 0,91); Conflito pai (α = 0,66) e mãe (α = 0,73); Normativa - Cuidados (α = 0,77) e Normativa - Valores familiares (α = 0,93).
Questionário demográfico e Questionário Critério Brasil
O primeiro é um instrumento elaborado para este estudo que investiga as características sociais e demográficas dos participantes, tais como idade, sexo, cor da pele, estado civil, escolaridade e situação profissional. O segundo (ABEP, 2014) acessa o NSE e é composto por 11 itens que investigam o número de bens de consumo duráveis da família, o grau de instrução do chefe da família e o número de empregadas mensalistas na casa. Permite a estratificação das famílias em ordem decrescente de poder aquisitivo, em seis classes: A (subdividida em A1 e A2); B (subdividida em B1 e B2); C (subdividida em C1 e C2); D; E.
Procedimento
A coleta ocorreu de modo virtual e presencial: (a) virtual, por meio da versão digitalizada dos questionários alocados numa plataforma online em que os participantes eram convidados por e-mail ou via rede social para participarem; (b) presencial, em que os participantes respondiam de forma coletiva aos instrumentos em salas de aula de instituições que aceitaram participar, sendo cinco universidades públicas e particulares, três escolas públicas de ensino médio e ensino fundamental, duas escolas de educação de jovens e adultos (EJA), dois cursos técnicos e quatro Organizações Não Governamentais (ONGs). Em ambas as formas, os instrumentos foram autoadministrados. O questionário demorou, em média, 60 minutos para ser respondido. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) - Niterói/RJ (Processo Número 501.267/CAAE: 25949213.7.0000.5289). Todos os participantes da pesquisa foram informados previamente sobre os objetivos, os procedimentos e a confidencialidade da pesquisa, assinando (ou marcando aceite online) o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), no qual todas essas informações estavam descritas.
Análise de dados
Os dados coletados para este estudo foram analisados no programa SPSS (Statistical Package for Social Sciences), versão 22.0. Primeiramente, confirmou-se a normalidade da distribuição das variáveis, com base nas medidas de curtose e simetria (Marôco, 2011). Em seguida, calculou-se a correlação entre as variáveis do estudo (coeficiente r de Pearson). Por fim, foram testados e confirmados os pressupostos de independência e multicolinearidade (Marôco, 2011) e procedeu-se à análise de regressão linear hierárquica (método Enter) para a variável dependente autoeficácia face aos papéis de adulto (AEA). No Bloco 1, foram inseridas as variáveis sexo (0=feminino; 1=masculino), idade (18-24 anos=1; 25-29 anos=0), NSE (Classe A1=8; Classe E=1) e situação laboral (trabalhando sim=1; não=0). No Bloco 2, entraram as dimensões afetiva e conflitual para as versões pais e mães e normativa (valores familiares e cuidados) do ISI. No Bloco 3, entraram os cinco fatores do IHS. No Bloco 4, foram inseridos os seis fatores do IDEA.Utilizou-se nível de significância de p<0,05.
Resultados
No que tange às correlações significativas, os resultados indicam associações positivas entre a autoeficácia frente aos papéis de adulto (AEA) e as variáveis (1) de SIF: afetivapai (r =0,18; p = 0,001) e mãe (r =0,22; p = 0,001), normativa - cuidados (r = 0,21; p = 0,001) e valores (r = 0,26; p = 0,001); (2) de HS: sentimento positivo (r = 0,22; p = 0,001) e autocontrole (r = 0,14; p = 0,002); (3) de adultez emergente (AE): exploração (r = 0,13; p = 0,003), foco em si (r = 0,20; p = 0,001) e foco nos outros (r = 0,11; p = 0,001). Evidenciou-se correlação negativa entre AEA e a variável instabilidade - AE (r = -0,12; p = 0,008)
Os dados das análises de regressão são apresentados na Tabela 1. O modelo de predição para a AEA indica que, no Bloco 1, as variáveis demográficas respondem por 3% da variação do resultado. Sexo1 e idade são preditores significativos, sendo que o sexo masculino prediz negativamente a AEA.Com a inclusão do Bloco 2 (dimensões da SIF), apenas o sexo continua no modelo e o poder de predição aumenta para 11% do total da variação da AEA. As dimensões da SIF afetiva (mãe) e normativa (cuidados e valores familiares) predizem a AEA. A entrada do Bloco 3 (fatores das HS) contribui apenas com 2% para a percentagem de variação da AEA. O fator sentimento positivo das HS é o único preditor significativo nesse bloco. O sexo e as dimensões da SIF afetiva (mãe) e normativa (cuidados e valores familiares) continuam predizendo o desfecho. O acréscimo do Bloco 4 (dimensões da adultez emergente - AE) contribui para 4% da variabilidade da AEA, tendo os fatores foco em si e instabilidade como preditores significativos. O modelo final, que explica 19% da variabilidade da AEA, inclui, por ordem de importância, as variáveis instabilidade (AE preditor negativo), normativa - valores familiares (SIF), sentimento positivo (HS), foco em si (AE) e sexo (homens).
Discussão
As crenças de AEA, pelo seu poder motivacional e função protetora, são um importante preditor de sucesso pessoal, acadêmico e professional no processo de transição para a vida adulta (Coimbra & Fontaine, 2010a; Oliveira et al., 2014). Contudo, no contexto brasileiro, são raras as pesquisas que focam essas crenças em outros domínios que não o acadêmico e profissional. Além disso, poucos estudos procuram investigar variáveis individuais e contextuais que podem influenciar positivamente o desenvolvimento dessas crenças de autoeficácia de jovens, incluindo um leque mais diversificado de papéis adultos. Assim, de modo a preencher essa lacuna, o presente estudo teve por objetivo testar um modelo de predição para a AEA de jovens, considerando como preditores dimensões da SIF, das HS e da AE, bem como variáveis demográficas (sexo, idade, nível socioeconômico e situação laboral).
O modelo de regressão, testado por blocos, procurou avaliar os efeitos de preditores comportamentais e emocionais (SIF e HS) ecognitivos (AE) sobre as crenças de AEA dos jovens, considerando-os em conjunto, após controle das variáveis demográficas. O modelo final explicou 19% da variância das crenças de AEA, sendo que a entrada das dimensões da SIF que correspondeu a um maior aumento na explicação da variância de AEA. As análises indicaram que a entrada das dimensões da SIF (Bloco 2) aumentou o poder explicativo das variáveis demográficas em 11%. O modelo passou a explicar de 3% para 13%, consistindo nas variáveis com maior impacto no desfecho. As dimensões afetiva (mãe) e normativa - cuidados e valores foram preditores positivos das crenças de AEA. Tais resultados vão ao encontro da literatura que tem evidenciado associações positivas entre dimensões da SIF e indicadores de saúde mental em jovens de diferentes contextos socioculturais (Bengtson & Oyama, 2007; Braz et al., 2013; Coimbra & Mendonça, 2013). De fato, evidências anteriores indicavam o quanto o apoio parental é particularmente necessário nos períodos de instabilidade enfrentando pelos jovens adultos (Oliveira et al., 2014).
No modelo final, somente a dimensão normativa - valores manteve-se como preditor significativo. Essa dimensão refere-se à concordância com normas quanto à importância de valores familiares, por exemplo, os membros da família devem dar mais importância para a opinião de cada um deles do que para a opinião de pessoas fora da família. Considerando os resultados do presente estudo, pode-se supor que os valores compartilhados entre pais-filhos favoreçam a aquisição de papéis e tarefas típicas da vida adulta, promovendo o surgimento de crenças de autoeficácia. Esses valores partilhados vão conferir significado à forma como pais negociam as novas regras do convívio familiar e os conflitos que surgem com a entrada dos filhos na vida adulta, o que poderá contribuir para uma maior independência, maturidade parental e filial e bem-estar (Mendonça & Fontaine, 2013a; Oliveira et al., 2014). À primeira vista, esse resultado pode parecer inesperado, uma vez que a dimensão normativa parece espelhar uma prevalência da importância do bem-estar do grupo familiar em detrimento do bem-estar individual, o que não favoreceria a eficácia pessoal dos jovens. Contudo, a subscrição dos mesmos valores familiares entre gerações pode ser um facilitador da partilha de outros recursos e de disponibilidade de modelos e apoio parental, em particular num grupo etário que, na atualidade, ainda é muito dependente do suporte dos pais.
A entrada do Bloco 4 (dimensões da AE) contribuiu com 4% para a explicação da AEA, sendo que o indicador cognitivo de instabilidade da adultez emergente foi o melhor preditor (negativamente associado). A associação negativa da percepção de instabilidade com a AEA sintoniza com a literatura na área que aponta a AE como um período de fragilidades, quando os jovens vivenciam instabilidades em vários campos de suas vidas, como o laboral e o amoroso (Arnett, 2007; Oliveira et al., 2014). Essa percepção pode afetar negativamente suas crenças na autoeficácia. Já aqueles jovens que apresentam níveis mais elevados de foco em si apresentam mais crenças na autoeficácia para atingir papéis adultos, justamente por apresentarem maior clareza e determinação na busca de seus objetivos (Oliveira et al., 2014). De fato, no Brasil, o foco em si indicou ser uma estratégia para atingir metas individuais e consolidar projetos de vida (Dutra-Thomé & Koller, 2017).
Corroborando o estudo realizado por Dutra-Thomé e Koller (2014), os resultados indicaram que a maior parte dos jovens (66,8%) disse que atingiu em parte ou não a vida adulta (55,5% responderam “Emparte”, 33,2% “Sim” e 11,3% “Não”). Esse resultado sugere que, embora o fenômeno da adultez emergente seja mais expressivo em jovens de alto NSE (Arnett, 2000; 2011), a ambivalência em relação à percepção de adulto pode se manifestar em diferentes classes sociais (Arnett, 2016). Nas últimas décadas, a transição para a vida adulta passou, então, a ser caracterizada como um processo mais fluído e menos regulado (Côté & Bynner, 2008; Andrade, 2016), tornando-se mais extenso e favorecendo aos jovens desde a exploração de futuros possíveis, mas também de vivencia de instabilidades e sentimentos conflitantes (Arnett, 2007). Porém, ressalta-se que a inclusão dos indicadores da AE (Bloco 4) acrescentaram apenas 4% no desfecho.
O Bloco 3 testou o impacto das habilidades sociais sobre a AEA e sinalizou que apenas habilidade social de expressão de sentimento positivo foi preditor significativo, contribuindo apenas com 2% do desfecho. Embora esse resultado fosse esperado, pois, de acordo com a literatura, as HS são associadas positivamente às crenças de autoeficácia (Erozkan, 2013; Leme et al., 2016), é pertinente a especificação de qual HS que está mais associada a AEA. O momento sócio-histórico é caracterizado por maior imprevisibilidade nos aspectos profissionais e relacionais (Guerreiro & Abrantes, 2005) e, assim, apresentar HS de elogiar e expressar carinho pode ser um importante recurso pessoal para os jovens adultos melhorarem seu relacionamento familiar e também consolidar ou expandir sua rede de apoio (Coimbra & Fontaine, 2015c).
Finalmente, as variáveis demográficas tiveram pequeno efeito na AEA, explicando só 3% da sua variação. No modelo final, o sexo foi a única variável cujo efeito se manteve no desfecho. Os jovens do sexo masculino apresentaram menos AEA quando comparados às mulheres. Nas últimas décadas, houve maior inserção das mulheres do mercado de trabalho, assim como estas passaram a estudar mais anos do que os homens (Oliveira et al., 2016; Waiselfisz, 2013). Desse modo, é possível que tais mudanças socioculturais tenham contribuído para que as jovens se percebam com mais capacidade para lidar com papéis da vida adulta que não sejam exclusivamente relacionados aos estereótipos do gênero feminino, como casar e ter filhos. Contudo, embora as mulheres estejam em maioria no ensino médio e superior, continuam a ter taxas de desemprego mais elevadas do que os homens, a desempenhar menos cargos de chefia ou direção e a usufruir de salários mais baixos, mesmo quando desempenham funções semelhantes aos homens (Oliveira et al., 2016).
A transição para a vida adulta tornou-se menos regulada, mais heterogênea e permeada pela valorização da independência, liberdade e autonomia (Andrade, 2010, Oliveira et al., 2014; Pappámikail, 2012). Há também uma exacerbação de relações interpessoais mais egocêntricas e individualistas que, muitas vezes, ocasionam sofrimento psicológico (por exemplo, ansiedade e depressão) nos jovens adultos (Twenge & Campbell, 2009). Nesse cenário, os nossos resultados trazem informações relevantes para programas de intervenção com jovens adultos. Constatou-se que a percepção de instabilidade é um preditor negativo importante da AEA. Os programas podem focar no processo de busca por estabilidade de jovens adultos emergentes, através, por exemplo, do desenvolvimento de certos aspectos da SIF e das HS que podem auxiliar os jovens no alcance de suas metas. A solidariedade intergeracional normativa, associada à partilha de valores comuns entre os jovens adultos e seus familiares, constitui um importante fator de proteção extrapessoal, que pode ser potencializado com o desenvolvimento de HS de expressão de sentimentos positivos (Braz et al., 2013). Porém, deve-se ressaltar que ter um repertório de HS pode não ser suficiente para lidar com aqueles desafios macrossociais que muitas vezes transcendem os recursos intrapessoais dos jovens de baixo NSE ou de sexo masculino que apresentam menos crenças de autoeficácia frente aos papéis de adulto. Coerente com esse raciocínio, o modelo final revelou que as dimensões instabilidade da AE, HS de expressão de sentimentos positivos e normativa - valores da SIF tiveram maior impacto na AEA, sugerindo que há influências tanto de aspectos do indivíduo quanto do seu contexto durante a transição para a vida adulta.
Considerações Finais
O presente estudo contribuiu para a identificação de preditores de crenças de AEA. Os dados do estudo indicaram que aspectos cognitivos (foco em si e instabilidade), comportamentais e emocionais (valores familiares e HS de expressão de sentimentos positivos), assim como o sexo, estão associadas à variação das crenças de jovens diante dos papéis de adulto. Esses resultados evidenciam que o desenvolvimento dos jovens adultos é multideterminado, complexo e que a sua análise exige que se leve em consideração um olhar sistêmico e dinâmico, de modo a incluir as diversas redes de relações que caracterizam os contextos socioculturais diversos.
Dentre as limitações do estudo, destaca-se que a amostra foi constituída, em sua maioria, por estudantes universitários e residentes do estado do Rio de Janeiro, pertencentes às classes sociais B e C. Portanto, os resultados não devem ser generalizados. Sugere-se que futuros estudos busquem incluir jovens em transição para a vida adulta fora do ensino superior, bem como incluam outras variáveis explicativas, uma vez que o presente modelo preditivo explicou apenas 19% das crenças de autoeficácia frente aos papéis de adulto. Desse modo, é importante advertir que os dados não devem ser generalizados, mas contextualizados. Por fim, as análises estatísticas não permitem conclusões definitivas nem estabelecer relações de causa e efeito, mas apenas inferências correlacionais. Trabalhos futuros poderiam: (a) ampliar a amostra, coletando dados com jovens adultos que frequentem projetos sociais, ensino profissional e educação para jovens adultos, (b) coletar dados com outros membros familiares, como pais, mães e avós, de modo a triangular a informação apenas obtida com auto relato; (c) investigar as influências dos arranjos familiares dos jovens nas crenças de autoeficácia e na SIF; (d) testar modelos para cada uma das dimensões da AE frente aos para papéis de adulto para investigar se os preditores são iguais para as diferentes dimensões; (e) propor e avaliar programas intervenção com jovens adultos de contextos sociais vulneráveis com foco no desenvolvimento de HS e na SIF.
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
10 Fev 2021 -
Data do Fascículo
2021
Histórico
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Recebido
28 Maio 2019 -
Revisado
07 Abr 2020 -
Aceito
16 Jul 2020