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Empoderamento estrutural de enfermeiros nos serviços de emergências: revisão integrativa

Empoderamiento estructural de enfermeros en los servicios de emergencias: revisión integradora

Resumo

Objetivo

Sintetizar e analisar as evidências científicas acerca do empoderamento estrutural dos enfermeiros, especificamente no contexto da emergência.

Métodos

Revisão integrativa da literatura realizada nas bases de dados eletrônicas: Lilacs, PubMed, Scopus, Web of Science e Embase. Foram identificados 174 artigos nas bases de dados, considerando-se os critérios de inclusão e exclusão: estudos originais, nos idiomas português, inglês e espanhol, publicados a partir de 1996 e cujo escopo fossem os trabalhos acerca do empoderamento estrutural de enfermeiros atuantes nos diversos cenários da emergência. Após a avaliação e os refinamentos dos trabalhos por intermédio dos critérios estabelecidos, obteve-se um total de seis estudos para análise.

Resultados

Foram estabelecidas duas categorias temáticas para sintetizar o conhecimento: “as dimensões do empoderamento estrutural dos enfermeiros da emergência” e “a relação do empoderamento estrutural dos enfermeiros com outras variáveis e seu impacto no contexto da emergência”. Essas categorias temáticas permitiram evidenciar que a oportunidade é fundamental para o empoderamento do enfermeiro nesse contexto, além disso, observou-se a relevância da liderança e o ambiente de trabalho como componentes importantes que influenciam no empoderamento e na prática profissional do enfermeiro.

Conclusão

O empoderamento estrutural é significativo para prática profissional do enfermeiro no contexto da emergência, pois ter acesso às dimensões de empoderamento resulta em autonomia no trabalho, níveis maiores de autoeficácia e melhoria na qualidade e segurança da assistência prestada.

Empoderamento; Enfermeiras e Enfermeiros; Emergências; Serviços médicos de emergência

Resumen

Objetivo

Sintetizar y analizar las evidencias científicas sobre el empoderamiento estructural de los enfermeros, específicamente en el contexto de emergencias.

Métodos

Revisión integradora de la literatura realizada en las bases de datos electrónicas Lilacs, PubMed, Scopus, Web of Science y Embase. Se identificaron 174 artículos en las bases de datos, con los siguientes criterios de inclusión y exclusión: estudios originales, en portugués, inglés y español, publicados a partir de 1996, cuyo alcance eran los trabajos sobre el empoderamiento estructural de enfermeros que trabajan en diferentes escenarios de emergencias. Después de la evaluación y la refinación de los trabajos mediante los criterios establecidos, se obtuvo un total de seis estudios para el análisis.

Resultados

Se establecieron dos categorías temáticas para sintetizar el conocimiento: “las dimensiones del empoderamiento estructural de los enfermeros de emergencias” y “la relación del empoderamiento estructural de los enfermeros con otras variables y el impacto en el contexto de emergencias”. Estas categorías temáticas permitieron evidenciar que la oportunidad es fundamental para el empoderamiento de los enfermeros en este contexto. Además, se observó la relevancia del liderazgo y del ambiente de trabajo como componentes importantes que influyen en el empoderamiento y en la práctica profesional de los enfermeros.

Conclusión

El empoderamiento estructural es significativo para la práctica profesional de los enfermeros en el contexto de emergencias, ya que tener acceso a las dimensiones del empoderamiento tiene como resultado la autonomía en el trabajo, mayores niveles de autoeficacia y una mejora de la calidad y seguridad de la atención brindada.

Empoderamiento; Enfermeras y Enfermeros; Urgencias médicas; Servicios médicos de urgencia

Abstract

Objective

to synthesize and analyze the scientific evidence on the structural empowerment of nurses, specifically in the context of the emergency room.

Methods

An integrative literature review was carried out using the electronic databases Lilacs, PubMed, Scopus, Web of Science and Embase. 174 articles were identified in the databases, considering the inclusion and exclusion criteria: original studies, in Portuguese, English and Spanish, published from 1996 onwards and whose scope was work on the structural empowerment of nurses working in the various emergency scenarios. After evaluating and refining the studies using the established criteria, a total of six studies were obtained for analysis.

Results

Two thematic categories were established to synthesize the knowledge: “the dimensions of structural empowerment of emergency nurses” and “the relationship between nurses’ structural empowerment and other variables and their impact in the emergency context”. These thematic categories made it clear that opportunity is fundamental to nurses’ empowerment in this context, as well as the relevance of leadership and the work environment as important components that influence nurses’ empowerment and professional practice.

Conclusion

Structural empowerment is significant for nurses’ professional practice in the context of emergencies, since having access to the dimensions of empowerment results in autonomy at work, higher levels of self-efficacy and an improvement in the quality and safety of the care provided.

Empowerment; Nurses; Emergencies; Emergency medical services

Introdução

O empoderamento no contexto da enfermagem é empregado como um conceito abrangente para descrever elementos de crescimento e desenvolvimento profissional. Dessa forma, para o desempenho adequado das ações dos enfermeiros, é relevante que as organizações de saúde adotem modelos e políticas de gestão que potencializem o empoderamento desses profissionais.(11. Moura LN, Camponogara S, Santos JL, Gasparino RC, Silva RM, Freitas ED. Structural empowerment of nurses in the hospital setting. Rev Lat Am Enfermagem. 2020 Nov 6;28:e3373.)

O empoderamento consiste em um produto emergente de interações entre fatores individuais, organizacionais e socioculturais.(22. Cardoso Teixeira A, Nogueira A, Nunes JR, Teixeira L, Céu Barbieri-Figueiredo M. Professional empowerment among Portuguese nursing staff: a correlational study. J Nurs Manag. 2021;29(5):1120-9.) Estudo finlandês aponta que as organizações de saúde devem prover recursos e condições para o desenvolvimento da autonomia de seus enfermeiros de maneira a propiciar que esse profissional se sinta mais empoderado, mesmo em um ambiente desafiador e estressante.(33. Niinihuhta M, Terkamo-Moisio A, Kvist T, Häggman-Laitila A. Nurse leaders' work-related well-being-Relationships to a superior's transformational leadership style and structural empowerment. J Nurs Manag. 2022;30(7):2791-800.)

O acesso à informação, ao suporte, aos recursos, à liderança e às oportunidades facilitam a experiência da motivação intrínseca para o sucesso das práticas gerenciais e da autonomia.(44. Young-Ritchie C, Spence Laschinger HK, Wong C. The effects of emotionally intelligent leadership behaviour on emergency staff nurses' workplace empowerment and organizational commitment. Nurs Leadersh (Tor Ont). 2009;22(1):70-85.)Sendo assim, é válido apontar que enfermeiro empoderado deve ser visto como aquele que tem a capacidade de escolher e realizar ações permitidas, direcionar seu próprio crescimento da forma desejada, abrir possibilidades de crescimento e de prática, potencializar a participação individual e coletiva na profissão, além de aumentar o poder da enfermagem.(55. Woodward KF. Individual nurse empowerment: a concept analysis. Nurs Forum. 2020;55(2):136-43.)

O empoderamento dos enfermeiros e seu subsequente senso de controle pessoal sobre seu próprio ambiente de trabalho é essencial por várias razões. Em primeiro lugar, o não empoderamento na enfermagem pode levar a um gerenciamento inadequado das unidades, gerar custos, bem como a um aumento de enfermeiros menos satisfeitos com seus empregos e, consequentemente, mais suscetíveis ao burnout.(44. Young-Ritchie C, Spence Laschinger HK, Wong C. The effects of emotionally intelligent leadership behaviour on emergency staff nurses' workplace empowerment and organizational commitment. Nurs Leadersh (Tor Ont). 2009;22(1):70-85.,66. Friend ML, Sieloff CL. Empowerment in nursing literature: an update and look to the future. Nurs Sci Q. 2018;31(4):355-61.) Além disso, enfermeiros menos empoderados tornam-se mais frustrados ao tentarem melhorar a sua prática profissional e inovar no atendimento ao paciente.(55. Woodward KF. Individual nurse empowerment: a concept analysis. Nurs Forum. 2020;55(2):136-43.)

Observa-se, dessa maneira, que o empoderamento é considerado uma das principais práticas gerenciais, desempenhando papel fundamental nos ambientes de exercício profissional do enfermeiro.(55. Woodward KF. Individual nurse empowerment: a concept analysis. Nurs Forum. 2020;55(2):136-43.

6. Friend ML, Sieloff CL. Empowerment in nursing literature: an update and look to the future. Nurs Sci Q. 2018;31(4):355-61.
-77. Newberry LW. Using Structural Empowerment to Improve Outcomes. J Nurs Adm. 2021;51(7-8):359-61.)Considerando-se esse contexto organizacional, existem concepções teóricas diversas sobre a temática de empoderamento, a exemplo da teoria do empoderamento psicológico, a teoria do empoderamento em grupo e a do empoderamento estrutural.(66. Friend ML, Sieloff CL. Empowerment in nursing literature: an update and look to the future. Nurs Sci Q. 2018;31(4):355-61.) Para a presente revisão, foi utilizada essa última perspectiva de empoderamento, pois considera o empoderamento como força social e política que pode influenciar nas condições e práticas organizacionais (11. Moura LN, Camponogara S, Santos JL, Gasparino RC, Silva RM, Freitas ED. Structural empowerment of nurses in the hospital setting. Rev Lat Am Enfermagem. 2020 Nov 6;28:e3373.,66. Friend ML, Sieloff CL. Empowerment in nursing literature: an update and look to the future. Nurs Sci Q. 2018;31(4):355-61.)

Entende-se que o empoderamento estrutural trata-se da capacidade de uma organização fornecer aos funcionários acesso aos recursos necessários para apoiar seus trabalhos. Refere-se às condições e políticas sociais específicas do local de trabalho que facilitam o acesso a oportunidades, informações, apoio e recursos, levando em consideração as características de poderes formais ou informais.(88. Fragkos KC, Makrykosta P, Frangos CC. Structural empowerment is a strong predictor of organizational commitment in nurses: a systematic review and meta-analysis. J Adv Nurs. 2020;76(4):939-62.)

As percepções dos enfermeiros sobre o empoderamento no local de trabalho afetam seu desempenho e motivação. Dessa maneira, o empoderamento estrutural dos enfermeiros pode levar ao aumento da motivação, senso de confiança, autonomia e atitudes positivas relacionadas ao trabalho, tais como: satisfação no trabalho, comprometimento organizacional, intenção de permanecer, baixo desgaste e aumento da confiança. Além disso, tem um efeito positivo na prestação de cuidados de alta qualidade ao paciente, na eficácia do trabalho e no clima de segurança do paciente.(77. Newberry LW. Using Structural Empowerment to Improve Outcomes. J Nurs Adm. 2021;51(7-8):359-61.,88. Fragkos KC, Makrykosta P, Frangos CC. Structural empowerment is a strong predictor of organizational commitment in nurses: a systematic review and meta-analysis. J Adv Nurs. 2020;76(4):939-62.)

Considerando a relevância do empoderamento estrutural para a enfermagem, é fundamental o desenvolvimento de pesquisas sobre temática nos diversos cenários de atuação do profissional enfermeiro. As percepções dos enfermeiros acerca dos níveis de empoderamento na organização têm sido relacionadas a níveis mais altos de motivação, comprometimento e engajamento no trabalho.(99. García-Sierra R, Fernández-Castro J. Relationships between leadership, structural empowerment, and engagement in nurses. J Adv Nurs. 2018;74(12):2809-19.) Tais resultados são desejáveis entre enfermeiros que trabalham em áreas de cuidados intensivos de alta demanda de saúde, a exemplo das unidades de atendimento às urgências e emergências.

A atuação do enfermeiro nos serviços de urgência e emergência é de grande relevância, tendo em vista que esse profissional está diretamente em contato com o paciente, desde o primeiro momento no local da cena, por via do serviço pré-hospitalar, até o momento da alta ou transferência, para outra unidade ou instituição.(1010. Donelan K, DesRoches CM, Guzikowski S, Dittus RS, Buerhaus P. Physician and nurse practitioner roles in emergency, trauma, critical, and intensive care. Nurs Outlook. 2020;68(5):591-600.) Os enfermeiros de emergência atuam de forma autônoma em um ambiente caótico e estressante, para tanto, pautam-se no conhecimento adquirido ao longo de suas trajetórias acadêmicas e profissionais para se sentirem seguros, confiantes e empoderados em sua prática profissional.(1111. Fitzpatrick JJ, Campo TM, Gacki-Smith J. Emergency care nurses: certification, empowerment, and work-related variables. J Emerg Nurs. 2014;40(2):e37-43.)

Nesse sentido, cabe apontar que os ambientes de urgência e emergência merecem investimentos de pesquisas que abordem o empoderamento do enfermeiro, pois as revisões mais recentes sobre essa competência apontam predominantemente para os aspectos conceituais ou as concepções teóricas, não contemplando a especificidade desse contexto,(55. Woodward KF. Individual nurse empowerment: a concept analysis. Nurs Forum. 2020;55(2):136-43.,66. Friend ML, Sieloff CL. Empowerment in nursing literature: an update and look to the future. Nurs Sci Q. 2018;31(4):355-61.) caracterizado por destinar-se a uma parcela considerável da população, por serem locais de grande fluxo de atendimentos, além da alta complexidade da assistência prestada.(1212. Torquetti AB, Camponogara S, Schneider FV, Freitas EO, Moura LN, Miorin JD. Structural empowerment of nurses working in an emergency room: a mixed methods study. Rev Enferm UERJ. 2021;29:e62928.)

Corroborando esse achado, os autores reafirmam que, embora a literatura inclua estudos sobre empoderamento de enfermeiros em muitas outras áreas clínicas, são necessários trabalhos acerca do empoderamento entre enfermeiros do contexto da urgência e emergência.(1111. Fitzpatrick JJ, Campo TM, Gacki-Smith J. Emergency care nurses: certification, empowerment, and work-related variables. J Emerg Nurs. 2014;40(2):e37-43.) Diante do exposto, o presente artigo objetiva sintetizar e analisar as evidências científicas relacionadas ao empoderamento estrutural dos enfermeiros, especificamente no contexto da urgência e emergência.

Métodos

A presente pesquisa trata-se de revisão integrativa da literatura considerando-se as seis etapas estabelecidas por um grupo de pesquisadoras em 2008.(1313. Mendes KD, Silveira RC, Galvão CM. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Context Enferm. 2008;17(4):758-64. Review.) Ademais, foram seguidas as recomendações do checklist do PRISMA 2020 (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) para a construção do fluxograma e a construção do presente artigo. Cabe enaltecer que embora caracteriza-se como uma ferramenta destinada a revisões sistemáticas, também tem sido empregada para nortear a escrita de revisões integrativas.(1414. Page MJ, McKenzie JE, Bossuyt PM, Boutron I, Hoffmann TC, Mulrow CD, et al. The PRISMA 2020 statement: an updated guideline for reporting systematic reviews. BMJ. 2021;372(71):n71.) Adiciona-se a esses aspectos que a presente revisão integrativa foi registrada no Open Science Framework (OSF), com acesso pelo endereço eletrônico: https://osf.io/xybv4/, sob registro de identificação: DOI-10.17605/OSF.IO/XYBV4.

A escolha pela revisão integrativa deu-se pelo fato de que tal método possibilita a síntese de múltiplos estudos publicados e conclusões gerais acerca de um determinado foco de estudo, utilizando a metodologia, a teoria ou os resultados de estudos variados em que os desenhos de pesquisas são diversos. Para tanto, a presente pesquisa contemplou, criteriosamente, os seis passos para realização da revisão integrativa:(1313. Mendes KD, Silveira RC, Galvão CM. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Context Enferm. 2008;17(4):758-64. Review.)

  1. Seleção da questão norteadora: para essa etapa foi adotada a estratégia PCC. Nesse acrômio, as letras correspondem a: P - Population (População), C Concept (Conceito) e C - Context (contexto). Nesse mesmo sentido, reitera-se que escolha dos descritores pode levar em consideração ideias implícitas na pergunta a ser respondida.(1515. The Joanna Briggs Institute (JBI). Joanna Briggs Institute Reviewers' Manual: 2015 edition/supplement. Adelaide: JBI; 2015 [cited 2023 Jan 25]. Available from: https://nursing.lsuhsc.edu/JBI/docs/ReviewersManuals/Scoping-.pdf
    https://nursing.lsuhsc.edu/JBI/docs/Revi...
    ) Dessa forma, transpondo o acrômio para o presente estudo, a letra P refere-se aos Enfermeiros, C ao Empoderamento estrutural e C abrange o contexto da urgência e emergência, o que resultou na pergunta de pesquisa: “Quais são as evidências científicas produzidas acerca do empoderamento estrutural dos enfermeiros no contexto das unidades de urgência e emergência?”.

  2. Determinação dos critérios de inclusão e exclusão e busca na literatura: foram inclusos os estudos originais nos idiomas português, inglês e espanhol, publicados a partir de 1996, ano de publicação dos primeiros trabalhos sobre empoderamento estrutural na enfermagem.(1616. Spence Laschinger HK. A theoretical approach to studying work empowerment in nursing: a review of studies testing Kanter's theory of structural power in organizations. Nurs Adm Q. 1996;20(2):25-41. Review.) Além dos trabalhos que abrangessem todos os contextos de urgência e emergência (pré-hospitalar; hospitais de urgências, pronto-atendimentos e departamentos de urgência/emergência). Excluíram-se das buscas: teses, dissertações, artigos que abordassem outros profissionais que não enfermeiro(as), artigos de opinião e editoriais, assim como revisões de qualquer natureza, uma vez que priorizaram-se artigos originais. A busca nas bases de dados aconteceu no período de agosto a novembro de 2022.

  3. Categorização dos estudos: definiram-se as informações a serem extraídas (ano de publicação; país; delineamento do estudo; quantidade de participantes; objetivo(s) do estudo; desfechos e principais achados e; conclusões), considerando os elementos propostos pelo PRISMA, com vistas à organização e ao estabelecimento da formação do banco de dados;(1414. Page MJ, McKenzie JE, Bossuyt PM, Boutron I, Hoffmann TC, Mulrow CD, et al. The PRISMA 2020 statement: an updated guideline for reporting systematic reviews. BMJ. 2021;372(71):n71.)

  4. Avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa: foi realizada a leitura preliminar de títulos e resumos dos artigos selecionados e, posteriormente, uma análise mais aprofundada dos remanescentes, resultando na seleção dos trabalhos que respondiam à pergunta de pesquisa, obtendo-se assim a amostra de trabalhos que compuseram a revisão. Os artigos foram estratificados de acordo com os níveis de evidência: nível I - evidência decorrente de revisão sistemática, metanálise ou artigos oriundos de diretrizes de todos os Ensaios Clínicos Randomizados Controlados – ECRC; II - evidência obtida por meio de um ou mais ECRCs, com um bom delineamento; III - evidência de origem de estudos controlados sem randomização; IV - evidência de pesquisas de caso-controle bem desenhada ou coorte; V - evidência decorrente de uma revisão sistemática de trabalhos qualitativos e descritivos; VI - evidência que é resultado de um único estudo descritivo ou qualitativo; e o nível VII que compreende a evidência da opinião de expertises e/ou relatórios decorrentes de comitês de especialistas;(1717. Melnyk BM, Fineout-Overholt E. Evidence-based practice in nursing & healthcare: a guide to best practice. 3rd ed. Philadelphia: Wolters Kluwer Health/Lippincott; 2014. 625 pp.)

  5. Interpretação dos resultados: a partir dos artigos selecionados estabeleceram-se as categorias temáticas para síntese dos resultados que se convergiam;

  6. Apresentação da revisão com síntese do conhecimento produzido.

Para obtenção dos artigos, foram consultadas as bases de dados eletrônicas: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e National Library of Medicine (Medline) pelo portal PubMed, Scopus, Web of Science e Embase. Para tanto, foram empregados os descritores controlados presentes no: DeCS (Descritores da Ciência da Saúde) “enfermagem”, “emergência”, no MeSH (Medical Subject Headings) e no EMTREE “nursing” e “emergency”, assim como a palavra-chave “empoderamento estrutural” e sua respectiva flexão para a língua inglesa “structural empowerment”. Para realizar o cruzamento entre os termos, foram empregados os operadores lógicos booleanos “AND” e “OR” com vistas a obter maior número de artigos possíveis para responder à pergunta norteadora. O quadro 1 apresenta as estratégias de buscas nas respectivas bases de dados.

Quadro 1
Estratégias de busca nas bases de dados

Os artigos foram revisados por grupos de dois pesquisadores, sendo sempre constituído por um pesquisador-discente e um pesquisador-docente. Quando houve divergência entre os pesquisadores sobre um dos trabalhos, um terceiro membro (pesquisador-docente) era consultado. Para organizar e gerenciar essa etapa, foi utilizado o software Rayyan® para a seleção sistemática de artigos, remoção dos artigos em duplicidade, assim como para cegamento da avaliação dos pesquisadores. Vale apontar que os aspectos éticos e os direitos autorais foram resguardados e os autores dos trabalhos estão devidamente referenciados, de forma a atender às resoluções nacionais acerca da ética em pesquisas. Diante, disso, em decorrência da natureza bibliográfica da pesquisa, foi dispensada a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa.

Resultados

Foram identificados 174 artigos, sendo nove na Scopus, 18 na Web of Science, 133 na Medline/PubMed, 11 na Embase e três na Lilacs. Atenderam aos critérios de inclusão seis artigos, conforme se observa na figura 1, elaborado de acordo com as recomendações do PRISMA.(1414. Page MJ, McKenzie JE, Bossuyt PM, Boutron I, Hoffmann TC, Mulrow CD, et al. The PRISMA 2020 statement: an updated guideline for reporting systematic reviews. BMJ. 2021;372(71):n71.)

Figura 1
Fluxograma de seleção dos artigos no PRISMA

A caracterização dos artigos está resumidamente apresentada no quadro 2 que contém: o ano de publicação, o país onde o artigo foi publicado, o delineamento da pesquisa, o nível de evidência, o número de participantes, o objetivo do estudo, o desfecho/os principais achados acerca do empoderamento dos enfermeiros das unidades de emergência e a(s) conclusão(ões).

Quadro 2
Quadro síntese dos estudos selecionados da revisão integrativa

Todos os artigos apresentaram nível VI de evidência, ou seja, consistem em trabalhos decorrentes de estudos descritivo ou qualitativo. Verificou-se que os seis artigos (16,66%) foram publicados em anos distintos: 2008, 2009, 2014, 2018, 2020 e 2021. Considerando-se os países em que foram desenvolvidas as pesquisas, nota-se a concentração de produções no continente americano, com um total de quatro artigos (66,66%), sendo que o país com maior número de publicações foi o Estados Unidos da América (EUA), que realizou dois trabalhos (33,32%). No Brasil, foi identificado apenas um artigo com essa temática (16,66%).

Discussão

A partir dos achados dos artigos e presentes no quadro 2, analisaram-se os aspectos que convergem e se contrapõem entre os trabalhos, com isso, foram estabelecidas duas categorias temáticas para discussão dos trabalhos: “as dimensões do empoderamento estrutural dos enfermeiros da emergência” e “a relação do empoderamento estrutural dos enfermeiros com outras variáveis e seu impacto no contexto da emergência”.

As dimensões do empoderamento estrutural dos enfermeiros da emergência

Oportunidade” foi a dimensão do empoderamento estrutural que apresentou maior média comparativamente às demais, sendo que o estudo brasileiro foi o que apresentou maior valor, seguido do trabalho canadense.(44. Young-Ritchie C, Spence Laschinger HK, Wong C. The effects of emotionally intelligent leadership behaviour on emergency staff nurses' workplace empowerment and organizational commitment. Nurs Leadersh (Tor Ont). 2009;22(1):70-85.,1212. Torquetti AB, Camponogara S, Schneider FV, Freitas EO, Moura LN, Miorin JD. Structural empowerment of nurses working in an emergency room: a mixed methods study. Rev Enferm UERJ. 2021;29:e62928.) Isso demonstra que as unidades de emergência são espaços oportunos de aprendizagem e desenvolvimento profissional dos enfermeiros, potencializado o seu poder nesses espaços de atuação.(11. Moura LN, Camponogara S, Santos JL, Gasparino RC, Silva RM, Freitas ED. Structural empowerment of nurses in the hospital setting. Rev Lat Am Enfermagem. 2020 Nov 6;28:e3373.,77. Newberry LW. Using Structural Empowerment to Improve Outcomes. J Nurs Adm. 2021;51(7-8):359-61.) Estudo identificou diferença significativa na dimensão “oportunidade”, entre o Pronto-Socorro (PS) e Unidade de Terapia intensiva (UTI), demonstrando que os enfermeiros do PS possuem mais oportunidades que os da UTI.(11. Moura LN, Camponogara S, Santos JL, Gasparino RC, Silva RM, Freitas ED. Structural empowerment of nurses in the hospital setting. Rev Lat Am Enfermagem. 2020 Nov 6;28:e3373.)

Mesmo assim, a partir da análise qualitativa do estudo misto desenvolvido no Brasil, foi possível notar que para alguns enfermeiros ainda são insuficientes as oportunidades de aprimoramento na área de emergência.(1212. Torquetti AB, Camponogara S, Schneider FV, Freitas EO, Moura LN, Miorin JD. Structural empowerment of nurses working in an emergency room: a mixed methods study. Rev Enferm UERJ. 2021;29:e62928.) Nesse sentido, destaca-se o papel da Educação Permanente em Saúde para a equipe de enfermagem, pois essa estratégia considera a singularidade e a multidimensionalidade de seus atores, com vistas a torná-los protagonistas do processo de (res)significação da aprendizagem contínua e permanente.(2020. Alhalal E, Alrashidi LM, Alanazi AN. Predictors of patient-centered care provision among nurses in acute care setting. J Nurs Manag. 2020;28(6):1400-9.,2121. Backes DS, Bär K, Costenaro RG, Backes MT, Souza FG, Büscher A. Educação permanente: percepção da enfermagem à luz do pensamento da complexidade. Acta Paul Enferm. 2022;35:eAPE01906.)

Em quatro dos seis trabalhos selecionados, a dimensão “Poder informal” apresentou a segunda maior média.(44. Young-Ritchie C, Spence Laschinger HK, Wong C. The effects of emotionally intelligent leadership behaviour on emergency staff nurses' workplace empowerment and organizational commitment. Nurs Leadersh (Tor Ont). 2009;22(1):70-85.,1212. Torquetti AB, Camponogara S, Schneider FV, Freitas EO, Moura LN, Miorin JD. Structural empowerment of nurses working in an emergency room: a mixed methods study. Rev Enferm UERJ. 2021;29:e62928.,1818. Krebs JP, Madigan EA, Tullai-McGuinness S. The rural nurse work environment and structural empowerment. Policy Polit Nurs Pract. 2008;9(1):28-39.,1919. Connolly M, Jacobs S, Scott K. Clinical leadership, structural empowerment and psychological empowerment of registered nurses working in an emergency department. J Nurs Manag. 2018;26(7):881-7.) Considerando-se esses achados, cabe apontar o estudo desenvolvido em quatro hospitais da Jordânia que demonstrou que níveis diferentes de poder informal influenciam nas demais dimensões do empoderamento estrutural.(2222. Al-Hammouri MM, Rababah JA, Ta'an WF. Structural empowerment, formal and informal power, and job performance quality: a moderated mediation analysis. J Nurs Manag. 2021;29(6):1596-602.)

Esse domínio do empoderamento estrutural se caracteriza pelos fortes relacionamentos de um funcionário dentro ou fora da organização, diferentemente do poder formal que se refere ao poder decorrente da posição de um funcionário na organização.(2323. Arslan Yürümezoglu H, Kocaman G. Structural empowerment, workplace incivility, nurses' intentions to leave their organisation and profession: a path analysis. J Nurs Manag. 2019;27(4):732-9.) O poder informal também foi apontado como ponto positivo na análise qualitativa do estudo com enfermeiros atuantes em Pronto-Socorros no Brasil, tendo em vista a boa relação entre os enfermeiros com os demais profissionais da emergência.(1212. Torquetti AB, Camponogara S, Schneider FV, Freitas EO, Moura LN, Miorin JD. Structural empowerment of nurses working in an emergency room: a mixed methods study. Rev Enferm UERJ. 2021;29:e62928.)

O acesso às informações se refere ao conhecimento das mudanças e políticas organizacionais, assim como aos conhecimentos técnicos fundamentais para a realização do trabalho.(88. Fragkos KC, Makrykosta P, Frangos CC. Structural empowerment is a strong predictor of organizational commitment in nurses: a systematic review and meta-analysis. J Adv Nurs. 2020;76(4):939-62.) Nesse sentido, diante da importância do acesso à informação no exercício profissional, observou-se, na presente revisão, que um trabalho obteve a menor média no instrumento de empoderamento para domínio “Informação” e em outro estudo a referida dimensão obteve a terceira menor média.(1212. Torquetti AB, Camponogara S, Schneider FV, Freitas EO, Moura LN, Miorin JD. Structural empowerment of nurses working in an emergency room: a mixed methods study. Rev Enferm UERJ. 2021;29:e62928.,1818. Krebs JP, Madigan EA, Tullai-McGuinness S. The rural nurse work environment and structural empowerment. Policy Polit Nurs Pract. 2008;9(1):28-39.) Tais resultados alertam a relevância da comunicação entre gestores e profissionais de saúde, de forma a obter e compartilhar informações, sendo para tanto necessária a existência de espaços dialógicos e uma comunicação efetiva/direta entre esses atores nos serviços de urgência e emergência.(2424. Cunha SG, Siman AG, Brito MJ. A comunicação como recurso para tomada de decisão de gestores da unidade de atendimento imediato. Brazilian J Heal Rev. 2020;3(2):2374-83.)

A relação do empoderamento estrutural dos enfermeiros com outras variáveis e seu impacto no contexto da emergência

A liderança dos enfermeiros no contexto da emergência foi uma das variáveis de análise de correlação em dois dos seis trabalhos identificados na presente revisão integrativa.(44. Young-Ritchie C, Spence Laschinger HK, Wong C. The effects of emotionally intelligent leadership behaviour on emergency staff nurses' workplace empowerment and organizational commitment. Nurs Leadersh (Tor Ont). 2009;22(1):70-85.,1919. Connolly M, Jacobs S, Scott K. Clinical leadership, structural empowerment and psychological empowerment of registered nurses working in an emergency department. J Nurs Manag. 2018;26(7):881-7.)

Segundo os achados do trabalho desenvolvido no Canadá, o comportamento de liderança ressonante teve um forte efeito no empoderamento estrutural (β=0,54) que, por sua vez, teve efeito direto no comprometimento afetivo (β=0,61).(44. Young-Ritchie C, Spence Laschinger HK, Wong C. The effects of emotionally intelligent leadership behaviour on emergency staff nurses' workplace empowerment and organizational commitment. Nurs Leadersh (Tor Ont). 2009;22(1):70-85.) Tais achados vão ao encontro dos resultados de uma revisão sistemática que demonstra que a liderança ressonante, assim como outros estilos de liderança (transformacional, autêntica e de suporte), têm relação positiva sobre o empoderamento da equipe de enfermagem. Em contrapartida, o estilo passivo e o transacional de liderança por sua vez estiveram associados a um efeito negativo no processo de empoderamento.(2525. Cummings GG, Tate K, Lee S, Wong CA, Paananen T, Micaroni SP, et al. Leadership styles and outcome patterns for the nursing workforce and work environment: a systematic review. Int J Nurs Stud. 2018;85:19-60. Review.)

Embora não se tenha constatado correlação estatisticamente significativa entre a liderança clínica e o empoderamento estrutural dos enfermeiros da emergência, o estudo desenvolvido na Nova Zelândia indica que a liderança clínica dos enfermeiros do departamento de emergência investigado acaba sendo limitada pela falta de empoderamento estrutural presente na organização.(1919. Connolly M, Jacobs S, Scott K. Clinical leadership, structural empowerment and psychological empowerment of registered nurses working in an emergency department. J Nurs Manag. 2018;26(7):881-7.)

A relação entre o empoderamento estrutural e a liderança clínica foi também investigada em outros dois estudos - canadense e turco - desenvolvidos em unidades hospitalares.(2626. Boamah S. Linking Nurses' Clinical Leadership to Patient Care Quality: The Role of Transformational Leadership and Workplace Empowerment. Can J Nurs Res. 2018;50(1):9-19.,2727. Kuscu Karatepe H, Türkmen E. Nurse performance: A path model of clinical leadership, creative team climate and structural empowerment. J Clin Nurs. 2023;32(3-4):584-96.) Os resultados do trabalho realizado em Ontário, Canadá, indicam que o empoderamento estrutural e a liderança clínica dos enfermeiros são imprescindíveis para fortalecer a segurança do paciente, para tanto, deve estar alicerçada na liderança transformacional.(2626. Boamah S. Linking Nurses' Clinical Leadership to Patient Care Quality: The Role of Transformational Leadership and Workplace Empowerment. Can J Nurs Res. 2018;50(1):9-19.) Por sua vez, a pesquisa desenvolvida em hospitais da Turquia mostra que o desempenho aprimorado do enfermeiro clínico requer uma forte liderança, porém clínica, dentro de um clima de equipe criativo e onde predomine o empoderamento estrutural.(2727. Kuscu Karatepe H, Türkmen E. Nurse performance: A path model of clinical leadership, creative team climate and structural empowerment. J Clin Nurs. 2023;32(3-4):584-96.)

Foi evidenciada, no trabalho estadunidense, a correlação positiva entre o ambiente de trabalho do enfermeiro e o nível de empoderamento estrutural.(1818. Krebs JP, Madigan EA, Tullai-McGuinness S. The rural nurse work environment and structural empowerment. Policy Polit Nurs Pract. 2008;9(1):28-39.) Nesse sentido, é importante ressaltar que unidades de emergência têm que estimular o empoderamento do enfermeiro, de forma a possibilitar maior satisfação no trabalho, engajamento e comprometimento organizacional, além de repercutirem positivamente no desempenho das suas funções e na sua produtividade.(99. García-Sierra R, Fernández-Castro J. Relationships between leadership, structural empowerment, and engagement in nurses. J Adv Nurs. 2018;74(12):2809-19.,1111. Fitzpatrick JJ, Campo TM, Gacki-Smith J. Emergency care nurses: certification, empowerment, and work-related variables. J Emerg Nurs. 2014;40(2):e37-43.,1212. Torquetti AB, Camponogara S, Schneider FV, Freitas EO, Moura LN, Miorin JD. Structural empowerment of nurses working in an emergency room: a mixed methods study. Rev Enferm UERJ. 2021;29:e62928.)

A regressão linear múltipla realizada no estudo da Arábia Saudita em unidades de cuidados críticos, a incluir a unidade de emergência, revelou que empoderamento estrutural juntamente com a satisfação por compaixão e o burnout explicaram a variação significativa (27,5%) na prestação de cuidados centrados no paciente por enfermeiros.(2020. Alhalal E, Alrashidi LM, Alanazi AN. Predictors of patient-centered care provision among nurses in acute care setting. J Nurs Manag. 2020;28(6):1400-9.)

Em consonância com esse estudo, destaca-se a metanálise que revelou que o empoderamento estrutural tem correlação inversa à exaustão emocional dos enfermeiros (burnout), ou seja, à medida que os enfermeiros se sentem mais empoderados, menor é o desgaste emocional desses profissionais.(2828. Zhang X, Ye H, Li Y. Correlates of structural empowerment, psychological empowerment and emotional exhaustion among registered nurses: a meta-analysis. Appl Nurs Res. 2018;42:9-16.)Consequentemente, a correlação entre essas duas variáveis – empoderamento estrutural e exaustão emocional – influencia tanto na qualidade de vida no trabalho quanto nos cuidados prestados ao paciente.(77. Newberry LW. Using Structural Empowerment to Improve Outcomes. J Nurs Adm. 2021;51(7-8):359-61., 2929. Nursalam N, Fibriansari RD, Yuwono SR, Hadi M, Efendi F, Bushy A. Development of an empowerment model for burnout syndrome and quality of nursing work life in Indonesia. Int J Nurs Sci. 2018;5(4):390-5.,3030. Ispir Demir Ö, Yildirim A, Sönmez B, Duygulu S. Relationship between structural empowerment and nurse and patient-reported outcomes: the mediating role of control over nursing practices. West J Nurs Res. 2023;45(7):634-45.)

O estudo desenvolvido nos EUA em 2014 desvelou diferença estatística entre os enfermeiros que possuíam certificação de emergência e aqueles que não a possuíam, com relação à dimensão Poder formal (t=–3,24, p=0,001). Complementarmente, no mesmo estudo os participantes que trabalham em tempo integral obtiveram níveis mais altos de empoderamento do que aqueles que trabalhavam em meio período nas subescalas de Oportunidade (t=2,01, p=0,04), Informação (t=4,58, p<0,001), Apoio (t=1,96, p=0,05), Poder formal (t=3,87, p<0,001) e Empoderamento total (t=3,18, p=0,001).(1111. Fitzpatrick JJ, Campo TM, Gacki-Smith J. Emergency care nurses: certification, empowerment, and work-related variables. J Emerg Nurs. 2014;40(2):e37-43.)

Dessa forma, entende-se que os enfermeiros que atuam nessas organizações devem estar aptos a responderem aos desafios com habilidade e conhecimento profissional. A menos que os enfermeiros se sintam capacitados para agir, eles confiarão nas estruturas burocráticas rígidas (Poder formal), em vez do seu próprio poder para orientar a sua prática. Por essa razão, as organizações não devem limitar a autonomia dos enfermeiros e assim restringir sua capacidade de alcançar resultados extraordinários.(22. Cardoso Teixeira A, Nogueira A, Nunes JR, Teixeira L, Céu Barbieri-Figueiredo M. Professional empowerment among Portuguese nursing staff: a correlational study. J Nurs Manag. 2021;29(5):1120-9.)

Apesar do termo “empoderamento estrutural” ter todo um arcabouço teórico já consolidado, ainda não é considerado como descritor nas bases de dados nacional e internacional, o que pode ser visto como fator limitante nas buscas. Outro limitador pode ter sido o idioma, pois pesquisas que foram desenvolvidas em outras línguas que não as utilizadas na presente revisão podem não ter sido evidenciadas.

Assim, a partir dos resultados deste estudo e levando em consideração o total de seis manuscritos, torna-se significativo o desenvolvimento de novos trabalhos que contemplem a temática e esse ambiente de prática profissional da enfermagem tão específico. Sugere-se que as novas pesquisas também devam utilizar abordagens metodológicas variadas e correlacionar outras variáveis, como observadas em alguns dos artigos selecionados na presente revisão.

Conclusão

O empoderamento estrutural é imprescindível para prática profissional do enfermeiro no contexto da emergência. As dimensões do empoderamento estrutural – Oportunidade, Poder informal – foram as mais evidentes nos artigos presentes na revisão, contribuindo assim, para a autonomia no trabalho e para melhores níveis de autoeficácia, especialmente, quando alinhados ao desenvolvimento das lideranças ressonante e clínica desses profissionais. Por fim, as seis pesquisas identificadas convergem para a importância do empoderamento do enfermeiro da emergência em seu ambiente de trabalho, possibilitando-lhe tomar decisões mais assertivas que impactem direta e indiretamente na segurança e na qualidade do prestados ao paciente.

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Editado por

Editor Associado (Avaliação pelos pares): Alexandre Pazetto Balsanelli (https://orcid.org/0000-0003-3757-1061) Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Jul 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    17 Jul 2023
  • Aceito
    15 Fev 2024
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