Resumo
Objetivo Analisar os resultados da aplicação de telessaúde na assistência ao paciente por enfermeiros de prática avançada.
Métodos Revisão sistemática de estudos de intervenção, conforme recomendações do Joanna Briggs Institute I e do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses. A busca foi conduzida em 23 de agosto de 2023, utilizando os descritores “telemedicine”, “nurse practitioner”, “patient care” e as palavras-chaves correlatas. Foram acessadas sete bases de dados: Lilacs, PubMed®, Cinahl, Embase, Scopus, Cochrane Database of Systematic Reviews e Web of Science Core Collection. Foram incluídos ensaios clínicos, randomizados ou não; estudos pré-pós testes ou tipo antes e depois, sem restrição de data de publicação ou idioma, que responderam à questão/PICO “Qual o resultado da aplicação da telessaúde realizada por enfermeiros de prática avançada na assistência ao paciente?” Foi realizada a análise da qualidade metodológica, tendo sido incluídos apenas os estudos de moderada e de alta qualidade metodológica; não foi possível realizar metanálise.
Resultados Foram selecionados 15 artigos, com população de pacientes adultos, idosos e familiares de crianças com doenças crônicas. As intervenções envolveram telefonemas, combinações de diferentes dispositivos ou programas para educação, monitoramento ou aconselhamentos. Foram identificados, em 12 estudos, efeitos positivos para os desfechos primários: custos; autogestão do cuidado, satisfação do cuidador com gestão da saúde; qualidade de vida, conforto, adaptação ao tratamento, recuperação funcional, indicadores clínicos e sinais vitais.
Conclusão Os efeitos positivos do emprego da telessaúde para obtenção de dados clínicos e gestão do cuidado e seu uso seguro, evidenciados no presente estudo, permitem recomendá-la.
Telemedicina; Telemonitoramento; Prática avançada de enfermagem; Avaliação de resultados da assistência ao paciente; Resultado do tratamento
Resumen
Objetivo Analizar los resultados de la aplicación de la salud digital en la atención a pacientes por enfermeros de práctica avanzada.
Métodos Revisión sistemática de estudios de intervención, de acuerdo con las recomendaciones del Joanna Briggs Institute I y del Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses. La búsqueda se llevó a cabo el 23 de agosto de 2023, utilizando los descriptores “telemedicine”, “nurse practitioner”, “patient care” y palabras clave relacionadas. Se consultaron siete bases de datos: Lilacs, PubMed®, Cinahl, Embase, Scopus, Cochrane Database of Systematic Reviews y Web of Science Core Collection. Se incluyeron ensayos clínicos, aleatorizados o no aleatorizados, estudios prepruebas y pospruebas o del tipo antes y después, sin restricción de fecha de publicación ni idioma, que respondieran la pregunta/PICO “Cuál es el resultado de la aplicación de salud digital realizada por enfermeros de práctica avanzada en la atención a pacientes?” Se realizó el análisis de la calidad metodológica y se incluyeron solo los estudios de calidad metodológica moderada y alta; no fue posible realizar metanálisis.
Resultados Se seleccionaron 15 artículos, con población de pacientes adultos, adultos mayores y familiares de niños y niñas con enfermedades crónicas. Las intervenciones incluyeron llamadas telefónicas, combinaciones de diferentes dispositivos o programas para educación, monitoreo o asesoramiento. En 12 estudios, se identificaron efectos positivos en los resultados primarios: costos, autogestión del cuidado, satisfacción del cuidador con manejo de la salud, calidad de vida, bienestar, adaptación al tratamiento, recuperación funcional, indicadores clínicos y signos vitales.
Conclusión Es posible recomendar la aplicación de la salud digital gracias a los efectos positivos de obtención de datos clínicos y manejo del cuidado y su uso seguro, observados en el presente estudio. PROSPERO Register: CRD42023465566
Telemedicina; Telemonitorización; Enfermería de práctica avanzada; Evaluación del resultado de la atención al paciente; Resultado del tratamiento
Abstract
Objective To analyze the results of application of telehealth in patient care by advanced practice nurses.
Methos This is a systematic review of intervention studies, in accordance with recommendations from the JBI and the Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses. The search was conducted on August 23, 2023, using the descriptors “telemedicine”, “nurse practitioner”, “patient care” and related keywords. Seven databases were accessed, such as LILACS, PubMed®, CINAHL, Embase, Scopus, Cochrane Database of Systematic Reviews and Web of Science Core Collection. Clinical trials, randomized or not, pre-post testing or before and after studies, without restrictions on publication date or language, that answered the question/PICO “What is the result of the application of telehealth carried out by advanced practice nurses in patient care?”, were included. An analysis of methodological quality was carried out, only studies of moderate and high methodological quality were included, and it was not possible to perform a meta-analysis.
Results A total of 15 articles were selected, with a population of adult patients, older adults and family members of children with chronic diseases. Interventions involved phone calls, combinations of different devices or programs for education, monitoring or counseling. In 12 studies, positive effects were identified for the primary outcomes: costs; self-management of care, caregiver satisfaction with health management; quality of life, comfort, adaptation to treatment, functional recovery, clinical indicators and vital signs.
Conclusion The positive effects of using telehealth to obtain clinical data and care management and its safe use, evidenced in the present study, allow us to recommend it. PROSPERO Register: CRD42023465566
Telemedicine; Telemonitoring; Advanced practice nursing; Patient outcome assessment; Treatment outcomes
Introdução
A telessaúde abrange um amplo escopo, que envolve a telemedicina, a telenfermagem e o e-Saúde e engloba não apenas serviços médicos, mas também serviços de saúde remotos e não clínicos, como treinamento de profissionais de saúde e reuniões e cuidados de saúde síncronos e assíncronos.(1,2)
Telessaúde e telemedicina têm sido empregados de forma similar, ainda que telessaúde, no âmbito da estratégia e-Saúde, refira-se à expansão e à melhoria dos serviços, com auxílio de tecnologias de informação e comunicação.(3)A telemedicina, por sua vez, refere-se ao fornecimento de serviços de saúde em que a distância é um fator crítico, envolvendo todos os profissionais de saúde que utilizam tecnologias de informação e comunicação para a troca de informações confiáveis, no contexto do diagnóstico, do tratamento e da prevenção de doenças e lesões, bem como para atividades de pesquisa, avaliação e educação continuada dos profissionais de saúde.(4)A telenfermagem é considerada uma atividade que utiliza a tecnologia da informação e a comunicação para realizar avaliação à distância e fornecer consulta, educação e orientações de saúde.(5,6) Dado o uso variado dos termos supracitados,(7) neste estudo, será considerado o de maior abrangência, isto é, telessaúde.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), as instituições e sistemas de saúde e os pesquisadores estão direcionando seus esforços para integrar e ampliar o uso da telessaúde em distintos contextos e situações, impulsionados pela situação sanitária da pandemia da doença pelo coronavírus 2019 (Covid-19), ocorrida entre 2020 e 2022, na qual a tecnologia foi extensivamente adotada para fornecer serviços de saúde em tempo real e atuar como complemento aos cuidados tradicionais.(3,8)
Apesar da grande demanda por serviços remotos, ainda existem desafios a serem superados, e essa tecnologia pode melhorar o acesso aos cuidados de saúde, os padrões de assistência médica e a eficiência na prestação de serviços de saúde, apenas com pequenas melhorias.(9) Pode também favorecer o fornecimento de cuidados equitativos e de alta qualidade às comunidades desfavorecidas e com recursos limitados, especialmente quando se prioriza a construção de confiança e relacionamentos, superando as barreiras existentes nos contextos de vulnerabilidade.(10,11)
Embora a telessaúde seja um modo aceito de prestação de serviços de saúde, as regras, as regulamentações e o reembolso que a governam permanecem em constante mudança.(12) Não obstante, estudos recentes apontam resultados positivos da telessaúde em diversas áreas, em especial quando usada para comunicação, aconselhamento ou monitoramento em condições crônicas. Contudo, autores apontam a necessidade de estudos voltados para a implementação e para as pesquisas baseadas na prática.(13)
Igualmente positivos foram os resultados de estudo australiano que avaliou 38 metanálises, de áreas médicas ou multiprofissionais, que evidenciaram ser a telessaúde no mínimo tão eficaz quanto os cuidados habituais.(14)Os resultados avaliados são específicos por disciplina, haveando a necessidade de mais estudos de eficácia clínica envolvendo telessaúde.
Interessa-nos, na presente revisão sistemática, identificar resultados inerentes aos serviços de saúde à distância, capazes de promover a saúde de indivíduos e de suas comunidades. Dentre os profissionais de saúde que utilizam tecnologias de informação e comunicação para a troca de informações no contexto do diagnóstico, do tratamento e da prevenção de doenças e lesões, que são aspectos centrais da telemedicina, elegemos os enfermeiros de práticas avançadas.
Essa escolha é relevante dado que os enfermeiros de práticas avançadas são profissionais cuja prática impacta positivamente os resultados nos indivíduos, nas famílias e nas comunidades. Na literatura internacional, diversas denominações são encontradas, e todas estão associadas a requisitos na formação, no escopo da prática desenvolvida e nas legislações locais que regem tais profissionais.(12,15)
No Brasil, não existe a denominação “enfermeiro de práticas avançadas”, e os enfermeiros clínicos especialistas são os profissionais mais próximos dos que desempenham os papéis de prática avançada em outros países. Cabe lembrar que o Programa de Telessaúde, criado em 2007, voltado para melhorar o atendimento em especial na Atenção Primária, foi ampliado em 2011, tendo dentre seus focos as teleconsultorias, os telediagnósticos e a teleducação.(16) As estratégias de saúde digital propostas para o período compreendido entre 2020 e 2028 trazem consistentes ações para fortalecimento de telessaúde e possibilidades de protagonismo de enfermeiros nessa área, em especial diante da regulamentação da atuação da Enfermagem na Saúde Digital, por meio da resolução do Conselho Federal de Enfermagem 696, de 17 de maio de 2022 e suas atualizações.(17)Ainda, o êxito da telessaúde implementada por enfermeiros em cenários nacionais já há alguns anos, bem como sua intensificação durante o periodo de pandemia da Covid-19, pode ser constatado, conforme se apreende em uma reflexão sobre a prática de enfermagem brasileira, dentre outras.(18)
Como uma modalidade emergente de prestação de cuidados de saúde, a telessaúde apresenta largo campo para ser explorada pelos enfermeiros de práticas avançadas. Desse modo, o objetivo da presente revisão sistemática foi analisar os resultados da aplicação da telessaúde na assistência ao paciente por enfermeiros de prática avançada.
Métodos
A revisão sistemática proposta foi conduzida de acordo com as recomendações do Joanna Briggs Institute (JBI) para revisões sistemáticas de evidências de eficácia.(19) O relato adotado contempla as recomendações do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses PRISMA Checklist.(20)
Critérios de seleção
Foram empregados os seguintes critérios de seleção, seguindo-se a estratégia PICO: Participantes – pacientes, independentemente da idade, sob os cuidados de enfermeiros de prática avançada; Intervenção – telessaúde (síncrona, assíncrona, monitoramento remoto de pacientes ou uso de dispositivos móveis); Comparação – placebo, cuidado-padrão, outra terapia ou nenhum tratamento; Resultados – desfechos clínicos, satisfação do paciente, eficiência dos cuidados, melhoria do acesso aos cuidados, qualidade dos cuidados, segurança do paciente, impacto na adesão ao tratamento, resultados psicossociais, resultados de autocuidado ou resultados de educação em saúde.(21) A seguinte questão de pesquisa foi elaborada: Qual o resultado da aplicação da telessaúde realizada por enfermeiros de prática avançada na assistência ao paciente?
Estratégia de busca
A revisão utilizou uma estratégia de busca abrangente. Inicialmente, uma busca limitada ao MEDLINE® (PubMed®) e ao Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (Cinahl) (Ebsco) foi feita em 7 de agosto de 2023 para identificar palavras-chave relevantes e termos de índice em artigos recuperados. Posteriormente, as palavras do texto contidas nos títulos e nos resumos dos artigos relevantes e os termos indexados usados para descrever os artigos foram identificados. O teste da busca nessa etapa foi conduzido nas bases de dados PubMed® e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs).
A busca definitiva foi realizada em 23 de agosto de 2023 nas bases de dados: Lilacs, PubMed®, Cinahl, Embase, Scopus, Cochrane Database of Systematic Reviews e Web of Science Core Collection. Por fim, as listas de referências dos artigos incluídos nesta revisão foram verificadas por dois revisores de forma independente.
Foram usados os seguintes descritores e termos nas bases internacionais na equação da busca: (“telehealth” OR “telemedicine” OR “telecare” OR “tele-nursing” OR “Remote Patient Monitoring” OR “Mobile Devices”) AND (“advanced practice nurse” OR “advanced practice registered nurse” OR “nurse practitioner” OR “clinical nurse specialist”) AND (“patient outcomes” OR “patient care” OR “healthcare quality” OR “clinical outcomes” OR Outcome OR “Care Efficiency” OR “Patient Satisfaction”).
Esta revisão incluiu ensaios clínicos randomizados, ensaios clínicos sem aleatorização autêntica, estudos quase-experimentais, estudos pré e pós-teste ou estudos antes e depois, sem restrição de idioma ou período de tempo.
Foram excluídos os estudos que empregaram métodos mistos ou substancialmente diferentes, estudos qualitativos, diretrizes, protocolos de ensaios clínicos randomizados, estudos de viabilidade ou estudos-piloto e aqueles em que o uso da telessaúde reportou apenas a obtenção ou o fornecimento de informações gerais, como agendamentos ou dados pessoais ou avaliação da usabilidade do programa de internet. Os textos completos de três estudos não puderem ser acessados on-line, por meio de empréstimos entre bibliotecas, portal on-line (ResearchGate) ou diretamente com o autor correspondente.
As citações identificadas foram importadas para o software EndNote (Clarivate Analytics, PA, Estados Unidos), no qual as duplicatas foram removidas; em seguida, foram exportadas para o aplicativo Rayyan (Rayyan Systems Inc, Cambridge, MA, Estados Unidos), utilizado para a seleção dos estudos.(22,23) Foi realizado teste-piloto de triagem de títulos e resumos que se mostrou adequado ao alcance dos propósitos do estudo.
A seguir, os textos completos dos estudos foram examinados, de forma independente por dois revisores, em relação aos critérios de elegibilidade, sendo os desacordos mediados por um terceiro revisor.
Embora as ferramentas adotadas não possuam um sistema de escore, a literatura aponta que maior número de questões respondidas positivamente nos itens previstos nos instrumentos de análise de qualidade reflete maior qualidade do estudo.(24)Na presente revisão sistemática, foram aceitos os estudos que alcançaram pelo menos 50% de respostas positivas nos itens dos checklists propostos pelo JBI para a análise da qualidade metodológica para avaliação crítica de estudos experimentais e quase experimentais.(19)Foram considerados com qualidade moderada se 50 a 70% das respostas aos itens dos instrumentos fossem “sim” e qualidade alta se mais de 70% das respostas aos itens fossem “sim”.
Para extração dos dados, foram consideradas as recomendações do JBI.(25) As seguintes informações de cada artigo constam nesta revisão sistemática: características do estudo, da população e da amostra; objetivos; desfechos (primários e secundários) como resultados clínicos, satisfação do paciente, benefícios percebidos, taxas de adesão, diferenças nas taxas de reospitalização ou visitas de acompanhamento, desafios ou barreiras mais comuns, impacto financeiro para o paciente ou dinâmica da relação enfermeiro-paciente e qualidade de vida; e qualidade metodológica. As informações estão sintetizadas de forma narrativa.
Não foi possível realizar metanálise, pois não se identificaram estudos considerados suficientemente semelhantes, do ponto de vista clínico e metodológico, em amostras distintas (Quadro 1).
Resultados
Foram identificados 1.924 registros; após a remoção das duplicatas e aplicação dos critérios de elegibilidade, a amostra resultou em 15 estudos (Figura 1).
Nesta revisão sistemática, os estudos foram publicados entre 2004 e 2022, em língua inglesa, predominantemente nos Estados Unidos (n=7) e como ensaios clínicos randomizados (n=13). Em relação às amostras, três estudos(26,35,37) tiveram desdobramentos para outras publicações(29,30,36,38) respectivamente. Os estudos contemplaram a avaliação de 1.944 pessoas, sendo 1.144 (58,85%) homens; 12 estudos(26-28,30-38) apresentaram a variável sexo por grupos (controle ou intervenção), sendo, em média, 61,59% de homens nos grupos controle e 59,05% nos grupos intervenção. Dois estudos(39,40) apresentam a porcentagem de forma geral, sem especificar grupos, e um estudo(29) não descreveu essa variável. Quanto à idade, dos estudos incluídos, sete(31,32,34-38) descreveram a média de idade dos participantes adultos por grupo, que variou de 31 a 59,5, para o grupo controle, e de 31 a 61,7, para o grupo intervenção; a idade variou nas crianças(26,29,30) entre 2 e 15 anos (média de 7,1 anos) e nos adultos entre, aproximadamente, 30 a 65 anos. Não houve uniformidade para descrever essa variável, sendo que um estudo(39)descreveu a idade em mediana, um estudo(40)descreveu a média geral (sem discriminar os grupos); quatro estudos(27-30) descreveram a idade em intervalos; e um não apresentou esse dado.(33)
Dentre os 15 estudos examinados, três realizaram intervenções com pacientes diabéticos,(27,37,38)três com os familiares de crianças em condições complexas,(26,29,30) dois com pacientes com neoplasias, sendo um com presença de ostomia(39) e o outro com presença de dor,(34) dois estudos com pacientes adultos com arterosclerose,(35,36) um com pacientes pós-transplante,(33) um com sobreviventes de câncer infantil,(28) um com pacientes pós-cirúrgicos de ortopedia,(31) um com pacientes com fibrose cística(32) e um com pacientes de instituição de longa permanência.(40)
As intervenções contemplaram o uso de telefone (monitoramento ou aconselhamento), telefone e vídeo, vídeo e teleconferências, aplicativo móvel de saúde, plataforma monitoramento e consulta on-line (sessões iterativas ao vivo) de enfermagem. Em relação aos desfechos, a telessaúde permitiu verificar dados clínicos, avaliação clínica, diagnóstico prévio e plano de cuidado, bem como estimular e supervisionar o autocuidado ou prevenir eventos indesejáveis. Outros resultados relevantes foram considerados pelos pesquisadores, a saber: satisfação; benefícios; taxa de adesão, reospitalização ou visitas, impacto financeiro da telessaúde direta e indireta e qualidade de vida (Quadro 2).
A figura 2 apresenta uma síntese da efetividade das intervenções de telessaúde usadas por enfermeiros de prática avançada nos estudos da presente revisão sistemática.
Resultados de efetividade de intervenções de telessaúde usadas por enfermeiros de prática avançada, em relação aos desfechos dos estudos (n=15)
Dos 15 estudos incluídos, seis tiveram a qualidade metodológica avaliada como moderada (variando de 61,5 a 70,0%) e nove estudos como alta (> 70,0%).
Discussão
A presente revisão foi composta de estudos com moderada e alta qualidade metodológica, o que reforça a robustez das estratégias bem-sucedidas associadas à telessaúde.
A complexidade do papel de gestão do cuidado e de suas interfaces, tanto quanto o de educação e de investigação, ficou evidente nos estudos analisados. As atividades clínicas avançadas identificadas estão em acordo com as destacadas pelo International Council of Nurses (ICN), que incluem a autoridade para prescrever medicamentos, solicitar exames e dispositivos, realizar diagnósticos e avaliações avançadas de saúde e tomar decisões sobre tratamentos e terapias.(41)
Em relação às intervenções, constatou-se a utilização de tecnologias eletrônicas de informação e telecomunicações, com o propósito de respaldar e fomentar a prestação remota de cuidados clínicos de saúde, a obtenção de dados físicos, o monitoramento de planos terapêuticos, a educação de pacientes e a administração de saúde, bem como reduzir retornos ao serviço ou hospitalização; tais resultados corroboram os da literatura.(42)
Merece destaque o efeito positivo do telemonitoramento e do aconselhamento telefônico.(27,28,34) Outros estudos,(33,39) ainda que reforcem a tendência de se explorar a telessaúde para a obtenção de dados clínicos ou a gestão do cuidado, não apresentaram resultados distintos aos cuidados usuais.
O telemonitoramento diário, realizado por aproximadamente 10 minutos, representa uma abordagem simples, eliminando a necessidade de visitas frequentes do paciente à clínica; entretanto, os desafios no acompanhamento de pacientes por telefone e as dificuldades técnicas ao implementar o telemonitoramento têm favorecido a sugestão de se usarem ferramentas mais flexíveis, como aplicativos para smartphones.(43)
Na presente revisão, três estudos usaram o aplicativo móvel de saúde, o qual facilitou a detecção precoce de exacerbações respiratórias e o tratamento com antibióticos orais(32) e teve eficácia na autogestão de comportamentos de pessoas com diabetes mellitus.(37,38) Tais resultados são corroborados em outras pesquisas.(44,45) No entanto, alguns aplicativos mHealth carecem de fundamentação em evidências, concentram-se mais na doença do que na pessoa, apresentam usabilidade limitada e levantam preocupações em relação à privacidade do usuário.(46)
Em relação aos desfechos clínicos, pesquisas examinaram a satisfação dos pacientes com os serviços de telessaúde.(26,29,40) Destas, duas apontaram elevados níveis de satisfação dos pais/responsáveis pelo cuidado.(26,29) Embora um dos estudos não tenha apresentado diferenças significativas entre os grupos, ao longo do período de 30 meses,(26) o outro, ao longo de dois anos, apresentou pontuações mais elevadas em diversas medidas de satisfação, tanto para o grupo que se empregou o telefone, como para o grupo de vídeo.(29) O terceiro estudo registrou satisfação significativamente superior a da consulta domiciliar.(40) Também em uma pesquisa da Austrália, a maioria dos participantes expressou satisfação com a telessaúde, enfatizando a qualidade da informação, o conforto e a confiança nos profissionais de saúde consultados.(47)
Quanto aos benefícios percebidos pelos pacientes em relação ao acesso e à conveniência da telessaúde realizada por enfermeiros de prática avançada, quatro estudos destacaram aumento na adequação da ajuda na coordenação dos cuidados;(26) melhoria na autogestão de doenças crônicas não transmissíveis, como a diabetes;(38) aumento na satisfação dos cuidadores familiares com a intervenção de telessaúde;(35) e contato constante com um único enfermeiro, caracterizado como fundamental para benefícios percebidos, independentemente da intervenção.(26,40) Essas descobertas reforçam as do estudo que aponta que o uso do telefone e da internet contribuem para diminuir o tempo associado ao tratamento de condições como o câncer.(48) Ainda, essa abordagem tem o potencial de ampliar o acesso a intervenções fundamentadas em evidências para a prevenção e controle da doença, o monitoramento, os cuidados de suporte e a tomada de decisões terapêuticas.
Alguns estudos investigaram o efeito da utilização da telessaúde nas taxas de adesão e a conformidade com o plano de tratamento.(26-28,32,37,38) Os resultados indicam melhorias na adesão desses grupos quando comparados àqueles que recebem cuidados presenciais, evidenciadas pelo aumento na adequação da ajuda na coordenação dos cuidados,(26,37,38) controle mais próximo dos indicadores clínicos,(27) aumento na conclusão do rastreamento de riscos(28) e aumento no número de consultas.(32) Estudo espanhol também constatou que uma intervenção educativa via web pode ser eficaz na adesão a uma dieta saudável.(49) Outro revelou que a videoconferência é eficaz na melhoria da adesão ao tratamento do HIV.(50)
Quanto às taxas de reospitalização ou visitas de acompanhamento entre pacientes que utilizam telessaúde e aqueles que recebem atendimento tradicional, quatro estudos apontaram que houve a redução no tempo de internação;(26) dois estudos não verificaram diferença significativa nas taxas de admissão hospitalar ou visitas ao pronto-socorro;(33,39) e um estudo verificou que o grupo acompanhado por telenfermagem realizou, em média, uma consulta presencial a menos que o grupo controle, contudo, teve, em média, 3,6 consultas virtuais a mais.(40)
O impacto financeiro da telessaúde realizada por enfermeiros de prática avançada, em comparação com os cuidados presenciais, foi abordado de forma direta(26,35) e indireta(28,29,40)por poucos estudos (33%) nesta revisão. Um estudo mencionou que as instituições envolvidas no atendimento às crianças com condições médicas complexas reconheceram os benefícios do coordenador de cuidados (enfermeiros de prática avançada) para esse grupo; os autores destacam ainda que indicadores de resultado do papel de coordenador de cuidados devem ser incluídos nos modelos de cálculo de custos.(26) Outro revelou benefícios de saúde equivalentes e custos mais baixos ao longo de 1 ano.(35) Nas abordagens indiretas, destaca-se a importância crescente de resultados ligados a reembolso dos cuidados de saúde(28,29) e ao número de visitas, objetos de estudo que verificou efeito da telessaúde na redução de visitas médicas não planejadas,(30)e relacionados à economia associada a menos trocas de dispositivos no contexto do cuidado, ainda que o custo total da assistência não tenha apresentado diferença estatística, comparando-se o cuidado tradicional e o de telenfermagem.(40)
Em uma revisão de escopo, com o objetivo de caracterizar revisões da literatura sobre saúde digital e intervenções de telessaúde utilizadas no acompanhamento de pessoas com câncer, também foi observado que a porcentagem de estudos primários que incluíam resultados econômicos de saúde variou de zero a 31% dos estudos incluídos, abordando aspectos como custos diretos, minimização de custos e análise de custo-benefício.(49) Informações mais consolidadas sobre os diversos impactos econômicos das intervenções digitais de saúde e telessaúde serão valiosas para os tomadores de decisão ao considerarem a cobertura e a implementação dessas intervenções.
A qualidade de vida do paciente ou familiar/cuidador foi analisada em sete estudos, sendo que a maioria não constatou diferenças nos escores de medidas dessa variável.(26,32,35,37,38) Resultados similares já foram descritos na literatura.(51)Contudo, dentre os estudos atualmente examinados, um que utilizou acompanhamento on-line sobre recuperação após artroplastia(31) e outro que avaliou o efeito de uma intervenção educativa associada a telemonitoramento, observaram-se diferenças na qualidade de vida, que foi maior no grupo de telessaúde.(34)
A presente revisão sistemática, composta de 15 estudos internacionais, abordando o uso de intervenções remotas, fornece contribuições valiosas para a discussão sobre os benefícios que a utilização da telessaúde por enfermeiros de prática avançada podem agregar no cuidado ao paciente em diferentes níveis de complexidade e cenários. Além disso, a análise abrange a reflexão sobre a contribuição desse profissional e da telessaúde como facilitadores do trabalho em equipe e na coordenação do cuidado em colaboração com outros profissionais ou com outros serviços ou agências de prestação de cuidados na comunidade.
A ausência de estudos específicos sobre enfermeiros de prática avançada no contexto brasileiro nesta revisão sistemática indica a falta de formalização do papel desse profissional em nosso sistema de saúde, apesar da existência de conhecimento disponível sobre o uso de tecnologias de telessaúde em várias áreas. No entanto, ainda são necessários ensaios clínicos controlados que avaliem intervenções por telessaúde realizadas por enfermeiros especialistas que desempenhem funções semelhantes às do enfermeiro de prática avançada.
Como limitações, podem ser destacados: a impossibilidade de realização de análises estatísticas mais robustas; o não acesso a todas as referências; e a diversidade das práticas e intervenções remotas utilizadas nos estudos analisados, que pode dificultar a identificação de padrões claros ou de conclusões definitivas sobre a eficácia das intervenções. No entanto, os resultados proporcionam oportunidades para futuras pesquisas, a fim de preencher lacunas e aprimorar a compreensão do papel dos enfermeiros de prática avançada e das intervenções remotas no contexto de cuidados de saúde, sobretudo no Brasil.
Conclusão
Os resultados desta revisão sistemática enfatizam a segurança do emprego de telessaúde por enfermeiros de prática avançada na assistência ao paciente. Nos dois estudos em que a eficácia não foi constatada, o resultado de seu uso foi, no mínimo, similar ao do cuidado tradicional. Evidências de eficácia para todos ou parte dos desfechos primários em 12 estudos e de desfecho secundário em apenas um estudo indicam que o emprego da telessaúde por EPA pode resultar em benefícios notáveis na gestão da assistência aos pacientes. Isso inclui a redução de custos, aprimoramento da satisfação do paciente ou de familiares responsáveis pelo cuidado, melhor qualidade de vida e avanços em diversos indicadores clínicos de saúde ou de promoção da saúde. A conclusão do estudo reforça a viabilidade dessa abordagem inovadora na prática clínica, sublinhando a telessaúde como uma ferramenta valiosa para elevar a qualidade dos cuidados de saúde realizados por enfermeiros de prática avançada.
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Editado por
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Editor Associado:
Alexandre Pazetto Balsanelli (https://orcid.org/0000-0003-3757-1061) Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo, SP, Brasil
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
02 Dez 2024 -
Data do Fascículo
2025
Histórico
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Recebido
6 Dez 2023 -
Aceito
17 Jun 2024