Resumo
Este artigo descreve como psicoterapeutas e clientes vivenciam uma experiência em psicoterapia de grupo sob a lente humanista-fenomenológica a partir do recorte de uma pesquisa qualitativa de cunho fenomenológico, utilizando como instrumento de pesquisa as Versões de Sentido escritas por dois psicoterapeutas e dez clientes. A análise fenomenológica crítica dos temas emergentes sugere que, quando pessoas estão juntas na busca por crescimento, num ambiente de cuidado mútuo e aceitação, as suas histórias espontaneamente se cruzam, surgindo uma sabedoria própria do grupo, que o mobiliza em uma direção própria e criativa de dar continuidade à vida. A utilização da lente fenomenológica crítica proporcionou a aproximação aos fenômenos em seus múltiplos contornos, nas infindáveis possibilidades que um grupo de pessoas em processo de psicoterapia pode revelar, anunciando que tudo acontece no entrelaçamento psicoterapeutas-clientes-mundo.
Palavras-chave: psicoterapia de grupo; psicoterapia humanista-fenomenológica; experiência vivida; pesquisa fenomenológica
Résumé
Cet article décrit comment psychothérapeutes et ses clients vivent une expérience en psychothérapie humaniste-phénoménologique de groupe, faite dans le cadre d’une recherche phénoménologique qualitative, qui utilise comme instrument Versions de Sens, écrit par deux thérapeutes et dix clients. L’analyse phénoménologique des questions critiques émergentes suggère que, lorsque les gens sont ensemble dans la quête de la croissance, dans un environnement de soin et entente mutuel, leurs histoires s’entrecroisent spontanément, en dévoilant une sagesse propre du groupe qui le mobilise dans une direction créative d’assurer la continuité de la vie. L’utilisation d’une approche critique phénoménologique a guidé un rapprochement aux phénomènes, avec ses plusieurs contours, moyennant les possibilités infinies qu’un groupe de personnes en processus de psychothérapie pourrait révéler, annonçant que tout se passe dans l’entrelacs psychothérapeutes-clients-monde.
Mots-clés: psychothérapie de groupe; psychothérapie humaniste phénoménologique; expérience vécue; recherche phénoménologique
Resumen
En este texto se describe la experiencia de psicoterapeutas y clientes en psicoterapia humanística-fenomenológica de grupo, hecha a partir de un estudio cualitativo fenomenológico, en el cual se empleó como herramientas de investigación versiones de sentido escritas por dos terapeutas y diez clientes.El análisis fenomenológico de los asuntos críticos emergentes sugiere que cuando las personas están juntas en busca de crecimiento, en un ambiente de mutuo cuidado y aceptación, sus historias se cruzan de forma espontánea, surgiendo así sabiduría del propio grupo, que lo moviliza a una dirección propia y creativa de dar continuidad a la vida. El uso de la perspectiva crítica fenomenológica ha proporcionado una aproximación a los fenómenos en sus múltiples contornos, en las infinitas posibilidades que puede revelar un grupo de personas en el proceso de psicoterapia, anunciando que todo sucede en el entrelazamiento psicoterapeuta-clientes-mundo.
Palabras clave: psicoterapia de grupo; psicoterapia humanista fenomenológica; experiencia; investigación fenomenológica
Abstract
This article describes how psychotherapists and clients live the experience of group psychotherapy under the humanistic-phenomenological view executed as part of qualitative study of phenomenological nature, in which Versions of Meaning written by two psychotherapists and ten clients are used as tools. The critical phenomenological analysis of the emerging issues suggests that when people are together seeking growth, in a mutual care and acceptation atmosphere, their life stories meet and a wisdom that is particular of the group arises, guiding it into its own creative way to continue life. The use of critical phenomenological approach provided an approximation to the phenomena with their multiple outlines, in the varied possibilities that a group of people in the process of psychotherapy can reveal, announcing that everything happens in the interlace psychotherapist-clients-world.
Keywords: group psychotherapy; humanistic phenomenological psychotherapy; lived experience; phenomenological research
Contemporaneamente à Primeira e à Segunda Guerra Mundial, entre 1910 e 1947, as práticas grupais já destacam sua importância social, surgindo como um recurso para proporcionar mudanças, de modo que permitiam aos participantes desenvolverem uma intimidade entre si que, muitas vezes, não conseguiam nem mesmo com os componentes familiares (Rogers, 1970/2009). Configuravam-se, para seus integrantes, como uma chance de “fugir ou reconstituírem-se dos eventuais efeitos da desumanização” (Fonseca, 1988, p. 177), trazida pelas guerras. Acrescido a isso, havia um grande número de pacientes psiquiátricos ex-combatentes de guerra, o que era concomitante a uma escassez de psicoterapeutas, tornando a psicoterapia individual impraticável, resultando na valorização da terapia de grupo. (Yalom & Leszcz, 2006)
Ampliando a sua atuação para além das demandas psicológicas advindas do pós-guerra, um processo de psicoterapia de grupo funciona, até os dias atuais, como um microcosmo representante da comunidade, no qual problemas relacionais e as tendências da sociedade podem ser observados, investigados e compreendidos. O grupo pode ser um espaço valioso, no qual novos caminhos podem ser experimentados, e trazer reflexos terapêuticos para os membros, bem como possibilitar impactos e mudanças importantes na sociedade. (Schmid & O’Hara, 2007)
Nos processos de grupo as possibilidades de intervenções e cruzamentos entre as histórias de cada um se estendem, seus membros têm a oportunidade de oferecer apoio mútuo na apreensão do sofrimento do outro, “uma pessoa explora os seus próprios sentimentos, mas também os seus sentimentos sobre os outros (além do facilitador) em relação com eles” (Wood, 1983a, p. 28). O reflexo das mudanças de atitudes para fora do grupo, no meio social de cada participante, também é mais abrangente (Hobbs, 1951/1992; Lemos & Cavalcante Jr., 2009; Wood, 1983). Então, movimento de expansão e reconhecimento das práticas grupais abre as possibilidades de compreensão do grupo como, de fato, “um lugar de cura dentro da sociedade mais ampla”. (Schmid & O’Hara, 2007, p. 98, tradução nossa)1
Os espaços coletivos para realização de psicoterapia expressam sua contribuição social nas mais diversas esferas de atuação psicológica, seja na área comunitária, hospitalar, organizacional, clínica e outros âmbitos, reforçando a importância de pesquisas científicas que forneçam embasamento e consistência para esse amplo campo de atuação em saúde mental. Acrescido a isso, ao investigar pesquisas sobre psicoterapia de grupo nas abordagens humanistas, identifica-se a existência de estudos teóricos (Boris, 1992, 2013; Coppe, 2001; Cury, 1993; Ribeiro, 1994; Rogers 1970/2009; Wood, 1983b, 2008; Yalom & Leszcz, 2006), sobre o tema, discutindo-se as etapas, o processo, o papel do facilitador, no entanto, poucos (Correia, Ferreira, & Moreira, 2013; Hobbs, 1951/1992) debatem os significados da própria experiência vivida, objetivo deste trabalho.
Partindo da visão crítica de homem mundano, entrelaçado com o mundo, ou seja, que se constitui e é constituído no e com o mundo, o referencial utilizado como embasamento nesta pesquisa foi o enfoque humanista-fenomenológico. (Moreira, 2007, 2009, 2012a, 2013b)
Este artigo foi elaborado a partir de uma pesquisa de dissertação de mestrado da primeira autora deste artigo sob a orientação da segunda autora, que teve como objetivo compreender os modos como psicoterapeutas e clientes vivenciam uma experiência de psicoterapia de grupo sob a lente humanista-fenomenológica. A busca por investigar o que acontece quando pessoas se encontram em um processo de psicoterapia de grupo e quais os significados que surgem nesta experiência, considerando a relevância dos processos grupais na transformação social, nos mobilizou a empreender esta investigação e a discutir, neste momento, os principais temas emergentes.
Foram utilizadas como instrumentos as versões de sentido enriquecidas com um recurso etnográfico, a observação participante, por meio da elaboração de diários de campo. Diante da amplitude dos dados encontrados com a utilização dos dois instrumentos, neste artigo, propomos a apresentação do conteúdo que emergiu da análise das versões de sentido de psicoterapeutas e clientes.
A psicoterapia de grupo na clínica humanista-fenomenológica e a noção de experiência
A psicoterapia humanista-fenomenológica surgiu da composição do pensamento de dois grupos de pensadores, os psicoterapeutas humanistas dos Estados Unidos (Rogers, Rollo May, Perls, Maslow, dentre outros) e os psiquiatras europeus (Binswanger, Boss, van den Berg, Strauss, dentre outros) influenciados pela fenomenologia filosófica. (Moreira, 2009)
Para a Abordagem centrada na pessoa (ACP), o homem é compreendido como um organismo digno de confiança (Rogers, 1977/1978), em processo de integração, possuindo uma natureza humana construtiva e autorreguladora. Expressa como fundamento de sua teoria a tendência atualizante (Rogers, 1977/1978) que se refere a uma tendência positiva e própria do ser humano, que faz brotar criatividade e aprendizagem, bastando que sejam proporcionadas condições psicológicas adequadas. (Rogers, 1961/2009)
Esses princípios, aplicados, inicialmente, na psicoterapia individual, são estendidos para as atividades grupais, desde 1945, ampliando as formulações teóricas da ACP para a Psicoterapia Centrada no Grupo, os Grupos de Encontro e os Encontros de Comunidades ou Workshops. (Cury, 1993)
A tendência atualizante também embasa a constituição da clínica humanista fenomenológica, no entanto, (Moreira, 2007, 2009, 2012a, 2013a) transpõe uma perspectiva metafísica proposta por Carl Rogers, acreditando que a pessoa tem tanto uma capacidade positiva quanto destrutiva e é dotada de uma potencialidade que não é inerente, nem individual, ou seja, “trata-se de um potencial de desenvolvimento que é mundano”. (Moreira, 2009, p. 76)
(Rogers, 1961/2009) versa “se posso proporcionar certo tipo de relação, a outra pessoa descobrirá dentro de si a capacidade de utilizar esta relação para crescer, e mudança e desenvolvimento pessoal ocorrerão” (p. 37), portanto, considera a relação psicoterapêutica como impulsionadora do processo de psicoterapia. Na perspectiva da clínica humanista fenomenológica, (Moreira, 2009) acentua a relevância das condições facilitadoras, aceitação incondicional, compreensão empática e autenticidade (Rogers, 1961/2009) para a mudança no processo psicoterapêutico, no entanto, revela: “na minha experiência estas condições são sempre necessárias. Contudo, nem sempre são suficientes”. (Moreira, 2009, p. 54)
Para (Moreira, 2009), além dos aspectos individuais inerentes ao ser humano e da importância da relação estabelecida entre psicoterapeuta e cliente, é necessário considerar sua interligação com o mundo, com todas as variáveis culturais, históricas, políticas e biológicas que o influenciam e o constituem. Não se trata de um ponto de vista antropocêntrico, e sim antropológico, ao reconhecer a mútua constituição do homem com o mundo. (Moreira. 2007, 2009, 2012a, 2013b)
Embasadas na coexistência do homem no mundo, buscamos acessar, nesta pesquisa, a experiência pré-objetiva e pré-reflexiva, que não pode ser entendida numa relação causa-efeito, ou resposta a uma consciência reflexiva, na medida em que ela se tornaria apenas lembrança de acontecimentos. Não é possível separar o sujeito que vive a experiência, da experiência de fato, uma vez que tudo está entrelaçado com o mundo.
Utilizar o pensamento de Merleau-Ponty como lente na compreensão da experiência vivida possibilita-nos acessar à intenção primordial que permite a compreensão do mundo como ele se revela, com base na descrição deste mundo. Para tanto, é necessário colocar em suspenso as ideias preconcebidas, os preconceitos e conhecimentos prévios, atitude conhecida como redução fenomenológica, para deixar emergir o que nasce com a experiência, mesmo tendo ciência da incompletude (Merleau-Ponty, 1945/2006) desta atitude, tendo em vista que se nos constituímos no mundo, entrelaçados e emaranhados nele e com ele, torna-se desafiador este distanciamento total.
Grande parte das pesquisas publicadas na abordagem humanista-fenomenológica se refere a experiências na clínica psicológica individual (Bloc & Moreira, 2013; Fontgalland, 2011; Melo, Pita, & Moreira, 2013) e encontramos apenas uma publicação de experiência em psicoterapia de grupo (Correia, Ferreira, & Moreira, 2013), com um enfoque em uma experiência de facilitação, o que reforça a importância de realizarmos pesquisas nesta perspectiva.
Diante dos fundamentos apresentados que embasam a metodologia clínica na perspectiva humanista-fenomenológica proposta por (Moreira, 2009, 2012a, 2012b, 2013b), entendemos que a fenomenologia de Merleau-Ponty também inspira e fundamenta a clínica em psicoterapia de grupo.
No contexto grupal utilizando este referencial, a experiência no mundo se revela como “uma totalidade aberta cuja síntese não pode ser acabada” (Merleau-Ponty, 1945/2006, p. 296), uma realidade indefinida, que acolherá a singularidade da vivência de cada membro, de cada psicoterapeuta, e do grupo como um todo, dando um significado único para o que acontecerá neste encontro. O mundo, e, portanto, a experiência que se alcança nele, “é justamente não uma soma de coisas que sempre se poderia colocar em dúvida, mas um reservatório inesgotável de onde as coisas são tiradas”. (Merleau-Ponty, 1945/2006, p. 460)
Contextualizando o grupo de psicoterapia e pesquisa
O processo de psicoterapia de grupo, por conseguinte a pesquisa, contou com a participação de doze pessoas, sendo dez clientes e duas psicoterapeutas. Todos os membros eram mulheres adultas, numa faixa etária de 24 a 67 anos de idade, alfabetizadas, das classes sociais baixa e média, e residentes de diversos bairros na cidade de Fortaleza, Ceará.
O grupo teve uma periodicidade determinada de três meses, nos meses de junho, julho e agosto de 2013, totalizando dez sessões com encontros uma vez por semana, com duas horas de duração cada sessão, das 18h30 às 20h30, em uma sala de atendimento grupal na Universidade de Fortaleza.
Como forma de captação dos sujeitos-colaboradores para participação do grupo, foram realizadas reuniões com os profissionais dos serviços de saúde dessa universidade. Eles acolheram de forma satisfatória a proposta, salientando a pertinência de trabalhos com grupos considerando a grande demanda por atendimento psicológico na comunidade e as numerosas filas de espera por atendimento especializado em psicologia nas unidades de saúde. Nessa ocasião, explanaram-se os objetivos da pesquisa e solicitou-se o encaminhamento de pacientes que eram atendidos naquela unidade de atendimento, com interesse em psicoterapia de grupo.
Os critérios de inclusão no grupo foram: adultos (maiores de 18 anos), com demandas existenciais de atendimento psicoterapêutico, tais como luto, separações, ansiedade, angústias e demais questões que não se enquadrassem em casos de psicopatologias graves e que inviabilizassem sua participação no grupo. Também anunciou-se o grupo para pessoas alfabetizadas, considerando que o instrumento de pesquisa demandaria a utilização da escrita.
Os profissionais de saúde divulgaram a proposta para potenciais participantes, com base na análise de prontuários do setor ou na busca espontânea por interessados que visualizavam o cartaz de divulgação. Fundamentados na apresentação do público-alvo pela pesquisadora, os profissionais de saúde realizaram um contato individual que funcionou como a etapa de triagem.
Considerando a necessidade de garantir o atendimento aos princípios éticos na investigação qualitativa (American Psychological Association, 2012), foi promovido um encontro com os inscritos, denominado de Reunião de acolhimento. Nesse momento, oficializamos o convite aos participantes para ingressarem no Grupo de Psicoterapia e Pesquisa, por meio da explanação dialogada dos seus objetivos e modo de funcionamento. Apresentamos o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, com o propósito de obter a aceitação dos membros do grupo em participar da pesquisa.
O método fenomenológico crítico
A escolha do método fenomenológico crítico, tal como propõe (Moreira, 2004, 2009), surgiu do nosso interesse em buscar compreender o fenômeno sob a lente do pensamento de Merleau-Ponty. Esse método considera o homem em seus múltiplos contornos, com sua dimensão social, econômica, política, biológica etc. Da mesma forma, ampliando para a compreensão deste homem em psicoterapia de grupo, possibilita uma visão abrangente da experiência vivida, considerando os vários integrantes desta experiência: a relação de cada psicoterapeuta consigo mesma e com a outra facilitadora, de cada uma com os membros do grupo, com o grupo como um todo, dos participantes entre si e consigo mesmo.
O instrumento da pesquisa
O instrumento da pesquisa utilizado foi a versão de sentido (Amatuzzi, 2010a) que é definida como “um relato livre, que não tem a pretensão de ser um registro objetivo do que aconteceu, mas sim ser uma reação viva a isso, escrito ou falado imediatamente após o ocorrido”. (p. 76)
A versão de sentido possibilita a elaboração de um relato espontâneo, que tem a intenção de superar os relatórios meramente descritivos, mecanicistas, que descrevem a experiência de forma objetiva e técnica e enfatizar o que tocou o psicoterapeuta, a expressão do que viveu durante a sessão, na sua relação com cliente, tendo o potencial de ser “uma espécie de radiografia fenomenológica de um encontro” (Amatuzzi, 2010a, p. 79). Revela-se como uma valiosa ferramenta que nos proporciona resgatar o vivenciado na sessão, reavendo lembranças e desdobramentos de sensações para o autor. Ao escrever a versão de sentido, o psicoterapeuta registra o que considerou mais essencial do encontro terapêutico, suas impressões de si mesmo, do cliente, do grupo, ou seja, de sua experiência imediata. (Correia, Ferreira, & Moreira, 2013)
Além da utilização no espaço clínico, sendo um instrumento facilitador no acompanhamento de atendimentos terapêuticos, a versão de sentido é utilizada na prática educativa e na assessoria e trabalhos com grupos. Também está sendo adotada na formação e supervisão de alunos, e ainda no âmbito da pesquisa. (Amatuzzi, 2010a; Correia, Ferreira, & Moreira, 2013)
Nesta pesquisa, as versões de sentido foram elaboradas em todas as sessões por nós, psicoterapeutas, após o encontro recém-terminado, resultando em 11 versões escritas, totalizando 22 versões de sentido das duas. Já os membros do grupo elaboraram as versões em três momentos diferentes, na 5ª, 7ª e 10ª sessões, sendo escritas nos últimos trinta minutos da sessão. A escrita das versões em vários momentos se justificou pelo fato de o próprio instrumento ser de um aprendizado paulatino (Amatuzzi, 2010a), possibilitando que os sujeitos-colaboradores pudessem explorar mais profundamente a experiência da escrita da versão. Na primeira elaboração, 5ª sessão, tivemos a participação de cinco integrantes do grupo, na 7ª sessão, foram nove e da 10ª e última sessão participaram seis pessoas, considerando que duas não quiseram escrever. Então, totalizamos vinte versões das clientes. O somatório de todas as versões de sentido partiram da análise do total de 42 versões de sentido das psicoterapeutas e clientes do grupo de psicoterapia. Todas as versões de sentido foram assinadas e datadas para que pudéssemos identificar nas análises por quem tinham sido feitas e em que momento do processo grupal.
Como na proposta de (Amatuzzi, 2010a), foi orientado que os sujeitos-colaboradores (psicoterapeutas e clientes) escrevessem um relato espontâneo, expressando como estava sendo a experiência de participar de um grupo de psicoterapia, que colocassem de uma forma livre, aspectos que os tocaram e momentos mais significativos. Procuramos propiciar um clima que possibilitasse abertura e segurança, ponderando que não existia uma forma certa ou errada, que cada um poderia utilizar esse instrumento para expressar do seu modo a vivência no grupo de psicoterapia.
A análise dos dados
Na análise dos dados ultrapassamos a etapa inicial que corresponde à transcrição literal dos dados levantados por meio do instrumento, considerando que não houve a transcrição de um texto falado para um escrito. Este momento foi dedicado à leitura exaustiva das versões de sentido. Na segunda etapa, dividimos o conteúdo dos textos escritos em “movimentos”, unidades menores, ou seja, realizamos a subdivisão do texto original em trechos. Em seguida, ainda na redução fenomenológica como forma de garantir o acesso aos fenômenos em sua complexidade, mesmo ciente de sua incompletude (Merleau-Ponty, 1945/2006), agrupamos as temáticas semelhantes em todas as sessões, chegando às categorias emergentes. O terceiro passo consistiu na realização da análise descritiva e da interpretação dos significados das categorias emergentes de todo o material elaborado. Por fim, alcançamos a etapa “sair dos parênteses”, deixando de praticar a redução fenomenológica, assumindo a posição mundana e colocando em diálogo o referencial teórico com a experiência vivida.
Durante a apreciação dos temas emergentes, os membros do grupo e as facilitadoras são citados com nomes fictícios, para garantir o sigilo das verdadeiras identidades. Ao longo dos trechos das versões de sentido, sinalizamos entre parênteses, após citação, o nome da psicoterapeuta (Júlia ou Sofia) ou dos demais sujeitos-colaboradores da pesquisa, os membros do grupo (Bia, Catarina, Fausta, Frida, Luzia, Paula, Salete, Sônia, Maitê, Yasmin) e em qual momento aconteceu, no intuito de facilitar ao leitor a compreensão do movimento do processo grupal.
A análise fenomenológica mundana das versões de sentido
Distribuímos os fenômenos levantados em três categorias centrais que apareceram na análise das versões: os sentimentos emergentes na relação intersubjetiva consigo mesmo, com o grupo, psicoterapeutas e sociedade; os sentidos de um grupo de psicoterapia; e as atitudes, intervenções e recursos facilitadores.
Sentimentos emergentes na relação intersubjetiva consigo mesmo, com o grupo, psicoterapeutas e sociedade
Os sentimentos que emergiram no contexto grupal se referem às sensações expressas no processo do grupo de psicoterapia na relação intersubjetiva psicoterapeutas-clientes-mundo.
Yasmin também falou da falta de compreensão que sentia de contar sua história para outras pessoas e o quanto sente que pode confiar em se colocar ali, no espaço do grupo ... revelou que estava tão sufocada, precisando tanto falar ... . (Sofia, 3ª sessão)
Me sinto leve e aliviada, tenho conforto, gosto muito do grupo é uma coisa aberta, para a gente falar os nossos problemas. (Salete, 7ª sessão)
Inicialmente, os sentimentos que emergiram no contexto grupal se referiam às sensações de falta de espaço para falar de si e ser ouvida com profundidade, de sufocamento das emoções nas relações familiares, dificuldade em expressar sentimentos e o embaraço no relacionamento com as pessoas. Essas sensações pareciam provocar a utilização de máscaras para ofuscar quem as pessoas são verdadeiramente e as necessidades de cada uma (Amatuzzi, 2010c; Bozarth, 2001; Fonseca, 1988; Rogers, 1970/2009; Wood, 1983b). Com o transcorrer do grupo, a partir do encontro e do clima de confiança que se estabeleceu (Amatuzzi, 2010c; Bozarth, 2001; Rogers, 1970/2009; Wood, 1983b), novas sensações foram emergindo, tais como de bem-estar, tranquilidade, segurança, acolhimento, cuidado, amor e plenitude.
Identificamos impressões de emoções ambíguas, agradáveis e desagradáveis, uma vez que os membros do grupo e psicoterapeutas partilharam os sentimentos proporcionados quando do encontro que se estabeleceu no grupo e revelaram como se sentiam em sociedade, nas relações familiares, com colegas de trabalho e nas relações de modo geral, considerando sua existência mundana. Apesar de sentimentos contraditórios, não nos reportamos a algo gerado pela sociedade, numa compreensão dualista que pressupõe uma separação sujeito e objeto, homem e mundo. A inspiração na fenomenologia de (Merleau-Ponty, 1945/2006) possibilita-nos o entendimento dialético, que somos cada um de nós ou ao mesmo tempo, o grupo de psicoterapia e somos essa sociedade, conjuntamente a todos os sentimentos que nos perpassam.
Os sentidos da psicoterapia para o grupo
Os sentidos que emergiram das pessoas quanto ao grupo de psicoterapia sinalizam para uma compreensão ampla de um espaço de cuidado e troca, onde histórias se enlaçam e confundem, possibilitando um aprofundamento psicoterapêutico, o fortalecimento de vínculos, a promoção de crescimento e a transformação das pessoas que dele participam.
Tem sido uma “válvula de escape”, pois é o único momento que tenho para expressar aquilo que me aflige, sem o receio do que vão pensar e também onde eu posso ser eu, aquela pessoa que se esconde por trás de um personagem que está o tempo todo feliz e bem, eu posso me despir, e viver a realidade, mostrar que sou frágil e delicada, que sou carente, e posso falar com conforto todas as angústias que por mais que os amigos ou familiares escutem e estejam do nosso lado, mas nunca irão entender como as pessoas que estão aqui. (Bia, 7ª sessão)
Percebemos que os membros do grupo encontraram um espaço para ser o que são, deixando de lado suas “armaduras”, aceitando suas fragilidades, e se permitindo navegar nas suas histórias. Num ambiente de compreensão e intimidade (Amatuzzi, 2010c; Bozarth, 2001; Fonseca, 1988; Rogers, 1970/2009; Wood, 1983b), cada participante “tende a se afastar daquilo que ele não é” (Brito & Moreira, 2011), espaço este que muitas vezes não encontram nas relações familiares. (Rogers, 1970/2009)
histórias de vida que se cruzam, onde me perco e me acho ... meu lugar de psicóloga e ser humano se confirma e se mistura com meu lugar de filha, de esposa, de mulher. (Sofia , 5ª sessão)
quando escuto as pessoas contarem seus problemas, às vezes parecem os meus, e sinto como se fosse eu mesma falando, é possível isso? (Maitê, 5ª sessão)
Apreendemos nos trechos citados quanto a psicoterapia de grupo possibilitou a seus membros ampliar sua rede de conexões e vislumbrar uma rica diversidade de existências e formas distintas de lidar com questões semelhantes na vida (Schmid & O’Hara, 2007). A partir das falas, podemos destacar que as participantes e nós passeamos nas histórias umas das outras. Muitas das questões que incomodavam as participantes eram ao mesmo tempo singulares e universais, eram de todas e ao mesmo tempo única para cada uma (Yalom & Leszcz, 2006). Ouvindo sobre a vida de outras pessoas do grupo, muitas vezes, escutavam suas histórias, e eram oportunizadas a visualizar novos caminhos, estando cientes de que não estavam sozinhas. (Schmid & O’Hara, 2007)
A sessão era para elas, e foi delas, momento importante para o grupo todo puxado por suas histórias de vida (Paula e Fausta). Os fios vão se alinhavando, se cruzando, se enganchando, dando voltas em nós, e assim fazendo o tecido da vida girar. (Júlia, 9ª sessão)
O trecho da versão da Júlia mostra a riqueza de um processo de psicoterapia de grupo, no qual percebemos que o entrelaçamento de histórias que se estabeleceu no grupo parece ter impulsionado o “tecido da vida” como escrito, possibilitando o desabrochar de novas formas de existir. Esse trecho nos remeteu à expressão da tendência formativa (Amatuzzi, 2010c; Rogers, 1983a; Wood, 1983b), como uma força existente na natureza e que circula na direção de maior expansão, inter-relação e complexidade. (Amatuzzi, 2010c; Rogers, 1983a; Vasconcelos & Cavalcante Jr., 2008; Wood, 1983b, 2013)
é como se o mundo ganhasse outra cor, histórias que ora são de sofrimento e dor e com muita criatividade e resiliência se transformam e se transmutam em fé e esperança. (Sofia, 5ª sessão)
Renovador e transformador. Hoje faremos parte de um jardim, onde chegamos aqui todas mudinhas, mas graças às cuidadoras desse jardim, estamos nos tornando árvores lindas, fortes e frutíferas. (Paula, 10ª sessão)
Este momento de encerramento traz todas as emoções à tona, mas o mais importante é poder sair com a sensação de ser querida, amada, cuidada por pessoas tão especiais. Também levar sempre o bem que nos foi feito aqui. (Bia, 10ª sessão)
As falas de várias participantes e das psicoterapeutas sobre os sentidos do grupo de psicoterapia revelam um espaço de aprendizado, renovação, de criação de possibilidades mais congruentes com o que se é verdadeiramente. Funcionou como um potencializador de processos de mudanças e na promoção da melhoria na qualidade de vida e abertura a novas experiências dos participantes, inclusive trazendo reflexões para as psicoterapeutas. (Wood, 1983b)
Como ressaltado por Bia na versão descrita, ao final do grupo de psicoterapia, observamos, ainda, a vontade de transcendência dos sentimentos vivenciados e do prazer proporcionado para além das relações estabelecidas naquele contexto (Rogers, 1983a; Wood, 1983a, 1983b, 2013), proporcionando à Bia perspectivas de possíveis melhorias na maneira de se relacionar em sociedade.
Nesses casos podemos ver que os sentidos da psicoterapia em grupo foram de um espaço íntimo, de acolhimento, partilha de histórias sem julgamento; e um entrelaçamento de histórias como potencializador de processos de mudanças.
Atitudes, intervenções e recursos facilitadores
Este tema expressa as condições, atitudes, intervenções e recursos que constituíram esta experiência e tiveram uma importância terapêutica para o processo grupal.
Salete estava do meu lado, e pude trocar vários olhares com ela de cuidado e de afeto. Olhava o grupo com carinho, sempre procurando sentir, perceber como cada uma estava. (Júlia, 1ª sessão)
É como está saindo do esconderijo da vida, quando ouvimos percebemos o quanto essa vida é importante e que às vezes não conseguimos ver o que realmente importa ... Quando falamos descobrimos que muitas vezes estamos prestes a pular de abismos imaginários ... . (Paula, 7ª sessão)
Catarina começou então a falar e falou muito, muito da sua decepção com a filha que casou de repente, e foi morar longe. Em muitos momentos, ela falava da perda da avó e da perda da filha ao mesmo tempo; as histórias se misturavam ... Ela precisava era falar e falar. (Júlia, 1ª sessão)
Estarmos atentas para as expressões corporais como um todo, para além do ato de olhar, falar ou ouvir proporcionou o reconhecimento e a aceitação das questões vivenciadas pelo cliente, a expressão de afetos, e a acompanhar de modo sensível como cada integrante estava, sua respiração, demonstrações de dúvidas, angústias e necessidades anunciadas, podendo ser aprofundadas e cuidadas.
Moreira (2009, 2012a, 2013b) denomina essa atitude de acesso ao que está disponível para além dos órgãos dos sentidos na psicoterapia humanista fenomenológica, de ver e ouvir fenomenologicamente. Nessa medida, tendo a compreensão da mútua constituição homem e mundo, nossa percepção como psicoterapeutas deve ser ampla de todo o contexto e variáveis envolvidas, no sentido de que “ver é tocar, ouvir é ver, tocar é ver. Há uma unidade dos sentidos; eles se comunicam”. (Carmo, 2011, p. 37)
hoje fiquei confusa em muitos momentos, lembrando da minha história com minha mãe, do quanto já avançamos na nossa relação, do quanto, como falou a Paula, a “infância foi arrancada de mim”, então, pude acolher um pouco da minha criança que ainda vive em mim. (Sofia, 2ª sessão)
A leitura dessa versão nos faz perceber que nós, enquanto psicoterapeutas, permitimos passear, com os clientes, nas nossas histórias. Atuamos segundo aquilo que sentíamos, sendo autênticas com nossos sentimentos e desejos, contribuindo assim para que os outros membros e o grupo como um todo entrassem, cada vez mais, em contato com o que se é genuinamente (Burks & Robbins, 2012; Quinn, 2008; Rogers, 1970/2009, 1957/2008; Schnellbacher & Leijssen, 2009; Vasconcelos & Cavalcante Jr., 2008; Wood, 1983b), apesar de termos ciência de que a atitude de ser congruente raramente é alcançada completamente (Souza, Carvalho, & Moreira, 2013). Ser autêntico na relação terapêutica com o cliente é essencial, todavia, isso não significa que estejamos congruentes em todas as demais relações na vida. Até porque no momento da terapia, nossas “imperfeições” nos ajudam a compreender as “imperfeições” do cliente, podendo, assim, acompanhá-lo de modo mais pleno (Rogers, 1965/1977): “Bia chora bastante, lembrando que não conseguiu se despedir do seu avô. Paula cuida dela e eu partilho um pouco de como me senti na partida da minha mãe”. (Júlia, 9ª sessão)
Na fala anterior, Júlia, psicoterapeuta, ao perceber que um fio da história de Bia tocou na sua história em relação a perdas de pessoas queridas, partilhou sua experiência sobre a partida de sua mãe no grupo, como forma de oferecer a Bia novos horizontes para lidar com sua dor. (Souza, Carvalho e Moreira, 2013) dissertam que “assumir uma postura autêntica e falar abertamente de si e de seus conteúdos, na sessão com o cliente, são coisas distintas” (p. 268) e, da mesma forma, a postura da psicoterapeuta Júlia, no recorte da versão de sentido anterior, foi compartilhar sua experiência a serviço de Bia, beneficiando-a em seu processo psicoterapêutico e não com a intenção de compartilhar suas questões pessoais para resolver no grupo. (Correia, Ferreira, & Moreira, 2013; Rogers, 2008, 1970/2009)
Por se tratar de um movimento sutil, os terapeutas devem ter cuidado ao falar de suas experiências com clientes, acentuando que só devem fazê-lo em momentos raros, focados na necessidade do cliente, e de maneira que o possibilitem caminhar adiante na sua história. (Schnellbacher & Leijssen, 2009)
Bia disse que tem medo de ficar só, acha que sempre vai acontecer algo de ruim e que ela seria a culpada. No meu coração pude sentir quanto esforço a Bia faz ao longo da vida para controlar o seu medo e pude dizer isso para ela. (Júlia, 3ª sessão)
Alcançamos a compreensão, por meio do registro da versão de Júlia, que, na relação com Bia, se deixou captar pelos sentimentos e significados que se revelaram, acessando a experiência “como se”, na perspectiva do cliente (Rogers, 2008, 1961/2009), “para ver e sentir o mundo como ele o sente, e nadar nesse mundo com ele” (Amatuzzi, 2010c, p. 70). Reconhecida como compreensão empática, essa atitude refere-se ao psicoterapeuta navegar no mundo estranho do outro (Vieira & Freire, 2006) e comunicar, de alguma forma, a ele essa compreensão de sua experiência (Bozarth, 2001; Correia, Ferreira, & Moreira, 2013; Fontgalland & Moreira, 2012; Gobbi, Missel, Justo, & Holanda 2005; O’Leary, 2008; Rogers, 1970/2009). O fragmento a seguir mostra essa empatia: “Senti muita vontade de escutar suas histórias e fiquei um pouco incomodada com o fato de solicitar a assinatura do termo de consentimento, preocupada com a burocracia e as questões práticas num momento tão delicado”. (Sofia, Reunião de acolhimento)
Considerando que se tratava de um grupo de psicoterapia e pesquisa, em alguns momentos, uma de nós, enquanto psicoterapeuta precisava estar atenta às questões práticas relativas à pesquisa, gerando incômodos em ter que conciliar o lugar de psicoterapeuta e pesquisadora. Nesses instantes, a presença da cofacilitação assegurou os cuidados com o grupo. Além disso, na qualidade de facilitadoras, estando presentes de modo inteiro e autêntico, como já vimos anteriormente, podemos proporcionar contribuições no processo do cliente e do grupo (Correia, Ferreira, & Moreira, 2013; Rogers, 1957/2008, 1970/2009; Wood, 1983b). A cofacilitação permitiu a alternância natural do contato de cada uma de nós com nossas questões, na certeza de que estávamos amparadas pela outra facilitadora (Yalom & Leszcz, 2006), não deixando o grupo em nenhum momento sozinho, sem suporte.
é conhecer o que é amor puro e sem pedir nada em troca, porque, o que realmente importa é receber e transmitir esse amor, carinho e a paz que reflete de dentro de cada uma de vocês e que contagia a gente. (Paula, 5ª sessão)
Reconhecemos que a relação de carinho que sentíamos uma pela outra transbordou para os membros, contagiando a todos, sendo facilitador na criação de um clima acolhedor. A composição da equipe de facilitação pode parecer uma tarefa simples, no entanto, é deveras importante. É fundamental que exista uma abertura recíproca (Yalom & Leszcz, 2006), um consenso sobre a lente teórica que embasa a atuação na facilitação de grupo, respeitando as diferenças de estilo pessoal (Fonseca, 1988). Na versão a seguir pode-se notar a compreensão do grupo: “Quanta vida, morte, vida! O grupo mergulhou em rios profundos, em águas turvas e barrentas. Mas sei que todo rio deságua no mar da vida! Isso me conforta!” (Júlia, 9ª sessão)
Essa versão revela nosso entendimento do grupo com o organismo digno de confiança (Rogers, 1970/2009; Wood, 1983b), que possui uma sabedoria própria que lhe permite seguir seu caminho, que muitas vezes pode ser diferente das nossas expectativas. Ao confiar na sabedoria grupal, possibilitamos ao grupo explorar suas potencialidades e limites, a aproximação de sua experiência vivida que está mesclada de forças e fraquezas, alegrias e tristezas, como uma totalidade que se compõe: “A Sônia é muito positiva, sempre potencializa o grupo, sempre dá uma força a quem quer falar, quando termina de falar sempre diz: ‘vai, agora é a sua vez, fale que eu sei que você quer falar’”. (Júlia, 1ª sessão)
Nessa versão observamos a atuação no grupo da participante Sônia, sempre mobilizada a ajudar e contribuir, visto que, durante todo o grupo, se colocou neste lugar de encorajamento, de clarificação da importância da fala no processo psicoterapêutico, da sua forma, a seu modo. Ao renunciar ao controle e às respostas prontas, o psicoterapeuta pode ser surpreendido por possibilitar que emerjam intervenções facilitadoras de um dos membros. (Amatuzzi, 2010b; Wood, 1983a, 1983b)
A sabedoria viva do grupo emerge quando os membros do grupo se disponibilizam a se comunicar com o coração, de uma forma íntima, “quando a comunicação flui, e sabemos nos abrir ao que se manifesta, acontecem coisas sábias que não havíamos previsto” (Amatuzzi, 2010b, p. 131). A emergência da sabedoria grupal, assim, nos permitiu vivenciar o novo, o imprevisível e o surpreendente, abrindo rumos criativos na vida de cada integrante e nas nossas. (Amatuzzi, 2010b; Correia, Ferreira, & Moreira, 2013; Wood, 1983b)
Terminando em roda, em pé nos abraçando num embalo de cuidado, com Paula lembrando que assim a gente não cai. Foi renovador abraçar cada uma do grupo. Espontaneamente os abraços são trocados. (Júlia, 2ª sessão)
Bia faz muitos relatos de momentos difíceis, de que muitas vezes pensou em suicídio por não ver sentido na vida dela, e começa a tremer. Senti muita vontade de ficar perto dela e segurar a sua mão. E fiz. Mudei de lugar (Júlia, 8ª sessão)
Tive vontade de abraçar a Yasmin, mas percebi também que poderia quebrar a sua fala, e o que ela precisava era falar, falar e ser ouvida. E o grupo era todo presença ao ouvi-la e a acolheu. (Júlia, Reunião de acolhimento)
Esse grupo foi permeado por momentos de movimento no ambiente de atendimento e na expressão de sentimentos por meio de contatos afetivos, como os representados nas citações. Não tendo a intenção de suspender a intensidade das experiências vividas, e sim acolher com um pouco de suavidade os conteúdos, grande parte das vezes, densos. Embasadas na fenomenologia de Merleau-Ponty, acreditamos que a necessidade do contato físico, expressada na maioria das vezes por abraços, representa um traço cultural, tendo em vista que esse grupo aconteceu na região Nordeste do Brasil, onde são frequentes as pessoas se comunicarem se tocando e cumprimentarem uns aos outros com troca de abraços. (Correia, Ferreira, & Moreira, 2013)
Além de estarmos atentas às nossas necessidades, como a vontade de abraçar Yasmin, expressa na última citação apresentada, foi indispensável observarmos também o que a cliente precisava naquele momento, e, ao mesmo tempo, as necessidades do grupo como um todo (Rogers, 1970/2009). Fundamentada na relação que se estabelece entre cliente consigo mesmo, com psicoterapeuta, com grupo e com o mundo, Júlia pôde reduzir fenomenologicamente (Correia, Ferreira, & Moreira, 2013; Merleau-Ponty, 1945/2006; Moreira, 2009, 2012a, 2013b; Moreira & Torres, 2013), colocar “entre parênteses” seu desejo de abraçar Yasmin, acreditando que ela precisava era de falar e pôde confiar na sabedoria grupal, como mostra o relato a seguir: “Muitas vezes respirei profundamente buscando soltar tudo que parecia estar preso em mim, talvez lembranças das minhas histórias, talvez fragmentos esquecidos de momentos vividos, ou quem sabe o desejo de cuidadora de sarar a dor do mundo!” (Júlia, 2ª sessão)
A consciência corporal de Júlia sobre o modo como estava respirando, o contato com sua jornada possibilitou a criação “de um clima de empatia, de estima, de atenção e congruência em relação a nós mesmos” (Bowen, 2004, p. 81). A escuta da psicoterapeuta a si mesma, atuando em sintonia com o que sentia (Rogers, 1970/2009), não interferiu no processo de escuta do grupo, e sim possibilitou uma presença mais profunda. Como afirmam (Souza, Carvalho e Moreira, 2013), “ser autêntico é, portanto, ser presença”. (p. 274)
Para o grupo, a dificuldade de chorar e as lágrimas derramadas transpareceram um aprisionamento de emoções, como pode ser notado em: “... deixar que as lágrimas rolem pelo rosto é como lavar a alma ... me sinto de alma lavada e pronta a dar continuidade à vida” (Paula, 7ª sessão). No ambiente psicoterapêutico, a conscientização para a respiração e as lágrimas presas possibilitaram que as clientes entrassem em contato com emoções guardadas e situações de dor que não puderam ser vividas em momentos anteriores, mas que no contexto grupal puderam ser acessadas e ganharam novos sentidos.
A psicoterapia possibilitou aos clientes o dar-se conta de seu próprio organismo, uma vez que o processo de autodescoberta pressupõe uma aproximação paulatina dos sentimentos íntimos e dos modos como vêm funcionando na relação consigo e com os outros. Os clientes puderam criar um novo “ponto de equilíbrio” (Bowen, 2008) entre suas intenções e comportamentos, integrando sentimentos e ações de maneira mais fluida e congruente.
me senti incomodada com algumas intervenções da Sônia, buscando explicar e interpretar o porquê de o filho de Maitê haver se envolvido com as drogas; pontuei Sônia, validando seu cuidado, mas reforçando que nosso cuidado ali era com Maitê, neste momento, e não cabia a nós a interpretação do que levou seu filho a se envolver com drogas. (Sofia, 4ª sessão)
Yasmin e Paula a pontuaram muito bem, colocando um limite (em Fausta) e revelando que a experiência de cada uma era diferente e singular. (Sofia, 6ª sessão)
Observamos que esse movimento de se posicionar sobre a história do outro, principalmente com a intenção de oferecer soluções, esteve presente em quase todo o processo desse grupo. Conforme desdobramento da aceitação incondicional como condição facilitadora para mudança da personalidade proposta por Carl (Rogers, 1961/2009), o facilitador deve aceitar o grupo ou o membro do grupo com seu modo particular, acompanhando-o e estando atento para suas demandas, sem antecipações (Correia, Ferreira, & Moreira, 2013; Rogers, 1970/2009), possibilitando que, assim, ele recrie os limites consigo mesmo e com os outros. (Fonseca, 1988)
Primando por garantir este espaço de cuidado, é imprescindível que o psicoterapeuta promova as intervenções necessárias quando houver a anunciação de julgamentos que comprometam o movimento das pessoas de se tornarem quem são autenticamente.
No decorrer do processo grupal, diante das nossas sucessivas intervenções, pontuando a importância dos limites nas relações, as próprias clientes foram realizando intervenções em relação a colocações de outros membros, que soavam como julgamentos sobre sua história, responsabilizando-se pelos limites que precisavam dar para garantir seu espaço íntimo.
Hoje muitas represas se abriram e a respiração pode se tornar mais fluida! Por coincidência ou não, no nosso penúltimo dia! Como disse Fausta, “em algum momento tinha que sair, já que estamos no penúltimo encontro”, lembra ela! É como se o fato de o grupo ter um prazo determinado acelerasse o processo terapêutico de cada uma! (Sofia, 9ª sessão)
Apreciando o grupo como um organismo vivo, ele tem seu período de nascimento, florescimento e morte. Cabe ao facilitador esclarecer para os participantes o seu limite, a durabilidade de sua existência de forma clara, sendo uma condição para que o grupo “viva efetivamente e explicite as suas potencialidades, para que as pessoas libertem-se para viver o que lhes é dado viver e o que elas podem conquistar, e efetivamente conquistam e criam, nesse período de tempo”. (Fonseca, 1988, p. 85)
O limite temporal do período do grupo proporcionou que as pessoas dimensionassem o tempo disponível, delimitassem e se conectassem mais profundamente com o que queriam viver, quais suas intenções, no tempo de vida definido para o grupo. (Fonseca, 1988; Rogers, 1983a)
Nesse contexto, o ato de escrever pressupõe um movimento de buscar o entendimento de alguma coisa, “reproduzir o que não pode ser plenamente reproduzido” (Amatuzzi, 2010a, p. 64), como se fosse necessária a escrita para processar e alcançar a compreensão sobre algo que parece “vago ou sufocador” (p. 65). Isso pode ser notado na seguinte versão: “Comentamos delicadamente sobre o processo de cada uma, de como escrever tinha sido bom para que elas pudessem se apropriar do sentido do grupo na vida delas, de entrarem em contato de como estavam se sentindo” (Sofia, 6ª sessão). Ao ser expressado de forma escrita, o que é dito se transforma e dá lugar a outros sentidos. Percebemos que no grupo o espaço para a escrita possibilitou que novos significados pudessem ser encontrados, representando um compromisso com o vir a ser em relação a algo experienciado.
Considerações finais
Esta pesquisa sobre experiência de psicoterapeutas e clientes em psicoterapia de grupo nos sugere uma compreensão de que quando pessoas estão juntas com a mesma intenção de crescimento, num espaço sem julgamentos, as histórias dos participantes naturalmente se entrelaçam, emergindo uma sabedoria própria do grupo, que o impulsiona para caminhos mais criativos.
Observamos a importância de proporcionar um ambiente acolhedor e seguro, onde paulatinamente os membros do grupo tiveram a oportunidade de expressar suas necessidades, entrando cada vez mais em contato com o que se é verdadeiramente. Ressaltamos quanto foi fundamental a participação de uma copsicoterapeuta no suporte à facilitação e do entrosamento entre nós, permitindo ao grupo mergulhar nas questões emergentes com toda intensidade.
Sentimos que a qualidade de nossa presença, a plenitude e a atitude de estarmos inteiramente disponíveis na relação com as clientes, atentas para nossa experiência, comunicando para elas o que persistia e emergia na relação estabelecida, foram impulsionadores do processo de psicoterapia.
Diante do entrelaçamento das histórias dos membros, inclusive das nossas, enquanto psicoterapeutas, os participantes puderam olhar para suas próprias histórias de um novo ângulo, tendo a oportunidade de reviver sentimentos, dando novos sentidos para suas experiências. Ao final do período do grupo, percebemos um funcionamento mais congruente dos membros do grupo, uma maior profundidade na fala e uma maior leveza nas expressões.
É interessante salientar que observamos a emergência de atitudes facilitadoras não só na atuação das psicoterapeutas, como também de todos os membros do grupo, um dos aspectos que destacamos sobre a riqueza do trabalho grupal. O fortalecimento dos vínculos pelas participantes possibilitou a fluidez das intervenções e o crescimento de cada cliente, das psicoterapeutas e do grupo, bem como o cuidado mútuo e uma solicitude transbordando para além das relações com as pessoas no grupo de psicoterapia, haja vista sua existência mundana.
Este estudo contribui para a área explicitando como uma visão mundana de homem, inspirada na fenomenologia de Merleau-Ponty, pode contribuir para a compreensão do processo grupal neste enfoque, ampliando perspectivas de sua utilização.
Compreender a experiência de pessoas em psicoterapia de grupo, sob a lente fenomenológica crítica, proporcionou a aproximação mundana dos fenômenos, nas diversas possibilidades que um grupo de pessoas em processo de psicoterapia pode revelar. Favoreceu a apreensão dos fenômenos de forma abrangente, com seus múltiplos contornos, nos permitindo compreender cada cliente entrelaçado no mundo e de todas as variáveis que o compõe. Consistiu em uma rica experiência que aconteceu de forma singular, com base no encontro que se estabeleceu com aquelas pessoas, psicoterapeutas, formando o grupo, ao mesmo tempo, universal, expressando um funcionamento semelhante a outros grupos. A compreensão de como psicoterapeutas e clientes vivenciaram um processo de psicoterapia de grupo apresentada neste artigo nos sinaliza a relevância de pesquisas nesta área e nos mostra a necessidade de ampliação do trabalho com grupos na saúde mental e nos mais diversos campos de atuação como um potencial transformador.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
Sep-Dec 2016
Histórico
-
Recebido
20 Jun 2014 -
Revisado
18 Fev 2015 -
Aceito
07 Out 2015