Open-access Isolamento social na sociedade administrada1

Social isolation in the managed society

Isolement social dans la société dirigée

Aislamiento social en la sociedad gestionada

Resumo

O objetivo deste texto é pensar se o atual isolamento das pessoas recomendado pela Organização Mundial da Saúde para o enfrentamento da pandemia do Sars-Cov2 reflete uma distância social para a qual já nos preparamos em nossa formação, quando essa é voltada à autoconservação. Para isso, examina-se, ainda que brevemente, questões associadas com: o poder político e econômico; o progresso social; os sentidos e a razão; e a aversão à sexualidade, tomando como base trabalhos dos autores da Teoria Crítica da Sociedade - Hebert Marcuse, Max Horkheimer e Theodor W. Adorno - e de Sigmund Freud.

Palavras-chave: isolamento social; pandemia; Teoria Crítica da Sociedade

Abstract

This article aims to reflect on whether the current social isolation recommended by the World Health Organization to face the Sars-Cov2 pandemic reflects a social distance for which we have already prepared ourselves in our training, when aimed at self-preservation. To this end, we examine, albeit briefly, issues associated with political and economic power, social progress, senses and reason, and the aversion to sexuality, based on works by authors of the Critical Theory - Hebert Marcuse, Max Horkheimer and Theodor W. Adorno - and of Sigmund Freud.

Keywords: social isolation; pandemic; critical theory

Résumé

Cet article vise à examiner si l’isolement social actuel recommandées par l’Organisation mondiale de la santé pour faire face à la pandémie Sars-Cov2 reflète une distance sociale à laquelle nous nous sommes déjà préparés dans notre formation, lorsque celle-ci est axée sur l’auto-préservation. Pour cela, nous examinons, bien que brièvement, les questions liées au pouvoir politique et économique ; au progrès social ; aux sens et à la raison ; et à l’aversion pour la sexualité, basée sur les travaux des auteurs de la Théorie critique - Hebert Marcuse, Max Horkheimer et Theodor W. Adorno - et de Sigmund Freud.

Mots-clés: isolement social; pandémie; théorie critique

Resumen

El propósito de este texto es reflexionar si el actual aislamiento social recomendado por la Organización Mundial de la Salud para enfrentar la pandemia de Sars-Cov-2 refleja una distancia social para la cual ya nos hemos preparado en nuestra capacitación, cuando está dirigida a la autoconservación. Para esto, se examina brevemente cuestiones asociadas con: el poder político y económico, el progreso social, los sentidos y la razón, y la aversión a la sexualidad, a partir de referenciales de la teoría crítica de la sociedad como Herbert Marcuse, Max Horkheimer y Theodor W. Adorno, y de Sigmund Freud

Palabras clave: aislamiento social; pandemia teoría crítica de la sociedad

Introdução

No prefácio à segunda edição da obra Dialética do esclarecimento, datado de 1969, Horkheimer e Adorno (1969/1985) indicam que: “A ideia de que hoje importa mais conservar a liberdade, ampliá-la e desdobrá-la, em vez de acelerar, ainda que indiretamente, a marcha em direção ao mundo administrado, é algo que também exprimimos em nossos escritos ulteriores” (p. 10). A tendência a termos uma sociedade administrada, da política se converter em gestão de interesses dominantes (como se fossem neutros); do pensamento só ser considerado crítico se for para aperfeiçoar o sistema social, reduzindo-se à constatação dos fatos; da linguagem assumir a feição da clareza positivista, contrapondo-se, por vezes, à precisão do conteúdo; do rebaixamento do pensamento, percorre sua obra, como os autores acentuam - sobretudo a escrita após a segunda guerra mundial.

O objetivo do Esclarecimento, segundo Horkheimer e Adorno (1947/1985), de que os indivíduos pudessem vencer o medo e se tornarem senhores, acarretou a substituição do medo da destruição pela natureza pelo medo da destruição social, dado que a natureza não plenamente dominada sobrevive no desejo e nos impulsos de dominação. As diversas formas de Esclarecimento - mito, religião, filosofia, ciência - procuraram controlar o desconhecido para que os indivíduos pudessem se autoconservar; dessa forma, a adaptação à natureza, da maneira que nós a percebemos, tornou-se a base dessa autoconservação.

Como os seres humanos também são parte da natureza, o controle desta implicou autodominação, e, assim, tal como na análise que fizeram de Odisseu, personagem de Homero, as emoções e os sentimentos tiveram de ceder lugar, inicialmente, à astúcia e, posteriormente, a uma razão amoral - tal como retratada na personagem Juliette, de Sade. Ambos - Ulisses e Juliette - tiveram de sacrificar a própria vida para sobreviver, isto é: poderem se autoconservar. No nível coletivo, a angústia mítica, da qual proveio a necessidade de explicação, deve ser aplacada com pleno conhecimento de tudo. Nas palavras dos autores: “do medo o homem presume estar livre quando não há nada mais de desconhecido” (p. 29); e, no nível individual, o sacrifício da vida: “Uma vítima de um desses sacrifícios é o próprio Ulisses, o eu que está sempre a se refrear e assim deixa escapar a vida que salvou e que só recorda como uma viagem de erros” (p. 61). Se não houver mais nada desconhecido, não há mais razão para a experiência e para o conceito; se o controle da natureza implica autocontrole, é preciso se afastar de si mesmo e dos outros para sobreviver. O indivíduo que, segundo Horkheimer e Adorno (1973), se constitui na convivência, torna a solidão - a negação dessa convivência - inevitável.

Segundo o que foi desenvolvido até o momento, a atual recomendação (e em alguns países, a obrigação) de distância social entre os indivíduos devido à proteção contra a Pandemia2 do Sars-CoV-23 parece coroar a frieza e a insensibilidade da formação dos indivíduos, voltada para a autoconservação; tal frieza também é retratada na seguinte citação de Adorno (1969/1995a):

Quem imagina que, enquanto produto desta sociedade, está livre da gelidez burguesa, nutre ilusões sobre o mundo bem como sobre si mesmo; sem essa gelidez, ninguém mais poderia viver. A identificação com o sofrimento alheio é escassa em todas as pessoas, sem exceção. . . . Mas aquele que conhece os fatos a distância tem que reconhecer os limites objetivamente impostos de uma identificação que choca com suas exigências de autoconservação e felicidade e não comportar-se como se já fosse uma pessoa do tipo que talvez somente se realizará num estado de liberdade, isto é, num estado isento de angústia. (pp. 224-225)

A identificação, segundo Freud (1921/2011a), é a base da formação individual; sem ela, não se constitui o “eu” e o “ideal de eu”. Segundo Adorno (1967/1995b), se houvesse identificação entre algoz e vítima durante o nazismo, não haveria nem algoz, nem vítima: o reconhecimento da humanidade no outro detém a violência. Se o indivíduo, porém, só se constitui pela identificação que envolve a re(a)presentação (mimese) daquele com quem se identifica, permeada pelos desejos e fantasias de quem se identifica, a mimese, conforme Horkheimer e Adorno (1947/1985), é reprimida em nossa civilização - negando, assim, o que constitui cada um dos indivíduos, negando-lhes também a possibilidade da consciência de sua constituição. Tal formação, que nega a existência da identificação, ainda que disfarçada como uma educação pretensamente emancipatória, impõe a cada um seu lugar no sistema. Como em um edifício moderno, cada morador de um apartamento não tem contato direto com os outros, mas todos são mediados pela racionalidade estrutural e funcional do prédio: unidos pela separação.

O que se considera emancipatório- ter autonomia, o “saber se virar”, a autoconservação - leva, conforme Horkheimer e Adorno (1947/1985), ao individualismo, configurando-se como oposto de “indivíduo” que, por sua vez, em outro texto de Horkheimer e Adorno (1973), é delimitado como aquele que faz substância de si mesmo e tem autoconsciência; já o individualista é alguém que não tem, segundo podemos inferir a partir do trabalho de Freud (1921/2011a), um ideal de “eu” suficientemente desenvolvido para poder prescindir de líderes. Nesse sentido, a concepção de autonomia como autoconservação é propícia à formação do seguidor de regras e normas, alheio a si mesmo, e não à que é defendida por Adorno (1967/1995b), com base em Kant, de “não entrar no jogo do outro”. Aquele destinado à autoconservação tem de se afastar dos outros como indivíduo, tornando-os objetos de seus desejos - isso é o que configura, conforme Adorno (1955/2015), o narcisista:

O narcisismo é a forma da energia pulsional em que o eu se apoia, segundo o tipo freudiano anaclítico, quando avança a seu supremo sacrifício, o da própria consciência. . . . O narcisismo socializado, tal como caracteriza os movimentos e disposição mais recentes das massas, unifica completa e impiedosamente a racionalidade parcial do interesse próprio com aquelas más formações irracionais de tipo destrutivo e autoaniquiladoras, cuja interpretação Freud ligou às pesquisas de MacDougall e Le Bon. . . . No narcisismo mantém-se a função autoconservadora do eu, pelo menos segundo a aparência, mas separada da função da consciência e entregue à irracionalidade. (p. 110)

A articulação entre os momentos objetivo e subjetivo do eu que renuncia à sua consciência, entre seus aspectos racionais e irracionais, está presente nessa citação; entretanto, nesta sociedade da sobrevivência do mais apto, o “desejo” não pode ser o pai do pensamento, uma vez que os desejos e as emoções devem ser negados para garantir a sobrevivência, e, assim, o pensamento deve ser alheio ao que o impulsiona - que, no entanto, como Freud (1921/1991a) pode demonstrar, não desaparece, mas atua de forma encoberta. Como o pensamento, segundo Adorno (1967/1995c), foi reduzido às suas formas (e não se propõe ao confronto entre essas formas e os objetos aos quais se aplica), ele se torna mera (falsa) projeção do sujeito do conhecimento sobre os objetos. Falsa, pois, segundo Horkheimer e Adorno (1947/1985), não possui os limites do objeto que permitiriam, retroativamente, constituir o eu, e, assim, o supereu. Esse possível sujeito descrito pela psicanálise, de acordo com esses autores, reduziu-se a um “eu” frágil que precisa de recomendações externas para agir:

A decisão que o indivíduo deve tomar em cada situação não precisa mais resultar de uma dolorosa dialética interna da consciência moral, da autoconservação e das pulsões. Para as pessoas na esfera profissional, as decisões são tomadas pela hierarquia que vai das associações até a administração nacional; na esfera privada, pelo esquema de cultura de massa, que desapropria seus consumidores forçados de seus últimos impulsos internos. (Horkheimer & Adorno, 1947/1985, pp. 189-190)

Conforme enfatizado antes, a autoconservação obriga cada um a se utilizar dos demais para a sobrevivência; a experiência do que seja esse outro, seus desejos, pensamentos e receios, não são considerados - a não ser para manipulação em proveito próprio. Assim, mesmo em grupo, os individualistas são sós. Dessa forma, a distância marcada de cada um dos outros se expressa na redução desses outros às necessidades e/ou desejos de quem os reduz a coisas, o que marca o seu isolamento social, mesmo que não esteja restrito às quatro paredes, como ocorre na atual pandemia.

A autocastração, presente no distanciamento social, que nega a importância e o desejo de estar com esses outros, ocorre com o medo instalado; qualquer contato deve ser evitado: o outro se torna risco de contágio, que pode suscitar nossos desejos negados, ou medo de ser contagiado pelo vírus que possa possuir. A administração das mônadas individuais ocorre a partir de sua separação física e psíquica, mas só podem se separar o suficiente aqueles que possuem a riqueza necessária para tanto. Os que não podem se isolar são considerados ou promíscuos, ou infectáveis; tal como no romance O germinal, de Emilé Zola: os pobres se misturam e não são individualmente nomeados, enquanto os administradores vivem em espaço amplo, separados, e podem ser nomeados.

Se no capitalismo concorrencial a determinação econômica era a predominante, com o avanço da tecnologia no capitalismo dos monopólios a dominação se torna política:

Os próprios dominadores não acreditam em nenhuma necessidade objetiva, mesmo que às vezes dêem esse nome a suas maquinações. . . . Agora que uma parte mínima do tempo de trabalho à disposição dos donos da sociedade é suficiente para assegurar a subsistência daqueles que ainda se fazem necessários para o manejo das máquinas, o resto supérfluo, a massa imensa da população, é adestrado como uma guarda suplementar do sistema, a serviço de seus planos grandiosos para o presente e o futuro. Eles são sustentados como um exército de desempregados. Rebaixados ao nível de simples objetos do sistema administrativo, que preforma todos os setores da vida moderna, inclusive a linguagem e a percepção, sua degradação reflete para eles a necessidade contra a qual se crêem impotentes. (Horkheimer & Adorno, 1947/1985, pp. 48-49)

Tal sensação de impotência poderia levar ao pânico, mas, ao contrário do previsto por Freud (1921/2011a), as instituições não ruem devido a esse pânico e a confiança nas autoridades antes se fortalece, mesmo que as autoridades sejam frágeis (uma vez que são cada vez menos necessárias para serem seguidas), basta o medo suscitado pelas organizações a que pertencem.

Na formação de grupos e instituições, segundo Freud (1921/2011a) , por vezes o líder é necessário quando os indivíduos não têm ideais de “eu” suficientemente desenvolvidos, o que explicaria o porquê de indivíduos bem comportados em sua família, trabalho, serem destrutivos quando agem em massa. Para aqueles que precisam de líderes, quando eles e/ou as instituições que os representam são postos em questão, surge o pânico, apesar das instituições poderem manter os indivíduos obedientes pelo medo do abandono. Em tempos de pandemia como esta, mesmo quando os líderes são contestados, o medo de ser abandonado pelas instituições constituídas, representadas por aqueles líderes, evita o pânico e a anomia.

As lideranças políticas, na atualidade, não poderiam prever o que iria acontecer, assim como não previram que as pandemias seriam e serão cada vez mais frequentes e perigosas; a infraestrutura hospitalar necessária para suportar um vírus de alto contágio não foi construída em nenhum país, nem nos mais desenvolvidos. Se, de um lado, os delírios de perseguição e as teorias da conspiração expressam diretamente a loucura de muitos, a falta de conhecimento para prever e controlar o perigo atual não é menos desesperador. Ao que parece, a razão, o conhecimento e o esclarecimento se desenvolveram e se tornaram independentes das vidas humanas: essas devem servir ao sistema, não o contrário. É essa racionalidade pretensamente independente de interesses sociais que parece ocupar o lugar dos líderes de outrora; o “pastor do rebanho” não é mais personalizado - ele sobrevive na racionalidade tornada universal. Como Marcuse (1955/1981) descreve, a autoridade se diluiu em diversas pequenas autoridades e se reproduz em todo lugar; cada “pequena” autoridade expressa a mesma forma de pensar: adapte-se ou sucumba.

Na atual pandemia, a ciência volta a se fortalecer - o que é importante, dadas as explicações mágicas e religiosas -, mas sua pretensa neutralidade esconde que, ao servir aos interesses dominantes, descuidou-se dos interesses da humanidade e, por não poder prever tudo que irá acontecer, deveria ao menos prevenir os cuidados a serem tomados perante o inevitável - se é que o vírus da atual pandemia fosse mesmo inevitável. Tal como Horkheimer e Adorno (1947/1985) puderam demonstrar, uma razão que se torna um fim em si mesmo perde seu objetivo humano ao perder também sua história, pretendendo-se natural. O desencantamento do mundo desencantou também os indivíduos, mera espécie, cujo número de mortos ou infectados os representa. Não se trata, contudo, de desprezar a estatística, ciência fundamental para prever o andamento da pandemia para estimar seu fim; mas a quantidade de mortos e doentes virou um espetáculo que as televisões e jornais não se furtam de utilizar como ameaça para que todos sigam a ordem geral. Não que não haja racionalidade no isolamento necessário para enfrentar o mal existente, mas que isso deveria ser seguido por consciência e vontade própria e não por ameaças, e, em alguns países, com multas; se isso ocorre, é mais uma prova de que a educação fracassou e de que a autonomia kantiana ainda não é possível: ainda precisamos de tutela, que deve ocorrer a distância; hoje, efetivamente, práticas que outrora eram, para dizer o mínimo, polêmicas, por não serem presenciais, tornam-se usuais: ensino a distância; psicoterapia on-line, consultas médicas por celular, entre outras.

Para ilustrar a irracionalidade da razão, quando essa se pretende amoral (isto é, neutra), cabe aqui pensarmos a discussão que a pandemia em questão suscitou devido à insuficiência de leitos de unidade de terapia intensiva para todos e ao alto contágio do vírus. Como critérios objetivos, passíveis de serem acoplados a algoritmos que deverão decidir quem vive e quem morre, estão os relacionados à maior possibilidade de recuperação - o que deixa para o “fim da fila” os idosos (quanto mais velho, pior), as comorbidades (quanto mais doente, pior), as pessoas com deficiências4; ou seja, os mais frágeis. Contraditoriamente, esses são os critérios para as prioridades de atendimento em tempos “normais”. Ora, a marca de nossa civilização tem sido a substituição da força pela compreensão dos limites humanos (Freud, 1930/2011b), mas, em tempos de pandemia, a doutrina do mais apto volta a mostrar sua face. Certamente, há racionalidade em dar preferência a quem tem mais chances de sobreviver (e por mais tempo), porém, dessa forma, a probabilidade toma o lugar de uma falsa certeza: ninguém pode prever quem irá ou não se curar; há casos de pessoas com quase 100 anos saindo da UTI e curando-se do vírus, da mesma forma que há jovens adultos morrendo. Nesse ponto, parece que a crítica ao Esclarecimento, feita por Horkheimer e Adorno (1947/1985), de tudo querer controlar, se torna mais visível; como esse controle tem limites, parece mais racional, a nosso ver, deixar a decisão ao acaso; isto é, tendo de escolher, uma vez definida a urgência da ocupação de um leito de UTI, caberia respeitar a ordem de chegada e não apostar na sobrevivência dos mais aptos. De todo modo, as vidas, assim como as mortes, devem ser administradas, lembrando a decisão havida nos campos de concentração nazistas entre os que deveriam ir para o trabalho forçado e os que seriam dizimados nas câmaras de gás. Nesse sentido, isolamento não é somente não estar perto de outras pessoas, mas é também o tratamento discriminatório de quem importa mais e de quem não pode mais servir ao sistema. A multidão de homens solitários, da qual fala Benjamin (1939/1989), trata desse isolamento, assim como a tecnologia que nos torna cada vez menos dependentes dos outros e, portanto, mais sozinhos; tal como enfatizado antes, a formação para ser autônomo tem sido a formação para “se virar”, ser sozinho.

Durante uma pandemia como esta que nos assola, as contradições sociais, tais como as indicadas acima, ficam mais visíveis. É notável e também louvável que o objetivo principal da grande maioria dos países envolvidos seja o de salvar o maior número possível de vidas, mesmo que em prejuízo da economia, que envolve os lucros do Capital; as distinções, no entanto, entre as classes sociais, entre ricos e pobres, entre negros e brancos, entre prisioneiros e não prisioneiros não desaparecem. A recomendação de evitar aglomerações pode ser seguida por quem vive em residências suficientemente amplas e com poucas pessoas, que não precisam sair às ruas para ganhar um mínimo para a sobrevivência direta. Os governos, de uma forma geral, têm tentado suprir financeiramente os mais pobres; tenta-se um uso mais democrático de leitos de UTI, contratando-se também os leitos dos hospitais privados; mas, no limite, o auxílio financeiro não é suficiente e a ocupação dos hospitais nem sempre é igualitária entre aqueles que têm um plano de saúde e aqueles que não o têm. As estatísticas têm revelado que, no Brasil, os negros estão morrendo proporcionalmente mais do que os brancos; nos EUA, os latino-americanos compõem mais frequentemente a lista dos mortos do que os nascidos no país5. Quem pode se isolar é quem garante a sobrevivência.

As mônadas podem, com o isolamento social, procurar em si mesmas as razões de viver. Tal procura também pode, com as novas tecnologias de comunicação, especialmente o celular, se referir aos próximos como obrigatoriamente distantes, mas sem o desconforto do contato físico; quando muito a visão e a audição podem ser mantidas na comunicação a distância, por meio de WhatsApp e congêneres. Coincidentemente, descobriu-se que o novo vírus - Sars-CoV-2 - pode afetar o paladar e o olfato de alguns infectados (Brasil, 2020); nosso cheiro, sobretudo o que é disfarçado pelos caros perfumes, não é mais um problema.

Para minimizar as desilusões e o sofrimento causados pelo desejo sexual e a relação com o objeto do amor, a civilização criou a possibilidade virtual de obtenção de prazer. A distância podemos ser o que quisermos, e o outro também - adaptando-se, quando é o caso, aos nossos desejos. Da voz sensual ao telefone à visão proporcionada pelo celular, o toque, o cheiro e o paladar dão lugar ao predomínio da visão e da audição. O cheiro, que permite a repulsa ou a atração imediata, como alegam Horkheimer e Adorno (1947/1985), que permite trazer recordações valiosas, segundo Proust (2016), permite nossa modificação súbita; a visão nos preserva como somos:

De todos os sentidos, o ato de cheirar - que se deixa atrair sem objetualizar - é o testemunho mais evidente da ânsia de se perder no outro e com ele se identificar. Por isso o cheiro, tanto como percepção quanto como percebido (ambos se identificam no ato), é mais expressivo do que os outros sentidos. Ao ver, a gente permanece quem a gente é, ao cheirar, a gente se deixa absorver. É por isso que a civilização considera o cheiro como uma ignomínia, como sinal de camadas sociais mais baixas, das raças inferiores e dos animais abjetos, (Horkheimer & Adorno, 1947/1985, pp. 171-171)

O olfato, o paladar e o tato são sentidos proximais; permitem experimentar simultaneamente o indivíduo que sente e o outro, objeto desses sentidos. No beijo, no abraço, no toque, a distinção entre o indivíduo e o outro persiste - mas é tênue, trazendo o desejo de desaparecer. Nosso desejo é o de proximidade, e não de isolamento; a constituição do individualista nesta sociedade, contudo, nos leva à separação. Seguindo Freud (1921/2011a), a identificação se torna cada vez mais com o distante: do desejo de “devorar o seio”, para que o objeto de satisfação esteja sempre presente, caminha-se para uma situação em comum cuja aflição todos podem reconhecer, mas esse reconhecimento possibilita perceber a igualdade na diferença, aproxima.

Paradoxalmente, é pela recordação que permitem esses sentidos - olfato, paladar e tato - que a experiência fora possível. Na descrição de Proust (2016): o cheiro do bolo de Madeleine, o dormir de determinado modo, traziam a memória involuntária. Ter “tato” para determinadas situações não casualmente significa ter cuidado para não ofender o outro, ser sensível. Com a atual pandemia, não se deve tocar os outros, nem com cumprimentos de mãos, nem beijá-los, nem sentir seus perfumes - mesmo porque as máscaras não permitem.

Claro, devemos insistir que as medidas de isolamento social são tomadas para salvar vidas, e, assim, são mais do que defensáveis e necessárias. O que este texto visa é mostrar que ao contrário disso ser um sacrifício é o coroamento de uma formação que vem se desenvolvendo há tempos. Quando Freud (1930/2011b) indica as necessidades higiênicas que o sabão proporciona, não deixa de sublinhar que o gosto pela limpeza pode ocultar o gosto de se relacionar com a sujeira: é uma formação reativa a esse desejo; cultuar a limpeza, dessa maneira, contém algo que transcende a necessidade higiênica. Ele também ressalta que o sabão é o símbolo da civilização, e, nesta pandemia, é a possibilidade de se livrar do vírus e manter a vida - o que fortalece a renúncia do desejo de ter contato com a sujeira. Faz parte de uma obsessão que oculta os próprios desejos. Nas palavras de Freud (1930/2011b):

A sujeira de qualquer tipo nos parece inconciliável com a civilização; estendemos para o corpo humano a exigência de limpeza, ouvimos espantados que a pessoa do Roi Soleil exalava um cheiro péssimo. E balançamos a cabeça quando, na Isola Bella, mostram-nos a pequenina bacia que Napoleão usava na toalete matinal. Não nos surpreendemos se alguém coloca o uso do sabão como medida direta da civilização. (p. 38)

Ainda que reconhecendo a utilidade da higiene para a saúde proporcionada pelo sabão, Freud não deixa de indicar que há algo mais presente. O mesmo Freud (1930/2011b), ao refletir sobre a repressão sexual, indica que quando a civilização tiver criado métodos para que a procriação possa ocorrer sem relações sexuais, essas tenderiam a desaparecer. Esses novos métodos já surgiram - bebê de proveta; inseminação artificial - e, de fato, já há aqueles que dizem procurar outras formas de serem felizes que não por meio do amor - os assexuais -, que convivem com os arromânticos, que, por vezes, podem manter os desejos sexuais, mas não idealizam o objeto da paixão. Freud (1921/2011a) define o amor romântico, o amor civilizado, como aquele que funde a pulsão sexual como fim em si mesmo e a pulsão sexual inibida em sua finalidade - essa última sendo a responsável por individualizar e tornar permanente o objeto de desejo. Indica a patologia resultante da ação separada de cada uma das tendências; em um dos casos, não importa muito o objeto sexual, ele não é particularizado: só tem a serventia da descarga sexual; no outro, o resultante é o amor idealizado, chamado de platônico. Horkheimer e Adorno (1947/1985), ao analisarem essa distinção nos personagens de Sade, indicam que a separação entre o prazer sexual proporcionado pela amante e o amor espiritual dedicado à esposa faz parte do próprio casamento burguês. Com os assexuais e os arromânticos, a idealização acabou, mas para os últimos o desejo sexual não diferençado pode prosseguir , todavia, para ambos, a relação ou corporal ou psíquica com o outro deixa de existir, caracterizando o isolamento, rompido nas relações afetivas.

Ora, esse amor sexual não diferençado não parece ser tão distinto da redução do outro a objeto de nossa satisfação como a busca da autoconservação e da vida obrigam, conforme argumentado antes. Com o surgimento, na década de 1980, da AIDS, as relações sexuais e o consumo de drogas já impunham, com a ameaça de morte, o uso de preservativos e seringas individuais; assim, o compartilhamento de agulhas não podia ocorrer; a sensação tátil possibilitada pelo contato com o corpo do outro, em sua plenitude, também já não era mais possível. A ameaça de morte nos leva à castração das relações e, assim, de nós mesmos, no que se refere às relações reais. Se Freud (1908/1996a) fazia críticas à masturbação, tendo em vista que o prazer não tinha os limites dados pelo objeto real, dificultando assim a distinção entre a realidade e a fantasia, a satisfação virtual se impõe e devemos nos confinar em nossas fantasias e ilusões sobre como o outro é a partir de imagens distantes, quando não desenvolvemos desejos sexuais como os assexuais.

Os conselhos dados na atual pandemia propõem que as relações sexuais voltem-se predominantemente para a masturbação6, sem esquecer que os brinquedos devem ser bem lavados após o uso. Se for para ter relações sexuais, que seja com parceira(o) frequente e conhecida(o), mas sempre sem beijos e abraços; deve, pela ausência de beijos e abraços, ser uma penetração mecânica a distância; o que não distingue muito da masturbação: de preferência, somente os órgão sexuais devem se tocar, ao contrário das recomendações anteriores aos que pretendiam se casar virgens, para os quais essa penetração deveria ser evitada.

No fascismo, Adorno (1992) pode afirmar que a “vida não vive”; junto com Horkheimer (1947/1985) também mostrou que a abdicação do que é prazeroso para a manutenção da vida fazia perder o seu sentido, o que Freud (1930/2011b) já se perguntava ao questionar o valor do progresso: de que adianta uma vida mais longa se ela é menos prazerosa? Como o atual mal atinge diretamente principalmente os mais velhos, presumivelmente, esses já viveram bastante uma vida sob a ameaça e, no limite, abandono do prazer; mas, se o desejo que ela se prolongue é real, também aprendemos a amar o que nos é desagradável. Como Freud pode enunciar: ao longo de nosso desenvolvimento, aprendemos a dar valor ao que não tem e a abdicar do que nos faria sentido. Nos termos de Adorno (1955/2015, p. 78):

Presumivelmente, os seres humanos se prendem tão desesperadamente aos bens há muito questionáveis e bastante absurdos da civilização - que lhes deveria garantir um comportamento economicamente racional - porque outrora lhes foi indizivelmente difícil alcançar a civilização, e os meios de comunicação fazem sua parte ao forçar que permaneçam na linha. A energia pulsional do homo oeconomicus, que comanda o homo psychologicus, é o amor compulsivo e inculcado nas pessoas por aquilo que outrora se odiou.

Já em 1908, Freud (1908/1996a) argumentou que a civilização exige de nós o adiamento do prazer para que esse possa ser obtido em segurança - mas a promessa não é cumprida, gerando as neuroses como marca da recordação do que foi proibido. A renúncia dos jovens ao prazer sexual, a abstinência sexual, como vem sendo proposta em nosso tempo e em nosso país, inclusive como política pública, pode gerar mulheres frígidas e homens impotentes, quando não leva um e outro ao adultério. A gênese da infelicidade e da traição também pode ser procurada nessa proibição: se a sexualidade, como a entende a Psicanálise, é vida, sem ela não nos resta muito, a não ser buscarmos prazeres substitutos - quase sempre perversos, isto é, contrários à neurose, para que possam ser realizados sem a crítica que a neurose contém.

A perversão - o negativo da neurose (Freud, 1905/1996b) - é a realização do que é proibido e, caso traga a felicidade individual, não dispensa a perseguição social; já a neurose traz a infelicidade e a adaptação à proibição, mas é nessa contradição, mais do que na perversão, que a contradição social é percebida. Como indicam Horkheimer e Adorno (1947/1985) em sua análise da indústria cultural, são os prazeres pré-genitais - sobretudo o voyeurismo, complemento do exibicionismo - que são suscitados, e não o prazer genital, que não abdica dos pré-genitais para ser pleno. A perversão - o prazer substituto - é suscitada constantemente. Com o voyeurismo e exibicionismo, a visão e a audição não só são predominantes, como são os únicos sentidos que excitam; como visto antes, o contato corporal pode ser dispensado.

Outra forma de isolamento para o qual somos formados ao longo da vida, e que torna familiar a atual exigência oriunda da defesa da vida frente a atual pandemia, se expressa na crueldade, que, conforme se depreende de Horkheimer e Adorno (1947/1985), é uma formação reativa ao desejo de estar próximo, que é substituído pelo sofrimento e destruição vagarosos de quem se deseja estar próximo:

O amor-ódio pelo corpo impregna toda a cultura moderna. O corpo se vê de novo escarnecido e repelido como algo inferior e escravizado, e, ao mesmo tempo, desejado como o proibido, reificado, alienado. . . . Com o auto-rebaixamento do homem ao corpus, a natureza se vinga do fato de que o homem a rebaixou a um objeto de dominação, de matéria bruta. A compulsão à crueldade e à destruição tem origem no recalcamento orgânico da proximidade ao corpo, de maneira análoga ao surgimento do nojo, que teve origem, de acordo com a intuição genial de Freud, quando com a postura ereta e o afastamento da terra, o sentido do olfato, que atraia o animal humano para a fêmea menstruada, tornou-se objeto de um recalcamento orgânico. (p. 217)

Novamente, a questão do olfato aparece: pela repressão ao desejo suscitado pelo cheiro da “fêmea menstruada”; o que antes era excitante passou a ser aversivo. E a crueldade responde negando o desejo de estar próximo ao outro, pela ambiguidade frente ao próprio corpo e ao do outro. O gosto pelos belos corpos, porém, é suscitado não menos do que a proibição de atender os desejos que nos suscitam. Ora, nos dias de hoje, temos de um lado a estimulação sexual provocada pela exibição de corpos bem delineados e saudáveis e a proibição de admirá-los, a não ser de forma privada, e de tocá-los. Certamente, qualquer um pode e deve se vestir, andar e se comportar como quiser e ser o dono de seu próprio desejo, dizendo sim ou não a quem o deseja; mas, não menos certo, é que a visão de belos corpos e, sobretudo seu movimento, afetam a quem não renunciou à sexualidade e, assim, à vida. Desenvolvemos o prazer de ser objetos de prazer dos outros e de impedir a sua realização. Bem, esse movimento não parece ser estranho ao que a Psicanálise definiu, em outros tempos, como histeria, tampouco parece apresentar isenção de crueldade. Ora, atualmente, com a quarentena, essa crueldade é elevada ao máximo e em diversas direções: nosso consumo de filmes, séries e livros indica uma vida que não pode ser vivida, pelo menos não neste momento em que está suspensa.

Ora, uma saída proposta a essa forma de sofri-mento é, como Freud (1930/2011b) pode indicar, a negação do sofrimento, e a sexualidade, quando não prescinde do outro para se realizar, é fonte constante de sofrimento: o outro pode nos recusar, abandonar, deixar insatisfeitos. O abandono do desejo de amar, no entanto, é a abdicação da vida.

O segundo livro da trilogia sartriana de Os caminhos da liberdade (Sartre, 2005) foi nomeado de Sursis; conta-se acerca da apreensão havida uma semana antes do acordo que antecedeu a Segunda Guerra Mundial. Prevendo a tragédia que iria ocorrer, pessoas com deficiência física, em cadeiras de rodas, foram levadas em trens da fronteira da França para lugares mais seguros; não teriam como se defender, analogamente ao que parece acontecer com os grupos de risco, como nomeados na atual pandemia; como ocorre nos dias atuais, a guerra não somente os devastou, como também aos demais que não pertenciam a esses grupos. A suspensão, quando houver, de nossa atual privação de liberdade será o retorno a outra prisão, só que não é percebida como tal. Deve-se perguntar, neste ponto do texto, se estamos, nesta pandemia, com a vida suspensa, ou se ela é continuidade da vida que não vive, assim como a guerra é continuação da paz, isto é, está latente a ela: uma guerra não declarada, superficialmente ocultada no cotidiano, e um isolamento aparentemente não existente, sob uma pretensa comunicação.

Com o surgimento do celular, a possibilidade de se isolar do que está ao redor e de ter contato com o que é distante se intensificou de maneira inconcebível no passado. Antes da pandemia, já era comum as pessoas ficarem lado a lado, cada qual olhando suas mensagens ou atrações favoritas, desde que não tivessem que dar atenção aos presentes; antes do celular, a internet já promovia a proximidade distante e a distância aos próximos. Antes disso, a televisão continha programas que permitiam e permitem a assistência conjunta, mas em silêncio, pois o programa deve ser o centro da atenção. Antes da telenovela, o rádio, comunicação não democrática, segundo Horkheimer e Adorno (1947/1985), já tinha uma voz de comando; ao contrário do telefone, que possibilitava um diálogo direto e imediato.

Certamente, tal como o telefone, o WhatsApp, a internet, permitem um diálogo contínuo, mas, em geral, não é o que ocorre. Em relação às mensagens da internet, elas dificilmente são respondidas de imediato, podendo dar a impressão de que não temos o que fazer ou de que estamos continuamente atentos às mensagens. O WhatsApp permite saber se as pessoas leram ou não a nossa mensagem, mas também tem um mecanismo que permite desativar essa informação: de um lado, alguém que pode estar aflito pela resposta e, de outro, alguém prolongando o máximo que pode o tempo de resposta para ser valorizado. De acordo com essa lógica, devemos aparentar ser pessoas requisitadas o tempo todo, tal como o é o executivo “bem-sucedido”. As novas formas de comunicação, assim, se permitem a resposta do interlocutor, têm a demanda contínua, real ou disfarçada, que impede a comunicação. O isolamento já é presente na comunicação, que tende a perder a precisão do que é comunicado por não respeitar necessariamente o tempo em que ocorreu: quando a resposta vier, talvez já não seja mais necessária. De todo modo, a não garantia de resposta imediata mostra seu caráter, em geral, superficial.

Dessa forma, como ressaltado no início deste texto, realiza-se o que previa Adorno (1955/2015): quanto mais a sociedade se aperfeiçoa do ponto de vista técnico e administrativo, mais há individualismo e menos há indivíduos, gerando, portanto, mais isolamento, mesmo que seja em multidão. É verdade que existe, no momento da atual pandemia, alguma solidariedade entre pessoas, grupos e países, mas não é menos verdadeiro que quem tem mais poder econômico e político consegue garantir mais e melhor a sua sobrevivência e a dos seus. Assim, os países que têm maior poder econômico e político conseguem os produtos para os cuidados necessários com a saúde de populações inteiras, e outros países não conseguem7. Percebe-se em nível mundial o que ocorre no cotidiano entre as pessoas: o interesse de si mesmo e dos próximos são colocados à frente dos demais. Se Adorno (1967/1995b) pode indicar que uma das causas do nacional-socialismo alemão do século passado foi o enfraquecimento das nações frente à existência de um movimento que hoje chamamos de globalização, uma vez que os dirigentes alemães julgaram não estar sendo contemplados por esse movimento, parece que assistimos a um novo “surto”, metáfora do vírus, mas não menos virulento: “O genocídio tem suas raízes naquela ressureição do nacionalismo agressor que vicejou em muitos países a partir do fim do século XIX” (p. 120). Com essas ações restritivas de uns países mais poderosos sobre outros, populações desses últimos podem se encontrar em risco de morte: genocídios?

Referências

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Fev 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    18 Abr 2020
  • Revisado
    02 Dez 2020
  • Aceito
    11 Dez 2020
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