Resumo
O objetivo deste ensaio teórico é discutir a noção de linguagem e a relação com os outros na fenomenologia de Merleau-Ponty como possível fundamento para a psicoterapia humanista-fenomenológica com crianças. Para Merleau-Ponty, a linguagem se apresenta como experiência viva e intersubjetiva, e o reconhecimento de si e de outrem pela criança não se daria na intelecção, mas pela dimensão experiencial. O psicoterapeuta escuta a criança naquilo que ela tem a dizer e sua participação se dá como reconhecimento e afetação diante da linguagem infantil. A relação se constitui numa dupla reversibilidade: reconhecimento do outro pela criança em sua própria experiência de corpo e dos sentimentos manifestos acerca de outrem; e afetação do encontro vivenciado tanto pelo psicoterapeuta como pela criança. Concluímos que esta proposta representa uma fecunda contribuição para a psicoterapia humanista-fenomenológica com crianças ao privilegiar a compreensão da criança para além dos estereótipos e noções cristalizadas de infância.
Palavras-chave: linguagem; intersubjetividade; fenomenologia; psicoterapia humanista-fenomenológica; ludoterapia
Resumen
Este ensayo teórico tiene como objetivo discutir la noción del lenguaje y la relación con otros en la fenomenología de Merleau-Ponty como una posible base para la psicoterapia humanista-fenomenológica con niños. Para Merleau-Ponty, el lenguaje se presenta como una experiencia viva e intersubjetiva y el reconocimiento de uno mismo y del otro por parte del niño no ocurre en la intelección, sino en la dimensión experiencial. El psicoterapeuta escucha al niño en lo que tiene que decir y su participación se lleva a cabo como reconocimiento y afectación frente al lenguaje infantil. La relación constituye una doble reversibilidad: el reconocimiento del otro por parte del niño en su propia experiencia del cuerpo y de los sentimientos manifiestos sobre los demás; y la afectación del encuentro, experimentado tanto por el psicoterapeuta como por el niño. Se concluye que esta propuesta representa una contribución fructífera a la psicoterapia humanista-fenomenológica con niños al privilegiar la comprensión del niño más allá de los estereotipos y las nociones cristalizadas de la infancia.
Palabras clave: idioma; intersubjetividad; fenomenología; psicoterapia humanista-fenomenológica; ludoterapia
Résumé
Cet essai théorique vise à discuter la notion de langage et la relation avec les autres dans la phénoménologie de Merleau-Ponty, en tant que fondement possible d’une psychothérapie humaniste-phénoménologique pour les enfants. Pour Merleau-Ponty, le langage est une expérience vivante et intersubjective, et la reconnaissance de soi et de l’autre par l’enfant ne se ferait pas par l’intellection, mais par la dimension expérientielle. Le psychothérapeute écoute l’enfant dans ce qu’il a à dire et sa participation se produit comme une reconnaissance et une affectation face au langage des enfants. La relation constitue une double réversibilité : la reconnaissance de l’autre par l’enfant dans sa propre expérience corporelle et les sentiments qu’il manifeste à l’égard de l’autre ; et l’affectation de la rencontre, vécue à la fois par le psychothérapeute et par l’enfant. Nous concluons que cette proposition représente une contribution fructueuse à la psychothérapie humaniste-phénoménologique pour enfants en privilégiant la compréhension de l’enfant au-delà des stéréotypes et des notions cristallisées de l’enfance.
Mots-clés: langue; intersubjectivité; phénoménologie; psychothérapie humaniste-phénoménologique; thérapie par le jeu
Abstract
Our article aims at discussing the notion of language and the relationship with others in Merleau-Ponty’s phenomenology as a possible foundation for humanistic-phenomenological psychotherapy with children. For Merleau-Ponty, language presents itself as a living and intersubjective experience and the recognition of oneself and others by the child would not occur in intellection, but through the experiential dimension. The psychotherapists listen to the child and their participation occurs as recognition and affectation in the face of children’s language. The relationship constitutes a double reversibility: recognition of the other by the child in his own experience of the body and of the manifest feelings about others; affectation of the encounter, experienced by both the psychotherapist and the child. We conclude that this proposal represents a fruitful contribution to humanistic-phenomenological psychotherapy with children by privileging the child’s understanding beyond stereotypes and crystallized notions of childhood.
Keywords: language; intersubjectivity; phenomenology; humanistic-phenomenological psychotherapy; play therapy
Introdução
A psicoterapia com crianças é uma intervenção que contribui para o alívio do sofrimento emocional e para o cuidado de dificuldades que possam comprometer a criança em sua vida cotidiana (Carvalho, Fiorini, & Ramires, 2015; Deakin & Nunes, 2008; Prout & Fedewa, 2015; Weisz, Doos, & Hawley, 2005). Essa intervenção é recomendada pela Organização Mundial da Saúde como a estratégia primeira de cuidados em situações nas quais as crianças vivenciem experiências que são entendidas ou diagnosticadas como psicopatológicas (World Health Organization, 2017).
Desde as primeiras propostas de intervenção e cuidados terapêuticos com crianças - tais como o caso do menino Hans, por Freud; a sistematização das propostas de atendimento clínico infantil de Anna Freud e Melanie Klein (Deakin & Nunes, 2008); e os princípios desenvolvidos por Axline em sua psicoterapia não diretiva (Axline, 1947/2013) -, as contribuições e as proposições de modelos de psicoterapia têm aumentado significativamente (Landreth, 2012).
Os estudos em psicoterapia com crianças têm enfatizado o treino do psicoterapeuta para o manejo e tratamento de situações como problemas comportamentais, queda de rendimento escolar, acompanhamento de quadros psicopatológicos e de transtornos de desenvolvimento (Bratton, Purswell, & Jayne, 2015; Deakin & Nunes, 2008; Lin & Bratton, 2015). Aspectos que se refiram à relação desenvolvida entre o psicoterapeuta e a criança e os elementos qualitativos que constituem o desenvolvimento da psicoterapia com crianças têm tido menor destaque nos estudos, em detrimento do desenvolvimento de técnicas com foco no tratamento dos adoecimentos (Deakin & Nunes, 2008; Prout & Fedewa, 2015).
Os fatores terapêuticos, tais como os de estabelecimento e manutenção da aliança terapêutica, a postura empática, objetivos claros em torno da psicoterapia, e a consideração do papel ativo do cliente, são fortes preditores para resultados positivos na psicoterapia (Wampold & Imel, 2015). Este dado aponta para a necessidade de maior atenção aos aspectos relacionais da psicoterapia, pois estes são elementos centrais na sua eficácia (Wampold, Baldwin, Holtforth, & Imel, 2017).
Na medida em que os aspectos relacionais se desenvolvem por meio da comunicação entre psicoterapeuta e cliente (Boswell, Kraus, Constantino, Bugatti, & Castonguay, 2017), consideramos relevante compreender o desenvolvimento da linguagem no contexto de psicoterapia. Quando se trata de psicoterapia com crianças, a linguagem adquire um contorno singular por conta das especificidades desse período da vida humana e da forma como a criança estabelece contato e relação com o mundo e com as outras pessoas.
Para Maurice Merleau-Ponty, a linguagem se apresenta como experiência viva em nós e intrinsecamente intersubjetiva (Gamboa, 2014; Merleau-Ponty, 1964/2012), ou seja, é estabelecida na relação com o outro. Em cursos sobre psicologia da criança, ministrados na Sorbonne na década de 1940, o filósofo parte da premissa da impossibilidade de que a infância seja liquidada por completo (Veríssimo, 2011) e ressalta a experiência infantil como “manifestação privilegiada ... em estado nascente e anterior à objetivação” (p. 460). Merleau-Ponty (2001/2006) discute a importância do reconhecimento da criança da maneira como ela se apresenta e a manutenção de um olhar crítico acerca dos conceitos prévios construídos sobre ela, a infância e as concepções de saúde e doença como possiblidade de conhecimento do fenômeno infantil.
Partimos dessa perspectiva para estabelecer, a partir da fenomenologia de Merleau-Ponty, elementos para pensar possíveis contribuições como fundamentação para a psicoterapia com crianças, mais especificamente no enfoque humanista-fenomenológico. Compreendemos que essa fenomenologia pode contribuir para uma clínica que se inspire em seu pensamento. Embora tenhamos, no desenvolvimento deste artigo, optado por discutir a linguagem e a relação com o outro em tópicos diferentes, ressaltamos que, na fenomenologia de Merleau-Ponty, elas estão intimamente interligadas.
A lente fenomenológica de Merleau-Ponty fundamenta a perspectiva humanista-fenomenológica, da qual é uma proposta clínica contemporânea, que se constitui na interseção da psicologia humanista e da psicopatologia fenomenológica. O psicoterapeuta busca, nessa proposta de intervenção, o acesso e a compreensão do lebenswelt (mundo vivido) da criança, reconhecendo os diferentes significados que se constituem a partir de sua historicidade, da cultura, das relações familiares e da abertura ao mundo como ser de possibilidades. A psicoterapia humanista-fenomenológica é uma proposta clínica que se volta para atendimentos individuais e em grupo (Correia & Moreira, 2016; Moreira, 2012, 2013; Moreira & Bloc, 2013).
Neste artigo, centralizamos nossa discussão na fecundidade da fenomenologia de Merleau-Ponty, ao fornecer fundamentos que permitem uma compreensão efetiva da experiência da criança. Assim, o objetivo deste ensaio teórico é discutir as noções de linguagem e a relação com os outros na fenomenologia de Merleau-Ponty como possível fundamento para a psicoterapia humanista-fenomenológica com crianças. Para tal intento, apresentamos as noções de aquisição da linguagem e a relação com o outro nessa fenomenologia e, em seguida, discutimos as possíveis contribuições para a psicoterapia com crianças de referencial humanista-fenomenológico.
O processo de aquisição da linguagem na infância
Em sua busca por reconhecimento e reflexão sobre o fenômeno de aquisição da linguagem pelo ser humano, Merleau-Ponty se debruçou sobre estudos nos campos da psicologia e da filosofia. No processo de aquisição da linguagem, é importante diferenciar a forma de perceber da criança e do adulto. Diferente do adulto, no qual o processo perceptivo se detém nos conjuntos com detalhes organizados, sem prejuízos dos detalhes ou mesmo do todo, a criança tem uma visão de conjunto, significando a realidade a sua volta como um todo, sem priorizar aspectos desse todo de forma individualizada (Merleau-Ponty, 1934/2015).
Apesar dessa diferença de organização perceptiva, desde os primeiros dias de vida, já é possível observar um fato comum: a tentativa da criança de se relacionar com o mundo, mas de modo próprio e possível à sua condição infantil. Para Rocha (2011), é a linguagem que possibilita uma organização daquilo que é percebido. O processo de desenvolvimento da linguagem ocorre pautado nessa relação com o outro, por meio de tentativas de estabelecer comunicação: “é a relação com o meio que incita a criança para a linguagem: trata-se de um objetivo definido pelo exterior, e não preestabelecido no organismo” (Merleau-Ponty, 2001/2006, p. 9).
Logo nas primeiras semanas, os sorrisos apontam os estabelecimentos comunicacionais com outros, tanto para manifestação de satisfação como para reagir ao sorriso das outras pessoas. Para Merleau-Ponty (2001/2006), esse dado “supõe já uma relação com outrem” (p. 8) e antecede a linguagem verbal. Nos primeiros meses de vida, a criança se mune de diferentes formas de expressão até chegar ao balbucio, considerado pelo filósofo uma “forma ancestral de linguagem” (Merleau-Ponty, 2001/2006, p. 7), polimorfa, com uma riqueza extraordinária de possibilidades.
A partir do ato de balbuciar, Merleau-Ponty (1960/2014) afirma “que a criança fala e que ela aprenderá a seguir a aplicar diversamente o princípio da fala” (p. 65, grifo no original). Contudo não é possível dizer que já exista uma relação de sentido, mas, sim, um tipo de imitação, de natureza rudimentar, na qual a relação com o outro se apresenta como chave e resposta (Merleau-Ponty, 2001/2006).
Merleau-Ponty (2001/2006) ilustra, comparativamente, que “entre o balbucio e a linguagem, a relação é a mesma que existe entre o rabisco e o desenho” (p. 7), o que denota interdependência entre esses elementos. Da mesma forma que o rabisco se constitui como o rudimento de um desenho, ele representa, também, o sentido total do próprio desenho. Essa mesma lógica se organiza em torno da relação entre o balbucio e a linguagem falada, em que o primeiro contém o sentido total do segundo.
Antes de falar, a criança vivencia ainda uma apropriação do ritmo e da acentuação da língua, pois nela já se apresentam todas as capacidades para a aquisição de qualquer idioma humano. No desenvolvimento da linguagem, ocorre uma espécie de seleção de aspectos específicos: a criança passa de uma generalidade - entendida por Merleau-Ponty (2001/2006) como riqueza de elementos - para certo empobrecimento. Ela passa de uma visão de conjunto para um tipo de especialização. Os sentidos, antes imantados prioritariamente nos gestos, passam a repousar, também, na linguagem falada, buscando uma direção mais objetiva.
Mesmo já dominando a linguagem falada, a criança ainda não possui a noção do signo, como o adulto. Mesmo que utilize a mesma palavra, o sentido se diferencia por conta de sua visão sincrética, em totalidades. Merleau-Ponty (2001/2006) aponta que, “mesmo que a criança utilize a palavra do adulto, o seu sentido é sempre mais fugaz.... Uma única palavra pode servir para designar todo um conjunto de coisas referentes a uma situação semelhante” (p. 13). A linguagem funcionaria, de certo modo, globalmente, na medida em que uma única palavra pode designar diversas coisas.
Ao ampliar seu repertório, em sua relação com o mundo, a criança vai atribuindo sentido às palavras, pois as possibilidades de uso vão se ampliando. Para Merleau-Ponty (2001/2006), “não se pode considerar o cabedal linguístico como uma soma de palavras: trata-se, antes, de sistemas de variações que possibilitam uma série aberta de palavras.... É uma totalidade com setores abertos, dando possibilidades indefinidas de expressão” (p. 14). Assim, na aquisição da linguagem, não podemos falar de somas e ultrapassagem de estágios de desenvolvimento, mas de movimentos significativos que estão presentes na relação das crianças com as palavras e que permitem a experimentação a partir da intersubjetividade (Merleau-Ponty, 2001/2006).
Partindo desse posicionamento, Merleau-Ponty (2001/2006) evita aquilo que considera uma divisão artificial em “estágios sucessivos”, afirmando que
todas as possibilidades estão inscritas nas manifestações expressivas da criança; nunca há nada absolutamente novo, mas antecipações, regressões, permanências de elementos arcaicos nas formas novas. Esse desenvolvimento em que, por um lado, tudo está esboçado de antemão e que, por outro lado, avança por uma série de progressos descontínuos. (p. 15)
Trata-se de um processo de aquisição que se dá por meio de gestalten significativas, podendo ser mais bem esclarecido com a análise da aquisição dos fonemas e da ocorrência do fenômeno da imitação e de restrição às possibilidades disponíveis no mundo.
Ao ouvir os outros falarem, a criança escuta os sons e pode construir as relações com os outros, inescapavelmente atravessada pela dimensão cultural. Inserida na cultura por meio da linguagem, vai se dando o movimento perceptivo na criança sobre os objetos e o mundo a sua volta, retomando seu sentido, agrupando sons e significados (Merleau-Ponty, 2001/2006). Trata-se de um processo em que, aos poucos, a criança vai compreendendo e incorporando os sentidos.
A criança, na apropriação da língua, dependerá da sua cultura, já que não aprenderá a língua e, sim, restringirá suas possibilidades expressivas, o que possibilitará a apropriação e o direcionamento à língua e ao sotaque de onde vive. Essa inserção na cultura se dá por uma busca de significação, uma necessidade por comunicação intersubjetiva, no contexto em que a criança se encontra (Merleau-Ponty, 2001/2006).
A linguagem na criança carrega em si mesma um potencial criador. Se, por um lado, é limitada por unidades, por outro, é ilimitada em potencial de significação das coisas. Mesmo que se possa utilizá-la em seu sentido mais restrito, há sempre possibilidade para novas significações por meio das relações com os outros. A criança convoca o outro através da linguagem, e esta, como operação vital, é o meio para o estabelecimento das relações (Merleau-Ponty, 2001/2006). Compreendemos que essa perspectiva reforça um olhar para a criança pelo reconhecimento de uma capacidade total que acaba por se restringir, avançando para além da concepção de um vazio que viria a ser preenchido com uma língua existente.
Considerando o adulto e a criança como possuidores de uma mesma linguagem, pela inserção na cultura, mas em expressões diferentes, Merleau-Ponty nos direciona a olhar para a linguagem como nunca plenamente definida. Isso nos permite discutir uma possibilidade de aproximação entre a linguagem da criança e do adulto. A linguagem da criança tem valor de comunicação, mas se dando em uma organização de totalidades, sem a projeção apenas em um plano objetivo (Merleau-Ponty, 2001/2006). Sua organização remete a um plano subjetivo (do sentido) que antecede e transcende o lugar da lógica (Veríssimo, 2011), conferindo o sentido expressivo que a linguagem traz consigo.
No processo de aquisição da linguagem, Merleau-Ponty argumenta que não seria possível pensar em uma origem da linguagem na criança nem em um encadeamento que seja reconhecido como puramente lógico, mas, sim, em uma “marcha da linguagem para suas formas mais expressivas, a partir de formas menos expressivas” (Merleau-Ponty, 2001/2006, p. 62). A língua é feita de significações em estado nascente, em movimento, “funciona em relação ao pensamento como o corpo em relação à percepção” (p. 67). Segundo Munõz (1998), não pensamos e depois falamos, assim como não ordenamos nosso corpo a se locomover no espaço; há uma relação intrínseca entre ambos, um é o outro e vice-versa, organizados em um plano de natureza pré-reflexiva que nos remonta ao lebenswelt.
A linguagem se desenvolveria pela vontade de estabelecer comunicação, no movimento de coexistência e reconhecimento dos sujeitos no mundo. O sentido é de natureza humana e a língua se constitui como um caminho para a comunicação com o outro. É preciso considerar que a criança, em seu percurso relacional com os outros e na apropriação da linguagem na cultura, tem o desejo de comunicar. Para compreender a comunicação na criança, devemos buscar seu sentido em meio ao seu modo de comunicação na relação com os outros.
A criança em relação com os outros e a noção de esquema corporal
Merleau-Ponty (2001/2006) nos convida a compreender como a criança estabelece suas relações e quais os sentidos constituintes desse estabelecimento. Para o filósofo, a psicologia clássica abordou o tema a partir da tentativa de explicar as noções de psiquismo e cinestesia (Veríssimo, 2012). O psiquismo diz respeito aos conjuntos de características e habilidades psicológicas próprias de cada indivíduo, já a cinestesia é compreendida pela conceituação do corpo como possuidor de sensações e de uma consciência de si (Merleau-Ponty, 2001/2006).
Para Merleau-Ponty, a experiência do outro se organiza do seguinte modo: na medida em que o psiquismo do outro é inacessível e, portanto, uma via não possível para o estabelecimento da relação, a experiência do outro se dá por meio do nosso corpo, do que somos e do que sentimos dele. Ao ver o corpo do outro, o reconhecemos por meio do nosso próprio corpo e nos relacionamos através do que sentimos nessa relação (Merleau-Ponty, 2001/2006); é uma espécie de permeabilidade corporal em relação ao mundo e aos outros (Veríssimo, 2012).
Essa relação intercorpórea entre nosso corpo e o do outro traz, na infância, duas questões: primeiro, o reconhecimento de que a criança percebe o outro precocemente, sendo, desde muito cedo, sensível, por exemplo, ao sorriso de quem sorri para ela; e segundo, a criança se organiza nessa relação através da imitação, pois “faz o gesto segundo a imagem do que vê outra pessoa fazer” (Merleau-Ponty, 2001/2006, p. 306). Para o filósofo, em uma visão clássica da psicologia, ambas as operações necessitariam da compreensão, por parte da criança, de um complicado sistema que exigiria o acesso a um psiquismo inacessível e uma percepção de outrem desde os primeiros meses de vida, o que, para ele, não ocorre. O fenomenólogo supõe e defende que a criança teria outras possibilidades de identificar, de maneira global, o corpo alheio.
Para Merleau-Ponty (2001/2006), a solução se daria em dois termos: a reformulação das noções de psiquismo e cinestesia pelas noções de conduta e de esquema corporal. Via noção de conduta, se o psiquismo do outro é impenetrável, a relação se estabelece pela apreensão da conduta do outro: “será em sua conduta que poderei apreender, encontrar a outra pessoa” (p. 307), assim como dos sentidos de suas ações. Essa conduta do corpo de outrem é apreendida por meio de um esquema corporal.
A partir da noção de esquema corporal, o corpo passa a ser compreendido não apenas como um aglomerado de sensações e feixes sensoriais, mas como um sistema que se posiciona e se insere no espaço (Merleau-Ponty, 1945/2001, 1953/2011). Nesse sentido, o corpo se configura como “um esquema que comporta a relação com a posição do meu corpo no meio ambiente” (Merleau-Ponty, 2001/2006, p. 307). Como corpo pertencente a esse espaço comum a outrem, percebemos nosso corpo e o do outro, que também é um habitante nesse espaço.
O esquema corporal como norma e ponto zero, como nível e atitude privilegiada ..., isso como em evidência no esquema corporal ... uma certa forma de assimilar o mundo, de se identificar a ele como na voz, uma certa forma de assimilar outrem e de identificá-lo a ele. (Merleau-Ponty, 1953/2011, p. 132)
Essa relação, de natureza intersubjetiva, possibilita que nosso corpo e o do outro, no espaço, se constituam e se revelem mutuamente como uma unidade (Merleau-Ponty, 2001/2006).
No processo inicial de vida, no qual a criança “organiza seu esquema corporal e começa a perceber outras pessoas” (Merleau-Ponty, 2001/2006, p. 308), o contato com o mundo se inicia com o chamamento da voz humana, pela fala do outro. Isso prossegue com o contato visual, e esses processos podem ser percebidos pelas reações visíveis nos bebês após as primeiras interações.
Nesse processo, a criança terá o conhecimento do corpo do outro de forma gradual. As sensações do que é o seu corpo e do que é o do outro se misturam, assim como se misturam também o que é externo e interno, seguido de uma diferenciação entre estes, constituindo a percepção de que existe outro que percebe seu corpo. Num movimento de reversibilidade, a criança passa a compreender que seu corpo é visível ao outro, conferindo a ideia de que “o olhar de outrem desperta na criança a consciência de não ser apenas o que é para seus próprios olhos, mas também o que é aos olhos alheios” (Merleau-Ponty, 2001/2006, p. 322). O conhecimento e reconhecimento de si e de outrem pela criança não se dá no plano intelectual, mas como um sistema de relações atravessado pela dimensão da experiência. O esquema (inter)corporal tem a tarefa de organizar o modo de ser da criança no mundo.
Contribuições da fenomenologia de Merleau-Ponty para a psicoterapia humanista-fenomenológica com crianças
A psicoterapia compreende um processo que pode apresentar objetivos variados, a depender da perspectiva teórica adotada pelo psicoterapeuta, mas que nunca prescinde da relação (Freitas, 2009). Na psicoterapia com crianças, essa relação se organiza de maneira singular, pelas especificidades dessa intervenção, e possibilita o desenvolvimento de formas de enfrentamento diante de contextos e situações angustiantes (Axline 1947/2013; Therense, 2019).
Na psicoterapia humanista-fenomenológica com crianças, o psicoterapeuta é um facilitador no processo de estabelecimento da linguagem da criança naquilo que ela tem a dizer, o que representa uma “legitimação do protagonismo da criança frente às demandas” (Forteski, Borges, Moreira, & Sevegnani, 2014, p. 526) que a trazem ao processo psicoterapêutico. Mesmo reconhecendo que outros atores participam da psicoterapia infantil - a família, a escola e outros que sejam necessários (Aguiar, 2014; Brito & Freire, 2014) -, a constante busca será de compreender a linguagem da criança na psicoterapia a partir da relação com um outro específico, o psicoterapeuta. Trata-se de um tipo de relação ideal em que, por meio do vínculo e da própria relação, busca-se potencializar a criança e permitir suas diferentes formas de expressão.
Na fenomenologia de Merleau-Ponty, o entendimento sobre a criança deve partir do contato direto com ela, na medida em que há uma complexidade inerente à sua relação com o mundo e com os outros. Para o fenomenólogo, “a psicologia [da criança] não é simples anotação de tudo que a criança faz: aí só se encontram traços de uma dinâmica do desenvolvimento resultante da constelação familiar, do meio social” (Merleau-Ponty, 2001/2006, p. 471). Compreendemos que a psicoterapia deve se referendar como um contexto no qual a criança possa comunicar sobre si e ter essa linguagem legitimada. Cabe ao psicoterapeuta, nessa relação, a disponibilidade e abertura ao fenômeno infantil, a constante busca por sair da forma de percepção do adulto e a tentativa de perceber como a criança significa as coisas, assumindo um movimento compreensivo e empático (Brito & Freire, 2014) da linguagem infantil.
Nesse sentido, a participação do psicoterapeuta deve se dar como reconhecimento e afetação da linguagem infantil e o estabelecimento do encontro na psicoterapia como possibilidade de fala. Discutimos a fala, aqui, como linguagem e via desveladora da experiência da criança na relação terapêutica intersubjetiva, pelas possibilidades comunicacionais possíveis. A brincadeira, o verbal, os desenhos, as diversas formas expressivas, as criações de massinha, argila etc. se constituem como linguagem. O desenvolvimento da psicoterapia, utilizando os termos de Merleau-Ponty, se daria como construção de iniciais “balbucios” e “rabiscos” para um posterior aprofundamento da “fala” e do “desenho”, como metáforas para compreender o estabelecimento da linguagem na relação intersubjetiva entre a criança e o psicoterapeuta. O fundamento fenomenológico não se assenta sobre a interpretação daquilo que a criança revela, mas parte do resgate de um contato imediato que revela sentidos que devem ser compreendidos a partir da criança e do seu mundo vivido (lebenswelt).
É relevante assinalar que o contexto da psicoterapia, no que tange ao acompanhamento de vivências compreendidas como psicopatológicas (Prout & Fedewa, 2015), também pode ter a filosofia de Merleau-Ponty como inspiração. A linguagem da criança acerca de sua condição psicopatológica e a comunicação dessa experiência na relação intersubjetiva possibilitam ao psicoterapeuta o reconhecimento dela em sua experiência de sofrimento, o que, em outros contextos, podem ser consideradas pelos adultos que a cercam como meros sintomas ou diagnósticos.
Na psicoterapia humanista-fenomenológica de inspiração merleau-pontyana, o psicoterapeuta compreende o fenômeno psicopatológico como transcendente à sintomatologia (Moreira, 2002), ou seja, busca, para além do sintoma, o modo de funcionamento da criança, que, por vezes, é expresso por meio da linguagem e das suas relações. O psicoterapeuta, em atitude de abertura e disponibilidade diante do imprevisível (Brito & Freire, 2014), busca se aproximar da experiência de lebenswelt psicopatológico da criança, da forma que é possível a ela expressar, em sua linguagem e em sua relação com o mundo e com os outros. As atitudes de disponibilidade e abertura a essa forma singular de comunicação do vivido infantil se estabelecem por um trabalho de dupla via: com a criança, num movimento intersubjetivo de descrição e compreensão do vivido psicopatológico, tal como experimentado por ela; e com os adultos que se relacionam com a criança, em um diálogo acerca das representações que eles têm de comportamentos, sintomas e dificuldades enfrentados por ela.
Entendemos que aquilo que é comunicado pela criança em um dado momento da sua história de vida representa, como nos aponta Merleau-Ponty (2001/2006), “um estado momentâneo da dinâmica pessoal e interpessoal” (p. 473). Nesse esteio, a partir da noção do sintoma como linguagem (Moreira, 2002; Rogers & Stevens, 1977), a psicoterapia humanista-fenomenológica pode se constituir como um espaço de ampliação das possibilidades de comunicação do sofrimento agudo, das experiências e dos sentidos da criança, na intersubjetividade da relação, o que a potencializa para a transcendência da condição de adoecimento (Moreira, 2002).
Outro aspecto relevante dessa forma de participação do psicoterapeuta, inspirado na fenomenologia de Merleau-Ponty (2001/2006), se dá pelo redirecionamento da atenção do psicoterapeuta para a maneira como a criança se relaciona com os outros que fazem parte de seu contexto social, o que referenda a participação e o acompanhamento da família, da escola e de outros atores que façam parte do campo relacional. Na psicoterapia, compreendemos como importante o reconhecimento da criança a partir de seu entrelaçamento com o mundo - do qual participam sua família e seus outros contextos sociais.
São parte do processo terapêutico com crianças as entrevistas iniciais e de acompanhamento com as famílias (Aguiar, 2014; Bratton et al., 2015; Brito & Freire, 2014;). Como implicações da inspiração na fenomenologia de Merleau-Ponty para a prática psicoterápica com crianças, reconhecemos que o contato do psicoterapeuta deve ocorrer através da suspensão dos a priori fornecidos na comunicação estabelecida pela família nas entrevistas iniciais e de acompanhamento, no decorrer da psicoterapia.
Mais radicalmente, o psicoterapeuta busca a constante suspensão da representação de infância, que pode aparecer no discurso daqueles que falam acerca da criança, para que esta possa ter espaço para comunicar sua experiência vivida, suas relações com o mundo, com os outros e com a própria relação estabelecida com o psicoterapeuta. Compreendemos, conforme aponta Merleau-Ponty (2001/2006), que essa suspensão será sempre tentativa, uma vez que ela nunca se completa. No entanto, mesmo com a incompletude, trata-se de uma atitude fundamental em psicoterapia, pois possibilita o encontro com a criança e a efetivação do encontro intersubjetivo.
Para Merleau-Ponty (2001/2006), o acesso à linguagem da criança e da relação desta com os outros representa um convite à visada crítica acerca da representação de infância que nos atravessa. O fenômeno infantil nem pode ser compreendido de forma essencialista, como se ela fosse um “rudimento de adulto” (p. 464), nem como alguém que precisaria, por “natureza”, do suporte do adulto em todo e qualquer momento. Reconhecer a criança por sua forma de construir linguagem e estabelecer relação com os outros possibilita, na psicoterapia humanista-fenomenológica, a abertura e a facilitação das possibilidades de reorganização e ampliação de suas formas de experimentar o contato com o mundo e de se comunicar. Na psicoterapia, isso pode promover a abertura ao reconhecimento da infância, em suas potencialidades relacionais e de linguagem, como dinamicidade e movimento. Para Merleau-Ponty (2001/2006), esse movimento implica avanços e descontinuidades, mas nunca paralisação. Essa postura pode aproximar o psicoterapeuta do vivido infantil através de uma relação de maior proximidade e confiança com a criança, pois representa a psicoterapia como uma relação na qual ela pode participar mais ativamente.
Merleau-Ponty (2001/2006) enfatiza que a espontaneidade e a ingenuidade que fundamentam a experiência de existência da criança devem ser os elementos primeiros no empreendimento de uma compreensão acerca da linguagem e da relação com outros da infância. Nessa perspectiva, a criança está fundamentalmente entrelaçada com sua existência, em um tempo, em um espaço, em uma cultura, em mútua constituição com o mundo. A compreensão do fenômeno da infância seria viabilizada na psicoterapia pelo desvelar da experiência infantil, em sua dimensão de corporeidade. Essa relação se daria numa perspectiva que compreendemos como dupla reversibilidade: a primeira, no reconhecimento do outro pela criança, por meio de sua própria experiência de corpo e dos sentimentos manifestados acerca de outrem; a segunda, pela afetação que se dá no encontro, vivenciada tanto pelo psicoterapeuta como pela criança (Brito & Freire, 2014).
Esse reconhecimento do olhar do outro torna possível à criança ver e ser vista, pela experiência de esquema corporal, que pode ser percebida na psicoterapia como uma intervenção que se organiza pela via lúdica (Axline 1947/2013), manifestada e expressa na relação do corpo da criança e do psicoterapeuta no setting clínico. O uso do espaço - sentando-se, rolando no chão, pulando - ressalta, pela brincadeira, o estabelecimento da comunicação, do vínculo e da coexistência no contexto psicoterapêutico humanista-fenomenológico.
Considerações finais
Compreendemos que a proposta fenomenológica de Merleau-Ponty representa fecunda contribuição para a psicoterapia com crianças, na medida em que privilegia a compreensão destas para além dos estereótipos e noções cristalizadas de infância e busca o acesso à experiência infantil tal como a própria criança a vivencia e significa. Optamos pelas noções de linguagem e a relação com os outros por considerarmos que são elementos fundamentais na discussão sobre psicoterapia com crianças. Diante da pouca ênfase dada na literatura aos aspectos qualitativos e à dimensão de intersubjetividade, verificamos a necessidade de discutir esses pontos e suas implicações na intervenção com esse público.
No processo psicoterápico inspirado nessa fenomenologia, o estabelecimento de uma relação na qual o lebenswelt (mundo vivido) da criança possa ser manifestado por meio das dimensões de corporeidade e de intersubjetividade se constitui como uma via relevante de cuidado e promoção de mudanças. Destacamos a importância do reconhecimento da linguagem da criança através das atitudes de disponibilidade e abertura do psicoterapeuta, bem como das possibilidades interventivas que podem ser desenvolvidas no contexto psicoterápico infantil. Essas atitudes e as intervenções devem privilegiar o acesso e o reconhecimento das experiências da criança, a partir de sua própria significação e compreendidas pelo psicoterapeuta no desenvolvimento da relação intersubjetiva.
A linguagem, na fenomenologia de Merleau-Ponty, inspira uma prática clínica na qual a criança pode desvelar a forma como percebe o mundo, os outros e a si mesma, bem como as linguagens que utiliza para organizar seus processos perceptivos. A relação psicoterapêutica possibilita um estar diferente da criança, pois tanto promove um espaço de participação mais ativa dela, pelas múltiplas possibilidades expressivas que pode utilizar, quanto permite experimentações de linguagens que podem se manifestar na relação com o psicoterapeuta. A relação intersubjetiva se torna um convite à exploração de uma experiência de linguagem em seu potencial criador, que é engajamento no mundo e que possa se constituir pelo novo e pelo criativo.
A discussão sobre a relação da criança com os outros, presente na fenomenologia de Merleau-Ponty, convida-nos a um retorno ao fenômeno infantil que se apresenta na relação. Isso diz respeito a se voltar para como a criança estabelece suas relações, quem seria esse outro para ela e as diferentes formas de linguagem através das quais ela se comunica com os diferentes outros. Para o psicoterapeuta, o acesso e a compreensão desse lebenswelt é uma forma de responder ao chamado da criança, em sua alteridade e naquilo que ela apresenta como necessidade para que esteja em psicoterapia. Nessa relação, que acontece via esquema corporal, a criança, através da relação com o psicoterapeuta, se relaciona também consigo mesma.
A relevância da constante criticidade em torno das preconcepções sobre infância e da perspectiva representacional dos adultos acerca da criança, destacada na filosofia de Merleau-Ponty, contribui para um desenvolvimento relacional, interventivo e comunicacional na psicoterapia, assim como nos apontam os limites inerentes ao tipo de relação que estabelecemos e nos possibilita um contato com a criança, que sempre será uma tentativa de completude. Essa completude nunca se concretizará, uma vez que o fenômeno infantil não se encerra em nossa representação acerca da infância.
Consideramos importante a continuidade da produção de pesquisas acerca do diálogo das teorias psicoterápicas com crianças, com a filosofia de Merleau-Ponty. Não temos a pretensão de esgotar a discussão sobre a intervenção com esse público, mas, sim, de apontar uma possibilidade de interlocução que compreendemos como profícua. O desenvolvimento de pesquisas, tanto teóricas quanto empíricas, pode contribuir para referendar a fecundidade do pensamento fenomenológico merleau-pontyano para o aprimoramento da teoria e da prática da psicoterapia com crianças.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
25 Jun 2021 -
Data do Fascículo
2021
Histórico
-
Recebido
28 Maio 2020 -
Revisado
15 Dez 2020 -
Aceito
28 Fev 2021