Resumos
Por ser uma cultura de cultivo recente no país, a pitaya (Hylocereus undatus) ainda carece de estudos, de forma a dar suporte aos produtores. Nesse sentido, o trabalho foi desenvolvido visando a caracterizar a fenologia reprodutiva da cultura na região de Jaboticabal - SP. Avaliou-se clone de pitaya conduzido sob duas colorações de tela plástica, branca e preta, ambas com 50% de sombreamento, durante março de 2009 a dezembro de 2010. Observou-se que a emissão de gemas florais tem início no mês de novembro, com emissão constante até o mês de março, enquanto que o florescimento ocorre até meados de abril, sendo que as altas temperaturas associadas ao início da estação chuvosa são fatores fundamentais para a emissão das gemas reprodutivas. A coloração da tela plástica influenciou no total de flores. O tempo compreendido desde a emissão das gemas até a antese é de 18 a 23 dias, enquanto, da antese à colheita é de 34 a 43 dias. O tempo total entre o aparecimento do botão floral até a colheita pode levar de 52 a 66 dias
Hylocereus undatus; comportamento fenológico; sombreamento
The dragon fruit (Hylocereus undatus) is recent crop cultivation in Brazil and there is still lack of studies to support the farmers. So, this research aimed to characterize the reproductive phenology of the crop in the region of Jaboticabal, São Paulo State, Brazil. It was evaluated red dragon fruit clones over two environmental conditions - under plastic screen black and white, with 50% of shady level, from March 2009 to December 2010. It was observed that the issuance of floral buds and the flowering on dragon fruit culture occurs with a combination of high temperatures and rainfall, with constant emission of floral buds from November to March while the flowering on dragon fruit culture occurs until mid-April. The color of plastic screen had influenced on amount of flowers. The time elapsed since the issuance of flower buds to anthesis is from 18 to 23 days, while the harvest occurs from 34 to 43 days after flower opening. At Jaboticabal, the time of appearance of flower bud to fruit harvest is from 52 to 66 days
Hylocereus undatus; phenology; shady
INTRODUÇÃO:
A pitaya vermelha [Hylocereus undatus (Haworth) Britton & Rose]
é uma cactácea nativa da América Latina, provavelmente do México e Colômbia, sendo
hoje amplamente distribuída por todo o mundo nas regiões tropicais e subtropicais
(LE BELLEC et al., 2006LE BELLEC, F. et al. Pitahaya (Hylocereus spp.): a new crop, a
market with a future. Fruits, Paris, v.61, n.4, p.237-250, 2006. Disponível em:
<http://journals.cambridge.org/download.php?file=%2FFRU%2FFRU61_04%2FS0248129406000211a.pdf&code=43f8e5939236678e9ea5e022a6df2e32>.
Acesso em: 25 set. 2014. doi: 10.1051/fruits:2006021.
http://journals.cambridge.org/download.p...
). No Brasil, seu
cultivo ainda é incipiente, existindo pequenas áreas de produção situadas
principalmente no Estado de São Paulo, localizadas na região de Catanduva (BASTOS et al., 2006BASTOS, D.C. et al. Propagação da Pitaya Vermelha por estaquia.
Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.30, n.6, p.1106-1109, 2006. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-70542006000600009&script=sci_arttext>.
Acesso em: 25 set. 2014. doi: 10.1590/S1413-70542006000600009.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141...
).
Para seu cultivo, é indicado que a planta seja conduzida sob condições de
sombreamento entre 30 a 60%, dependendo do local (MIZRAHI & NERD, 1999MIZRAHI, Y.; NERD, A. Climbing and columnar cacti: new arid lands
fruit crops. In: JANICK, J. (Ed.). Perspective in new crops and new crops uses.
Alexandria: ASHS, 1999. p.358-366.), pois sua atividade fotossintética e seu
crescimento são inibidos quando cultivada a pleno sol (RAVEH et al., 1998RAVEH, E. et al. Responses of two hemiepiphytic fruit crop cacti to
different degrees of shade. Scientia Horticulturae, Amsterdam, v.73, p.151-164,
1998. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0304423897001349>.
Acesso em: 25 set. 2014. doi: 10.1016/S0304-4238(97)00134-9.
http://www.sciencedirect.com/science/art...
), ocorrendo o amarelecimento dos cladódios
(RAVEH et al., 1993RAVEH, E. et al. Pitayas (Genus Hylocereus): a new fruit crop for
the Negev Desert of Israel. In: JANICK, J. SIMON, J.E. (Eds.). News crops. New
York: Wiley, 1993. Cap.13, p.491-495.). Porém, o
sombreamento excessivo também pode prejudicar seu desenvolvimento, resultando em
estiolamento de cladódios e severa redução do florescimento, consequentemente,
afetando a produção (MERTEN, 2003MERTEN, S. A review of Hylocereus production in the United States.
Journal of the Professional Association for Cactus Development, California, v.5,
p.98-105, 2003. Disponível em:
<http://www.jpacd.org/downloads/vol5/v5p98-105.pdf>. Acesso em: 25 set.
2014.
http://www.jpacd.org/downloads/vol5/v5p9...
). Assim, é
essencial compreender as possíveis interações entre o florescimento e os fatores
ambientais para maximizar a produção de frutos. A indução de floração está ligada a
atributos da planta e do ambiente. Em relação à planta, a idade e tamanho são
fundamentais para algumas espécies. Fotoperíodo e temperatura destacam-se na
ecofisiologia do florescimento (TAIZ &
ZEIGER, 2009TAIZ, L. ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 4. ed. Porto Alegre: Artmed,
2009. 722 p.). A pitaya é uma espécie dependente do fotoperíodo, sendo
caracterizada como de dias longos (NERD et al.,
2002aNERD, A. et al. High Summer temperatures inhibit flowering in vine
pitaya crops (Hylocereus spp.). Scientia Horticulturae, Amsterdam, v.96,
p.323-350, 2002. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0304423802000936>.
Acesso em: 25 set. 2014. doi: 10.1016/S0304-4238(02)00093-6.
http://www.sciencedirect.com/science/art...
).
O conhecimento da fenologia reprodutiva de uma determinada frutífera é importante,
pois as informações obtidas sobre os períodos de brotação, florescimento,
frutificação e colheita podem auxiliar no estabelecimento de tratos culturais e
fitossanitários mais adequados (MARO et al.,
2012MARO, L.A.C. et al. Ciclo de produção de cultivares de framboeseiras
(Rubus idaeus) submetidas à poda drástica nas condições do sul de Minas Gerais.
Revista Brasileira de Fruticultura, v.34, n.2, p.435-441, 2012. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-29452012000200016>.
Acesso em: 25 set. 2014. doi: 10.1590/S0100-29452012000200016.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
; OLIVEIRA et al., 2012OLIVEIRA, M.C. et al. Características fenológicas e físicas e perfil
de ácidos graxos em oliveiras no sul de Minas Gerais. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, Brasília, v.47, n.1, p.30-35, 2012. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-204X2012000100005&lng=pt&nrm=is>.
Acesso em: 25 set. 2014. doi: 10.1590/S0100-204X2012000100005.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
).
Diante do exposto, o objetivo deste trabalho consistiu em avaliar a fenologia
reprodutiva de plantas de pitaya vermelha, em dois ciclos de produção, com
sombreamento com duas colorações de telas, na região de Jaboticabal, SP.
MATERIAL E MÉTODOS:
O trabalho foi desenvolvido em área experimental do Departamento de Produção Vegetal da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - UNESP - Campus de Jaboticabal - SP. O local apresenta solo do tipo LATOSSOLO VERMELHO eutroférrico, A moderado, textura argilosa, segundo classificação da EMBRAPA (1999)EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília, 1999. 412p.. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é Cwa (subtropical, com inverno seco e verão chuvoso), apresentando temperatura média anual de 22ºC.
Avaliou-se clone de pitaya vermelha [H. undatus (Haworth) Britton & Rose] proveniente de mudas produzidas por meio de estacas e implantadas na área experimental em 2003. As plantas estão sendo cultivadas tutoradas em mourão de eucalipto, sob cobertura de tela plástica, com 50% de sombreamento, que cobre apenas a parte superior da planta, evitando exposição direta ao sol no período mais quente do dia.
Inicialmente, para instalação do experimento, as plantas foram previamente podadas, reduzindo-se o tamanho do ramo, para que houvesse padronização do seu comprimento. Após a poda, em cada planta, foram marcados três cladódios, sadios, distribuídos ao acaso, na parte mediana da planta, sem a presença de gemas ou frutos, onde foi avaliado o número de gemas floríferas, de flores e de frutos emitidos a cada ciclo. As avaliações foram realizadas a cada três dias, em 40 plantas, sendo vinte sob cobertura de tela plástica branca (clarite(r)) e 20 sob cobertura de tela plástica preta (sombrite(r)), no período de março de 2009 a dezembro de 2010. Foi caracterizada a duração, em dias, dos seguintes estádios: emissão das gemas, desenvolvimento do botão floral, florescimento, desenvolvimento de frutos, início da maturação e colheita. Para caracterização do desenvolvimento dos frutos, foram realizadas polinizações manuais, em virtude da falta de polinizadores eficientes e da incompatibilidade polínica observada no clone avaliado. Na ocasião da antese, as flores foram emasculadas e polinizadas com pólen coletado de flores de H. polyrhizus. Após a polinização, as flores foram cobertas com sacos plásticos do tipo TNT (tecido não tecido), mantidos por cerca de dez dias, sendo retirados quando foi verificado o pegamento, constatado pelo inchaço do ovário.
RESULTADOS E DICUSSÃO:
A emissão das gemas reprodutivas no ano de 2009 ocorreu no início do mês de novembro, enquanto que, em 2010, houve um atraso de cerca de 15 dias, havendo a emissão das gemas posteriormente à segunda quinzena do mês. Apesar de não se ter variações climáticas que possam justificar este comportamento, é de se supor que pequenas mudanças de temperatura ou luminosidade influenciem esta característica. Antes que ocorresse a antese das primeiras flores, ocorreu a emissão de novas gemas floríferas. Assim, podem-se encontrar plantas com botões florais desenvolvidos, flores abertas, frutos e novas gemas. Este comportamento mostra que a planta possui múltiplas demandas nessa fase, devido ao aumento da relação fonte/dreno. Assim, é necessário que os produtores deem maior atenção a este período, pois pode ser considerado o de maior exigência da planta, no que se refere à irrigação e adubação, além da competição entre os frutos nos diversos estádios de desenvolvimento, indicando que a realização de desbaste é uma prática que deve ser considerada para a obtenção de frutos comercializáveis. É importante também atentar quanto à aplicação de defensivos, uma vez que pode afetar a presença de polinizadores e também quanto ao resíduo nos frutos, uma vez que podem ser encontrados, na mesma planta, em diversas fases de desenvolvimento.
Na região de Jaboticabal - SP pode-se observar a ocorrência de nove fluxos floríferos
anuais. O primeiro florescimento ocorreu em novembro, havendo florescimentos
sucessivos até meados de abril. Em Lavras - MG, o florescimento da pitaya se dá em
três a cinco surtos de floradas (MARQUES et al.,
2011MARQUES, V.B. et al. Fenologia reprodutiva de pitaia vermelha no
município de Lavras, MG. Ciência Rural, Santa Maria, v.41, n.6, p.984-987, 2011.
Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84782011000600011>.
Acesso em: 25 set. 2014. doi: 10.1590/S0103-84782011005000071.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
), entre novembro a março, enquanto que, em Israel, o florescimento
de H. undatus, H. polyrhizus e H.
costaricensis (estas duas últimas espécies de polpa roxa) ocorrem em dois
ou três fluxos durante o verão (WEISS et al.,
1994WEISS, J. et al. Flowering behavior and pollination requirementes in
climbing cacti with fruit crop potential. HortScience, Alexandria, v.29,
p.1487-1492, 1994. Disponível em:
<http://hortsci.ashspublications.org/content/29/12/1487.full.pdf>. Acesso
em: 25 set. 2014.
http://hortsci.ashspublications.org/cont...
). NERD et al. (2002)NERD, A. et al. High Summer temperatures inhibit flowering in vine
pitaya crops (Hylocereus spp.). Scientia Horticulturae, Amsterdam, v.96,
p.323-350, 2002. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0304423802000936>.
Acesso em: 25 set. 2014. doi: 10.1016/S0304-4238(02)00093-6.
http://www.sciencedirect.com/science/art...
, também
em trabalho realizado em Israel, observaram que o florescimento de H. undatus
e H. polyrhizus, nas zonas costeiras, ocorreu no verão e
outono, com três ou quatro fluxos, enquanto nas regiões de vale foi restrito ao
outono, com um pequeno fluxo (menos que cinco flores por metro linear). Estes
autores observaram que as altas temperaturas que prevalecem nos vales inibem a
produção de flores em ambas as espécies estudadas.
A emissão de gemas predominou em novembro, nos dois ciclos de produção avaliados, com
cerca de 35% do total emitido durante o período de novembro a março, quando houve a
menor quantidade emitida (8% do total). No mês de dezembro, ocorreu a abertura da
maior quantidade de flores (30%), em reflexo do desenvolvimento da maior quantidade
de botões florais emitidos durante o mês anterior. Observou-se que a emissão de
gemas coincidiu com altas temperaturas e início da estação chuvosa (Figura 1). Este resultado é semelhante ao
relatado por MARQUES et al. (2011)MARQUES, V.B. et al. Fenologia reprodutiva de pitaia vermelha no
município de Lavras, MG. Ciência Rural, Santa Maria, v.41, n.6, p.984-987, 2011.
Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84782011000600011>.
Acesso em: 25 set. 2014. doi: 10.1590/S0103-84782011005000071.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
em Lavras,
MG, onde o florescimento da pitaya vermelha também tem início no verão. O
desenvolvimento de frutos associados ao período chuvoso também foi relatado para
outras cactáceas, como Stenocereus stellatus (Pfeiff.) Riccob (GARCÍA-SUÁREZ et al., 2007GARCÍA-SUÁREZ, F. et al. Pitaya (Stenocereus stellatus) fruit growth
is associated to wet season in Mexican dry tropic. Pyton, Vicente López, v.76,
p.19-26, 2007. Disponível em:
<http://www.scielo.org.ar/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1851-56572007000100002>.
Acesso em: 25 set. 2014.
http://www.scielo.org.ar/scielo.php?scri...
),
Pilosocereus sp., Cereus hexagonus (L.) Mill (RUIZ et al., 2000RUIZ, A. et al. Estudio fenológico de cactáceas en el Enclave Seco
de La Tatacoa, Colombia. Biotropica, Malden, v.32, n.3, p.39-407, 2000.
Disponível em:
<http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1744-7429.2000.tb00486.x/pdf>.
Acesso em: 25 set. 2014. doi:
10.1111/j.1744-7429.2000.tb00486.x.
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.11...
) e Opuntia
ficus-indica (L.) Mill. (SEGANTINI et
al., 2010SEGANTINI, D.M. et al. Fenologia da figueira-da-índia em
Selvíria-MS. Revista Brasileira de Fruticultura Jaboticabal, v.32, n.2,
p.630-636, 2010. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-29452010000200038>.
Acesso em: 25 set. 2014. doi: 10.1590/S0100-29452010005000049.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
). O desenvolvimento florífero em época chuvosa pode ser
prejudicial à porcentagem de fixação de frutos, já que a flor abre apenas uma vez.
Caso ocorra precipitação na noite da abertura, pode ocorrer lavagem do grão de
pólen, o que inviabiliza a polinização, resultando em queda da produção. Além disso,
nessas condições, a ocorrência de doenças se acentua, aumentando o custo pelo
aumento do número de pulverizações ou perda de qualidade.
: Número de botões florais e flores observadas no período de março de 2009 a dezembro de 2010, em relação à temperatura média e precipitação mensal em Jaboticabal, SP.
Nos diferentes fluxos e épocas avaliadas, o florescimento ocorreu entre 18 e 23 dias
após o surgimento da gema florífera, concordando com NERD et al. (2002)NERD, A. et al. High Summer temperatures inhibit flowering in vine
pitaya crops (Hylocereus spp.). Scientia Horticulturae, Amsterdam, v.96,
p.323-350, 2002. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0304423802000936>.
Acesso em: 25 set. 2014. doi: 10.1016/S0304-4238(02)00093-6.
http://www.sciencedirect.com/science/art...
, que afirmam que o desenvolvimento da gema, até a
antese, é de cerca de três semanas. Na região de Lavras, MG, o florescimento ocorre
entre 19 a 21 dias após a emissão das gemas (MARQUES
et al., 2011MARQUES, V.B. et al. Fenologia reprodutiva de pitaia vermelha no
município de Lavras, MG. Ciência Rural, Santa Maria, v.41, n.6, p.984-987, 2011.
Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84782011000600011>.
Acesso em: 25 set. 2014. doi: 10.1590/S0103-84782011005000071.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
). A abertura floral ocorreu no início da noite, com
fechamento na manhã seguinte, sendo que, em dias nublados, ela se estende até quase
o fim da manhã. Na literatura, é relatado que morcegos, mariposas e abelhas (VALIENT-BANUET et al., 2007VALIENTE-BANUET, A. et al. Pollination biology of the hemiepiphytic
cactus Hylocereus undatus in the Tehuacán Valley, Mexico. Journal of Arid
Environments, Londres, v.68, p.1-8, 2007. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0140196306001406>.
Acesso em: 25 set. 2014. doi: 10.1016/j.jaridenv.2006.04.001.
http://www.sciencedirect.com/science/art...
; MARQUES et al., 2012MARQUES, V.B. et al. Ocorrência de insetos na pitaia no município de
Lavras-MG. Revista Agrarian, Dourados, v.15, n.5, p.88-92, 2012. Disponível em:
<http://www.periodicos.ufgd.edu.br/index.php/agrarian/article/viewFile/1116/1020>.
Acesso em: 25 set. 2014.
http://www.periodicos.ufgd.edu.br/index....
) são polinizadores
naturais das pitayas. No Brasil, é relatado que apenas as abelhas atuam como
polinizadores desta espécie (MARQUES et al.,
2012MARQUES, V.B. et al. Ocorrência de insetos na pitaia no município de
Lavras-MG. Revista Agrarian, Dourados, v.15, n.5, p.88-92, 2012. Disponível em:
<http://www.periodicos.ufgd.edu.br/index.php/agrarian/article/viewFile/1116/1020>.
Acesso em: 25 set. 2014.
http://www.periodicos.ufgd.edu.br/index....
) e, devido ao seu tamanho, são muito menos eficientes que os
morcegos (VALIENTE-BANUET et al., 2007VALIENTE-BANUET, A. et al. Pollination biology of the hemiepiphytic
cactus Hylocereus undatus in the Tehuacán Valley, Mexico. Journal of Arid
Environments, Londres, v.68, p.1-8, 2007. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0140196306001406>.
Acesso em: 25 set. 2014. doi: 10.1016/j.jaridenv.2006.04.001.
http://www.sciencedirect.com/science/art...
), além
de atuarem num período menor de abertura das flores, uma vez que o fechamento destas
ocorre logo pela manhã. Assim, a polinização manual torna-se uma prática necessária
para a obtenção de frutos comerciais.
O sombreamento afetou a formação e a produção de flores (Figura 2). Observou-se maior emissão de botões florais (15% a
mais) nas plantas conduzidas sob tela plástica preta, em relação ao total de botões
emitidos pelas plantas conduzidas sob tela plástica branca. Porém, a porcentagem de
botões que floresceram foi semelhante, cerca de 87% do total nos dois ambientes, mas
com 13% a mais de produção sob tela escura. BEZERRA
NETO et al. (2005)BEZERRA NETO, F. et al. Sombreamento para produção de mudas de
alface em alta temperatura e ampla luminosidade. Horticultura Brasileira,
Brasília, v.23, n.1, p.133-137, 2005. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-05362005000100028>.
Acesso em: 25 set. 2014. doi: 10.1590/S0102-05362005000100028.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
relatam que o tipo de radiação que chega à superfície
foliar é variável com a coloração da tela de sombreamento, sendo que o teor de
radiação fotossinteticamente ativa é maior sob a tela branca em relação à tela
preta. Além disso, as diferentes colorações de tela podem acarretar num pequeno
aumento da temperatura, que pode influenciar no florescimento. Dessa forma, a
coloração da tela pode afetar diretamente o microclima, influenciando o
desenvolvimento das plantas. A colheita, durante o período avaliado, variou de 34 a
43 dias. Sete dias após a polinização, é possível verificar se a flor foi ou não
fertilizada. Caso haja fertilização, o ovário permanece verde e inicia seu
desenvolvimento, aumentando em diâmetro. Em flores onde não houve o pegamento do
fruto, o ovário amarelece e murcha, caindo alguns dias depois. Para frutos cuja
polinização ocorreu no mês de março, a maturação ocorreu cerca de 36 dias após a
polinização, enquanto que frutos obtidos a partir de polinização no mês de abril
tiveram um desenvolvimento mais vagaroso, estando aptos para a colheita com cerca de
42 dias. Segundo CASTILLO & ORTIZ
(1994)CASTILLO, M.R.; ORTIZ, Y.D.H. Floración y fructificación de pitajaya
em Zaachila, Oaxaca. Revista Fitotecnia Mexicana, Chapingo, v.17, p.12-19, 1994. e WEISS et al. (1994)WEISS, J. et al. Flowering behavior and pollination requirementes in
climbing cacti with fruit crop potential. HortScience, Alexandria, v.29,
p.1487-1492, 1994. Disponível em:
<http://hortsci.ashspublications.org/content/29/12/1487.full.pdf>. Acesso
em: 25 set. 2014.
http://hortsci.ashspublications.org/cont...
o
tempo requerido para o desenvolvimento dos frutos, da antese à colheita, é de 39 a
52 dias. MARQUES et al. (2011)MARQUES, V.B. et al. Fenologia reprodutiva de pitaia vermelha no
município de Lavras, MG. Ciência Rural, Santa Maria, v.41, n.6, p.984-987, 2011.
Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84782011000600011>.
Acesso em: 25 set. 2014. doi: 10.1590/S0103-84782011005000071.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
observaram
que, em Lavras, o tempo decorrido para o desenvolvimento do fruto é de 30 a 40 dias
após a abertura da flor.
: Gemas floríferas e flores emitidas por plantas de pitaya cultivadas sob telas de coloração branca e preta.
CENTURIÓN et al. (2008)CENTURIÓN, Y.A. et al. Cambios físicos, químicos e sensoriales en
frutos de pitahaya (Hylocereus undatus) durante su desarrolo. Revista Fitotecnia
Mexicana, Chapingo, v.31, n.1, p.1-5, 2008. Disponível em:
<http://www.revistafitotecniamexicana.org/documentos/31-1/1a.pdf>. Acesso
em: 25 set. 2014.
http://www.revistafitotecniamexicana.org...
, avaliando o
desenvolvimento de frutos de H. undatus no México, observaram que a
maturação ocorreu entre 25 e 31 dias após a antese, com temperatura média e
precipitação de 26,1ºC e 73,9mm, respectivamente, durante o período de avaliação. Em
Israel, 30 a 35 dias decorrem da antese à coloração completa do fruto, quando
temperaturas diárias são de 25ºC, mas de 40-45 dias são requeridos quando a
temperatura diária média é de 20ºC (NERD et al.,
1999NERD, A. et al. High Summer temperatures inhibit flowering in vine
pitaya crops (Hylocereus spp.). Scientia Horticulturae, Amsterdam, v.96,
p.323-350, 2002. Disponível em:
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Acesso em: 25 set. 2014. doi: 10.1016/S0304-4238(02)00093-6.
http://www.sciencedirect.com/science/art...
). Assim, é possível inferir que o desenvolvimento dos frutos de
pitaya vermelha é dependente diretamente das condições do local de cultivo
(temperatura e precipitação), sendo menor sua duração em condições de maior
temperatura e precipitação. No primeiro ciclo, a temperatura média foi de 22,9ºC, e
201,8mm de precipitação, enquanto, no segundo ciclo, foi de 21,1ºC e 95,5mm.
O tempo total entre o aparecimento do botão floral até a colheita pode levar entre 52
a 66 dias. Este período parece ser dependente do local da cultura, uma vez que, no
Sri Lanka, PUSHPAKUMARA et al. (2005)PUSHPAKUMARA, D. et al. Flowering and fruiting phenology,
pollination vectors and breeding system of dragon fruit (Hylocereus spp.). Sri
Lankan Journal of Agricultural Sciences, Sri Lanka, v.42, p.81-91,
2005. afirmam
que o período da emissão do botão floral até a colheita pode variar entre 60 e 70
dias, enquanto que, em Lavras, este período foi um pouco menor, de 50 a 60 dias
(MARQUES et al., 2011MARQUES, V.B. et al. Ocorrência de insetos na pitaia no município de
Lavras-MG. Revista Agrarian, Dourados, v.15, n.5, p.88-92, 2012. Disponível em:
<http://www.periodicos.ufgd.edu.br/index.php/agrarian/article/viewFile/1116/1020>.
Acesso em: 25 set. 2014.
http://www.periodicos.ufgd.edu.br/index....
).
CONCLUSÃO:
Pode-se observar a ocorrência de nove fluxos floríferos, com início de emissão de gemas no mês de novembro e pico de florescimento no mês de dezembro, sendo que altas temperaturas e início da estação chuvosa estão associados ao início da emissão das gemas reprodutivas.
Da emissão das gemas até a antese, tem-se de 18 a 23 dias, enquanto, da antese à colheita, de 34 a 43 dias. O tempo total do aparecimento do botão floral até a colheita é de 52 a 66 dias. A coloração de cobertura plástica influencia no total de flores.
AGRADECIMENTOS
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pela concessão de bolsa de mestrado à primeira autora (Processo 2008/56615-5).
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
09 Jan 2015 -
Data do Fascículo
Abr 2015
Histórico
-
Recebido
14 Jun 2012 -
Aceito
13 Ago 2014