Resumos
O porte da mangueira, atinge normalmente a altura de 10 a 12 m e um diâmetro de 7 a 10 ou mais metros, dificultando os tratos culturais, fitossanitários e a colheita. A redução da copa da mangueira à metade de suas dimensões, leva a uma maior densidade de plantas por hectare, maior facilidade de tratos culturais de colheita e da poda dos ramos atacados pela seca da mangueira. Como consequência a produtividade também é maior. Com essa finalidade é apresentada a presente nota.
mangueira; copa; manejo
The height of mango trees is, in general, of the order of 10 to 12 m, with a crown diameter of 7 to 10 m, a size that is not compatible with management practices such as phytosanitary spraies and harvest. The reduction of the crown of the mango tree to half its size would permit a higher plant density per hectar, a greater facility of management practices, like harvest and deseased branch pruning. As a consequence a higher yield is also expected. This note is presented with the aim of discussing this issue.
mango tree; crown; management
NOTA
REDUÇÃO DA COPA DA MANGUEIRA
Salim Simão1; Luiz Eduardo Zamariolli2
1Depto. de Horticultura-ESALQ/USP, C.P. 9, CEP: 13418-900 - Piracicaba, SP.
2Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia - C.P. 72, CEP: 17580-000 - Pompéia, SP.
RESUMO: O porte da mangueira, atinge normalmente a altura de 10 a 12 m e um diâmetro de 7 a 10 ou mais metros, dificultando os tratos culturais, fitossanitários e a colheita. A redução da copa da mangueira à metade de suas dimensões, leva a uma maior densidade de plantas por hectare, maior facilidade de tratos culturais de colheita e da poda dos ramos atacados pela seca da mangueira. Como consequência a produtividade também é maior. Com essa finalidade é apresentada a presente nota.
Palavras-chave: mangueira, copa, manejo
MANGO TREE CROWN REDUCTION
ABSTRACT: The height of mango trees is, in general, of the order of 10 to 12 m, with a crown diameter of 7 to 10 m, a size that is not compatible with management practices such as phytosanitary spraies and harvest. The reduction of the crown of the mango tree to half its size would permit a higher plant density per hectar, a greater facility of management practices, like harvest and deseased branch pruning. As a consequence a higher yield is also expected. This note is presented with the aim of discussing this issue.
Key words: mango tree, crown, management
INTRODUÇÃO
Poucos estudos tem sido levados a efeito sobre redução do porte da mangueira. Segundo Srivastata et al. (1989) o porta-enxerto tem importância fundamental no rendimento, tamanho, capacidade de armazenamento, resistência a doenças. Estes autores estudaram 24 porta-enxertos, sendo 13 mono e 11 poliembriônicos, tendo como copa a variedade Dashehari. Os resultados obtidos mostraram que nenhum dos porta-enxertos alterou significativamente a característica varietal.
Ran e Sirohi (1988) estudando a densidade de um pomar de manga no espaçamento 3,0 x 2,5 para a variedade Dashehari, verificaram que o desenvolvimento em altura e diâmetro eram semelhantes às plantadas em maior espaçamento 12 x 12 metros, porém o rendimento era de 22 vezes maior, isto porque havia 22 vezes mais mangueiras por área, no espaçamento de 3,0 x 2,5 m. Após o 8o. ano, os autores observaram que a poda seria necessária para manter o equilíbrio. Mayunder et Sharma (1988), utilizaram a variedade Amrapali, híbrida (Dashehari x Nulum) de pequeno porte e enxertada sobre porta-enxerto também de pequeno porte e cultivaram 1600 plantas por hectare no espaçamento 2,50 x 2,50, no sistema triangular e obtiveram um rendimento de 22 toneladas, em comparação a 8,67 toneladas para o espaçamento de 12 x 12 metros, aos 5 anos de idade. Para Simão (1971), a área disponível por planta está intimamente relacionada ao volume da copa e a disposição da árvore no terreno.
MATERIAL E MÉTODOS
A presente investigação foi realizada no campus da Fundação Shungi Nishimura, Escola Técnica de 2o. grau, na cidade de Pompéia/SP.
O plantio das mangueiras foi feito em novembro de 1989 e a contagem dos frutos e as medidas do diâmetro da copa, tomadas nos dois sentidos, em 1993. A variedade de mangueira é a Oliveira Neto, de excelente sabor e boa produtividade, com dois porta-enxertos: Espada (E) e Coco (C). O delineamento foi inteiramente casualizado, com duas repetições por tratamento.
O espaçamento utilizado no pomar foi de 4,00 x 3,00 m. Para determinar o tamanho das covas na redução do sistema radicular, utilizou-se de cilindro de concreto de 1,0 m de comprimento e de dois diferentes diâmetros; o maior (VG) de 1,00 m e o menor de (Vp) 0,50 m, compreendendo: vaso grande (V-CF) e vaso pequeno (VpCF) todos com fundo fechado, limitando o desenvolvimento da raiz em profundidade e (VGSF e (VpSF), vaso grande e vaso pequeno sem fundo ou fundo livre. As plantas testemunhas foram plantadas no solo, como em um pomar comum, sem o uso dos vasos. Os tratamentos foram os seguintes:
-Oliveira Neto sobre porta-enxerto:
1-Espada: EVGSF; EVGCF; EVpSF: EVpCF e
2-Coco: CVGSF; CVGCF; CVpSF; CVpCF
3-Testemunha: A-B = Espada, diretamente no solo, sem cilindro
4-Testemunha: C-D = Coco, diretamente no solo, sem cilindro
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A TABELA 1 apresentra o número de frutos em relação ao diâmetro do tubo, onde se pode verificar que a produção de manga foi maior na planta cultivada em vaso grande em comparação com vasos menores. As plantas testemunhas, tiveram produção maior de frutas em média por pé.
Do exame dos dados da TABELA 2, observa -se que as plantas nos vasos sem fundo foram mais produtivas que nos vasos com fundo.
Altura das plantas envasadas: Na TABELA 3, é apresentada a altura das mangueiras envasadas em tubo grande e pequeno, com e sem fundo.
Pelo exame da TABELA 3 verifica-se que as mangueiras não apresentam diferenças com relação aos tratamentos.
A impressão que se tem é que os tubos não impediram, até o momento das medidas, o desenvolvimento do sistema radicular e em razão disso o crescimento em altura,não foi represado, confirmando a pesquisa de Ran e Siroshi (1988),que verificaram que o desenvolvimento em altura não sofre alteração, tanto no menor como no maior espaçamento.
Diâmetro das copas: Na TABELA 4, são apresentados os dados referentes aos diâmetros das copas. Verifica-se que as mangueiras plantadas tanto nos tubos grandes como nos pequenos, apresentaram aproximadamente o mesmo diâmetro. Quando comparadas com as plantas testemunha verifica-se que estas tiveram uma maior expansão no diâmetro da copa-3,80 m para a espada e 4,25 para coco, demonstrando que os vasos, tanto grande como pequeno limitaram o desenvolvimento da mangueira em seu diâmetro.
Produção da mangueira por metro quadrado de área: O espaçamento normal adotado para o cultivo da mangueira é de 10,0 x 10,0 metros, ou seja, 100 metros quadrados por planta, correspondendo a 100 mangueiras por hectare. No presente ensaio o espaçamento estabelecido foi de 3,0 x 4,0 metros ou seja 12 metros quadrados por árvore, o que proporcionou o plantio de 833 mangueiras por hectare.
Pelo exame da TABELA 1, verifica-se que a produção média nos vasos grandes foi de 120,8 frutos por pé e nos pequenos de 109,7 e das plantas testemunha em torno de 155,1, como média para duas variedades de porta-enxerto .Considerando-se agora a produção por metro quadrado, tem-se os seguintes resultados: Espada, como porta enxerto 9,0 frutos por metro quadrado e a coco 11,09 para vaso grande; e para vaso pequeno a produção por metro quadrado seria para a espada 9,6 frutos e para coco 7,1 frutos. Com relação as plantas testemunha plantadas a 100 metros quadrados a produção seria para espada 1,2 frutos , para coco 1,81 frutos por metro quadrado.
Os dados de produção da variedade Oliveira Neto quando extrapolados para um hectare, as projeções seriam as indicadas na TABELA 5.
Examinando os dados referentes a produção do ano de 1993, das mangueiras plantadas em 1989, portanto com idade de 4 anos,verifica-se que o uso de tubos ou o espaçamento de 3,0 x 4,0 metros durante este período de tempo possibilitou uma produção de no mínimo 6 a 8 vezes maior do que no plantio convencional. O uso de vasilhame descartável, que será utilizado em nova pesquisa com tambores de óleo e vasos similares, poderá ser uma boa opção para redução do diâmetro da copa.
CONCLUSÃO
As observações preliminares aqui feitas não permitem uma avaliação conclusiva do comportamento da mangueira, porém, com relação aos tratamentos fitossanitários principalmente ao controle da "seca da mangueira"e tratos culturais e colheita, os resultados aqui apresentados são altamente positivos.
Recebido para publicação em 22.12.97
Aceito para publicação em 27.01.99
- MAYUNDER, P.K.; SHARMA, D.K. A new of orcharding in Mango,1988. Acta Horticulturae, v.231, p.335-338, 1988.
- RAN SANT; SIROHI, S.C. Studies on high density orcharding in mango c.v. Dashehari 1988. Acta Horticulturae, v.231, p.339-344, 1988.
- SIMĂO, S. Manual de fruticultura Piracicaba: Ed. Agronômica Ceres, 1971. 530p.
- SIMĂO, S. Tratado de Fruticultura. Piracicaba. FEALQ - 1998. 750 p.
- SRIVASTAVA, K.C.; RAJPUT, M.S.; SINGH, N.P.; LAL, B. Rootstock studies in Mango cv Doshehani. Acta horticulturae, v.231, p.219, 1989.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
18 Jun 1999 -
Data do Fascículo
1999
Histórico
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Aceito
27 Jan 1999 -
Recebido
22 Dez 1997