Resumo
Objetivo: caracterizar as práticas sexuais dos adolescentes e sua associação com variáveis sociodemográficas, fontes de informações e hábitos comportamentais.
Método: estudo descritivo observacional, transversal, conduzido com 85 adolescentes de escolas públicas de ensino fundamental e médio de um município do estado de São Paulo. Os dados foram coletados por meio de um questionário estruturado, autoaplicável e anônimo. A análise estatística realizada foi o teste do χ2 e teste de Fisher.
Resultados: a iniciação da vida sexual foi de 21,2% através do sexo oral, com predominância o sexo feminino (94,4%), cor autorreferida parda (55,0%). A prática do sexo vaginal foi relatada em 31,8%, com idade média de iniciação aos 14,5 anos. O sexo feminino foi predominante (77,0%), com cor autorreferida parda (40,0%). A prática de sexo anal foi detectada em 7,1%, com média de idade aos 14,4 anos, prevalente no sexo feminino (83,3%), com cor autorreferida preta (50,0%). Ocorreu a associação entre o uso de álcool, drogas e tabaco com as práticas sexuais (p<0,05).
Conclusão: detectou-se uma diversidade de práticas sexuais, associadas ao uso de substâncias, enfatizando a importância do papel do enfermeiro no planejamento e realização de intervenções de educação em saúde com os adolescentes e famílias.
Descritores: Saúde do Adolescente; Saúde Reprodutiva; Educação em Saúde; Doenças Sexualmente Transmissíveis; Uso de Substâncias; Enfermagem de Atenção Primária
Abstract
Objective: to characterize adolescents’ sexual practices and their association with sociodemographic variables, sources of information and behavioral habits.
Method: a descriptive, observational, cross-sectional study conducted with 85 adolescents from public elementary and high schools in a city in the state of São Paulo. Data were collected through a structured, self-administered and anonymous questionnaire. Statistical analysis was performed using the χ2 test and Fisher’s test.
Results: 21.2% had started their sexual life through oral sex, with a predominance of females (94.4%), self-reported brown color (55.0%). The practice of vaginal sex was reported in 31.8%, with a mean age of initiation at 14.5 years. The female sex was predominant (77.0%), with a self-reported brown color (40.0%). The practice of anal sex was detected in 7.1%, with a mean age of 14.4 years, prevalent in females (83.3%), with a self-reported black color (50.0%). There was an association of alcohol, drugs and tobacco use with sexual practices (p<0.05).
Conclusion: a diversity of sexual practices associated with substance use was detected, emphasizing the importance of the nurse’s role in planning and carrying out health education interventions with adolescents and families.
Descriptors: Adolescent Health; Reproductive Health; Health Education; Sexually Transmitted Diseases; Use Substance; Primary Care Nursing
Resumen
Objetivo: caracterizar las relaciones sexuales de los adolescentes y su relación con las variables sociodemográficas, fuentes de información y hábitos de comportamiento.
Método: estudio descriptivo, observacional y transversal, realizado con 85 adolescentes de escuelas primarias y secundarias públicas de un municipio del estado de São Paulo. Los datos fueron recolectados a través de un cuestionario estructurado, autoadministrado y anónimo. El análisis estadístico se realizó mediante la prueba de χ2 y la prueba de Fisher.
Resultados: el 21,2 % inició su vida sexual a través del sexo oral, con predominio del sexo femenino (94,4 %), y siendo autodeclarados pardos (55,0 %). Las relaciones sexuales con penetración vaginal fueron reportada en 31,8% y con una edad media de inicio de 14,5 años. Predominó el sexo femenino (77,0%) y siendo autodeclaradas pardas (40,0%). La práctica de sexo anal se detectó en el 7,1%, con una edad media de 14,4 años, prevaleciendo el sexo femenino (83,3%) y siendo autodeclarados negros (50,0%). Hubo correspondencia entre el uso de alcohol, drogas y tabaco con las relaciones sexuales (p<0,05).
Conclusión: se detectó una diversidad de relaciones sexuales asociadas al uso de sustancias psicoactivas, destacando la importancia del papel del enfermero en la planificación y realización de reuniones conjuntas sobre educación sanitaria con adolescentes y familias.
Descriptores: Salud del Adolescente; Salud Reproductiva; Educación en Salud; Enfermedades de Transmisión Sexual; Uso de Sustancias; Enfermería de Atención Primaria
Destaques:
(1) Análise da sequência e tempo de iniciação de práticas sexuais, demonstrando a diversidade de atividades sexuais realizadas por adolescentes.
(2) Contexto familiar e baixa abertura para o diálogo e sua correlação com a iniciação das práticas sexuais dos adolescentes.
(3) Hábitos comportamentais: associação do consumo de álcool, tabaco e drogas por adolescentes com atividades sexuais.
Introdução
A adolescência é uma fase intermediária do desenvolvimento humano que compreende a segunda década de vida. No Brasil, o Ministério da Saúde considera para adolescência a mesma faixa etária prescrita pela Organização Mundial da Saúde (OMS), correspondente ao período de 10 a 19 anos1.
Essa fase é envolta por dúvidas e preocupações, principalmente a respeito das escolhas atuais, das perspectivas para o futuro e do cuidado de si. A adolescência é um período marcado pelo aumento da autonomia, imaturidade social e comportamentos de risco que podem ocasionar repercussões na saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes, com maior risco de práticas sexuais não planejadas e desprotegidas, aquisição de infecções sexualmente transmissíveis (IST), gestações indesejadas e prática de abortos inseguros2.
Cuidar da saúde de adolescentes em uma abordagem integral é um desafio, por ser este um grupo em constante mudança e em aquisição de consciência de si e de sua inserção na sociedade1. É esperado que o adolescente tenha a garantia do acesso universal aos serviços e às ações de saúde sexual e reprodutiva, incluindo planejamento reprodutivo e informação de qualidade sobre educação sexual3. A educação sexual é essencial para que os adolescentes adquiram informações confiáveis sobre sexualidade, saúde sexual e práticas seguras. Munidos dessas informações e reconhecendo a presença ou ausência de uma rede de apoio formada por adultos de referência (familiares, professores e/ou profissionais da saúde) são capazes de iniciar práticas sexuais com segurança e de experimentar a sexualidade de forma saudável.
Existem situações que afetam a saúde sexual de adolescentes, e interferem desfavoravelmente no início seguro da vida sexual como a precariedade de estilo de vida, iniquidades de gênero, silenciamentos, negação de direitos sexuais, informações desqualificadas, desigualdades sociais e econômicas. Estas demandam um olhar cuidadoso dos adultos e uma abordagem multidisciplinar quanto à oferta de ações de saúde efetivas e duradouras e que façam sentido para o adolescente e que lhe permita desenvolver autonomia sobre seu cuidado4.
O início precoce da vida sexual (prévio aos 15 anos), está relacionado a comportamentos sexuais de risco, expondo o adolescente a maiores chances de adquirir IST, ter mais parceiros sexuais, fazer uso inconsistente de métodos contraceptivos, engravidar sem desejar e fazer sexo com parcerias de risco. As práticas sexuais desprotegidas acarretam riscos para o adolescente como a aquisição de IST5 e a gravidez na adolescência que representa um problema de saúde pública multidimensional. Com isso, é necessário compreender a multicausalidade envolvida na saúde sexual dos adolescentes para propor intervenções afinadas à realidade e sensíveis às suas especificidades6.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), cerca de 28,0% dos escolares brasileiros do 9º ano do ensino fundamental (média de idade de 14 anos) já tiveram relação sexual7. Entre os adolescentes sexualmente ativos, 24,7-30,8% relataram que não utilizaram preservativos em sua última relação sexual5,7. No Brasil, o percentual de nascidos de vivos de mães adolescentes é de aproximadamente 17,5%, com distribuição espacial heterogênea no território, sobretudo, em regiões com menores índices de desenvolvimento humano, o que evidencia as severas inequidades regionais do país e a perpetuação de ciclos intergeracionais de pobreza8.
Diante desse cenário realizou-se o seguinte questionamento: quais fatores influenciam nas práticas sexuais dos adolescentes? Nessa direção, o presente estudo teve como objetivo caracterizar as práticas sexuais dos adolescentes e sua associação com variáveis sociodemográficas, fontes de informações e hábitos comportamentais. Os resultados desse estudo poderão auxiliar na compreensão das práticas sexuais dos adolescentes e no direcionamento de estratégias de intervenção em educação em saúde no âmbito escolar e na comunidade.
Método
Tipo do estudo
Trata-se de um estudo epidemiológico, observacional, com delineamento transversal e com abordagem quantitativa, conduzido com 85 adolescentes recrutados sequencialmente em duas escolas públicas estaduais no município de Ribeirão Preto-SP, nos anos de 2019 e 2020.
O presente estudo é um recorte de um projeto de pesquisa maior intitulado “Práticas sexuais dos adolescentes em escolas públicas de Ribeirão Preto-SP: prevalência, fatores de risco e determinantes sociais” e foi desenvolvido como iniciação científica financiada pela agência FAPESP Processo n. 2019/11185-8.
Local da coleta de dados
A coleta de dados foi realizada em duas escolas públicas estaduais no município de Ribeirão Preto-SP. A escola 1 foi escolhida dentre as demais escolas estaduais do município, por ter sido campo empírico para a realização de outras atividades de pesquisa e de extensão do grupo de pesquisa que as autoras participam. Por este contato prévio, tivemos um retorno participativo dos alunos e dos professores. Para a escolha da escola 2, buscou-se similaridade de população, número de alunos e nível social e econômico com a escola 1. A coordenação da escola 1 participou da identificação e articulação com a escola 2. Após, o projeto de pesquisa foi apresentado à direção da escola 2 e foi concedida a autorização para a continuidade da coleta de dados da pesquisa.
População e amostra
A população de referência foi constituída por todos os adolescentes que estivessem frequentando as séries do ensino fundamental II e médio das duas escolas independente da série, desde que a idade coincidisse com o definido pela OMS e Ministério da Saúde1. Os participantes foram selecionados de acordo com uma amostra de conveniência e a partir dos critérios de inclusão: adolescentes matriculados no ensino fundamental II ou médio e idade entre 10 e 19 anos.
Coleta de dados
Seguindo a forma de recrutamento utilizada em pesquisa similar anterior9, primeiramente foi feito um acordo entre as pesquisadoras e as diretoras das escolas. A partir de então, procedeu-se a uma série de visitas, pelas pesquisadoras, às escolas, ao final das aulas, com os alunos ainda em sala de aula, para que o projeto fosse apresentado aos adolescentes. Os possíveis participantes, identificados mediante os critérios estabelecidos eram convidados a participar da pesquisa, informados que deveriam levar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) a seus pais ou responsáveis para que estes autorizassem a participação na pesquisa. Após terem ciência da pesquisa e dos aspectos éticos, os adolescentes que retornaram com os TCLE assinados e aceitaram participar assinaram o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE). Caso o possível participante fosse identificado como maior de 18 anos, era-lhe apresentado o TCLE.
Apenas uma pessoa conduziu a coleta de dados, que aconteceu nas próprias escolas, em salas designadas pela direção em horário letivo e teve duração média de 20 minutos. Desta forma foi garantido que todos os dados fossem coletados da mesma maneira, seguindo a mesma compreensão do que estava sendo levantado. A pesquisadora permaneceu no mesmo ambiente que o adolescente durante a coleta dos dados, para garantir que não houvesse dúvidas pelos participantes sobre o que se estava perguntando.
Para a coleta de dados foi utilizado um instrumento desenvolvido e fundamentado nas diretrizes que orientam as boas práticas na realização de estudos observacionais10, com base nas experiências profissionais dos autores, e com base em publicações científicas nacionais e internacionais sobre a temática acerca dos fatores de risco9, práticas sexuais11 e hábitos dos adolescentes5),(7),(11, e assim, fornecessem base para o alcance dos objetivos. Trata-se de um questionário autorrespondido, semiestruturado e anônimo, em forma de checklist, contendo 33 questões divididas em cinco blocos estruturados. No presente recorte do projeto maior, o quinto bloco, referente aos métodos contraceptivos, não foi utilizado. O primeiro bloco contém sete perguntas que abordam dados sociodemográficos dos participantes e familiares e as condições de moradia. O segundo bloco contém seis itens sobre hábitos e comportamentos dos adolescentes e interações familiares. O terceiro bloco contém 12 itens que abordam informações sobre educação sexual (família e escola), e o quarto bloco contém oito questões sobre a sexualidade do adolescente.
Variáveis do estudo
As variáveis analisadas foram: variáveis sociodemográficas (idade em anos, sexo, cor autorreferida, trabalho atual, local, tipo e material da moradia, se moradia própria da família ou não); variáveis do contexto familiar (residir com os pais, pais residem juntos, idade da mãe na primeira gravidez, abertura no ambiente familiar para orientações e conversas sobre sexualidade); variáveis comportamentais (consumo de bebida alcóolica, de tabaco, drogas ilícitas, e em caso positivo, a idade ao início do uso); variáveis referentes a fontes de informações (frequência e pessoas/fonte - pais, familiares, professores, internet ou amigos); aspectos da sexualidade (orientação sexual, idade no primeiro beijo, situação relacional, início de atividade sexual, tipo de relações sexuais praticadas - oral, vaginal e ou anal e número de parceiros).
Tratamento e análise dos dados
Construiu-se um banco de dados com o auxílio do software Excel, no qual foram inseridas as variáveis do estudo, conforme as respostas do questionário. Foram utilizadas três planilhas eletrônicas, sendo uma para a primeira digitação, outra para a segunda digitação e a terceira para o dicionário de codificação e decodificação das variáveis. Para garantir a qualidade e a confiabilidade do processo de digitação, dois digitadores foram capacitados para a realização, sendo que os dados passaram por dupla digitação. Esse procedimento possibilitou o confronto dos dados para verificar inconsistência entre as duas, que foram corrigidas quando detectados erros.
Os dados deste estudo foram submetidos à análise descritiva e comparativa, utilizando do programa estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) v.17.0 para o Windows. Para a análise estatística descritiva dos dados de vertente reprodutiva, as variáveis contínuas foram analisadas sob a forma de medidas de tendência central e dispersão, por meio do teste T de Student para amostras independentes. As variáveis categóricas foram analisadas sob a forma de frequências absolutas e relativas, utilizando-se o teste Qui-quadrado; as formas de análise também se deram a partir da relação da idade dos participantes e a idade de início da vida sexual que foram descritas por meio estatística descritiva simples através da média, desvio padrão e contagem.
Aspectos éticos
Todos os participantes tiveram autorização dos pais ou responsáveis para participar da pesquisa declarada no TCLE. A partir daí o TALE foi lido em conjunto com cada participante, bem como os objetivos do estudo. Aos participantes, foi garantido o sigilo e concedida a liberdade de participar ou não, bem como de desistir a qualquer momento, sem qualquer prejuízo à sua vida na escola. O estudo foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) vinculado à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Conselho Nacional de Saúde (CONEP/CNS), com o protocolo Certificado de Apresentação de Apreciação Ética (CAAE) n. 04953218.5.0000.5393.
Resultados
O estudo contou com a participação de 85 adolescentes, alunos das turmas do 7º ano do ensino fundamental II ao 3º ano do ensino médio. Deste total, 44 pertenciam à escola 1 e 41 alunos à escola 2. A idade dos participantes foi em média 14 anos ± 2,3. A maioria dos participantes era do sexo feminino (n=60; 70,6%), com cor autorreferida parda e preta (n=53; 62,3%) branca (n=28; 32,8%). Com relação ao exercício de atividade remunerada, 10 (11,8%) disseram trabalhar ou já terem trabalhado alguma vez na vida, com idade média de início de trabalho de 12,3 anos ± 3,0). Quanto à moradia, 82 participantes (96,5%) relataram morar em área urbana, sendo a moradia própria da família a mais predominante (n=62; 72,9%).
Com relação à constituição familiar 45 (52,9%) possuem os pais morando juntos na mesma casa, e 38 (44,7%) disseram que suas mães tiveram a primeira gestação com menos de 19 anos. Sobre o ambiente familiar, detectou-se que 34 (40,0%) relataram ambiente fechado/muito fechado; 26 (30,6%) nem aberto nem fechado; 19 (22,3%) aberto/muito aberto para estabelecer um diálogo e 6 (7,1%) não souberam responder.
Acerca dos hábitos comportamentais, 44 adolescentes (50,6%) disseram já ter iniciado o contato com bebidas alcoólicas, com idade de início variando entre 7 e 17 anos, com média de 13,5 anos ±1,78. Com relação ao hábito de fumar 12 (13,8%) relataram já ter tido contato com o fumo, e 16 (18,4%) tiveram apenas contato com drogas.
A maioria dos adolescentes (n=69; 81,2%) relatou ter recebido informações sobre sexualidade na escola, 72 (84,7%) receberam informações sobre IST na escola e 74 (87,0%) receberam informações sobre gravidez.
Em relação à orientação sexual, 47 (55,3%) participantes relataram ser heterossexuais, 24 (28,2%) bissexuais, 2 (2,3%) homossexuais, enquanto 12 (14,1%) não souberam dizer ou não se consideraram nenhuma das opções. Quanto ao status do relacionamento 18 (21,2%) relataram estarem namorando/relacionamento sério, enquanto 14 (16,5%) estavam ficando com alguém.
A maioria dos adolescentes 77 (88,5%) relatou já ter beijado na boca, com média de idade de 11,60 anos ± 2,4, variando de 6 a 17 anos. A Tabela 1 mostra os tipos de prática sexual, considerando sexo oral e com penetração entre os participantes por sexo, cor autorreferida, trabalho e tipo de moradia. Entre todos os adolescentes participantes do estudo, 29 (34,1%) informaram ter praticado sexo com penetração (vaginal, anal ou ambos), outros 18 (21,2%) adolescentes informaram já terem realizado sexo oral, o que configura um cenário de 55,3% de adolescentes que tiveram algum tipo de prática sexual. A prática do sexo vaginal foi relatada por 27 (31,8%) participantes, com idade média de iniciação de 14,5 anos ± 1,26, variando de 12 a 17 anos. O sexo feminino foi predominante (n=21; 77%), com cor autorreferida parda (n=11; 40%). A prática de sexo anal foi referida por 6 (7,1%) participantes, com média de idade de início aos 14,4 anos ± 2,0) variando de 12 a 17 anos, sexo feminino (n=5; 83,3%), com cor autorreferida preta (n=3; 50%). Dos 18 (21,2%) adolescentes que relataram já terem realizado sexo oral, 17 (94,4%) eram do sexo feminino (p=0,0090) e 10 (55%) com cor autorreferida parda (Tabela 1).
Identificou-se que a prática de sexo oral e do sexo com penetração se relaciona com a menor busca por informações na família; enquanto os adolescentes que praticavam sexo oral buscaram mais informações com profissionais da saúde, entretanto essa associação não foi detectada na análise do sexo com penetração (Tabela 2).
Obteve-se associação entre as práticas sexuais dos adolescentes (sexo oral e com penetração) e o uso de álcool, tabaco e drogas (p<0,05), conforme apresentado na Tabela 3.
Discussão
Os dados deste estudo permitiram caracterizar a iniciação de práticas sexuais na adolescência, como sexo oral, vaginal e anal, além de avaliar o contexto familiar, socioeconômico dos adolescentes e hábitos de risco, incluindo o uso de substâncias como álcool, tabaco e drogas e sua associação com a iniciação sexual.
Em relação à orientação sexual, aproximadamente um terço dos adolescentes relataram ser bissexuais e/ou homossexuais. Adolescentes pertencentes a minorias sexuais apresentam maior condição de vulnerabilidade e maior exposição a fatores de risco em relação aos adolescentes heterossexuais12. Estudos com adolescentes homossexuais e bissexuais detectaram maior risco de aquisição de IST, práticas sexuais após o consumo de bebidas alcoólicas, sexo desprotegido, violência, abuso sexual, gestação na adolescência, iniciação sexual precoce (<13 anos), maior número de parcerias sexuais, uso de substâncias ilícitas, sintomas de depressão e outros problemas de saúde mental, além da falta de apoio da família e bullying escolar12)-(14. As necessidades e especificidades desse grupo populacional merecem um olhar direcionado de políticas públicas e das práticas de saúde.
Os comportamentos e práticas sexuais mais frequentes observados no presente estudo foram o beijo, seguido pelo sexo vaginal, oral e anal e idade média de 14,5 anos para sexo com penetração. Estudos brasileiros referenciam que 25-47,3% dos adolescentes já apresentaram relações sexuais5,7,9-10,15, com média de iniciação aos 14 anos7),(9. O presente estudo identificou associação entre a prática do sexo oral e ser adolescente do sexo feminino, divergente de outro estudo brasileiro que detectou a maior prevalência dessa prática em adolescentes e jovens do sexo masculino, e a prática de penetração vaginal exclusiva mais frequente entre as mulheres14. Um estudo longitudinal holandês detectou três trajetórias de desenvolvimento sexual na adolescência: i) trajetória sexual não ativa, com adolescentes com menor envolvimento em atividade sexuais; ii) trajetória sexual gradualmente ativa (linear) com uma progressão sexual de práticas que evoluem do menor para o maior contato sexual; iii) e uma trajetória sexual ativa rápida (não linear), com adolescentes que apresentam evolução das práticas sexuais em um curto período de tempo16. Essa última, relaciona-se com fatores sociais do adolescente e caracteriza-se predominantemente pelo uso insustentado de métodos contraceptivos, possivelmente devido ao menor tempo de reflexão sobre os atos16.
Um estudo realizado nos Estados Unidos demonstrou que 31,4% das mulheres que iniciaram a prática sexual vaginal primeiro, relataram gravidez na adolescência. Entre as mulheres que realizaram sexo vaginal e oral, concomitantemente, 20,5% apresentaram gravidez na adolescência, enquanto as mulheres que iniciaram somente relação sexual orogenital primeiro, apenas 7,9% relataram gravidez na adolescência17. Possivelmente a iniciação da prática do sexo orogenital e com o intervalo de um ano para mudança de outros comportamentos, pode permitir aos adolescentes o desenvolvimento de melhores aptidões relacionadas ao planejamento sexual e capacidade de negociarem decisões relativas à contracepção com os parceiros ao progredirem para as relações sexuais vaginais16)-(17. O que possivelmente vem em consonância com os dados da presente casuística que detectou que os adolescentes que praticavam sexo oral buscaram mais informações relacionadas com a educação sexual com os profissionais de saúde.
A família é o contexto ideal para formação dos indivíduos, por se configurar no principal meio de aquisição de valores necessários para se viver em sociedade. Embora os pais apresentam maior proximidade e contato regular com os filhos18, pode haver relutância em abordar a sexualidade e criar barreiras de comunicação19 podendo influenciar para que o adolescente busque informações com outros membros familiares, e até mesmo entre os pares. Muitos pais podem sentir-se despreparados e pouco confortáveis na abordagem do tema, devido à influência de normas culturais e da religião18)-(19. A abordagem da sexualidade ocorre frequentemente com a centralidade nos aspectos biológicos relacionados à contracepção e prevenção de IST e infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), bem como nas repercussões educacionais, econômicas e na reputação do adolescente na comunidade19, apresentando caráter impositivo e punitivo.
A falta de abertura familiar para diálogo acerca da sexualidade dentro de espaços onde o adolescente sinta-se seguro e acolhido sugere ao adolescente que busque informações que o prepare para o início da vida sexual precocemente e em locais desfavoráveis. A literatura aponta que na sociedade urbana ocidental contemporânea, os adolescentes têm amplo contato com referências do grande valor do sexo e da liberdade sexual, através da mídia e da internet20. Muitas vezes o aprendizado acerca do corpo acontece sozinho, com a busca de informações nas redes sociais, revistas direcionadas para o público adolescente e, eventualmente, em livros21, o que não foi um achado do presente estudo. No entanto, sabe-se que o diálogo insuficiente acerca da saúde sexual entre os pais e os adolescentes é um dos fatores que contribuem para altas taxas de gestação na adolescência e de IST, incluindo a infecção pelo HIV19. Cabe ressaltar que somente a oferta de informações é incipiente para promoção de comportamentos preventivos, torna-se relevante promover continuadamente a reflexão, o olhar crítico e a sensibilização dos adolescentes acerca do autocuidado.
Verificou-se a associação das práticas sexuais dos adolescentes (sexo oral e com penetração) com o uso de álcool, tabaco e drogas. Um estudo estadunidense demonstrou que o não consumo de álcool entre adolescentes do sexo masculino e feminino antes da última relação sexual associou-se com maior uso de preservativos22. Em contrapartida, um inquérito brasileiro demonstrou a associação com as práticas sexuais desprotegidas de adolescentes com uso de álcool, drogas e tabaco5. Denota-se que o consumo de tais substâncias, relaciona-se com a iniciação sexual precoce10),(14, múltiplas parcerias sexuais14),(23, e aumenta a probabilidade de práticas sexuais desprotegidas5),(14),(22),(24, com maior risco de aquisição de IST e HIV10),(22),(24)-(26, gestação na adolescência23 e violência sexual25)-(26. Observa-se um maior consumo de drogas em adolescentes/jovens do sexo masculino, sendo a maconha a de principal uso, bem como maior tendência de práticas sexuais após o consumo de drogas14.
No Brasil, a Lei n. 13.106 de 17 de março de 201527, criminaliza a venda de bebida alcoólica para crianças e adolescentes, entretanto, o consumo de álcool é a substância psicoativa mais frequentemente usada por eles24. O uso de substâncias causa efeitos deletérios na saúde física, mental e social do adolescente, podendo causar até a morte, além de repercussões significativas na vida adulta24. No que tange à saúde sexual e reprodutiva, associa-se o consumo de álcool e/ou maconha na adolescência com maiores comportamentos sexuais de risco de desfechos sexuais desfavoráveis na vida adulta, como aquisição de IST em adultos jovens, estabelecimento de múltiplas parcerias sexuais, sexo desprotegido e gestações não intencionais23. Em populações homossexuais e bissexuais, observa-se o elevado consumo precoce de álcool e tabaco na adolescência, com a associação com o abuso e dependência dessas substâncias na vida adulta28. Ademais, o consumo de álcool, tabaco e drogas em adolescentes, associa-se com problemas escolares, incluindo o absenteísmo, evasão escolar, dificuldades no ensino-aprendizagem e violência escolar24),(29.
Frente a essa problemática, destaca-se o papel central da Atenção Primária à Saúde (APS) e do enfermeiro no fortalecimento das políticas públicas, e no uso de tecnologias do cuidado na atenção integral e humanizada à saúde do adolescente e sua família, pautado no reconhecimento dos adolescentes enquanto sujeitos de direitos humanos, sexuais e reprodutivos. À nível coletivo, destaca-se as estratégias de promoção da saúde e prevenção de doenças e agravos, ao articular as práticas de educação e saúde para alcançar a sensibilização, conscientização e mobilização, a fim encorajar que os sujeitos se relacionem, se expressem e gerem comportamentos conscientes30 de fazerem escolhas mais favoráveis à saúde e desenvolverem a autonomia e autocuidado no que tange à prevenção da gravidez não planejada, ISTs e aids; direito à saúde sexual e reprodutiva; à prevenção ao uso do álcool, tabaco e outras drogas; à prevenção de violências, promoção da cultura de paz e direitos humanos1),(31.
Nessa conjuntura, emerge a importância de ações extramuros, com a integração de equipamentos sociais, como as escolas, associações, dentre outros, além do envolvimento dos pais, famílias e comunidade. Nessa linha, destaca-se o Programa Saúde na Escola (PSE), instituído pelo Decreto n. 6.286, de 5 de dezembro de 2007, que visa à integração e articulação permanente da educação e da saúde, com o objetivo de oferecer um leque de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde de crianças, adolescentes e jovens do ensino básico público no Brasil32. A realização de debates, rodas de conversa, oficinas ou círculos de cultura representam estratégias de ensino e metodologias pedagógicas que podem ser utilizadas por enfermeiros nas ações nas escolas. Tais estratégias que possibilitam a participação ativa dos adolescentes, além de promover a sua visibilidade, expressão, autonomia, contribuindo para sua formação crítica e reflexiva e para o seu empoderamento30.
A nível individual, destaca-se o papel da consulta de enfermagem (CE), enquanto estratégia tecnológica de cuidado e atividade incorporada às ações do enfermeiro na atenção básica33)-(34, a partir de ações sistematizadas, que compõem o processo de enfermagem, e que propiciam a autonomia e empoderamento profissional, além de configurar-se enquanto um espaço para o cuidado com potencialidades para ampliação do acesso e resolutividade na APS34. A CE, representa um espaço privilegiado para a promoção da saúde do adolescente e da família, além de propiciar a identificação das principais queixas e demandas dos adolescentes, usualmente relacionadas à saúde sexual, questões inerentes à saúde mental como a presença de sintomas depressivos e o uso de substâncias35.
Nesse momento, o acolhimento, a escuta sensível1, a confidencialidade35 e a criação de vínculos36 propiciam uma oportunidade para o diálogo e esclarecimento de dúvidas1),(36, de promover reflexões sobre a importância do afeto e do prazer nas relações amorosas e para alertar sobre as vulnerabilidades e situações de risco para violência e/ou exploração sexual1, dentre outras demandas de acordo com as necessidades de saúde, especificidades, singularidades e vivências do adolescente. Assim, a CE permite o protagonismo do adolescente em suas escolhas36, bem como o aconselhamento de práticas sexuais e de saúde responsáveis e seguras. Recomenda-se a orientação do preservativo interno e externo enquanto prática indispensável na prevenção de IST e da infecção pelo HIV1 em todas as consultas.
Ainda, destaca-se a atuação do enfermeiro escolar na criação e potencialização de espaços de promoção da saúde na escola, com a valorização da educação sexual, participação no planejamento e desenvolvimento das atividades curriculares em articulação com os professores e coordenadores, além da comunicação com os estudantes, com os pais, famílias e comunidade37, aconselhamento quanto às questões relacionadas à orientação sexual e atenção aos adolescentes pertencentes às minorias sexuais e de gênero38, identificação de crianças e adolescentes em risco ou vítimas de exploração sexual comercial39, bem como a implementação de medidas de prevenção do consumo de álcool, tabaco e drogas, e a identificação e referenciamento dos adolescentes que fazem uso de substâncias para o tratamento40.
O estudo apresenta limitações por se tratar de uma amostra de conveniência. Entretanto, os resultados contribuem para as práticas de cuidado do enfermeiro, destacando a importância de hábitos de risco como o uso de álcool, tabaco e drogas e sua associação com a iniciação sexual. O estudo também evidenciou a escassez de diálogo com os familiares acerca do tema e a diversidade de práticas sexuais realizadas pelos adolescentes, e da relevância de um olhar cuidadoso e da abordagem das questões de gênero e orientação sexual e suas possíveis implicações na saúde dessa população. Os aspectos elencados nesse estudo demonstram pontos sensíveis para a elaboração de intervenções para promoção da saúde e prevenção de doenças e agravos para os adolescentes.
Conclusão
Os resultados deste estudo permitiram descrever a diversidade de práticas sexuais dos adolescentes, com a predominância do sexo vaginal, seguido pelo oral e anal, com tendência de iniciação precoce, influência do gênero e a associação da utilização de álcool, drogas e cigarro com as atividades sexuais. Esses achados enfatizam o papel do enfermeiro no planejamento e realização de intervenções de educação em saúde no âmbito da APS, em integração com as escolas, famílias e comunidade, acerca da promoção, proteção e cuidado integral à saúde do adolescente. Outra relação foi na iniciação do sexo seguro com o contexto familiar, elucidando o fato de que um ambiente familiar mais acolhedor, aberto ao diálogo, gera impacto importante no processo de decisão de relacionar-se sexualmente de formas mais ou menos seguras e necessitam ganhar espaço na elaboração das políticas públicas voltadas à saúde do adolescente.
Agradecimentos
Ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Saúde das Mulheres (GMulheres), da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (USP).
Referências
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Este artigo refere-se à chamada temática “Saúde dos adolescentes e o papel do enfermeiro”. Editado pela Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil. A publicação deste suplemento foi apoiada pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS). Os artigos passaram pelo processo padrão de revisão por pares da revista para suplementos. As opiniões expressas neste suplemento são exclusivas dos autores e não representam as opiniões da OPAS/OMS.
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Erratum
Regarding the article “Characterization of adolescent sexual practices”, with DOI number: 10.1590/ 1518-8345.6289.3711, published in the Rev. Latino-Am. Enfermagem, 2022;30(spe):e3711, page 9:Where was written:oral sex, followed by vaginal and anal sexNow read:vaginal sex, followed by oral and anal sex
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
22 Set 2022 -
Data do Fascículo
2022
Histórico
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Recebido
10 Maio 2022 -
Aceito
29 Jun 2022