À beira do leito
Clínica Cirúrgica
QUANDO INDICAR CIRURGIA PARA A OBESIDADE MÓRBIDA?
A apresentação do caso em questão responde plenamente à pergunta. Homem, 39 anos, peso de 170 kg,, altura de 1,60 m., índice de massa corpórea (peso altura ao quadrado) 53kg/m2 ¾ hipertenso, artrose dos joelhos, "elefantíase" nos membros inferiores, vida insatisfatória, tendo esgotado tratamentos para redução de peso, sem êxito. O que fazer? Indiscutivelmente a obesidade mórbida está na ordem do dia.
A qualificação de cirurgião bariátrico, implica estar afeito às técnicas cirúrgicas que permitam o emagrecimento progressivo e permanente do obeso mórbido. Qualquer que seja a técnica utilizada nos mais importantes serviços do mundo, é indiscutível que antes da operação alguns princípios devam ser rigorosamente obedecidos.
1. Massa corpórea acima de 40. Indicação precisa; se houver insucesso no tratamento clínico ou presença de doenças associadas.
2. Rigorosa análise clínica e endocrinológica. Avaliação das comorbidades.
3. Análise profunda do perfil psicológico.
4 Orientação higieno-dietética.
5. Participação ativa nas reuniões dos obesos operados ou não com supervisão do médico e do psicólogo.
6. Avaliação do risco cirúrgico: 6.1) possibilidade de problemas respiratórios - 6.2) complicações cardíacas durante a operação ¾ 6.3) anestesia por especialista experimentado ¾ 6.4) operação tecnicamente adequada, evitando-se intercorrências que seriam gravíssimas.
7. Pós-operatório rigoroso.
7.1) Imediato: a) fisioterapia respiratória e geral. b) prevenção do tromboembolismo
empregando heparina de baixo peso molecular, evitando a estase e facilitando o retorno venoso, impondo deambular imediato, e dando alta hospitalar, a mais precoce possível.
7.2) Tardio: a) orientação higieno-dietética b) apoio médico-psicológico c) acompanhamento permanente d) indicação oportuna da cirurgia plástica necessária e) avaliação da operação para indicar as correções necessárias.
Quando não operar: O médico deve analisar com segurança o portador de obesidade mórbida. Se houver indicação cirúrgica, o doente deve passar por todas as fases pré-operatórias referidas anteriormente até adquirir as condições para a operação. Nunca operar afoitamente, sem os cuidados indispensáveis. O resultado será desastroso. A cirurgia não desejada pelo doente e imposta pelo médico é certeza de insucesso. Aquele deve desejá-la.
Carlos Alberto Malheiros
Francisco César Martins Rodrigues
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
18 Jan 2001 -
Data do Fascículo
Out 2000