Resumos
Objetivo:
Estudar a automedicação para dor entre estudantes de cursos de medicina e enfermagem da PUCSP em comparação com estudantes das outras áreas de conhecimento.
Material e métodos:
Esses dados foram obtidos em dois grupos: A - estudantes da área da saúde e B - estudantes da área de ciências humanas e exatas. Utilizou-se um questionário elaborado pelos autores. A análise estatística usou o teste do qui-quadrado e de Fischer.
Resultados:
Na área de saúde há um predomínio do gênero feminino, e nas outras áreas um predomínio masculino. Na área de saúde a maior parte dos estudantes cursa medicina, e nas outras áreas engenharia. Observa-se um alto índice de automedicação em ambos os grupos, constatando-se que os participantes do grupo da área de saúde usam significativamente mais opioides e anti-inflamatórios que os demais estudados.
Conclusão:
A frequência do uso de medicamentos para dor é maior no grupo de estudantes da área de saúde, e a automedicação é praticada igualmente entre estudantes da área de saúde e das demais áreas.
Dor; Analgésicos; Automedicação
Objective:
To study the self-medication for pain among students of medicine and nursing of the PUCSP compared with students from other knowledge areas.
Material and methods:
Data were obtained in two groups: A - students from the health knowledge area, and B - students of law and engineering. It was used a questionnaire developed by the authors. Statistical analysis used the Chi-square test and the Fischer.
Results:
In relation to gender, there is a predominance of women in the health group and a male majority in other one. In the health group there was a greater number of medical students, and in the control group of engineering. It is observed a high degree of selftreatment in both groups. It appears that participants in the health group have used more anti-inflammatory drugs and opioid than the others subjects studied.
Conclusion:
The frequency of medication for pain is higher in the group of health students, and self-medication is equally practiced among students of health and other areas.
Pain; Analgesics; Self-medication
Introdução
Dor é conceituada como "uma experiência sensorial e emocional associada a uma lesão tecidual já existente ou em potencial, relatada como se a lesão existisse". Classifica-se dor em aguda ou crônica. A dor aguda sinaliza ocorrência de lesão e apresenta um fator fisiológico de defesa. Já a dor crônica em geral não tem valor fisiológico e corresponde a um mecanismo de adaptação.11. Fink Jr WA. The pathophysiology of acute pain. Emerg Med Clin N Am. 2005;23: 77-284.
2. Porth CM. Fisiopatologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004; Cap. 48.
3. Teixeira MJ. Dor: Contexto interdisciplinar. 1ª ed. Curitiba: Ed. Maio, 2003; Cap.17.-44. Teixeira MJ. Dor: Manual para o clínico. 1ª ed. São Paulo: Atheneu, 2006. Por outro lado, Woolf55. Woolf CJ. Pain: moving from symptom control toward mechanism-specific pharmacologic management. American College of Physicians. 2004;140:441-451. divide a dor em adaptativa, associada à proteção do organismo e à promoção da cura da lesão (de origem nociceptiva e/ou inflamatória); e mal adaptativa, que está relacionada com operações patológicas do SNC (podem ser de origem neuropática e/ou funcional).
O alívio da dor deve ser feito através de fármacos e de medidas não medicamentosas. Entre estas destacamos a educação em saúde, exercícios físicos e medicina física. Segundo Teixeira,44. Teixeira MJ. Dor: Manual para o clínico. 1ª ed. São Paulo: Atheneu, 2006. a medicina física proporciona conforto, corrige disfunções físicas, normaliza disfunções fisiológicas e reduz medos associados à mobilização ou imobilização dos segmentos do corpo. Os meios utilizados pela medicina física são: acupuntura, termoterapia, massoterapia, mobilização, eletroanalgesia, psicoprofilaxia (meditação, hipnose, relaxamento etc.).33. Teixeira MJ. Dor: Contexto interdisciplinar. 1ª ed. Curitiba: Ed. Maio, 2003; Cap.17.,44. Teixeira MJ. Dor: Manual para o clínico. 1ª ed. São Paulo: Atheneu, 2006.,66. Sousa AC, Lopes MJM. Práticas terapêuticas entre idosos de Porto Alegre: uma abordagem qualitativa. Rev Esc Enferm. USP. 2007;41:52-56.
A terapia medicamentosa visa ao tratamento de dores de curta duração, capacitando o indivíduo a alcançar a mobilidade.33. Teixeira MJ. Dor: Contexto interdisciplinar. 1ª ed. Curitiba: Ed. Maio, 2003; Cap.17.,44. Teixeira MJ. Dor: Manual para o clínico. 1ª ed. São Paulo: Atheneu, 2006. A analgesia medicamentosa não elimina a causa da dor, mas seu uso adequado pode levar a uma melhora da qualidade de vida, facilitar o tratamento do fator causal e, eventualmente, impedir a evolução da dor aguda para crônica.44. Teixeira MJ. Dor: Manual para o clínico. 1ª ed. São Paulo: Atheneu, 2006. Os fármacos utilizados incluem analgésicos, anti-inflamatórios não esteroidal (AINE), opioides e, eventualmente, utilização de antidepressivos e anticonvulsivantes como medicação adjuvante.33. Teixeira MJ. Dor: Contexto interdisciplinar. 1ª ed. Curitiba: Ed. Maio, 2003; Cap.17.
4. Teixeira MJ. Dor: Manual para o clínico. 1ª ed. São Paulo: Atheneu, 2006.-55. Woolf CJ. Pain: moving from symptom control toward mechanism-specific pharmacologic management. American College of Physicians. 2004;140:441-451.,77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.
8. Perrot S, Maheu E, Javier RM, Eschalier A, Coutaux A, Le Bars M, et al. Guidelines for the use of antidepressants in painful rheumatic conditions. Eur J Pain. 2006;10:185-92.
9. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.-1010. Ardoin SP, Sundy JS. Update on nonsteroidal antiinflammatory drugs. Curr Opin Rheumatol 2006; 18: 221-226. Esses medicamentos devem ter seu uso indiscriminado evitado, devido aos seus efeitos adversos. Um dos aspectos centrais em relação ao uso adequado de medicamentos envolve a automedicação. Arrais et al.1111. Arrais PSD, Coelho HLL, Bastita MCDS, Carvalho ML, Righi RE, Arnau JM. Perfil da automedicação no Brasil. Rev Saúde Pública. 1997;31:71-7. referem-se à automedicação como um procedimento caracterizado pela iniciativa de um doente, ou de seu responsável, em obter ou produzir e utilizar um remédio que, acredita, lhe trará benefícios no tratamento de doenças ou alívio de sintomas.1212. Vitor RS, Lopes CP, MenezesHS, Kerkhoff CE. Padrão de consumo de medicamentos sem prescrição médica na cidade de Porto Alegre, RS. Ciênc. Saúde coletiva. 2008;13;suppl:737-43. Outro termo utilizado, segundo Bestane et al.,1313. Bestane WJ, Meira AR, Krasucki MR. Alguns aspectos da prescrição de medicação para o tratamento de gonorreia em farmácias de Santos (SP). Rev Assoc Med Bras. 1980;26:2-3. é a automedicação orientada, que se refere à reutilização de receitas antigas sem que elas tenham sido emitidas para uso contínuo.
Os estudantes e os profissionais da área da saúde teoricamente conhecem os medicamentos e seus riscos, portanto deveriam evitar a automedicação. O objetivo deste estudo foi avaliar o consumo próprio de medicamentos para tratamento de dor por estudantes da área de saúde em comparação com estudantes de outras áreas de conhecimento.
Material e métodos
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Casuística: foram analisados 283 estudantes dos cursos de medicina e enfermagem da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
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Estudou-se também um grupo-controle formado por 252 estudantes da área de direito e engenharia.
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Desenho do estudo: estudo de coorte transversal e descritivo.
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Elaboração e aplicação de questionário contendo as seguintes variáveis: dados demográficos, dados estudantis, número de medicamentos para dor utilizados no último ano, presença ou ausência de indicação médica, incidência de efeito adversos nos dois grupos nas medicações com e sem prescrição médica.
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Análise estatística: aplicou-se o teste do qui-quadrado ou o teste exato de Fisher (Siegel, 2006), com o objetivo de comparar os grupos A e B em relação às porcentagens de uso, de obtenção da prescrição, da presença de efeitos adversos e do tipo de medicamento utilizado. O nível de significância foi ficado em 0,05% ou 5%.
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Ética: este projeto e o consentimento pós-informado foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas e Saúde da PUC-SP.
Resultados
A tabela 1 mostra a distribuição dos sujeitos segundo o gênero, a idade e a área do estudante. Em relação ao gênero, na área de saúde há um predomínio do feminino, e no outro grupo um predomínio masculino. Na área de saúde a maior parte dos estudantes era da medicina, e nas outras áreas de engenharia.
A tabela 2 mostra a frequência e o percentual do uso de medicamentos para dor no último ano. Houve um maior número de componentes do grupo da saúde que utilizou medicamentos para dor em relação aos do outro grupo.
A tabela 3 mostra a origem da indicação do medicamento, com ou sem receita médica. Observa-se um alto índice de automedicação em ambos os grupos, não se constatando diferença estatisticamente significante.
A tabela 4 mostra a frequência de efeitos adversos relatados após o uso de medicação para dor nos dois grupos. Observa-se uma baixa incidência de efeitos adversos em ambos os grupos, não se constatando diferença estatisticamente significante.
A tabela 5 mostra a distribuição do uso de medicamentos para dor em relação às especialidades farmacêuticas. Na área da saúde o consumo de analgésicos (45,5%) e de anti-inflamatórios (55,3%) foi significativamente maior do que o consumo de opioides (4,4%) e de antidepressivos (4,0%). No grupo-controle, o teste do qui-quadrado mostrou que o consumo de analgésicos (43,2%) foi significativamente maior que o de todas as outras drogas. Mostrou, ainda, que os anti-inflamatórios (23,0%) tiveram consumo maior do que opioides (1,6%) e antidepressivos (2,8%). Comparando-se os dois grupos, a análise estatística mostrou para o anti-inflamatório que o consumo da área da saúde (55,3%) foi significativamente maior do que no grupo-controle (23%). Para o opioide não foram significativos os resultados, mas estes sugerem maior uso na área da saúde (4,4%). Já em relação aos analgésicos e antidepressivos não houve diferença significativa entre os dois grupos.
Discussão
A automedicação pode ter consequências danosas, independentemente da doença, do sintoma ou do medicamento usado. No caso da dor isso é ainda mais verdadeiro. A necessidade de alívio rápido e o impacto negativo que a dor causa na qualidade de vida nos fazem supor que o índice de automedicação nessa área é bastante grande.
Os analgésicos e os AINE têm mecanismo de ação semelhante, ambos sendo inibidores das enzimas ciclo-oxigenases (COX). Estas enzimas são classificadas em: (1) COX 1, constitucional, expressa na maior parte dos tecidos, incluindo plaquetas circulantes e que está envolvida na hemostasia tecidual;
(2) COX 2, induzida por células infamatórias ativadas (IL-1 e TNF-α-mediadores), sendo responsável pela produção de mediadores prostanoides da inflamação, além de ser constitutiva do SNC;77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.,99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.,1010. Ardoin SP, Sundy JS. Update on nonsteroidal antiinflammatory drugs. Curr Opin Rheumatol 2006; 18: 221-226. recentemente foi descrita a existência da COX 3, mas suas ações não estão totalmente esclarecidas.77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.,99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Os analgésicos exercem sua função, principalmente, pela inibição da COX 2, diminuindo a produção de prostaglandinas, bradicininas e serotonina, que são os principais estimulantes de nociceptores, levando assim à analgesia.77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.,99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
Os AINE, entretanto, têm efeito analgésico, antipirético e anti-inflamatório.77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.,99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. O efeito analgésico é semelhante àquele citado como mecanismo de ação dos fármacos analgésicos.77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.,99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. O efeito antipirético é resultado da inibição da COX2 no sistema nervoso central, que impede a elevação do ponto de ajuste do termostato hipotalâmico.77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.,99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Por fim, o efeito anti-inflamatório se dá pela inibição das COX que interrompem o processo de produção e ativação de mediadores inflamatórios.55. Woolf CJ. Pain: moving from symptom control toward mechanism-specific pharmacologic management. American College of Physicians. 2004;140:441-451.,77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.,99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.,1010. Ardoin SP, Sundy JS. Update on nonsteroidal antiinflammatory drugs. Curr Opin Rheumatol 2006; 18: 221-226.
Tanto os fármacos analgésicos como os AINE têm efeitos adversos semelhantes, devido aos seus mecanismos de ação.
Tais efeitos dos AINE envolvem os distúrbios gastrointestinais (dispepsia, diarreia, náusea, vômito, ulcerações e sangramento gástrico),77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.,99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.,1010. Ardoin SP, Sundy JS. Update on nonsteroidal antiinflammatory drugs. Curr Opin Rheumatol 2006; 18: 221-226. reações cutâneas alérgicas77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.,99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. e efeitos renais77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.,99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. (nefrite crônica, necrose papilar e insuficiência renal aguda reversível).
Os fármacos caracterizados como opioides são utilizados como analgésicos, antidiarreicos e antitussígenos.77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.,99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Os receptores opioides são: μ (mu), κ(capa) e δ (delta).77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.,99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Cada um destes está envolvido com efeitos específicos dos opioides, sendo que os receptores μ e δ têm ações semelhantes nas mesmas regiões.77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.,99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. A analgesia é produzida em nível central, através da interação com os receptores opioides do SNC, pois estes têm capacidade de inibir diretamente a transmissão ascendente da informação nociceptiva a partir do corno dorsal da medula espinhal e a sua capacidade de ativar as vias descendentes inibitórias da dor.55. Woolf CJ. Pain: moving from symptom control toward mechanism-specific pharmacologic management. American College of Physicians. 2004;140:441-451.,77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.,99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. A interação dos receptores com seus agonistas leva à redução do AMP-cíclico (AMPc) no interior dos neurônios, inibindo a abertura dos canais de cálcio no neurônio pré-sináptico, consequentemente inibindo a liberação de neurotransmissores.55. Woolf CJ. Pain: moving from symptom control toward mechanism-specific pharmacologic management. American College of Physicians. 2004;140:441-451.,77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.,99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Além disso, a queda do AMPc intracelular estimula a abertura dos canais de potássio no neurônio pós-sináptico, causando uma hiperpolarização que impede a passagem dos impulsos nervosos na via ascendente nociceptiva, assim produzindo analgesia.55. Woolf CJ. Pain: moving from symptom control toward mechanism-specific pharmacologic management. American College of Physicians. 2004;140:441-451.,77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.,99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Ademais, os receptores μ/δ produzem analgesia no interior dos circuitos descendentes de controle da dor; em parte, pela remoção da inibição mediada por ácido gama-aminobutírico (GABA) dos neurônios que se projetam para a parte rostral ventromedial do bulbo (RVM), na substância cinzenta periaquedutal (PA) e dos neurônios que se projetam para a medula do RVM7. Os efeitos moduladores da dor pelos agonistas κ no tronco cerebral parecem se opor aos dos agonistas dos receptores μ.77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.,99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Os fármacos opioides podem produzir vários efeitos adversos, tais como: sedação, euforia, disforia, constipação, náuseas, vômitos, prurido, tontura, depressão respiratória, além de poder causar tolerância e dependência.77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.,99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
Os antidepressivos podem ser utilizados como medicação adjuvante no tratamento da dor.33. Teixeira MJ. Dor: Contexto interdisciplinar. 1ª ed. Curitiba: Ed. Maio, 2003; Cap.17.,44. Teixeira MJ. Dor: Manual para o clínico. 1ª ed. São Paulo: Atheneu, 2006.,77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.
8. Perrot S, Maheu E, Javier RM, Eschalier A, Coutaux A, Le Bars M, et al. Guidelines for the use of antidepressants in painful rheumatic conditions. Eur J Pain. 2006;10:185-92.-99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. As classes de antidepressivos utilizados são dos inibidores de monoamino-oxidase (IMAO), antidepressivos tricíclicos (ADT) e inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS).77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.,99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Os IMAO inibem a ação da enzima monoamino-oxidase (MAO), que é responsável pela degradação de monoaminas (dopamina, norepinefrina e serotonina, por exemplo), mantendo, assim, uma alta concentração de monoaminas das vias inibitórias da dor na fenda sináptica.77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.,99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Os ADT e os ISRS diminuem a recaptação dos neurotransmissores das vias inibitórias da dor nas fendas sinápticas; portanto, aumenta-se a concentração desses peptídios nas sinapses e, consequentemente, aumenta o estímulo no neurônio pós-sináptico.77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.,99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Os antidepressivos aumentam a via eferente de inibição da dor, produzindo analgesia.77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.
8. Perrot S, Maheu E, Javier RM, Eschalier A, Coutaux A, Le Bars M, et al. Guidelines for the use of antidepressants in painful rheumatic conditions. Eur J Pain. 2006;10:185-92.-99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Além disso, os ADT são agonistas fracos dos receptores opioides μ, auxiliando no efeito analgésico.99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Os antidepressivos podem causar vários efeitos adversos, como: sedação, efeitos anticolinérgicos (boca seca, constipação, visão turva, retenção urinária etc.), hipotensão postural, convulsão, impotência, ganho de peso, lesão hepática (rara), náusea e agitação.77. Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.
8. Perrot S, Maheu E, Javier RM, Eschalier A, Coutaux A, Le Bars M, et al. Guidelines for the use of antidepressants in painful rheumatic conditions. Eur J Pain. 2006;10:185-92.-99. Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Farmacologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. O efeito analgésico dos ADT é bem documentado, entretanto a analgesia produzida pelo uso de IMAO e de ISRS ainda necessita mais estudos.88. Perrot S, Maheu E, Javier RM, Eschalier A, Coutaux A, Le Bars M, et al. Guidelines for the use of antidepressants in painful rheumatic conditions. Eur J Pain. 2006;10:185-92.
O grau de conhecimento sobre o assunto pode gerar uma consciência do risco de se automedicar, mas, por outro lado, pode causar uma falsa segurança no uso desses medicamentos, já que o acesso a essa informação é maior. Embora os estudantes da área da saúde tenham maiores conhecimentos, sabe-se que mesmo profissionais experientes têm cautela no uso e na prescrição dessas medicações.
Entre a população leiga, Pereira et al.1414. Pereira FSVT, Bucaretchi F, Stephan C, Cordeiro R. Automedicação em crianças e adolescentes. J Pediatr. 2007;83:453-458.relataram que 51% dos medicamentos em geral foram indicados pelas mães e 7,8% pelos pais, 20,1% por funcionários de farmácia, 15,3% decorreram da utilização de prescrições médicas antigas para a criança ou outro membro da família e 1,8% por influência da mídia. Segundo o artigo "Prevalência e fatores associados à automedicação: resultados do projeto Bambuí",1515. Loyola Filho AI, Uchoa E, Guerra HL, Firmo JOA, Costa MFL. Prevalência e atores associados à automedicação: resultados do projeto Bambuí. Rev Saúde Pública. 2002;36:55-62. os medicamentos não prescritos mais consumidos pela população através da automedicação foram: analgésicos/antipiréticos (47,6%), seguidos pelos que atuam sobre o aparelho digestivo, ou seja, antiespasmódicos, antiácidos e antidiarreicos (8,5%); antibióticos ou quimioterápicos (6,2%) e vitaminas, tônicos ou antianêmicos (4,7%).
Já entre os profissionais da área da saúde, Hem et al.,1616. Hem E, Stokke G, Tyssen R, Gronvold NT, Vaglum P, Ekeberg O. Self-prescribing among young Norwegian doctors: a nine-year follow-up study of a nationwide sample. BMC Med.2005;3:16. em um estudo de coorte com jovens médicos noruegueses, encontraram 54% de prevalência entre o quarto e o quinto anos após a conclusão do curso, e entre os que usaram medicamentos no ano anterior à entrevista 90% foram autoprescritos. Já Tomasi et al.1717. Tomasi E, Sant'Anna GC, Oppelt AM, Petrini RM, Pereira IV, Sassi BT. Condições de trabalho e automedicação em profissionais da rede básica de saúde da zona urbana de Pelotas, RS. Rev Bras Epidemiol. 2007;10:66-74.constataram em seu estudo transversal que 47% dos profissionais de saúde referiram uso de medicamentos nos últimos 15 dias, com destaque para os analgésicos (27%), independentemente de terem problema de saúde. Além disso, observaram que a automedicação era uma prática frequente, pois um quarto dos entrevistados afirmou que a maioria dos medicamentos que usa é sem prescrição médica. Ainda neste trabalho, 43% dos profissionais médicos referiram automedicação.
No nosso estudo a frequência de uso de medicamentos para dor também foi alta, sendo que a maioria das vezes ocorreu por automedicação. Isso é verdade para ambos os grupos estudados. O grupo relacionado à saúde utilizou significativamente mais remédios para dor do que os demais estudantes. Um aspecto que pode ter reforçado esse hábito foi a baixa frequência de efeitos adversos observada pelos sujeitos estudados.
O grupo da área de saúde usou proporcionalmente mais anti-inflamatórios e opioides. Atribuímos essa diferença ao maior conhecimento e ao acesso a esses medicamentos, embora saibamos que eles aumentam o risco de complicações.
Concluímos que a frequência do uso de medicamentos para dor é maior no grupo de estudantes da área de saúde, e a automedicação é praticada igualmente entre estudantes da área de saúde e das demais áreas.
REFERÊNCIAS
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1Fink Jr WA. The pathophysiology of acute pain. Emerg Med Clin N Am. 2005;23: 77-284.
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2Porth CM. Fisiopatologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004; Cap. 48.
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3Teixeira MJ. Dor: Contexto interdisciplinar. 1ª ed. Curitiba: Ed. Maio, 2003; Cap.17.
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4Teixeira MJ. Dor: Manual para o clínico. 1ª ed. São Paulo: Atheneu, 2006.
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5Woolf CJ. Pain: moving from symptom control toward mechanism-specific pharmacologic management. American College of Physicians. 2004;140:441-451.
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6Sousa AC, Lopes MJM. Práticas terapêuticas entre idosos de Porto Alegre: uma abordagem qualitativa. Rev Esc Enferm. USP. 2007;41:52-56.
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7Brunton LL, Lazo JS, Parker KL. In: Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.
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8Perrot S, Maheu E, Javier RM, Eschalier A, Coutaux A, Le Bars M, et al. Guidelines for the use of antidepressants in painful rheumatic conditions. Eur J Pain. 2006;10:185-92.
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
Mar-Apr 2014
Histórico
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Recebido
26 Jul 2012 -
Aceito
26 Ago 2013