Open-access COMPREENSÃO DE CRIANÇAS E PRÉ-ADOLESCENTES SOBRE FORÇAS DE CARÁTER: UM ESTUDO QUALITATIVO

LA COMPRENSIÓN DE NIÑOS Y PRE-ADOLESCENTES SOBRE LAS FORTALEZAS DE CARÁCTER: UN ESTUDIO CUALITATIVO

RESUMO.

Este estudo tem por objetivo analisar o conhecimento de crianças e pré-adolescentes em relação aos termos que designam as forças de caráter e compreender como percebem a expressão desses traços nos próprios comportamentos e nos de outras pessoas. Foram entrevistados 17 participantes, de oito a 13 anos (M = 10,6; DP = 1,5). Para cada força foram feitas sete perguntas, que investigavam a definição do termo e exemplos da expressão da força nos outros e nos próprios entrevistados. As entrevistas foram gravadas e transcritas para análise de conteúdo, ao fim gerando categorias para cada força. As forças descritas com maior facilidade pelos participantes e suas respectivas definições foram criatividade (capacidade de criar coisas), curiosidade e amor ao aprendizado (busca de conhecimento e novas experiências), honestidade (falar a verdade), amor (comportamento de dar carinho), bondade (ajudar e cuidar do outro), trabalho em equipe (realização de trabalhos colaborativos em brincadeiras ou atividades escolares), perdão (08 categorias a respeito de sua definição, sem destaque para alguma) e esperança (desejar acontecimento futuro). Esses achados podem tornar mais acessível o desenvolvimento e a avaliação das forças nessa faixa etária.

Palavras-chave: Caráter; psicologia positiva; pesquisa qualitativa

RESUMEN.

Este estudio buscó analizar el conocimiento de niños y pre-adolescentes sobre los términos que fueron designados como fortalezas de carácter, y comprender cómo perciben estos rasgos en sus proprios comportamientos y en los de otras personas. Diecisiete participantes entre ocho y trece años fueron entrevistados (M = 10.6; SD = 1.5). Para cada fortaleza, se hicieron siete preguntas, que investigaron la definición del término y ejemplos prácticos de su expresión. Las entrevistas fueron grabadas y transcritas para el análisis de contenido, creando categorías para cada fortaleza. Las fortalezas descritas por los participantes con mayor facilidad y sus respectivas definiciones fueron: creatividad (capacidad de crear cosas), curiosidad y amor por el aprendizaje (búsqueda de conocimiento y nuevas experiencias), honestidad (decir la verdad), amor (comportamientos afectivos), amabilidad (ayudar y cuidar a los demás), trabajo en equipo (desempeño del trabajo colaborativo en juegos o actividades escolares), perdón (ocho categorías con respecto a su definición, sin énfasis en ninguna) y esperanza (deseo por un evento futuro). Estos hallazgos pueden facilitar el desarrollo y la evaluación de las fortalezas con este grupo de edad.

Palabras clave: Carácter; psicología positiva; investigación cualitativa

ABSTRACT

This study aims to analyze the children and pre-adolescents' knowledge regarding terms that designate character strengths and to understand how they perceive the expression of these traits in their and other people's behavior. Seventeen participants aged eight to thirteen were interviewed (M = 10.6; SD = 1.5). For each strength, seven questions were asked, which investigated the definition and examples of the strength expression. The interviews were recorded and transcribed for content analysis, generating categories for each strength. The strengths most easily described by the participants and their respective definitions were: creativity (ability to create things), curiosity and love for learning (searching for knowledge and new experiences), honesty (speaking the truth), love (acts involving affection), kindness (helping and caring for others), teamwork (collaborative works in games or school activities), forgiveness (eight categories regarding their definition, without highlighting any) and hope (longing for a future event). These findings may make developing and evaluating character strengths in this age group more accessible.

Keywords: Character; positive psychology; qualitative research

Introdução

As forças de caráter são um dos pilares da psicologia positiva. Esses construtos são definidos como traços positivos, com valor moral, presentes nos seres humanos, que podem ser expressados por meio de comportamentos, pensamentos e/ou sentimentos. Peterson e Seligman (2004) definiram 24 forças de caráter universais, agrupadas a partir de seis virtudes: 1) sabedoria e conhecimento, 2) coragem, 3) humanidade, 4) justiça, 5) temperança, e 6) transcendência.

As virtudes são, historicamente, as principais características valorizadas pelos filósofos morais e pensadores religiosos. Na virtude sabedoria e conhecimento são incluídas forças cognitivas, que envolvem aquisição e uso do conhecimento. Já as forças relacionadas à coragem são de caráter emocional, definidas como traços que estimulam o desejo de atingir metas diante da oposição, seja ela externa ou interna. Na virtude humanidade incluem-se as forças interpessoais, que se caracterizam por cuidar dos outros e fazer amizades, enquanto as forças cívicas estão agregadas à justiça e são relacionadas à vida saudável em comunidade. A temperança inclui forças que servem de proteção contra os excessos e, por fim, na transcendência estão caracterizadas forças que envolvem conexões com o universo como um todo e estão relacionadas com propósito e sentido de vida (Peterson & Seligman, 2004). No Quadro 1 consta a descrição das 24 forças de caráter postuladas por Peterson e Seligman (2004), agrupadas conforme as virtudes às quais estão relacionadas.

Quadro 1
Descrição das 24 forças de caráter

Ao longo do desenvolvimento, os indivíduos podem expressar algumas forças, dependendo do ambiente e do temperamento de cada um. Porém, raramente um indivíduo vai expressar todas as forças de caráter ao longo da vida (Peterson & Seligman, 2004). A caracterização e a expressão dessas características possuem algumas especificidades conforme a faixa etária. As forças que as crianças e adolescentes expressam com maior frequência são amor, gratidão e humor, enquanto que as menos frequentemente expressadas são perdão, prudência, autocontrole e espiritualidade (Park & Peterson, 2006b). Em entrevistas realizadas com pré-adolescentes argentinos de 10 e 12 anos de idade, foram citados com mais frequência comportamentos referentes à honestidade, bondade, humor e humildade como qualidades valorizadas na sua personalidade (Grinhauz & Solano, 2015). Em menor número, os pré-adolescentes também citaram como qualidades próprias comportamentos relacionados às forças perdão, amor e trabalho em equipe. Em contrapartida, as forças amor pelo aprendizado e criatividade representaram menos de 1% dos depoimentos. Na visão dos pais, que concordam parcialmente com esses achados, as forças mais valorizadas em seus filhos eram criatividade, curiosidade, amor, bondade e humor (Park & Peterson, 2006a).

Pesquisas que avaliam as 24 forças de caráter passaram a ser realizadas no começo desse século (Peterson & Seligman, 2004), afirmando que é no período da infância e adolescência que as características positivas se desenvolvem intensamente e as intervenções de prevenção à saúde são mais eficazes (Park & Peterson, 2009). As forças incluem diversas facetas (cognitiva, moral, afetiva e interpessoal), que se desenvolvem em conjunto.

É importante que indivíduos dessa faixa etária reconheçam os termos e os comportamentos referentes às forças de caráter, para poderem identificar essas características em si mesmos e nos demais e, assim, também desenvolver de forma mais autônoma esses traços. Aos 11 anos, aproximadamente, os sujeitos passam a ter mais capacidade de pensamento abstrato, possibilitando que identifiquem forças de caráter através de conjuntos de comportamentos de forma mais complexa (Piaget, 1968, 1972). Entretanto, poucos estudos até o momento buscaram analisar o reconhecimento e a compreensão de crianças e adolescentes sobre as forças. Para tal, a utilização do método qualitativo se faz imprescindível. Diante do exposto, esse estudo teve como objetivo analisar o conhecimento de crianças e pré-adolescentes de oito a 13 anos de idade sobre os termos que designam as forças de caráter. Também objetivou compreender como percebem a expressão desses traços nos próprios comportamentos e nos comportamentos de outras pessoas. Trata-se de um estudo derivado de um projeto pioneiro para a adaptação e busca de evidências de validade da Escala de Forças de Caráter para crianças e pré-adolescentes de até 13 anos de idade no Brasil, uma vez que o instrumento já possui evidências de validade para adolescentes a partir de 14 anos e adultos. Essa pesquisa consiste na primeira etapa desse processo.

Método

Participantes

Participaram da pesquisa 17 crianças e pré-adolescentes entre oito e 13 anos de idade (M = 10,6 anos; DP = 1,5), estudantes do ensino fundamental (do 3º ao 7º ano) de três escolas da rede pública estadual de ensino da cidade de Porto Alegre e região metropolitana; sendo 09 participantes do sexo feminino e oito do sexo masculino. Embora a seleção das escolas tenha sido feita por conveniência, em cada local os participantes foram selecionados de forma aleatória. Idade (ter entre 08 e 13 anos e 11 meses) e série escolar (estar regularmente matriculado entre o 3º e o 7º ano do ensino fundamental) foram os critérios de inclusão considerados para o estudo, enquanto não entregar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) assinado por um responsável e repetência maior que dois anos na mesma série escolar foram os critérios de exclusão adotados. Apenas um participante apresentou histórico de repetência escolar, sendo essa de dois anos.

Delineamento, instrumentos e procedimentos

Este estudo, de caráter qualitativo, exploratório-descritivo e transversal, é a parte inicial de uma pesquisa de adaptação e busca de evidências de validade da Escala de Forças de Caráter para crianças e adolescentes, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA; parecer 3.226.403). Foi realizado um encontro com a direção de diferentes escolas para a apresentação da proposta e três instituições permitiram a realização desse estudo em suas dependências. Os alunos, então, foram sorteados para a participação, dentre todos os matriculados nas turmas-alvo, isto é, naquelas turmas cujos alunos contemplavam os critérios de inclusão. Foi enviado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para os pais dos alunos sorteados, a fim de informá-los sobre os procedimentos da pesquisa e solicitar a autorização para a participação dos seus filhos.

Todos os autorizados pelos responsáveis receberam uma explicação sobre o estudo antes de iniciar a sua participação e foram entrevistados em grupo, em horário escolar, em sala reservada pela escola. Os grupos foram formados por crianças e pré-adolescentes da mesma série. Inicialmente foram entrevistadas duas matriculadas no terceiro ano. Após essa primeira experiência, considerou-se mais rico em termos de conteúdo incluir três estudantes nas entrevistas seguintes. Entrevistaram-se dois participantes do terceiro ano, três participantes do quarto, três participantes do quinto, seis participantes do sexto (divididos em 02 grupos de 03 alunos) e três participantes do sétimo. As entrevistas duraram em média 60 minutos e foram registradas em áudio. Elas foram posteriormente transcritas para análise por diferentes pesquisadores e os relatos das transcrições foram revisados por um único pesquisador.

As questões da entrevista foram estruturadas com base no roteiro utilizado anteriormente por Giacomoni (2002), com foco na felicidade, para um público-alvo semelhante. Foram proferidas sete perguntas sobre cada força de caráter. Como exemplo, as perguntas sobre a força criatividade foram as seguintes: 1) “O que vocês pensam quando ouvem a palavra criatividade?”, 2) “O que é ter criatividade?”, 3) “O que é ser criativo?”, 4 e 5) “Vocês acham que vocês são criativos? Por quê?”, 6 e 7) “Quando vocês são criativos? Em quais situações?”.

Ao longo das entrevistas, optou-se por mudar a ordem de investigação das forças de caráter, com a intenção de diminuir o viés das respostas. Isso ocorreu porque na primeira entrevista as perguntas estavam organizadas conforme a ordem apresentada no Quadro 1, estabelecida por Peterson e Seligman (2004). Entretanto, os participantes de oito e nove anos de idade mostraram cansaço e dificuldade ao responder as últimas perguntas (sobre as forças autocontrole, gratidão, esperança e espiritualidade), o que pode ter prejudicado suas respostas. Por isso, na segunda entrevista, inverteu-se a ordem de investigação das forças, iniciando-se por essas últimas, consideradas mais complexas. A partir da terceira entrevista, posicionaram-se as forças mais facilmente relatadas e as mais dificilmente relatadas nas entrevistas iniciais de forma intercalada, considerando as constatações acima. Importante mencionar que, caso as crianças e pré-adolescentes demonstrassem não compreender o termo que designava cada força, os pesquisadores informavam termos sinônimos para verificar se se tratava de um desconhecimento de palavras ou do significado delas. Se, após isso, as crianças e pré-adolescentes ainda não reconhecessem o termo, era dado o significado da força, para que elas pudessem trazer exemplos com mais facilidade.

Análise de dados

Para a análise das entrevistas adotou-se o método de análise de conteúdo (Bardin, 2016). Foram categorizadas as questões abertas, que versavam sobre as definições e comportamentos que os participantes consideravam expressar em relação a cada uma das 24 forças de caráter.

Categorizaram-se as falas dos participantes observando-se as semelhanças entre elas. Foram criadas categorias e subcategorias, considerando as seguintes características: exclusão mútua, homogeneidade, pertinência, objetividade e fidelidade e produtividade (Bardin, 2016). A cada categoria foi atribuído um título/tema. A unidade de registro de análise foi a palavra (Bardin, 2016) e a codificação, como mencionado, teve como critério de recorte o significado das falas dos participantes. Para a categorização, consideraram-se todas as respostas dos entrevistados. Após esse processo, realizado por integrantes de um grupo de pesquisa em avaliação psicológica, efetuou-se a revisão das categorias por dois juízes experts nas áreas de avaliação psicológica e desenvolvimento infantil, analisando a pertinência e coerência dos nomes das categorias frente ao conteúdo das falas. Por fim, foi feita uma categorização às cegas por um terceiro pesquisador, que recebeu as categorias já postuladas em cada virtude (conjunto de forças) e alocaram-se as respostas dos entrevistados em cada uma das forças. As divergências de resposta entre a categorização inicial e essa segunda categorização foram discutidas até a obtenção de um consenso.

Resultados

Após a análise, optou-se por apresentar apenas os achados do estudo referentes às forças de caráter com as quais os participantes demonstraram mais familiaridade quanto ao significado do termo e aos comportamentos que os exemplificavam, pois, para essas forças, não foi necessário aos pesquisadores oferecer nenhum esclarecimento. A escolha de discutir somente essas forças objetivou evitar que fossem analisados relatos das crianças e pré-adolescentes que possam ter sofrido alguma influência dos pesquisadores no momento da explicação sobre os termos pouco conhecidos por eles. Durante a coleta, percebeu-se que, após os pesquisadores fornecerem o significado da palavra, acrescido de algum exemplo sobre aquela força, as crianças e pré-adolescentes, provavelmente por terem dificuldade em falar sobre o termo, traziam relatos muitos semelhantes aos recém-fornecidos, ou derivados deles, não se caracterizando como um relato espontâneo, que, de fato, refletisse a realidade deles.

Contudo, perceber os diferentes níveis de dificuldades dos participantes em relação aos construtos permitiu que os pesquisadores adaptassem alguns termos da escala (tais como humor, gratidão, espiritualidade, apreciação da beleza e inteligência social), para facilitar a sua compreensão pelas crianças e pré-adolescentes. Em relação a esses termos, foi observado que, embora elas não os reconhecessem, quando eram informadas do seu significado, mostravam familiaridade com aquela característica e mencionavam exemplos mais condizentes.

Crianças e pré-adolescentes demonstraram saber o significado (definição) e forneceram exemplos coerentes das forças criatividade, curiosidade, amor ao aprendizado, honestidade, amor, bondade, trabalho em equipe, perdão e esperança (ver Quadro 2).

Quadro 2
Significados dos termos que designam as forças de caráter para as crianças e adolescentes entrevistados, a partir da análise de conteúdo

A força criatividade foi descrita, predominantemente, como a capacidade de criar coisas e ter ideias, variando os exemplos do que poderia ser criado (brinquedos, livros, artesanato, trabalhos, receitas e materiais). Duas categorias foram citadas apenas uma vez: resolução de conflito ou problema e passar tempo fazendo o que gosta. Nessas situações, os participantes citaram exercer a criatividade quando tinham que solucionar um problema ou quando desenhavam, respectivamente.

A curiosidade foi outra força correspondente à virtude sabedoria e conhecimento que foi definida, principalmente, como a busca por conhecimento, de conteúdo escolares, por exemplo, e de novas experiências, como conhecer cidades. Os participantes também definiram como curioso alguém que quer ouvir a conversa dos outros ou perguntar o que está acontecendo em determinada situação. Outra definição, ainda, incluiu a expectativa sobre eventos futuros e atingir objetivos.

A força amor ao aprendizado também foi definida, predominantemente, pela busca por conhecimento e novas experiências (ex., gostar de estudar as matérias da escola). Dentro do conceito dessa força, mencionaram a importância do estudo para aprovação no ano letivo ou para obter uma formação acadêmica. Em menor número, comentaram o gosto pela aprendizagem em viagens ou em novas atividades. Poucos relatos definiram amor ao aprendizado como o ato de passar o tempo fazendo o que gosta, como ler ou estudar.

Já honestidade foi definida pelos participantes principalmente como o comportamento de falar a verdade, sendo o termo sinceridade referido como sinônimo. Quanto à categoria falar a verdade, os relatos dividiram-se entre contar a verdade depois de fazer algo errado e dizer a história/opinião verdadeira. Em menor número, os participantes descreveram que comportamentos como não roubar, ajudar e cuidar do outro ou de si e resolução de conflito ou problema também se relacionavam à expressão dessa força.

Os relatos sobre a força amor geralmente relacionaram-se ao amor para com os familiares, que diziam ser expresso a partir da oferta de carinho a eles. Também citaram a diferença entre gostar de alguém da família, do gostar entre duas pessoas, geralmente namorados, e do amor entre amigos. Foi citado ainda o amor aos animais de estimação e como eles expressam essa força ao oferecer carinho para os donos. Relatos sobre a expressão do amor por meio de ajuda e preocupação com os demais também foram identificados. Em menor número, sentir saudade de alguém e demonstrar amor próprio foram citados como formas de expressão dessa força.

A bondade, outra força incluída na virtude humanidade, também foi definida de forma semelhante entre as crianças e pré-adolescentes. Majoritariamente, os participantes a definiram como ajudar e cuidar tanto de pessoas próximas (como mãe e amigos) quanto de pessoas desconhecidas (por ex., um mendigo ou um cego). Os exemplos variaram desde ajuda em um acidente até auxílio nos estudos. Apenas uma resposta considerou exercer a bondade ao saber resolver um conflito ou problema. Houve também uma referência à bondade destinada a si mesmo, a partir do autocuidado.

A força trabalho em equipe foi definida sempre em referência ao convívio com pares, principalmente na escola. Os exemplos se basearam em realizar trabalhos ou brincadeiras colaborativas, incluindo o objetivo de atingir metas ou sonhos em equipe, isto é, estando unido a outras pessoas. O perdão, classificado na mesma virtude humanidade, foi definido como o ato de perdoar alguém, geralmente um amigo. Crianças e pré-adolescentes citaram variações para os comportamentos referentes ao perdão: entenderam que se pode perdoar alguém que fez algo de mal (ex., mentir, xingar ou machucar), de forma condicional, isto é, após analisar se a pessoa teve a intenção de fazer algo ou não, assim como pode haver conflito entre aceitar o perdão e não guardar rancor ou não perdoar. Os participantes também mencionaram o perdão de uma forma mais empática, através da conversa e da compreensão da perspectiva do outro, assim como a aceitação do perdão por intermédio dos pais. Foi citado ainda o perdão como dependente do vínculo que se tem com a pessoa a ser perdoada.

A força esperança teve uma única categoria: almejar/desejar um acontecimento futuro. As respostas variavam desde pensar que um bebê vai nascer com saúde ou que uma pessoa vai se curar de uma doença, até acreditar na melhoria das próprias notas escolares e na conquista futura da profissão desejada.

Discussão

O objetivo desse estudo foi analisar o conhecimento de crianças e pré-adolescentes de oito a 13 anos sobre os termos que designam as forças de caráter, bem como compreender como percebem a expressão desses traços nos próprios comportamentos e nos comportamentos de outras pessoas. Foram reconhecidas e definidas de forma mais fácil pelas crianças e pré-adolescentes as forças de caráter criatividade, curiosidade, amor ao aprendizado, amor, bondade, trabalho em equipe, perdão e esperança. Interessante perceber que essas forças foram aquelas que tiveram um significado homogêneo entre todas as idades.

A partir dos achados, verificou-se a facilidade dos participantes para a definição de criatividade. Essa força é desenvolvida desde os primeiros anos de vida, principalmente nas brincadeiras, sendo estimulada pelos pais e pela escola, o que pode torná-la mais popular para as crianças (Peterson & Seligman, 2004; Vygotsky, 2004) e, assim, facilitar o reconhecimento do seu significado. O processo criativo tem papel essencial no desenvolvimento e na maturação geral da criança. Esse achado, que indica a popularidade do termo entre os entrevistados, difere dos resultados encontrados entre pré-adolescentes argentinos de dez e 12 anos, que citaram comportamentos que expressam criatividade em menos de 1% dos seus relatos, quando questionados, em uma pergunta aberta, sobre as suas principais qualidades (Grinhauz & Solano, 2015). Na pesquisa citada (Grinhauz & Solano, 2015), a análise de conteúdo era realizada a partir da identificação dos termos que correspondiam às forças de caráter e de termos relacionados a elas, que estivessem presentes nos relatos dos participantes. Isso difere da presente pesquisa, em que, primeiramente, se perguntava o que a criança ou o pré-adolescente pensava quando ouvia o termo próprio de cada força de caráter. A partir disso, a divergência dos resultados pode ser explicada em função das diferenças metodológicas entre o presente estudo e o estudo argentino. As crianças e pré-adolescentes, embora conheçam o termo e o seu significado, não necessariamente valorizam essa característica e, por isso, não a definem como uma de suas principais qualidades.

Entre as forças de caráter curiosidade e amor ao aprendizado, houve sobreposição de conceitos, pois em ambos predominou como definição a busca por conhecimento e novas experiências. Pode-se considerar amor ao aprendizado como um caso especial de curiosidade. Assim, esses traços realmente têm semelhança, por serem expressos a partir do interesse pela busca de informações e novas experiências, mencionados pelos participantes. O fato de ambas as forças se agruparem no mesmo fator em Análises Fatoriais Exploratórias de adaptações do VIA-Youth (McGrath & Walker, 2016; Neto, Neto, & Furnham, 2014) e estarem relacionadas à mesma virtude teoricamente (Peterson & Seligman, 2004) também pode explicar essa semelhança conceitual. Porém, segundo estudo realizado por Park e Peterson (2006a) com pais norte-americanos, que foram investigados sobre as qualidades de seus filhos, essas forças podem ser diferenciadas, considerando-se que a curiosidade está mais ligada a atitudes como fazer perguntas o tempo inteiro e querer saber o que está acontecendo, enquanto o amor ao aprendizado é representado por atitudes como gostar de ler e estudar as matérias da escola. Esse refinamento na definição dessas forças pareceu não ter sido atingido pelos participantes do presente estudo, o que pode ser justificado pela idade deles.

Nos relatos dos participantes, honestidade foi definida como a atitude de dizer a verdade e ser sincero, o que coaduna com os achados de um estudo argentino, em que pré-adolescentes identificaram o comportamento de falar a verdade como uma qualidade importante neles (Grinhauz & Solano, 2015; Park & Peterson, 2006a). Essa força está relacionada à virtude coragem, pois esse é um valor necessário quando se está comprometido em dizer a verdade, considerando situações em que ter essa atitude não é algo fácil (Peterson & Seligman, 2004). Entretanto, mesmo que os estudantes tenham tido facilidade para reconhecer e dar exemplos sobre honestidade, em estudos norte-americanos anteriores essa força não foi identificada como comum em crianças de até nove anos, sendo mais facilmente encontrada em adultos (Park & Peterson, 2006a, 2006b; Peterson & Seligman, 2004). A partir disso, percebe-se que saber definir a força não está atrelado a exibi-la ou mesmo a identificá-la em si, considerando os achados do presente estudo.

Amor é uma força que pode vir a ser desenvolvida desde o primeiro contato do bebê com a mãe. Por isso, está relacionada com a sobrevivência do ser humano (Bowlby, 2012). A maior parte dos relatos dos participantes sobre a expressão dessa força de fato fez referência ao núcleo familiar, enquanto uma minoria fez referência às amizades. Apesar de a faixa etária dos participantes ser caracterizada pelo crescimento de autonomia em relação aos pais e estreitamento e intensificação da relação com os pares, ainda se percebe o papel protagonista da família como fonte de afeto para crianças e pré-adolescentes (Nickerson & Nagle, 2005). Nessa direção, a categoria dar carinho foi a mais citada para representar a força amor, o que corrobora os achados de um estudo estadunidense que entrevistou pais, mães e seus filhos de três a sete anos de idade sobre como demonstravam e como percebiam o amor de seus familiares (Sabey, Rauer, Haselschwerdt, & Volling, 2018).

Em relação à bondade, observou-se maior número de relatos dentro da categoria ajudar e cuidar dos outros ou de si. Essa força também foi uma das mais citadas em outros estudos qualitativos, que analisaram depoimentos de pais estadunidenses em relação às qualidades de seus filhos (Park & Peterson, 2006a) e relatos de pré-adolescentes argentinos sobre as suas características mais valorizadas (Grinhauz & Solano, 2015). Em um estudo canadense (Binfet & Gaertner, 2015), que solicitava às crianças da educação infantil até o ensino médio que respondessem, através de desenhos, o significado de bondade, também apresentou como temas prevalentes atividades com a família, preservar amizades, demonstrar afeto e ajudar quando alguém se machucava. Esses achados indicam uma semelhança no significado dessa força de caráter para crianças e pré-adolescentes de diferentes países.

As forças amor e bondade têm como significado ajudar, se preocupar e cuidar dos outros (Peterson & Seligman, 2004). A semelhança nos relatos da faixa etária é esperada, visto que essas forças pertencem à mesma virtude. Por outro lado, apesar das semelhanças, tais forças diferem em alguns pontos: o amor, no geral, é expresso para com familiares e amigos, pessoas com quem se estabelece relações íntimas e das quais se espera reciprocidade. Já a bondade pode ser expressa na relação com um estranho, embora também possa ser expressa em relação a pessoas conhecidas. Ainda, para atos de bondade não se espera reciprocidade necessariamente (Peterson & Seligman, 2004), ao contrário do amor.

A força de caráter trabalho em equipe muitas vezes é nomeada, em português, como cidadania. Na presente pesquisa, considerou-se o termo trabalho em equipe mais acessível para as crianças e adolescentes. Por isso, ele já foi utilizado desde o princípio como o termo que designa essa força. As definições dadas pelos participantes estiveram relacionadas à realidade dessa faixa etária, pois a ênfase dos exemplos recaiu em atividades com os pares, como brincadeiras e trabalhos da escola. A perspectiva relatada pelas crianças e pré-adolescentes corrobora com a definição de trabalho em equipe descrita em outro estudo no qual os autores afirmam que essa força de caráter é uma das mais fáceis de ser percebida tanto pela própria criança quanto pelas pessoas que convivem com ela, como professor, pais e colegas (Rashid et al., 2013).

O perdão foi a força para a qual crianças e pré-adolescentes forneceram maior diversidade de respostas, o que gerou maior número de categorias. Esse achado pode significar a complexidade da compreensão conceitual dessa força para essa faixa etária. Contudo, quanto ao desenvolvimento da força, foi demonstrado que crianças de apenas cinco anos já estão dispostas a perdoar quando o transgressor, embora não peça desculpas explícitas, demonstre arrependimento (Oostenbroek & Vaish, 2019). Estudo anterior (Ahirwar, Tiwari, & Rai, 2019), que entrevistou mães de crianças indianas com média de sete anos de idade sobre como seus filhos lidavam com os erros dos outros, mostrou que essas crianças expressavam a força de uma maneira muito fácil e identificável. O perdão era influenciado por questões sociais e emocionais (ex., a idade e o tipo de relação que a criança tinha com quem errou), pelo humor, pela concretude do erro e pela necessidade de afiliação e de brincar. Essa diversidade de fatores que influenciam a expressão da força reafirma a complexidade do entendimento infantil sobre o perdão. Já para o público adolescente, o perdão está associado ao bem-estar, e a associação desses construtos é ainda mais forte quando se refere a perdoar amigos (Van der Wal et al., 2016).

Os resultados obtidos na análise da definição dos termos que designam as forças trabalho em equipe e perdão vão ao encontro dos achados de um estudo argentino que analisou as qualidades que pré-adolescentes mais valorizam em si. Essas forças resultaram como algumas das mais frequentes e claramente descritas pelos participantes daquele estudo (Grinhauz & Solano, 2015). De forma complementar, essas forças mostraram ser frequentemente expressas no comportamento de adolescentes norte-americanos (Park & Peterson, 2006a).

A esperança foi definida pelos participantes, basicamente, como uma visão positiva do futuro, o que corrobora a definição construída por Peterson e Seligman (2004) a partir de seus estudos. Esse é um traço relativamente mais fácil de ser encontrado em jovens do que em adultos (Park & Peterson, 2006b). Pais que auxiliam ativamente seus filhos adolescentes a atingir seus objetivos tornam mais provável que os objetivos dos mesmos gerem maior esperança (Munoz, Quinton, Worley, & Hellman, 2019).

Destaca-se que, para todas as forças de caráter aqui apresentadas, mais de um exemplo esteve relacionado ao contexto escolar, o que é compreensível, considerando a faixa etária estudada e a inserção dos participantes como alunos. Além disso, a coleta de dados foi feita nesse ambiente e as crianças eram colegas, fatores que também contribuíram para os exemplos terem essa conotação. Em relação às forças, algumas dessas características são muito vinculadas às relações interpessoais, como o amor, a bondade e o perdão, sendo comum a sua expressão em ambientes de socialização, dentre os quais a escola figura como um dos principais (Peterson & Seligman, 2004). Esse tipo de resposta ocorreu espontaneamente na fala dos participantes, mesmo tendo sido esclarecido que a pesquisa não estava relacionada a nenhuma atividade escolar. Assim, esse achado reflete também a importância da escola no desenvolvimento das forças de caráter, visto que esses construtos estão relacionados diretamente ao melhor desempenho e comportamento positivo nesse contexto (Wagner & Ruch, 2015).

Em relação às demais forças, a partir da análise da dificuldade das crianças e pré-adolescentes em reconhecer os termos que designam algumas delas, e percebendo-se que, depois de ser verbalizado o significado pela equipe de pesquisa, os participantes conseguiam dar exemplos adequados sobre as mesmas, verificou-se a necessidade de adaptação na tradução do nome/denominação de algumas dessas forças, o que também fez parte do propósito desse estudo, como etapa preliminar de um processo de adaptação e busca de evidências de validade de um instrumento nessa área para crianças e adolescentes brasileiros. Nesse sentido, por exemplo, o termo ‘humor’ pode ser usado como ‘bom humor’, para facilitar o entendimento das crianças sobre a conotação positiva dessa força. A ‘gratidão’ pode ser referida como ‘ser agradecido’. Ainda, sugere-se que o termo ‘espiritualidade’ seja usado como ‘acreditar em Deus’, principalmente em amostras semelhantes a desse estudo, embora esse termo possa ter limitações, foi visto que a amplitude da força não é completamente entendida pelas crianças, limitando-se à crença em Deus ou não. Outra sugestão de mudança para futuros estudos, dessa vez quanto ao termo ‘apreciação da beleza’, é a sua substituição por ‘admiração da beleza’, a fim de se tornar mais acessível para compreensão nessa faixa etária. Já a força ‘inteligência social’ poderia ser referida como ‘conhecer/perceber os próprios sentimentos e os sentimentos dos outros’.

É aproximadamente a partir dos 11 anos de idade que as crianças desenvolvem a capacidade de pensar em termos abstratos, ou seja, passam a reconhecer padrões ou certa regularidade de diferentes comportamentos, que podem ser de natureza física ou mental. Dessa identificação resulta a abstração de uma entidade conceitual, que define o relacionamento entre os elementos aos quais se referem em um nível de abstração mais baixo e mais concreto (Piaget, 1968, 1972). Essa característica do desenvolvimento pode explicar a dificuldade observada entre as crianças mais novas para conceitualizar algumas das forças de caráter, objeto de investigação do presente estudo, tais como pensamento crítico, perspectiva, liderança, inteligência social, humildade e espiritualidade. Já em relação às forças aqui apresentadas, não se observaram diferenças expressivas nas definições dadas pelos participantes de diferentes idades, talvez por serem mais facilmente compreendidas, por serem incentivadas por pais e escolas e, assim, se mostrarem presentes como características próprias dessas crianças, expressas por meio de um repertório mais amplo de comportamentos.

Deve-se estimular intervenções com crianças e adolescentes dessa faixa etária, para que desenvolvam as forças de caráter, pois estudos anteriores comprovaram que é possível estimular o desenvolvimento de inteligência social, prudência e gratidão em crianças, por exemplo (Domitrovich, Cortes, & Greenberg, 2007; Lemmon & Moore, 2007; Rothenberg et al., 2017), mesmo que o seu processo de maturação cognitiva ainda esteja em andamento (Park & Peterson, 2006b). Nesse sentido, salienta-se o papel dos pais para o desenvolvimento de algumas dessas forças em crianças, como humildade, esperança e humor, através de manejos e modelagem (Peterson & Seligman, 2004). Professores, como importantes agentes de socialização, também podem organizar atividades dessa natureza. Considerando os benefícios da expressão das forças de caráter para a convivência social e o bem-estar, para que as crianças adquiram mais autonomia no desenvolvimento das forças e aprimorem suas habilidades interpessoais, é importante que estejam cada vez mais apropriadas dos termos que designam esses traços e entendam como eles se manifestam em si e nos demais, seja através de comportamentos, pensamentos e/ou sentimentos.

Considerações finais

Esse estudo permitiu analisar o conhecimento de crianças e pré-adolescentes de oito a 13 anos de idade sobre os termos que designam as forças de caráter, bem como compreender como percebem a expressão desses traços nos próprios comportamentos e nos comportamentos de outras pessoas. Destacam-se, como limitações do estudo, a amostra pequena e o fato de os participantes representarem um grupo específico de crianças e pré-adolescentes, em geral de nível socioeconômico baixo ou médio, que, embora tenham acesso à escolarização formal, essa é de qualidade questionável no que tange a estimulação à reflexão conceitual. As entrevistas em grupo, embora tenham dado a oportunidade de relatos e exemplos com conteúdos mais ricos, visto que os participantes, por vezes, complementavam as falas uns dos outros e estimulavam entre si a variedade de relatos, dificultaram o acesso à compreensão particular de cada criança ou pré-adolescente sobre os aspectos investigados.

O estudo possibilitou o entendimento de como essa faixa etária conceitua e percebe a expressão dessas forças e a importância dessa expressão na visão dos participantes. Esse dado mostra que um instrumento pode identificar as 24 forças de caráter nas crianças e adolescentes, mesmo que haja diferença nos escores entre determinadas forças na maioria dessa população. Entretanto, diante de algumas dificuldades de compreensão demonstradas pelos participantes, verificou-se a necessidade de efetuar modificações na escala a ser empregada com essa faixa etária.

A partir da análise do conteúdo das entrevistas, foram construídos cinco itens novos para a Escala de Forças de Caráter para crianças e adolescentes. Esses itens são alternativas para a substituição de outros, pois possuem maior relação com a realidade do público-alvo. Os itens eram referentes às forças bravura (2), inteligência social (1), persistência (1) e apreciação da beleza (1). A compreensão de como as crianças e pré-adolescentes entendem as forças e os termos que as designam pode facilitar futuras pesquisas e intervenções sobre esse construto no Brasil, considerando potencializar forças de caráter que as crianças necessitam desenvolver de forma mais intensa ou aquelas que elas identificam mais facilmente.

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Financiamento

  • O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior- Brasil (Capes) - Código de Financiamento 001, por meio da bolsa de mestrado da primeira autora. A quarta, a quinta e a sexta autoras são bolsistas Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Jan 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    21 Jul 2020
  • Aceito
    02 Fev 2021
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