Resumo:
Nos subúrbios do Rio de Janeiro, a partir do início do século XX, progressivamente melhor se estruturaram iniciativas esportivas, entre as quais de modalidades mais relacionadas às classes média e alta. Este artigo objetiva discutir uma experiência com o remo promovida por uma associação da zona suburbana fundada em 1915, o Olaria Futebol Clube, renomeado, em 1920, para Olaria Atlético Clube. Que motivações levaram a tal decisão e incentivaram alguns sócios a se dedicarem à prática do rowing? Que estratégias foram utilizadas para a implementar? Que representações se forjaram ao seu redor? Como fontes, se optou pelo uso de periódicos. Percebendo o envolvimento com o esporte como indicador da ação de diferentes grupos sociais na cena urbana, se conclui que o estímulo ao remo foi uma estratégia que ajudou a consolidar a boa reputação da agremiação, seu reconhecimento no bairro, nos subúrbios e na cidade.
Palavras-chave: História do Esporte; História do Rio de Janeiro; Subúrbio
Abstract:
In the Rio de Janeiro suburbs, from the beginning of the twentieth century, sporting initiatives were progressively better structured, including those more related to the middle and upper classes. This article aims to discuss an experience with rowing promoted by a suburban area association founded in 1915, the Olaria Futebol Clube, renamed, in 1920, Olaria Atlético Clube. What motivations led to this decision and encouraged some members to dedicate themselves to the practice of rowing? What strategies were used to implement it? What representations have been forged around rowing? As sources, it was used newspapers and magazines. Perceiving the sport involvement as an indicator of the action of different social groups in the urban scene, it is concluded that rowing was part of a strategy in order to consolidate a good reputation for the club, its recognition in the neighborhood, in the suburbs and in the city.
Keywords: History of Sport; History of Rio de Janeiro; Suburb
No Rio de Janeiro, desde meados do século XIX, se estruturaram clubes, competições e iniciativas diversas ao redor do remo (Melo, 2017), esporte no qual se destaca a participação humana na performance. Não se trata de contar com a força dos ventos (como no iatismo) ou de animais (como no turfe), mas sim, eminentemente, com a adequada aplicação de técnicas corporais, ainda que seja relevante a qualidade dos artefatos utilizados (barcos e roupas).
Desde o início, como ocorreu com outros esportes, se forjou a seu respeito a ideia de utile dulce: não deveria ser compreendido apenas como uma diversão, mas também como um contributo para o progresso do país (Melo, 2014). A partir do quartel final do século XIX, essa noção se enfatizou quando se acirraram discursos sobre suas potenciais contribuições para a higiene e saúde, algo que se articulou com o aumento da aceitabilidade de uma nova compleição muscular e da exposição do corpo na cena pública (Melo, 2001).
Nesse cenário, na capital nacional, os envolvidos com o remo foram pioneiros a preconizar a ideia de que o praticante deveria se ver e ser visto como um portador de mensagens de determinação e honestidade, um exemplo a ser seguido por uma juventude que necessitava ser disciplinada para assumir os desafios de conduzir o futuro da nação (Melo, 2001). Tal discurso, bem como o fato de que as atividades eram realizadas, de forma gratuita, em espaços públicos, alavancaram a popularidade e valorização do esporte náutico.
No caso fluminense, durante décadas, as iniciativas da modalidade foram promovidas em zonas economicamente privilegiadas da Baía de Guanabara, notadamente no Centro e na Zona Sul do Rio de Janeiro e de Niterói. A exceção era o litoral do bairro de São Cristóvão, onde, desde o quartel final do século XIX, houve importantes experiências náuticas, mais notáveis nos primeiros anos do XX em função da atuação do Clube de Regatas São Cristóvão. Em todos os casos, mesmo que popular no que tange à assistência, o remo era mais restrito no tocante à prática, fazendo parte de um estilo de vida mais associado às classes média e alta.
A propósito, a região de São Cristóvão, naquela ocasião, não pode ser considerada stricto sensu como um subúrbio do Rio de Janeiro, noção que vai começar a se delinear nos anos finais do século XIX e melhor se conformar nas décadas iniciais da centúria seguinte a reboque do desenvolvimento do transporte ferroviário. Na verdade, a maior ocupação dessa área da cidade teve intensa relação com o processo de gentrificação das zonas central e sul.1
Com o processo de reformas urbanas, especialmente aquela liderada por Pereira Passos, em princípios do século XX, moradores de estratos médios e populares foram constrangidos a buscar outras regiões da cidade nas quais houvesse alternativas de habitações a preços mais acessíveis, bem como alguma estrutura de transporte que lhes permitisse chegar na zona central, onde estava concentrado maior número de serviços e postos de trabalho.
A ocupação do subúrbio, contudo, é mais complexa. Com o decorrer do tempo, o crescimento de alguns bairros da região teve relação com a instalação de fábricas e empreendimentos comerciais. Nesse cenário, se fortaleceu uma elite local, fundamental no desenvolvimento daquela zona da cidade sempre menos assistida pelos poderes públicos, bem como na implementação de iniciativas que tinham em conta combater discursos estigmatizados que a encaravam como pouco ordenada, mais violenta, não civilizada.2
Deve-se considerar que há peculiaridades nos diversos bairros suburbanos. Todavia, existem algumas regularidades. Uma delas é o fato de que lideranças locais forjaram experiências e discursos que estabeleciam um diálogo de dupla ordem. Para as áreas privilegiadas da cidade, procuravam apresentar o subúrbio como espaço no qual também se aderia a parâmetros de modernidade, a ideais de civilização e progresso.
Já no interior dos bairros, essas iniciativas demarcaram hierarquias sociais, desencadearam tensões ao redor das representações do que deveria ser o subúrbio, mas também induziram ao compartilhamento de valores tendo em conta urdir uma identidade local. Tratou-se, portanto, de um duplo jogo de contrastes (Fraga, Santos, 2015; Melo, Santos Junior, 2020).
Mesmo que tais iniciativas, em geral, fossem inspiradas em parâmetros valorizados nas regiões socioeconomicamente privilegiadas do Rio de Janeiro, não devemos considerar que se estabeleceu um automático e linear processo de trânsito cultural.3 Ainda que se trate de uma relação do tipo centro-periferia, os moradores dos subúrbios foram ativos e promoveram releituras relacionadas tanto a seus intuitos quanto às potencialidades e limites contextuais.
O estabelecimento de diversões públicas é um exemplo dos trânsitos culturais. Como é usual em localidades onde há um processo de crescimento populacional e de diversificação societária, nos subúrbios do Rio de Janeiro, a partir das primeiras décadas do século XX, melhor se estruturou um mercado de entretenimentos, em muitas ocasiões relacionados a discursos de civilização e progresso. Entre os divertimentos que se organizaram, houve diversas iniciativas esportivas, pioneiramente clubes de atletismo (Melo, 2020a), notadamente agremiações de futebol (Santos, 2010).
Também se estruturaram, em bairros do subúrbio, iniciativas de outras modalidades mais usualmente associadas aos padrões de vida de grupos socioeconomicamente privilegiados. Esse foi o caso do críquete em Bangu (Melo, Santos Junior, 2018), do turfe em Santa Cruz (Melo, 2019), do iatismo em Ramos (Melo, 2020b), do ciclismo em Madureira (Melo, Santos Junior, 2020).
O objetivo deste estudo é discutir uma dessas ocasiões, uma experiência com o remo promovida por uma sociedade esportiva do subúrbio criada em 1915, o Olaria Futebol Clube. A princípio dedicada ao ludopédio, em 1920, mudou de perfil, foi renomeada para Olaria Atlético Clube e ampliou o escopo de modalidades com as quais se envolvia, entre elas o rowing. O recorte temporal teve em conta sua data de fundação e o momento no qual encontramos as últimas evidências de prática do esporte náutico na agremiação (1930).
Pretende-se responder algumas questões. Que motivações levaram à mudança de perfil do clube e incentivaram os sócios a se envolverem com o remo? Que estratégias foram utilizadas para implementar a prática? Que representações se forjaram ao redor da modalidade experenciada naquela região do subúrbio?
O Olaria permanece ativo, sendo mais conhecido por sua atuação no âmbito do futebol.4 A presença de referências náuticas em seu escudo, eventualmente, sem maior precisão, é motivo de comentários em sítios na internet.
Vale uma observação. No Rio de Janeiro, em alguns casos, a prática do futebol foi adotada depois que agremiações de rowing estavam constituídas, como no Clube de Regatas do Flamengo e no Clube de Regatas Vasco da Gama. Em duas situações, houve fusões de sociedades náuticas e futebolistas do mesmo bairro: Botafogo Futebol e Regatas e São Cristóvão de Futebol e Regatas.5 No Olaria, o velho esporte bretão surgiu primeiro, somente depois o remo.
Para alcance do objetivo deste estudo, como fontes foram utilizados jornais e revistas publicados no Rio de Janeiro no momento em tela.6 A escolha desse material levou em conta dois aspectos: a) o intuito de investigar a difusão e repercussão pública das iniciativas da agremiação; b) a ausência de documentos de outra natureza. Os periódicos foram prospectados a partir de sua materialidade sempre que possível (em função das informações disponíveis) e necessário (uma boa parte das notícias eram comunicações de atividades promovidas).7
Ao optar pela investigação de uma faceta pouco conhecida do Olaria Atlético Clube, teve-se em conta o que Maciel (2010) chama de invisibilidade dos subúrbios, a falta de maior atenção a essa região, algo que, no olhar da autora, engendra claros problemas políticos: “Não sendo parte do passado da cidade, não teriam também lugar em seu presente nem, menos ainda, em seu futuro” (p. 189).
Assim sendo, espera-se lançar um olhar diferenciado sobre a história do Rio de Janeiro, reconhecendo a peculiaridade de uma experiência pouco investigada, percebendo o quanto o esporte pode ser indicador da ação de diferentes grupos sociais na dinâmica citadina. Entender essas iniciativas é também dar importância ao papel ativo dos indivíduos no forjar de sua vida cotidiana e na concepção de distintos projetos de cidade.
Para o bairro: um clube de futebol
Na década de 1820, na região onde o Olaria Futebol Clube quase um século depois seria fundado, Francisco José Pereira Rego instalou olarias dedicadas à produção de louças, tijolos e telhas. Em função do potencial do negócio, outras fábricas semelhantes surgiram naquelas terras (Lima, 2016), uma vocação que seria registrada no nome do bairro.
O crescimento populacional da região, bem como o processo de loteamento e arruamento, se exponenciou a partir da década de 1880, quando foram instaladas estações da Companhia Estrada de Ferro do Norte (futura Leopoldina Railway)8 em Bonsucesso, Ramos e Olaria.
Nos anos iniciais do século XX, várias iniciativas contribuíram para o desenvolvimento urbano do bairro, entre as quais as entabuladas por João Gualberto Nabor do Rego, Custódio Nunes e Joaquim Leandro da Motta9 (Gerson, 1965). Os dois últimos foram protagonistas de um negócio que teve impacto no crescimento da região, o Matadouro da Penha. Nesse estabelecimento, foi criado um clube de futebol, o Irmãos Goulart F. C., cujo campo se encontrava na atual rua Bariri (Fraiha, 2004). Era um dos muitos que havia na Zona da Leopoldina.10
Esse intenso processo de criação de clubes tem relação com as mudanças pelas quais passou a região. Segundo Miyasaka (2016), entre o final do século XIX e 1920, a população do Rio de Janeiro mais do que dobrou, na zona urbana aumentando em torno de 85%, e nos subúrbios quase 290%.11 Em 1920, o distrito de Inhaúma era o mais populoso da cidade, com cerca de 132 mil habitantes. O vizinho distrito de Irajá foi um dos que mais cresceu, tornando-se o segundo em número de moradores (cerca de 99 mil).
Segundo Miyasaka (2016), na década de 1920, no distrito de Inhaúma, o mais urbanizado do subúrbio, vivia o maior número de trabalhadores da indústria da cidade, o segundo em empregados no setor do transporte. Por lá, habitavam também muitos “funcionários da administração pública e particular” e “membros da força pública” (p. 96), além de profissionais liberais e comerciários. Ainda se destacava por ser local de residência de jornaleiros e trabalhadores braçais. Esses dados nos ajudam a perceber melhor a formação societária do bairro de Olaria, onde moravam muitos populares, mas também gente de estratos médios e altos, nesse caso aqueles que há algum tempo vinham investindo na região.
Quando surgiu o Olaria, no bairro já havia outras agremiações dedicadas à diversão, como o Clube Recreativo Fluminense, grupo dramático fundado em 1912, também promotor usual de bailes.12 Aparentemente, não existiam ainda sociedades esportivas. O clube investigado foi o primeiro de muitos que seriam criados, nenhum deles alcançando o mesmo protagonismo e visibilidade.
A propósito, já estavam envolvidos com outras agremiações dos arredores13 os jovens que, em 1915, criaram o Olaria Futebol Clube em reunião realizada na casa de Alfredo de Oliveira,14 comerciante do ramo de secos e molhados, morador da rua Filomena Nunes, um logradouro que ficava entre a linha férrea e a praia de Apicu e porto/praia de Maria Angu.15 O grupo fundador era formado por gente de estrato médio, muitos deles funcionários com cargos intermediários no setor público e privado.16
A iniciativa recebeu apoio de lideranças locais, entre os quais os já citados Custódio Nunes e Joaquim Leandro; o notório advogado e importador de cavalos, Henrique Joppert; o capitão Magno da Silva, militar ligado à dinamização do Tiro da Penha, bem como diretor-proprietário de A Semana, um jornal local; o capitão Coutinho, oficial da Brigada Policial; o escrivão da prefeitura, Antonio Roma.17
Com o Olaria, portanto, ocorreu algo, como vimos, usual nos subúrbios: a participação das lideranças locais na conformação de experiências que julgavam ter o potencial para contribuir com o desenvolvimento do bairro, inclusive forjar uma boa imagem para a região. Além disso, era uma iniciativa da qual poderiam desfrutar, um espaço para encontros e diversões.
Com tal apoio, não surpreende que, em pouco tempo, o clube tenha trocado sua primeira sede - um campo na praia, por outra mais adequada, com um melhor ground de futebol, situada na rua Clementino, perto do Matadouro e da estação férrea de Olaria. Na inauguração, em fevereiro de 1916, promoveu-se um festival esportivo que culminou com uma partida contra o Bonsucesso Futebol Clube, futuramente uma grande rivalidade da região. Na ocasião, contudo, foi encarada como uma celebração dos laços de amizade da Zona da Leopoldina.
Logo, nos jornais, surgiram registros elogiosos ao clube, discursos que, não poucas vezes, também valorizavam a região. Para um cronista, tratava-se de uma agremiação “incansável, já tendo obtido a adesão dos principais moradores do salubérrimo bairro suburbano”.18 Nesse caso, há que se ter em conta que O Imparcial era órgão oficial do Olaria e de muitas sociedades esportivas,19 uma estratégia adotada para dar maior visibilidade a suas ações e obter algum espaço numa imprensa que concedia mais atenção para as iniciativas promovidas nas zonas sul e central.
Já para o periódico, tratava-se de tentar melhor alcançar um potencial consumidor dos subúrbios, área da cidade que, como vimos, seguiu crescendo no decorrer do século.20 Tendo em vista esse interesse mútuo, foi usual a promoção de festivais em homenagem aos jornais, bem como a concessão de convites permanentes aos cronistas, a fim de facilitar sua frequência e cobertura dos eventos.
Vários periódicos passaram a dedicar maior atenção ao clube e ao bairro. Em 1918, por exemplo, o Jornal das Moças nominalmente citou algumas jovens de Olaria, comentando suas qualidades.21 As torcedoras da agremiação, a propósito, tornaram-se conhecidas por sempre participarem dos eventos musicais e bailes,22 promover quermesses e acompanhar o time de futebol em seus jogos.23
Planta informativa da cidade do Rio de Janeiro especialmente organizada para o Guia Briguiet. Arthur Duarte Ribeiro, 1929
A agremiação tornava-se importante na dinamização da vida festiva local. Não poucas vezes seus eventos esportivos se transformavam em festas que contavam com a presença das famílias de Olaria e das redondezas.24 Gestava-se uma cena pública na qual os grupos sociais do bairro se identificavam.
Nos seus primeiros anos, foi intensa a atividade esportiva da agremiação, quase que exclusivamente dedicada ao futebol. O clube chegou a ter três times atuando simultaneamente, disputando partidas com equipes do subúrbio e da cidade como um todo, participando de diversos campeonatos e festivais. O Olaria se filiou a diversas ligas, inclusive à prestigiosa Liga Metropolitana de Desportos Terrestres, uma expressão do intuito de se inserir amplamente no meio esportivo carioca.
Era uma sociedade que assumia ser do bairro, mas cujos interesses extrapolariam essas fronteiras, algo que ficou mais claro na transição das décadas de 1910/1920. Para potencializar o alcance de seus objetivos, aventou-se até mesmo promover fusões com outros clubes das redondezas, como com o Bonsucesso25 e o Brazil Sport.26
Ao final, essas saídas foram descartadas. Depois de amplo debate interno, em 1920, mudou-se o nome da agremiação para Olaria Atlético Clube, se estabelecendo como objetivo “o desenvolvimento físico de seus associados por meio de esportes atléticos em geral”.27 Tornou-se uma sociedade multimodalidade.
Nesse cenário, aumentou a preocupação com a aquisição de uma sede mais adequada. O espaço da rua Angélica Motta, inaugurado em 1919,28 já não atendia aos novos intuitos da agremiação. A solução imediata foi o estabelecimento de um acordo com o Civil Esporte Clube para que compartilhassem um bom campo na rua Leopoldina Rego, com o desejo de que fosse o melhor da região.29 Se, a princípio, a ambição do Olaria era ser referência no bairro, paulatinamente cultivou a intenção de ser um exemplo da Zona da Leopoldina.
Nesse novo momento, um líder se destacou por enfatizar certos discursos e contribuir para consolidar a mudança de perfil. Tornou-se presidente Francisco da Silva Lage, esportista conhecido, um dos fundadores do Clube de Regatas Vasco da Gama, mas destacou-se mesmo a atuação do 1º vice-presidente, Sylvio e Silva, facultativo das equipes da agremiação, um dos mais conhecidos médicos da Zona da Leopoldina, membro do Instituto de Proteção e Assistência à Infância do Rio de Janeiro, personagem de grande destaque sempre relacionado ao desenvolvimento local a partir da adesão a ideais de civilização e progresso.30
Sylvio e Silva foi também presidente do Esporte Naútico de Ramos (1923), uma agremiação assim celebrada por um cronista: “Realmente, não se concebia que as extensas praias que vão do Caju a São João de Meriti não possuíssem um único centro onde se praticasse o esporte náutico, indubitavelmente a mais útil das modalidades esportivas”.31
A despeito da relevância dessa iniciativa, foi mesmo pioneira a prática do remo no Olaria Atlético, iniciada em 1920. A propósito, ao clube foi dedicada a regata inaugural do Esporte Náutico de Ramos.32 Reconhecia-se sua relevância para o desenvolvimento esportivo da região.
Para o subúrbio: um clube atlético
“Ora essa! O Olaria promovendo regatas no Porto de Maria Angu!”:33 o cronista da Gazeta Suburbana não conteve a sensação de surpresa ao comentar a novidade que se apresentava na Zona da Leopoldina. Até aquele momento, nenhuma modalidade náutica se estruturara naquela faixa de litoral.
Em maio de 1920, inaugurando sua seção náutica, o Olaria promoveu, no porto de Maria Angu, seu primeiro festival. Foram nove páreos, quatro de canoas de dois remadores, dois de natação, dois de práticas lúdicas (corridas de tina e pega do pato) e um de mergulhos/saltos.34
Nessa primeira atividade, dois aspectos se destacaram. Num momento em que a modalidade náutica já estava muito estruturada, conduzida pela longeva e polêmica Federação Brasileira de Sociedades de Remo,35 o evento teve uma programação que se aproximava dos festivais mais usualmente promovidos no início do século XX. Além disso, basicamente tomaram parte associados do Olaria ou moradores da região.36
De toda forma, tratou-se de uma sensível ampliação no perfil de uma agremiação que surgira com o objetivo de dedicar-se ao futebol. O remo foi um dos primeiros esportes com o qual o Olaria se envolveu no seu processo de diversificação, uma decorrência da decisão de apresentar-se como uma sociedade que não estava preocupada somente com a diversão, mas também em dar contribuições para o desenvolvimento da Zona Leopoldina.37
Aderir ao esporte náutico era uma escolha relevante em função das representações positivas que havia ao redor da modalidade. Além disso, seria um diferencial: clubes de futebol já havia muitos; o Olaria foi o pioneiro e, durante alguns anos, único dos subúrbios a se envolver com o remo.
Com a mudança de perfil, aumentou o número de associados. As atividades do clube, todavia, em muitos momentos, também envolviam populares não sócios, estratégia para garantir o reconhecimento das hierarquias sociais, bem como o partilhamento de valores fundamental no forjar de uma identidade local. Em certa ocasião, a diretoria da agremiação chegou a organizar um festival “em homenagem ao povo da localidade, que tem muito concorrido para o seu desenvolvimento”.38
Aos jornais, não passou despercebida a mudança de perfil do Olaria. Progressivamente, tornou-se mais reconhecido na cidade, citado com elogios que iam de encontro aos estigmas usuais acerca da zona suburbana. Para um cronista, as iniciativas do clube “valorosos benefícios trarão não só para o local em que se realizarão como para o numeroso grupo de jovens que habitam os subúrbios da Leopoldina”.39
Para esse mesmo cronista, um dos impactos imediatos das atividades náuticas foi chamar a atenção para um “belíssimo recanto da nossa Baía, em completo abandono pelas autoridades competentes”.40 Graças à intervenção da diretoria, a prefeitura assumiu o compromisso de promover melhoramentos naquela faixa do litoral. Reforçava-se a ideia de que as ações locais seriam fundamentais para reverter a falta de cuidado do poder público com os subúrbios.
Deve-se perceber que o costume dos banhos de mar já existia no Rio de Janeiro desde o século XIX, tornando-se mais usual na virada para o XX (Melo, 2001). A partir dos anos 1920, passou ainda mais intensamente a fazer parte do cotidiano do carioca e ser registrado como constituinte de sua identidade, especialmente relacionado ao estilo de vida das classes média e alta (O’Donnell, 2013). Somente no decorrer das décadas de 1930-1940, as praias de Apicu e Maria Angu, depois praia de Ramos, tornaram-se um balneário importante da zona suburbana (Chrysostomo, 2019). A experiência náutica do Olaria, portanto, foi antecedente e pioneira.
Já em 1920, a diretoria do Olaria se comprometeu a construir um barracão que seria franqueado não somente aos associados, como também “às famílias daquela localidade que fazem uso de banhos de mar”.41 A agremiação “oferecia” à Zona da Leopoldina um conforto que os poderes públicos somente atenderiam nos anos 1950, quando se articularam com iniciativas de duas sociedades de iatismo: o Iate Clube de Ramos e o Carioca Iate Clube (Chrysostomo, 2019; Melo, 2020b).
Em 1923, a diretoria do Olaria, em conjunto com a do Esporte Náutico de Ramos, enviou ao Conselho Municipal uma carta solicitando melhoramentos nos bairros da Leopoldina, entre os quais a reforma das estradas do Engenho da Pedra e do Norte, bem como da rua das Missões, tendo em vista atender a população que crescentemente passava a frequentar as praias.42
O Olaria tornava-se um defensor dos subúrbios. Interessante observar que, junto com outras agremiações, participou ativamente das iniciativas do Centro Pró-melhoramentos dos Subúrbios da Leopoldina,43 presidido por Domingos Vassalo Caruso, futuro comodoro do Iate Clube de Ramos, “personagem conhecido na região. Proprietário de muitos cinemas, foi uma liderança política local [...], bem como do esporte carioca e nacional (foi presidente do Bonsucesso Futebol Clube e tesoureiro da Confederação Brasileira de Desportos)” (Melo, 2020b, p. 10).
Em 1926, o prefeito Alaor Prata chegou a presidir um festival do clube, sinal de prestígio.44 A propósito, para além de seus eventos sempre atraírem gente do bairro e das redondezas, o Olaria passou a emprestar seu ground para agremiações esportivas da região que ainda não possuíam instalações adequadas,45 bem como outras sociedades locais e da vizinhança.46 Sua sede acolhia também iniciativas de interesse público, como, em 1925, uma campanha de vacinação contra a varíola.47
Mesmo tendo ainda alguns problemas com o campo de futebol, progressivamente, a agremiação foi se tornando uma referência esportiva no Rio de Janeiro. Assim um cronista definiu sua sede: “Dentre as inúmeras [...] construídas ultimamente nessa cidade, podemos, sem exagero nenhum, reputar como uma das melhores [...]”.48 Já sobre a performance de seus atletas, dessa maneira se posicionou um periodista do Jornal do Comércio (a altura órgão oficial do Olaria):
O Olaria A. Clube brilhantemente figurou [...] no ano passado, enfrentando de um modo digno os seus valentes e leais adversários, não só pela eficiência técnica, como ainda pela maneira disciplinada com se portaram em todas as pugnas realizadas durante o campeonato, dando assim um verdadeiro exemplo àqueles que ainda não se deram ao trabalho de estudar o modo pelo qual se deve praticar o querido esporte bretão.49
A prática do remo compunha esse perfil social e esportivo valorizado no bairro, na zona da Leopoldina e na cidade. Todavia, o Olaria não se mostrou disposto a integrar as iniciativas estruturadas da modalidade, como ocorria com o futebol, que seguiu sendo de grande importância para o clube. A impressão é que se tratava de uma atividade cotidiana de um grupo de sócios incentivados por uma diretoria que tinha interesse nas suas contribuições para consolidar uma boa imagem da agremiação.
Eventos náuticos eram esparsos. Em 1926, ganhou difusão pública um desses festivais.50 Dele tomaram parte, além do Olaria, o Esporte Náutico de Ramos, o Clube Náutico da Penha e a Liga de Esportes da Marinha, bem como uma equipe da colônia local de pescadores (Z-5). Foi um encontro marcado, portanto, pela participação majoritária de gente da zona suburbana.
Vejamos que novas agremiações náuticas tinham surgido na região. Sobre o Clube Náutico da Penha, não conseguimos muitas informações. Parece ter sido uma iniciativa de curta duração, funcionando apenas no ano de 1926. Já o Esporte Náutico de Ramos tornou-se muito conhecido pelas atividades sociais e pelos banhos de mar à fantasia,51 bem como pelos bailes diversos, inclusive de carnaval.
O Esporte Náutico de Ramos promoveu muitas competições nas quais se mesclavam páreos de remo, natação e provas atléticas. Possuía um barracão na praia de Apicu, onde guardava suas embarcações e dispunha de alguma estrutura para os banhos de mar de seus associados.52
Tendo aventado se ligar à Federação Brasileira de Sociedades de Remo, acabou filiando-se, em 1926, à União das Sociedades de Remo da Lagoa Rodrigo de Freitas,53 participando de vários eventos naquela região.54 Da mesma forma, no porto de Maria Angu, promoveu uma regata na qual estiveram presentes o Audax, o Piraquê e o Gothan.55 Somente alguns anos depois, com as agremiações de iatismo de Ramos tornar-se-ia mais usual a presença de clubes das zonas central e sul nas praias suburbanas (Melo, 2020b).
De fato, uma importante contribuição do Esporte Náutico de Ramos foi semear, naquele bairro, as condições para posterior desenvolvimento do iatismo. Na verdade, no que tange ao remo, teve uma atividade mais intensa do que o Olaria. Mas por esse fora influenciado no seu processo de criação e funcionamento.
Vale destacar que o Esporte Náutico de Ramos buscou também inserção comunitária, servindo como posto de vacinação, coletando donativos para ajudar em tragédias, fazendo distribuição de brinquedos aos mais pobres por ocasião das festas natalinas, ocasiões nas quais contava com apoio de comerciantes locais, um procedimento que aprendera com o Olaria e que depois seria adotado pelas agremiações de iatismo locais.
Pelo que foi possível perceber, manteve-se ativo pelo menos até 1928. Nesse ano, não sabemos por qual motivo, sócios da agremiação anunciaram a fundação do Clube de Regatas Leopoldinense.56 Na década de 1930, não conseguimos indícios de que tal sociedade tenha funcionado, a não ser uma homenagem que recebeu em 1937.57 De toda forma, é mais um indício de que, impulsionado pela experiência do Olaria, se forjou na região o gosto pelo remo, considerado como um indício do desenvolvimento local, expressão da adesão a ideais de civilização e progresso.58
Em 1929 e 1930, o Olaria ainda organizou eventos náuticos no porto de Maria Angu, o primeiro uma disputa com o Gothan,59 o segundo contando com a participação da Liga de Esportes da Marinha, agremiações da União das Sociedades de Remo da Lagoa Rodrigo de Freitas e uma equipe da Federação Brasileira de Escoteiros do Mar.60 Depois desses festivais, nenhuma notícia mais encontramos sobre as atividades de remo promovidas pelo clube investigado.
Enfim, mesmo que tenha sido limitada a experiência náutica do Olaria, inegavelmente foi de grande relevância essa pioneira iniciativa, inclusive como incentivo para outros grupos locais. Ainda que essas agremiações tenham tido curta duração, desenvolveu-se uma vida festiva e esportiva intensa nas praias de Apicu e Maria Angu. Em poucas ocasiões, os clubes das zonas e central participaram de eventos por lá promovidos, mas estavam lançadas as bases para um desenvolvimento futuro.
Mais ainda, um aspecto que merece destaque, o remo ajudou a construir uma imagem positiva que se estabeleceu como contraponto aos estigmas que havia acerca dos subúrbios.
Para a nação: o escotismo
Uma atividade reforçou a ligação do Olaria com o esporte náutico, bem como enfatizou seus compromissos de contribuição social: o escotismo. Em 1923, nas dependências do clube, com a presença de muitas lideranças e autoridades locais, foi inaugurado o Grupo de Escoteiros Olavo Bilac,61 uma homenagem ao poeta que foi um dos maiores incentivadores do movimento.62
Herold Junior e Melo (2018) já investigaram a relação entre clubes esportivos e grupos escoteiros no Rio de Janeiro. Para os autores, esses encontros tinham relação com a proximidade de certos discursos num contexto em que emergiam preocupações com a educação da juventude:
O escotismo surgiu como uma possibilidade concreta de fomentar uma estratégia alternativa de formação. Algo semelhante aconteceu com o esporte, que se transformava e era engajado nas grandes questões do país. O encontro entre ambos gerou discursos que assumiram e propagaram a proximidade entre seus potenciais pedagógicos (Herold Junior, Melo, 2018, p. 16).
Se tal relação já existia nas zonas central e sul, o Olaria colocou o subúrbio no mapa. O apoio ao escotismo se alinhava a preocupações que já estavam presentes nos discursos de alguns dirigentes da agremiação, a ideia de que o esporte poderia ser útil para a promoção da saúde, higiene, disciplina, uma ferramenta que poderia contribuir com o progresso do país.
O Olavo Bilac não tinha sede no Olaria, mas era muito identificado com o clube em função de constantemente usar suas instalações. O mesmo ocorreu com outro grupo de escoteiros estabelecido na igreja de São Geraldo. A ligação entre a agremiação e o movimento tornou-se ainda mais forte em 1927, quando foi criado um cargo de diretor de Escotismo, na ocasião ocupado por Gelmirez de Mello,63 e, nas suas dependências, fundado o 15º Grupo de Escoteiros do Mar, cujas atividades eram realizadas no porto de Maria Angu.64
Um cronista entusiasticamente elogiou o clube por tal decisão, afinal, no seu olhar, “a escola de escoteiros é hoje, pode-se dizer, onde os nossos pequenos aprendem a ter a verdadeira noção de sua utilidade futura”.65 Tratar-se-ia de “um centro de cultura física” que entusiasmava os que assistiam as suas demonstrações de ordem e disciplina. O escoteiro seria “sadio, forte e inteligente, honesto e sobretudo valente”. Assim sendo, conclamava: “É, portanto, necessário que todos os associados do Olaria, secundando a boa vontade dos dirigentes daquele grêmio, procurem fazer de cada filho um valente escoteiro”.
Para o cronista, que percebeu já haver bom número de inscritos no grupo, a iniciativa era uma demonstração dos elevados compromissos que o Olaria tinha com o país, algo que enaltecia seu nome e merecia ser valorizado pela cidade. A conclamação de Gelmirez de Mello, publicada em alguns jornais, deu o tom das intencionalidades da diretoria. Para ele, o clube se mostrara empolgado porque considerava o escotismo:
de primordial valor para o desenvolvimento da nossa raça, quer pelo lado moral, ministrando às crianças de hoje a disciplina, a lealdade, o amor pelo lar e pela pátria, quer pelo lado físico, tornando-as sadias e robustas, para dar ao Brasil de amanhã uma geração de homens corajosos e preparados para vencer todas as lutas da vida.66
A agremiação e o porto de Maria Angu rapidamente se tornaram locais constantes de reunião dos grupos da região.67 Além disso, os jovens escoteiros participavam usualmente de competições náuticas. Por vezes, se inscreviam em provas organizadas por entidades esportivas diversas,68 em outras ocasiões foram os promotores de eventos.69 Na verdade, prolongaram por mais tempo o envolvimento do clube com o remo, quando os associados já tinham perdido o interesse (décadas de 1930 e 1940).70
O principal desdobramento da relação do Olaria com o movimento escoteiro, contudo, foi torná-lo ainda mais conhecido na cidade, notadamente na zona suburbana.71 Tratou-se de um contributo para reforçar a imagem de que era uma agremiação que se punha a dispor do desenvolvimento local, da cidade e da nação.
Considerações finais: O fim do remo no clube suburbano
O Olaria Atlético Clube não é apenas uma associação esportiva. É também, e antes de tudo, um perpetuador maravilhoso do bom nome de um bairro inteiro. [...] Isso servirá de orgulho para todos nós que habitamos o bairro. E, realizada essa obra formidável de energia e tenacidade, é possível que mesmo os homens mais frios se sintam eletrizados de repente, formando um só todo conosco, nessa prática sadia de esportes em que se fizeram titãs gregos e romanos!72
Essa afirmação bem expressa o que a diretoria do Olaria ambicionava naqueles anos finais da década de 1920, seu empenho em tornar o clube cada vez mais reconhecido no bairro, na Leopoldina e na cidade como um todo. Com seu prestígio, contribuiu para tal a atuação do presidente Horacio Werne, conhecido esportista que ocupou muitos cargos em entidades representativas, como na Federação Brasileira de Futebol, na Confederação Brasileira de Desportos e no Comitê Olímpico Brasileiro.
Em 1927, a diretoria se empenhou muito em construir, na rua Candido Silva (atual rua Bariri), uma sede esportiva ainda mais adequada a seus amplos intuitos.73 Para tal, procurou envolver os associados, a população local e os comerciantes, despertando o orgulho de ser morador do bairro. Inaugurada em 1931, tratava-se de dar uma prova da pujança da Zona da Leopoldina, da capacidade de realização da gente suburbana.
Em 1929, a organização da primeira edição da Taça Oscar Costa, uma corrida rústica, teve grande repercussão na cidade, alavancando ainda mais o nome da agremiação, constantemente reconhecida como dinâmica e exemplar.74 Em várias modalidades, o Olaria tornou-se renomado se não pelos resultados, seguramente pelo profundo envolvimento com as competições.
Prestes a completar 15 anos de funcionamento, parece ter surtido efeito a mudança de perfil promovida em 1920. Se a princípio era uma equipe de futebol destinada a oferecer diversão aos jovens do bairro de Olaria, tornara-se um clube atlético que enfatizava os compromissos com a Zona da Leopoldina, com o subúrbio carioca e mesmo com a nação, notadamente quando apoiou e diretamente se envolveu com o movimento escoteiro.
Na matéria “Feitos brilhantes do Olaria Club”, assim um cronista reconheceu suas conquistas: “Mencionar o nome do valoroso grêmio da faixa azul é enaltecer a capacidade de trabalho de seus esforçados dirigentes, que não medem sacrifícios em prol do desenvolvimento esportivo e material do seu clube”.75 Na ocasião da cerimônia da entrega de medalhas da Taça Oscar Costa, assim se pronunciou o homenageado:
O Olaria Atlético Clube é um dos campeões dessa linda cruzada nacional. É um centro de atividade esportiva em que homens competentes e esforçados vão conseguindo vitórias como as consubstanciadas na magnífica prova a que assistimos, aplaudimos e festejamos.76
O cronista do Jornal dos Sports foi ainda mais explícito em seus elogios às realizações da agremiação suburbana. Para ele, “o Olaria Atlético Clube já pode considerar-se justo orgulho da metrópole, pelo que tem feito em benefício do homem e pelo que construiu em auxílio do aformoseamento da nossa gleba”.77
Por trás desse reconhecimento, o que se pode perceber é que a agremiação foi alinhando seus discursos com aqueles que valorizavam o esporte para além de um divertimento, o concebendo como uma ferramenta educacional e de intervenção social. Ao fazer isso, o Olaria conseguiu notabilidade no bairro e na Zona da Leopoldina, estabelecendo-se como uma liderança local, mas também na cidade, um interlocutor entre o Centro e o subúrbio.
Sempre foi considerado um clube de menor porte, mas se tornou muito respeitado até mesmo por sua solidez financeira.78 Claramente suas ações, de forma mais ou menos explícita e/ou intencional, contribuíram para combater estigmas, ao mesmo tempo que estabeleceram hierarquias sociais e entabularam um processo de partilhamento de valores e símbolos.
O envolvimento com o remo integrou esse processo, ainda que não tenha sido notável a participação da agremiação nas iniciativas estruturadas da modalidade. Tratava-se de uma prática cotidiana de associados, valorizada pela diretoria ciosa de construir uma boa imagem para o clube.
Isso não significa que tal adesão tenha sido pouco importante. Ao estimular a prática do remo, o clube deu início a seu processo de diversificação esportiva e de estabelecimento de uma relação mais explícita com ideais de civilização e progresso. Mais ainda, tornou-se pioneiro e categorizou uma marca de atuação que o diferenciou e ajudou a construir sua reputação.
Um fato importante foi sua influência no surgimento de outros clubes náuticos na região, num momento em que os banhos de mar começavam a se tornar mais difundidos na cidade, mas aquela parte do litoral ainda era de uso restrito. Suas ações ajudaram a gestar uma nova sociabilidade pública e abriram portas para muitas experiências, inclusive aquelas dos futuros clubes de iatismo de Ramos.
A criação de um grupo de escoteiros do mar em sua sede confirmou seus compromissos e sua relação com o esporte náutico, algo pouco usual em clubes do subúrbio e que segue até os dias de hoje registrado em seu escudo.
Enfim, ainda que com limites, a experiência náutica do Olaria Atlético Clube merece ser reconhecida pelas contribuições que deu para o desenvolvimento esportivo da Zona da Leopoldina, dos subúrbios e da cidade do Rio de Janeiro como um todo. Mais ainda, como ação que explicita o movimento de diferentes grupos sociais na construção da dinâmica citadina.
Referências
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- SANTOS, João Manuel Casquinha Malaia. Revolução Vascaína: a profissionalização do futebol e inserção socioeconômica de negros e portugueses na cidade do Rio de Janeiro (1915-1934) Tese (Doutorado em História), Universidade de São Paulo. São Paulo, 2010.
- SILVA, Lucia Helena Pereira da. História do urbanismo do Rio de Janeiro: administração municipal, engenharia e arquitetura dos anos 1920 à Ditadura Vargas Rio de Janeiro: E-Papers, 2003.
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1
Sobre a ocupação dos subúrbios do Rio de Janeiro, ver Abreu (1987), Fernandes (1995) e Fraga e Santos (2015). Sobre a noção de subúrbio carioca e sua peculiaridade em relação à ideia de periferia, ver Guimarães e Davies (2018).
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2
Sobre o crescimento da população nos subúrbios cariocas, ver Miyasaka (2016). Sobre a estigmatização dos subúrbios, ver Fernandes (1995).
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3
Sobre a ideia de trânsito cultural, ver Canclini (1997).
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4
Seu estádio, inaugurado em 1947, foi tombado pela Prefeitura do Rio de Janeiro (Decreto nº 37.773, de 9 de outubro de 2013). É o terceiro mais antigo da cidade ainda em atividade.
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5
Há ainda um caso, ligado ao iatismo, em que agremiações do mesmo bairro não se fundiram, ainda que durante algum tempo mantivessem relação: o Fluminense Futebol Clube e o Fluminense Iate Clube (hoje, Iate Clube do Rio de Janeiro).
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6
Os periódicos foram consultados na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Ver Brasil e Nascimento (2020) para um debate sobre os cuidados a serem adotados na utilização desse recurso.
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7
Para trato do material, tivemos em conta as sugestões de Luca (2005).
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8
Ficou conhecida como Zona da Leopoldina aquela atendida por essa companhia. Do ponto de vista oficial, Olaria fez parte da Freguesia e distrito de Inhaúma.
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9
Os três foram donos de terra e empreendedores no bairro, inclusive investindo em loteamentos e arruamentos. Também incentivaram iniciativas de desenvolvimento local.
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10
Para mais informações sobre os clubes de futebol da região, ver Santos (2010).
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11
Desde 1890, a administração municipal demarcou as zonas urbana e suburbana. No decorrer do tempo, mudaram o tamanho e definição das divisões internas (paróquias, freguesias, distritos, regiões administrativas). Para mais informações, ver Miyasaka (2016).
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12
Olaria. A Época, 22 ago. 1912, p. 5.
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13
Em 1913, foram criados o Bonsucesso Futebol Clube e o Ramos Futebol Clube.
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14
O Olaria Atlético Clube comemora hoje o seu 5º ano de fundação. O Paiz, 1 jul. 1920, p. 6.
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15
Corresponde aproximadamente à atual praia de Ramos, litoral bem modificado com a construção da avenida Brasil (década de 1940).
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16
Três exemplos: Mario da Silva Barros, terceiro presidente do clube, era funcionário da Casa da Moeda. O primeiro presidente era guarda municipal de Irajá, Hermogenio Floriano Vasconcellos. Já Pantaleão de Almeida, que também teve cargo de direção, era empregado importante da Equitativa, notável companhia de seguros.
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17
Olaria Futebol Clube. O Imparcial, 31 dez. 1915, p. 11. Esses, bem como Carlos Lisboa e Manoel Souza, receberam o título de sócios benfeitores do clube.
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18
Olaria Futebol Clube. O Imparcial, 31 dez. 1915, p. 11.
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19
Expediente oficial. O Imparcial, 1 out. 1915, p. 9. O Imparcial foi um jornal que dedicou grande atenção ao esporte, cobrindo as mais diferentes modalidades, divulgando não só as notícias de eventos, como também exarando posicionamentos críticos sobre os clubes, campeonatos e ligas.
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20
Na década de 1920, 30% da população do Rio de Janeiro já vivia nos subúrbios (Miyasaka, 2016).
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21
Estão na berlinda as seguintes moças de Olaria. Jornal das Moças, 17 out. 1918, p. 12. Tratava-se de uma revista feminina que circulou por mais de cinquenta anos e teve grande penetração nacional. Cobria os assuntos ligados às mulheres com certa frivolidade, abordando a prática esportiva a partir desse parâmetro.
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22
Mais um reco-reco. O Paiz, 27 set. 1919, p. 10.
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23
Ver, por exemplo: A festa das torcidas do Olaria Football Club. O Imparcial, 8 maio 1918, p. 9.
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24
Ver, por exemplo: Olaria Futebol Clube versus Progresso Futebol Clube. O Imparcial, 19 fev. 1916, p. 9.
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25
Dizem. Gazeta Suburbana, 5 maio 1919, p. 4.
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26
Olaria Atlético Clube. O Imparcial, 21 abr. 1920, p. 9.
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27
Diário Oficial da União, 12 jun. 1921, p. 62.
-
28
A nova praça de esportes. O Imparcial, 7 jul. 1919, p. 9.
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29
O Olaria Atlético Clube comemora hoje o seu 5º ano de fundação. O Imparcial, 1 jul. 1920, p. 10.
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30
Segundo um cronista, Sylvio e Silva era um “médico conhecidíssimo no subúrbio e chefe político na zona da Penha” (Conselho Municipal. Sessão ordinária. Jornal do Brasil, 7 dez. 1923, p. 10).
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31
Esporte Náutico de Ramos. Jornal de Theatro e Sport, 13 jan. 1923, p. 17. Esse periódico, lançado em 1914, se propunha a tratar com mais seriedade os dois temas que considerava pouco abordados nos periódicos cariocas. Entendia ambos como contributos ao processo de modernização da sociedade brasileira.
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32
Concurso aquático. O Jornal, 2 fev. 1923, p. 4.
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33
Gazeta Suburbana, 1 maio 1920, p. 6. Esse periódico foi um dos que mais se empenhou em defender os interesses do subúrbio, combatendo estigmas e denunciando o abandono do poder público. Interferiu ativamente em vários temas afeitos à região, inclusive no que tange ao esporte.
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34
O festival náutico de amanhã no Olaria A. Clube. Jornal do Comércio, 8 maio 1920, p. 7.
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35
A Federação Brasileira de Sociedades de Remo seguia poderosa, mas já era contestada pelas ações da Liga Náutica de Veleiros (sediada em Niterói) e pela União das Sociedades de Remo da Lagoa Rodrigo de Freitas.
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36
Ver: Festival náutico do Olaria Atlético Clube. O Paiz, 29 abr. 1920, p. 11.
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37
No Olaria, além do remo e da natação, se organizaram ativas equipes de atletismo, basquete e vôlei, presenças constantes nas competições promovidas no Rio de Janeiro.
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38
Festival do Olaria A. Club. O Brasil, 2 fev. 1923, p. 6. Como de costume na trajetória do clube, anunciou-se que haveria “música, flores e chopp em profusão”.
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39
Natação. O Paiz, 9 maio 1920, p. 10. O Paiz, desde o século XIX, foi um dos principais incentivadores do esporte náutico. Seus cronistas o consideravam como sinal e indutor do progresso da sociedade fluminense.
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40
Natação. O Paiz, 9 maio 1920, p. 10.
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41
Natação. O Paiz, 9 maio 1920, p. 10.
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42
O interlocutor no Conselho Municipal foi o intendente Mario Julio dos Santos, morador do Méier e costumeiro defensor das causas suburbanas.
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43
Os interesses dos subúrbios. Correio da Manhã, 21 jun. 1925, p. 3.
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44
O prefeito presidirá a festa. Gazeta de Notícias, 6 mar. 1926, p. 8. Deve-se considerar que Prata foi costumeiro incentivador das sociedades esportivas. Sobre sua gestão na prefeitura, ver Silva (2003).
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45
Ver, por exemplo: Rezende X Riachuelo. Jornal do Brasil, 2 jul. 1922, p. 13.
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46
Ver, por exemplo: O grande festival em favor da Matriz de S. Geraldo. O Imparcial, 1 fev. 1924, p. 9.
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47
É preciso reagir contra a varíola. A Noite, 11 ago. 1925, p. 1.
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48
O que é o ground do Olaria. O Paiz, 23 abr. 1921, p. 6.
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49
Novos e valiosos elementos. Jornal do Comércio, 31 mar. 1926, p. 5. Na altura, o longevo periódico ainda mantinha em alta seu prestígio, passando a dedicar mais atenção, como outros periódicos, à zona suburbana da cidade.
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50
O que será o festival náutico do Olaria Atlético Clube. O Imparcial, 25 fev. 1926, p. 10.
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51
O Olaria também promoveu banhos à fantasia. Esses eventos, de fato, se tornaram uma moda naquela faixa de litoral, uma tradição cultivada durante décadas. Para um debate sobre o tema, ver Chrysostomo (2019).
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52
Notas suburbanas. Correio da Manhã, 21 ago. 1925, p. 7.
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53
Remo. A Noite, 30 set. 1926, p. 7.
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54
Por exemplo, numa regata promovida, em 1926, pelo Clube de Regatas Piraquê (Concursos aquáticos do Clube de Regatas Piraquê. A Noite, 26 mar. 1926, p. 7). Participou também, na célebre Enseada de Botafogo, de uma competição organizada pelo Audax, tendo, inclusive, vencido um páreo (Rowing. Jornal do Brasil, 12 jul. 1927, p. 17).
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55
Clube Náutico de Ramos. Correio da Manhã, 10 out. 1926, p. 27.
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56
Clube de Regatas Leopoldinense. O Imparcial, 23 nov. 1928, p. 10.
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57
A Legião Endiabrada homenageará o Clube Náutico Leopoldinense.
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58
Houve ainda o Clube Aquático de Ramos, fundado em 1927. Essa agremiação se envolveu basicamente com a natação, organizando suas provas no porto de Maria Angu. Aparentemente, deixou de funcionar em 1928.
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59
Concurso aquático do Olaria A. Clube. A Noite, 26 dez. 1929, p. 7.
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60
A festa náutica do Olaria. A Batalha, 24 jan. 1930, p. 5.
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61
Grupo de Escoteiros Olavo Bilac. O Paiz, 12 dez. 1923, p. 6.
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62
Sobre o movimento escoteiro, ver Herold Junior (2015).
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63
Gelmirez é reconhecido como um dos pioneiros e grandes nomes do escotismo do Rio de Janeiro, sendo homenageado com o nome de uma sala no Centro Cultural do Movimento Escoteiro. Piloto de avião da Marinha, tornou-se renomado por ser um grande educador. Na década de 1930, foi presidente do Olaria.
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64
15º Grupo de Escoteiros do Mar. Voz do Mar, ano 7, n. 67, dez. 1927, p. 35. Periódico editado pela Confederação Geral dos Pescadores do Brasil, dedicava-se, com tom bastante cívico, à cobertura de todos assuntos referentes às atividades marítimas. Deu cobertura ampla ao escotismo de mar.
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65
Os escoteiros do Olaria A. Clube. Jornal do Comércio, 14 abr. 1926, p. 6.
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66
Escoteirismo. A Manhã, 13 mar. 1927, p. 11.
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67
Com tanta movimentação, não surpreende que, alguns anos mais tarde, em 1938, tenha se instalado na Praia de Maria Angu uma base para os escoteiros do mar, “uma instalação na qual se disponibilizava ancoradouro, oficina de reparos, espaço administrativo, cantina. Perdeu parte de sua boa condição com a construção da Avenida Brasil” (Melo, 2020b, p. 10).
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68
Ver, por exemplo: Beira-Mar no escotismo. Beira-Mar, 23 fev., 1930, p. 8; Yachting. Gazeta de Notícias, 24 set. 1936, p. 10.
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69
Gazeta Escoteira. Gazeta de Notícias, 30 dez. 1937, p. 11.
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70
Os escoteiros do grupo chegaram a participar ativamente de algumas regatas promovidas pelo Iate Clube de Ramos na década de 1940 (Melo, 2020b).
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71
Ramos, Bonsucesso e Penha possuíam também grupos escoteiros. Na Ilha do Governador, havia um no Galeão e outro no Jequiá.
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72
Manifesto-apelo. A Manhã, 25 dez. 1927, p. 10.
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73
Manifesto-apelo. A Manhã, 25 dez. 1927, p. 10.
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74
Ver, por exemplo: Taça Oscar da Costa. Diário Carioca, 29 mar. 1929, p. 10. A prova não foi realizada em Olaria, mas a cerimônia de premiação, sim, levando para o bairro importantes personagens do esporte e da política do Rio de Janeiro.
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75
Feitos brilhantes do Olaria Club. Diário Carioca, 20 jun. 1929, p. 9.
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76
Taça Oscar Costa. Jornal do Comércio, 14 ago. 1929, p. 6/7.
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77
A riqueza material do Olaria. Jornal dos Sports, 3 jan. 1932, p. 2.
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78
Em 1932, um cronista observou que, mesmo sendo um clube considerado pequeno, o Olaria demonstrava vitalidade econômica e patrimonial (O Olaria deve manter-se com desassombro. Jornal dos Sports, 24 fev. 1932, p. 2).
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
13 Dez 2021 -
Data do Fascículo
Sep-Dec 2021
Histórico
-
Recebido
19 Mar 2020 -
Aceito
18 Jun 2020