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Experiência de mentoring entre estudantes de graduação em enfermagem: reflexões e ressonâncias dialógicas* * Este estudo é oriundo de projeto de pesquisa em andamento contemplado com auxílio pesquisador do Decanato de Pesquisa e Inovação da Universidade de Brasília para sua execução. Processo número 23106.135927/2019-03.

Experiencia de mentoring entre estudiantes de graduación en enfermería: reflexiones y resonancias dialógicas

Resumos

Trata-se de relato da experiência a respeito do Programa de Mentoria Estudantil em Enfermagem entre pares da Universidade de Brasília (UnB), com enfoque nas relações de apoio e aprendizado mútuo estabelecidas entre os estudantes. As narrativas dos estudantes registradas em formulários on-line aplicados a cada edição do Programa desvelam a construção de relações mais humanizadas, solidárias e dialógicas constituídas a partir do processo de mentoring. Os estudantes puderam vivenciar e desenvolver habilidades e valores de uma práxis de natureza relacional e reflexiva, tão essencial na construção do trabalho coletivo, fundante para a área da saúde e da enfermagem. As ressonâncias dessa experiência perpassam seres inacabados e incompletos que, ao se tornarem cada vez mais conscientes do próprio inacabamento, podem se movimentar permanentemente na busca de desenvolverem autonomia e novas potencialidades em sua jornada acadêmica.

Tutoria; Estudantes de enfermagem; Educação superior; Diálogo


Se trata del relato de la experiencia con relación al programa de Tutoría Estudiantil en Enfermería entre pares de la Universidad de Brasilia, con enfoque en las relaciones de apoyo y aprendizaje mutuo establecidas entre los estudiantes. Las narrativas de los estudiantes, registradas en formularios online aplicados a cada edición del programa, revelan la construcción de relaciones más humanizadas, solidarias y dialógicas, constituidas a partir del proceso de mentoring. Los alumnos pudieron experimentar y desarrollar habilidades y valores de una praxis de naturaleza relacional y reflexiva, tan esencial en la construcción del trabajo colectivo, que sirve de base para el área de la salud y de la enfermería. Las resonancias de esa experiencia pasan por seres inacabados e incompletos que, al volverse cada vez más conscientes de estar inacabados, pueden moverse permanentemente en la búsqueda del desarrollo de autonomía y nuevas potencialidades en su jornada académica.

Tutoría; Estudiantes de enfermería; Educación superior; Diálogo


This is an experience report about the Peer Mentoring Program in Nursing of the University of Brasília. It focuses on the supportive relationships and mutual learning established between students. The students’ narratives, registered in online forms administered in each edition of the Program, reveal the construction of more humanized and dialogic relationships, grounded on solidarity and constituted during the mentoring process. Students were able to experience and develop skills and values of a relational and reflective praxis, essential to the construction of a collective work that lays the foundation for the area of health and nursing. The resonances of this experience permeate unfinished and incomplete beings who, in the process of becoming increasingly aware of their own incompleteness, can move permanently in the quest for autonomy and new potentialities in their academic journey.

Mentoring; Nursing students; Higher education; Dialog


Introdução

O ingresso na universidade é um marco na vida de muitos jovens, perfil majoritário de estudantes universitários, que se deparam com novas demandas acadêmicas, além de desafios como a assunção de responsabilidades, a construção de novos relacionamentos e, por vezes, a saída definitiva da casa dos pais para residirem em república ou mesmo sozinhos11. Oliveira CT, Dias ACG. Dificuldades na trajetória universitária e rede de apoio de calouros e formandos. Psico. 2014; 45(2):187-97. doi: http://dx.doi.org/10.15448/1980-8623.2014.2.13347.
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,22. Oliveira REC, Morais A. Vivências acadêmicas e adaptação de estudantes de uma universidade pública federal do Estado do Paraná. Rev Educ Publica. 2015; 24(57):547-68..

Diante desse contexto de transição para a vida universitária, a integração social e acadêmica é essencial para fortalecer a rede de apoio do estudante dentro da universidade e favorecer a adaptação e sucesso no ensino superior33. Teixeira MAP, Castro AKSS, Zoltowski AP. Integração acadêmica e integração social nas primeiras semanas na universidade: percepção de estudantes universitários. Gerais (Univ Fed Juiz Fora). 2012; 5(1):69-85..

Para Tinto44. Tinto V. Dropout from higher education: a theorical synthesis of recent research. Rev Educ Res. 1975; 45(1):89-125. doi: https://doi.org/10.3102/00346543045001089.
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, integração acadêmica refere-se ao sentimento de fazer parte do ambiente universitário, ao contexto e às demandas inerentes a este, que incluem a satisfação com o desenvolvimento pessoal a partir das atividades vivenciadas pelo estudante, a afinidade com o curso e a qualidade e apoio recebido de docentes.

Já integração social consiste na satisfação pessoal relacionada ao convívio com pessoas no ambiente da universidade e ao desenvolvimento pessoal associado a esse convívio, ou seja, compreende as diversas atividades sociais no ambiente universitário e o sentimento do estudante de ser parte de um coletivo nesse ambiente33. Teixeira MAP, Castro AKSS, Zoltowski AP. Integração acadêmica e integração social nas primeiras semanas na universidade: percepção de estudantes universitários. Gerais (Univ Fed Juiz Fora). 2012; 5(1):69-85..

Essa integração pode influenciar na decisão de permanência ou abandono do curso, já que estudantes que se integram desde o início de sua jornada acadêmica apresentam maior chance de aproveitamento das oportunidades oferecidas pela instituição, tanto na formação profissional quanto no seu desenvolvimento psicossocial, comparado aos que enfrentam dificuldades nessa transição à universidade55. Teixeira MAP, Dias ACG, Wottrich AH, Oliveira AM. Adaptação à universidade em jovens calouros. Psicol Esc Educ. 2008; 12(1):185-202. doi: https://doi.org/10.1590/S1413-85572008000100013.
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Entre as estratégias adotadas para auxiliar o processo de transição para a universidade, os programas de mentoring consistem em uma das principais intervenções aplicadas em diferentes contextos e países para acolher e apoiar novos universitários e remetem a um processo significativo de aprendizado mútuo. Ou melhor, trata-se de uma parceria de aprendizagem recíproca em que uma pessoa experiente e empática – o(a) mentor(a)– orienta, apoia e influencia outra – o mentorado – em seu desenvolvimento pessoal e profissional, mediante interação revestida de camaradagem, confiança e compreensão66. Gilmour JA, Kopeikin A, Douche J. Student nurses as peer-mentors: collegiality in practice. Nurse Educ Pract. 2007; 7(1):36-43. doi: https://doi.org/10.1016/j.nepr.2006.04.004.
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,77. Carragher J, McGaughey J. The effectiveness of peer mentoring in promoting a positive transition to higher education for first-year undergraduate students: a mixed methods systematic review protocol. Syst Rev. 2016; 5(68):1-9. doi: https://doi.org/10.1186/s13643-016-0245-1.
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No curso de Enfermagem, campus Darcy Ribeiro, da Universidade de Brasília, a evolução das métricas das taxas de evasão e de sucesso mostram que a primeira tem se equiparado ou mesmo superado a taxa de sucesso do curso ao longo dos anos88. Comissão Própria de Avaliação da Universidade de Brasília. Perfil dos Estudantes de Enfermagem (Bacharelado) Integral 2018 [Internet]. Brasília: Universidade de Brasília; 2018 [citado 20 Ago 2019]. Disponível em: http://cpa.unb.br/index.php?option=com_content&view=article&id=456&Itemid=305
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Diante disso, no ano de 2017, implantou-se o Programa de Mentoria Estudantil em Enfermagem da Universidade de Brasília, com o objetivo de favorecer a transição à universidade e o desenvolvimento de habilidades técnico-científicas e relacionais de estudantes de graduação em Enfermagem por meio da integração e apoio entre pares.

Assim, considerando-se o Programa de Mentoria Estudantil em Enfermagem um espaço de construção de parceria colaborativa e recíproca em prol da integração acadêmica de estudantes, o presente estudo tem como objetivo relatar a experiência desse programa com enfoque nas relações de apoio e aprendizado mútuo estabelecidas entre pares de estudantes e refletir sobre as ressonâncias dialógicas dessa experiência para a formação profissional de futuras enfermeiras e enfermeiros.

Primeiramente, aborda-se a definição de mentoring aplicada ao contexto universitário e, depois, apresenta-se a experiência do Programa de Mentoria Estudantil em Enfermagem, cenário em que as relações de mentoring desenvolvem-se, para então seguir com a descrição, reflexão e ressonâncias dessas relações.

Mentoring no contexto universitário: esclarecendo termos e conceitos

O mentoring ou mentoria, apesar de ser apresentado como um fenômeno da contemporaneidade, alude aos tempos das civilizações antigas. A Ilíada e Odisseia de Homero são consideradas como os primeiros registros que refletem a essência e os pressupostos sobre mentoring a partir da relação construída entre Mentor, Ulisses e seu filho, Telêmaco, as três principais personagens das histórias99. Penin AT, Catalão JA. Ferramentas de mentoring. Lisboa: Lidel; 2018..

Mentor era o nome de um conselheiro a quem foi confiada a responsabilidade de cuidar de Telêmaco, filho do rei Ulisses, quando o rei foi para a Guerra de Tróia. A relação geracional de aprendizagem entre o sábio Mentor e o jovem Telêmaco permaneceu por vários anos, período em que foi orientando e apoiado a desenvolver-se a nível pessoal e de vivências práticas. A partir dessa história, o termo Mentor perpassou séculos como sinônimo de guia experiente, conselheiro sábio e protetor1010. Fénelon FSM. As aventuras de Telêmaco: filho de Ulisses. São Paulo: Madras; 2014..

No contexto de religiões, a exemplo do hinduísmo, budismo e judaísmo, há em geral a figura do discípulo que recebe orientações religiosas e morais de gurus, monges e rabinos. Porém, essa relação constituía-se a partir de uma hierarquia, em que o mentor, pessoa mais velha que representava a sabedoria, dizia o que deveria ser feito para o noviço, a quem cabia escutar, aceitar e atender aos conselhos do mentor1111. Bernhoeft R. Mentoring - prática e casos: fundamental para o desenvolvimento de carreiras. São Paulo: Évora; 2014..

Já na atualidade, durante os anos 1970, no contexto norte-americano e europeu, programas de mentoring institucionais voltados para o desenvolvimento profissional começaram a ser estruturados e, anos depois, foram inseridos na área da saúde, principalmente em escolas de enfermagem1212. Bellodi PL, Martins MA. Tutoria: mentoring na formação médica. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2005..

Desde então, o conceito de mentoring tem evoluído e atualmente consiste em uma aliança de aprendizagem e parceria em que mentor e mentorado refletem, aprendem e se desenvolvem sinergicamente, desconsiderando-se qualquer precedência hierárquica determinada por idade, conhecimento, cargo ou qualquer outro fator99. Penin AT, Catalão JA. Ferramentas de mentoring. Lisboa: Lidel; 2018.,1111. Bernhoeft R. Mentoring - prática e casos: fundamental para o desenvolvimento de carreiras. São Paulo: Évora; 2014..

Por gerar interpretações diversas, na literatura verifica-se certa confusão em relação aos múltiplos significados de mentoring. Por vezes, alguns autores optam por não traduzir as expressões mentorship e mentoring, utilizando o termo “tutoria” como sinônimo de mentoria1313. Albanes P, Soares FMS, Bardagi MP. Programas de tutoría y mentoría en universidades brasileñas: un estudio bibliométrico. Rev Psicol. 2015; 33(1):21-56..

Considerando as proximidades semânticas entre os termos “preceptor”, “tutor” e “mentor” no âmbito do ensino em saúde, é importante esclarecer o significado de cada uma dessas palavras, especialmente quando são traduzidas de idiomas diferentes1414. Botti SHO, Rego S. Preceptor, supervisor, tutor e mentor: quais são seus papéis? Rev Bras Educ Med. 2008; 32(3):363-73. doi: https://doi.org/10.1590/S0100-55022008000300011.
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O termo “preceptor” é usado para se referir ao profissional que contribui para minimizar a lacuna entre teoria e prática no âmbito do processo de ensino-aprendizagem do estudante e, dessa forma, favorecer o desenvolvimento de competências técnicas em um ambiente clínico real1515. Garneau AZ. Mentorship, preceptorship and nurse residency programs. In: Zerwwkh J, Garneau AZ, organizadores. Nursing today: transitions and trends. 9th ed. St Louis: Saunders; 2018. p. 47-63..

Já o termo “tutor” atua como um guia, ou seja, um facilitador no processo de ensino-aprendizagem centrado no aluno, tendo um papel importante como avaliador, podendo trabalhar individualmente ou com um pequeno grupo de alunos1414. Botti SHO, Rego S. Preceptor, supervisor, tutor e mentor: quais são seus papéis? Rev Bras Educ Med. 2008; 32(3):363-73. doi: https://doi.org/10.1590/S0100-55022008000300011.
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No caso do termo “mentor”, tal designação supera a orientação para além do “aprender a aprender”, centrando-se não apenas nos objetivos do curso, mas também em assessorar o estudante na busca pelo desenvolvimento interpessoal, psicossocial, educacional e profissional, em uma relação de reciprocidade e multifacetada na qual o ganho não é apenas unilateral1414. Botti SHO, Rego S. Preceptor, supervisor, tutor e mentor: quais são seus papéis? Rev Bras Educ Med. 2008; 32(3):363-73. doi: https://doi.org/10.1590/S0100-55022008000300011.
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,1515. Garneau AZ. Mentorship, preceptorship and nurse residency programs. In: Zerwwkh J, Garneau AZ, organizadores. Nursing today: transitions and trends. 9th ed. St Louis: Saunders; 2018. p. 47-63..

A grande diferença do papel de mentor é que ele não desempenha papel clínico, nem de avaliador, mas de indutor de raciocínio crítico-reflexivo, incentivando o estudante a desenvolver habilidades para resolução de problemas pessoais e profissionais em busca de conhecimento próprio e de sua independência1515. Garneau AZ. Mentorship, preceptorship and nurse residency programs. In: Zerwwkh J, Garneau AZ, organizadores. Nursing today: transitions and trends. 9th ed. St Louis: Saunders; 2018. p. 47-63..

No caso específico de mentoring estudantil entre pares, este é visto como uma relação de apoio entre pares na qual o orientador e o orientado têm similaridades em termos de idade e status; no caso, ambos são estudantes1616. Botma Y, Hurter S, Kotze R. Responsibilities of nursing schools with regard to peer mentoring. Nurse Educ Today. 2013; 33(8):808-13. doi: https://doi.org/10.1016/j.nedt.2012.02.021.
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. Destina-se a apoiar os pares em problemas de natureza emocional, nas dificuldades acadêmicas e na integração social – ambos compartilham opiniões, planos pessoais e problemas do dia a dia1717. Chaves LJ, Gonçalves ECQ, Ladeira LR, Ribeiro MS, Costa MB, Ramos AAM. A tutoria como estratégia educacional no ensino médico. Rev Bras Educ Med. 2014; 38(4):532-41. doi: https://doi.org/10.1590/S0100-55022014000400015.
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Os principais benefícios de uma relação de mentoring estudantil entre pares, no caso dos alunos mentorados, são o apoio recebido dos pares no início da vida acadêmica e a aquisição de novos conhecimentos, enquanto para os alunos-mentores são citados gratificação pessoal e melhora das habilidades de liderança, comunicação e gestão, além de relatos de menores níveis de ansiedade e de estresse durante a transição dos alunos para o ambiente acadêmico e clínico1818. Andersen T, Watkins K. The value of peer mentorship as an educational strategy in nursing. J Nurs Educ. 2018; 57(4):217-22. doi: https://doi.org/10.3928/01484834-20180322-05.
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Dessa forma, verifica-se que, além de constituir-se como uma intervenção estratégica para melhorar a transição à vida acadêmica, o mentoring estudantil apresenta-se como uma oportunidade de desenvolvimento de habilidades e de competências pelos estudantes, tanto mentores quanto mentorados, requeridas no contexto de prática profissional, principalmente habilidades organizacionais, de comunicação efetiva, de abordagem relacional, confiança, compreensão e entusiasmo1919. Wong C, Stake-Doucet N, Lombardo C, Sanzone L, Tsimicalis A. An integrative review of peer mentorship programas for undergraduate nursing students. J Nurs Educ. 2016; 55(3):141-9. doi: https://doi.org/10.3928/01484834-20160216-04.
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Considerações metodológicas e descrição da experiência

Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, a respeito de um Programa de Mentoria Estudantil entre pares em Enfermagem da Universidade de Brasília (UnB), com enfoque nas relações de apoio e aprendizado mútuo estabelecidas entre os estudantes desde sua implantação até o atual momento.

O relato foi estruturado a partir de narrativas dos estudantes registradas em formulários on-line aplicados em cada edição do Programa e consistem em um dos instrumentos de coleta de dados de pesquisa em andamento, aprovada pelo Comitê de Ética da Instituição, sob número de CAAE 61982116.3.0000.0030.

O Programa de Mentoria Estudantil em Enfermagem é um projeto de extensão de ação contínua, inaugurado em maio de 2017, que tem como essência o acolhimento e o apoio mútuo entre estudantes do curso de Enfermagem da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília.

O objetivo do Programa consiste em favorecer a transição de estudantes de enfermagem para a vida acadêmica por meio do compartilhamento de experiências e de conhecimentos relacionados à universidade e ao curso de graduação, além de oportunizar o desenvolvimento de habilidades e de competências requeridas no contexto da prática profissional em Enfermagem.

O Programa é composto por estudantes de diferentes semestres do curso de Enfermagem, além de ex-alunos – enfermeiros e enfermeiras inseridas em diferentes áreas de atuação e pela docente coordenadora. Os integrantes podem atuar como voluntários na função de mentorados ou mentores e, no caso dos estudantes regularmente matriculados, recebem créditos de extensão a cada semestre que participam.

Os mentorados são os estudantes-alvo do Programa, ou seja, aqueles que querem receber apoio e auxílio de outro estudante durante a sua jornada acadêmica e, para isso, buscam evidenciar suas necessidades e partilhar com seu mentor experiências, sucessos e dificuldades relacionadas à vida acadêmica e/ou pessoal.

Eles podem ser calouros – estudantes que estão iniciando sua vida universitária – e, portanto, vivenciando um momento de transição na dimensão estudantil, ou estudantes que já iniciaram sua jornada na universidade, mas que estão ingressando agora no curso de Enfermagem por motivo de transferência, reintegração, intercâmbio, entre outros.

Além disso, essa classificação também abrange estudantes que, independentemente do semestre que estão cursando, querem receber apoio e trocar ideias com outros estudantes experientes e que estão há mais tempo na universidade sobre planos que desejam vivenciar ou já estão vivenciando.

Os mentores, por sua vez, são estudantes que estão em momento de afirmação e têm grande desejo de compartilhar com outras pessoas seus conhecimentos e experiências vivenciadas na universidade no âmbito do ensino, extensão, pesquisa e/ou até mesmo pessoal.

Os mentores devem ter pelo menos um ano de experiência e/ou vivência acadêmica no curso e estarem dispostos a acolher questões, dificuldades e desafios dos mentorados, apoiando-os ao longo do processo e partilhando informações, conhecimentos e experiências com foco na sua utilidade para o desenvolvimento dos mentorados.

O Programa de Mentoria Estudantil está ancorado teoricamente nas perspectivas dialógicas de Paulo Freire2020. Freire P. Pedagogia do oprimido. 50a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 2011., pois se faz por e com estudantes que apresentam especificidades de papéis, porém, sem verticalidade e autoritarismo na relação, uma vez que ambos, mentores e mentorados, são sujeitos, no ato de troca, a (re)aprenderem e ensinarem entre si por meio do diálogo – encontro em que se solidarizam o refletir e agir de seus sujeitos endereçados ao contexto a ser transformado e humanizado, nesse caso, o cenário estudantil e profissional.

Como o ingresso de novos estudantes no curso é semestral, a edição do Programa também é delimitada por semestre e contempla as seguintes atividades ao longo de cada período letivo:

  • Recrutamento de novos integrantes

  • Encontros temáticos semanais sobre assuntos pertinentes à vida universitária e/ou à profissão Enfermagem

  • Supervisão de mentores

  • Eventos

  • Sessão contínua de mentoring entre pares

As atividades de recrutamento consistem em ações para atrair potenciais participantes para o Programa por meio de divulgação em meios digitais e abordagem pessoal, realizadas semestralmente. Durante os dois anos do Programa, participaram 161 estudantes, sendo que 79 atuaram na função de mentor e 89, na de mentorado. Destaca-se que, desse total, aproximadamente quarenta estudantes participaram de mais de uma edição do Programa, ou seja, permaneceram por mais de um semestre.

Já os encontros temáticos semanais compreendem reuniões para divulgação e discussão de assuntos gerais pertinentes à vida universitária, definidos e dispostos em um cronograma elaborado conjuntamente pelos próprios estudantes no início do semestre, a exemplo de temas como currículo do curso, iniciação científica, mobilidade acadêmica, mercado de trabalho, pós-graduação, entre outros.

Vale frisar que são os próprios estudantes que organizam os encontros em salas da faculdade todas as segundas-feiras e, a depender do tema, convidam enfermeiros e enfermeiras (aproximadamente 10 profissionais ao longo de cada semestre) para dialogar sobre determinado assunto. A atuação de ex-alunos, enfermeiros já formados, dá-se exclusivamente nesses encontros temáticos, que assumem o aspecto de uma reunião de mentoria ampliada pontual voltada para todos os pares de estudantes.

A supervisão de estudantes mentores, por sua vez, abarca ações de acompanhamento, manejo de impasses e ações de suporte e capacitações necessárias para o exercício da função de mentor, as quais são conduzidas pela docente coordenadora do Programa.

Há eventos que são realizados pontualmente ao longo do semestre, a exemplo do Evento de Boas-Vindas para recepcionar os participantes do Programa no início de cada semestre e eventos de extensão universitária em geral, como a Mostra de Cursos de Graduação da Universidade de Brasília, de forma a divulgar o Programa de Mentoria Estudantil como estratégia interventiva na transição à universidade e à graduação em Enfermagem.

Realizam-se ainda workshops e cursos sobre temáticas de interesse dos estudantes e o Evento de Gratidão, no fim de cada semestre letivo, um momento de confraternização e avaliação do Programa pelos participantes.

Por fim, as sessões de mentoring, o grande destaque do Programa, compreendem momentos específicos entre cada par de mentor-mentorado, em média 22 pares por semestre, ambos estudantes – uma relação horizontal de estudante para estudante.

As sessões são realizadas a partir da demanda de cada par e, portanto, não há uma frequência definida. Apesar disso, essas reuniões não são aleatórias; pelo contrário, são realizadas com base na declaração de missão que é discutida e definida por cada par no início do processo de mentoring e remete ao propósito, ou melhor, ao que esperam alcançar com a relação e parceria.

Mentor e o mentorado estão livres para estabelecer as sessões na modalidade que desejarem, seja por meio de encontros presenciais realizados em espaços da universidade ou mesmo em sessões virtuais mediadas principalmente por e-mail e WhatsApp, opção registrada quando firmam o contrato de mentoring entre si.

Nas sessões de mentoring, cada mentorado se reúne com seu respectivo mentor para tratar de assuntos acadêmicos específicos e até mesmo de assuntos pessoais. É um momento de os pares compartilharem entre si expectativas, dificuldades, interesses, esclarecimentos e planos específicos a respeito das atividades e oportunidades oferecidas pela universidade e pelo curso de Enfermagem; apoio e orientação de estudo; e, o mais importante, desenvolvimento e estreitamento de laços e vínculos entre si.

As relações de mentoring entre os estudantes: reflexões e ressonâncias dialógicas

Por que uma relação de mentoring?

Os estudantes mentores manifestam o desejo de aprender com o outro e compartilhar da própria experiência da vida acadêmica como uma possibilidade para acolherem e auxiliarem os mentorados, seja considerando o apoio que não tiveram em sua trajetória e que agora podem oferecer a alguém, seja como retribuição pelo apoio que receberam quando foram mentorados no passado:

Quero criar vínculo com o mentorado(a) para ajudá-lo(a) [...]. Quero ser um exemplo e direcionamento. Pretendo trocar experiências e ambos aprenderem juntos. (Mentora A)

Quando eu entrei na universidade me senti sozinha, perdida e sem a quem recorrer, demorei muito para me sentir habituada. Então acredito que será uma ótima experiência auxiliar novos alunos, tanto para eles quanto para mim. Uma oportunidade de vivências, uma nova experiência. (Mentora B)

Eu estou ansiosa para conhecê-lo e poder explicar como a UnB funciona, onde ficam as coisas, tudo que eu queria que alguém tivesse feito por mim quando entrei na universidade. (Mentora C)

Ter uma pessoa com quem possa contar para tirar dúvidas e compartilhar de inseguranças sobre a jornada acadêmica é muito importante. A minha principal motivação é saber que posso contribuir com essa jornada como algumas pessoas contribuíram com a minha. (Mentora D)

Já fui mentorada, agora gostaria de retribuir sendo mentora. Gosto muito do Programa. (Mentora E)

Gostaria de poder ajudar as outras pessoas com suas dúvidas a respeito da universidade e divulgar o que ela tem para oferecer, pois, em meus dois primeiros semestres, eu me encontrava bem perdida e a mentoria me ajudou bastante; quero passar o que aprendi adiante. (Mentora F)

As motivações dos mentores desvelam empatia e amorosidade como forma de acolhimento do outro no eu, e, ao mesmo tempo, uma possibilidade de reconhecimento de um eu no outro, a saber, o compromisso com a necessidade e a causa do outro2121. Amorim FV, Calloni H. Sobre o conceito de amorosidade em Paulo Freire. Conjectura Filos Educ [Internet]. 2017 [citado 20 Set 2019]; 22(2):380-92. Disponível em: http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/conjectura/article/view/4807/pdf
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Semelhantemente, as motivações dos mentorados revelam, para além do desejo de serem ajudados em sua jornada acadêmica por um colega mais experiente, disposição para trocar experiências, receber e dar; e aprender e ensinar com criticidade e reflexividade.

Me integrar com o curso com o auxílio de pessoas que possuem um pouco mais de vivência que eu na vida universitária. (Mentorado A)

A minha motivação é o desejo de obter novas experiências tanto pessoais como acadêmicas, melhorando os meus conhecimentos básicos acerca da atuação da Enfermagem, desenvolver novas habilidades de comunicação e compreensão, criar laços de confiança e parceira não só com os mentores, mas com todos os outros participantes do Programa. Quero aproveitar todas as oportunidades que a UnB possa me oferecer, pois acredito que a mentoria será o primeiro de muitos projetos que desejo participar e que possam contribuir na minha formação tanto profissional como também humana, melhorando a minha relação de empatia com próximo, algo que em sua maioria não pode ser aprendido só em sala de aula. (Mentorada B)

Estou motivada a ajudar e ser ajudada no mundo de oportunidades e experiências que é a UnB. (Mentorada C)

Desejo conhecer de fato o que é ser um mentorado e adquirir experiência para mentorar outros alunos futuramente. Gostaria de adquirir experiência para conseguir alinhar minhas perspectivas profissionais e creio que o Programa seja a porta de entrada para uma jornada de conhecimentos. (Mentorada D)

No contexto de mentoring, espera-se que seja construída uma parceria de aprendizagem recíproca em que ambos aprendam e se desenvolvam, afinal, mentores sabem de assuntos e já vivenciaram experiências que seus mentorados ainda não experimentaram no âmbito pessoal e/ou acadêmico, assim como os mentorados também têm saberes e experiências que seus mentores não possuem.

Ninguém acima, ninguém abaixo, ou melhor, como afirmou Freire, “ninguém é superior a ninguém”. Ambos precisam se reconhecer como iguais; há de se ter humildade para reconhecer que o outro tem algo a contribuir e, de fato, partilhar sentimentos, expectativas e necessidades2222. Kohan WO. Paulo Freire e o valor da igualdade em educação. Educ Pesqui. 2019; 45:e201600. doi: https://doi.org/10.1590/s1678-4634201945201600.
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; afinal, não há ignorantes absolutos, nem sábios absolutos, mas estudantes que, em comunhão, buscam saber mais.

Mentores e mentorados demonstram cada vez mais estarem conscientes de que não são suficientes por si só e não estão constituídos por completo. Dessa forma, a relação de mentoring é vista como uma possibilidade de (re)aprender e ser com o outro rumo à alteridade:

Penso que o Programa é uma via de mão dupla para o crescimento de ambas as partes. (Mentora G)

Espero que a gente possa conversar e se ajudar bastante, pois também ainda tenho muito para aprender. (Mentorado E)

Espero ajudar meu mentorado e que possamos aprender um com o outro. (Mentora H)

A alteridade constitui o sujeito e aponta para um ser inacabado e incompleto, em condição permanente de “vir-a-ser”, e que se faz e refaz constantemente com e a partir do outro. É ao tornar-se cada vez mais consciente do próprio inacabamento que o sujeito movimenta-se para a aventura da busca do conhecimento, do que pode ser e ainda não é, do que já é, mas pode ser diferente, enfim, em busca ao “ser mais” e à humanização2323. Freire P, Freire N, Oliveira WF. Pedagogia da solidariedade. 3a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 2018..

O valor do mentoring e suas ressonâncias

O Programa tem contribuído para que os estudantes desenvolvam experiências de solidariedade, um elo entre pares, uma preocupação sincera com o outro que permite o desenvolvimento concreto de um coletivo sem competições entre si2424. Martins NM, Cardoso DSA, Costa LMC, Santos RM, Santos LS. As formas de vivência da competitividade pelos estudantes na graduação em enfermagem. Trab Educ Saude. 2017; 15(3):895-916. doi: https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00069.
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Aprendi a importância de caminhar ao lado dos calouros, buscando auxiliá-los e aprender junto com eles maneiras de tornar o percurso na UnB o mais leve possível. (Mentora I)

Precisei ler muitos sites e editais da UnB para conseguir responder todas as perguntas do meu mentorado, exigindo um pouco de tempo, mas consegui aprender junto com ele, como por exemplo todo o processo na escolha e montagem de iniciação científica. (Mentor J)

Para mim foi um momento de aprendizagem e crescimento pessoal. Participando do Programa aprendi que as informações devem ser compartilhadas, que ninguém tem todas as respostas, mas que com o pouco que eu sei e o pouco que o meu colega sabe podemos aprender bastante. (Mentorada F)

Os estudantes referem ainda como contribuições importantes resultantes do processo de mentoring melhora da integração, engajamento maior com o curso, apoio recebido para organizarem e planejarem atividades acadêmicas, conhecimento das oportunidades que a universidade oferece, melhora da oralidade em oportunidades de apresentação de trabalhos em eventos científicos, e até mesmo novas perspectivas e possibilidades para o futuro profissional:

O Programa tem contribuído para uma melhor relação interpessoal e engajamento com o curso. (Mentorada G)

Gostei muito de participar, pois me ajudou a me comunicar mais, a ter um pouco de liderança, a administrar meu tempo para que conseguisse fazer tudo que eu queria. (Mentor K)

A mentoria contribuiu muito para meu desenvolvimento acadêmico e pessoal. (Mentorada H)

Ajudou a entender melhor o funcionamento da UnB e do curso de enfermagem, além de conhecer o universo de possibilidades. Está me ajudando a fazer escolhas mais assertivas no caminho acadêmico. (Mentorada I)

Aprendi a me expressar/comunicar melhor em público. Os primeiros banners e resumos que eu escrevi e apresentei em eventos científicos foi sobre o Programa. Depois desses, sempre que possível envio resumos para os eventos. (Mentora L)

Eu gostei muito da mentoria porque me abriu os olhos para além das matérias obrigatórias da grade; pude perceber um mundo de oportunidades que a UnB me oferece dentro e fora da graduação, além de me ajudar a me organizar e planejar meu futuro após a graduação. (Mentorada J)

Eu acredito que eu comecei a pensar no futuro como profissional, sendo que a mentoria me trouxe uma visão como professora, algo que eu não tinha antes. (Mentora M)

Tais relatos vão ao encontro dos resultados de outro estudo sobre um programa de tutoria por pares do curso de Psicologia de uma universidade pública, no qual os estudantes destacaram como principais pontos positivos da tutoria o esclarecimento de dúvidas em relação à faculdade e ao curso; o auxílio na gestão do tempo; o desenvolvimento pessoal e de habilidades de escuta; e a satisfação pessoal2525. Estevam C, Sticca AJBM, Versuti FM. Programa de tutorial por pares no ensino superior: estudo de caso. Rev Bras Orientac Prof. 2018; 19(2):185-95..

Porém, mais do que isso, as relações de mentoring ajudaram os estudantes a serem mais sensíveis ao próximo, a escutarem as necessidades, a se colocarem no lugar do outro, enfim, a tornaram-se futuras enfermeiras e enfermeiros mais humanos.

Melhorou a minha escuta e capacidade de se colocar no lugar do outro. (Mentora N)

O Programa nos ajuda a ser mais sensível ao próximo, ficar mais apercebido das necessidades acadêmicas do nosso mentorado; nos ajuda muito na condição de enfermeiros, a ser mais humanos. Tenho certeza que levarei realmente essa sensibilidade ao meu próximo, de querer ajudar em tudo quanto puder. (Mentora O)

Há que se contrastar tais ressonâncias com a competitividade que assola o meio acadêmico a qual, fundada na superioridade e autossuficiência, está naturalizada no discurso de tantos estudantes de Enfermagem como sinônimo de superação pessoal e de distanciamento do outro2424. Martins NM, Cardoso DSA, Costa LMC, Santos RM, Santos LS. As formas de vivência da competitividade pelos estudantes na graduação em enfermagem. Trab Educ Saude. 2017; 15(3):895-916. doi: https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00069.
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Em relação às omissões para evitar concorrências em vagas de monitorias, estágios e concursos; e à percepção de autossuficiência, que faz sentirem-se mais capacitados do que outros ao julgarem que estes não estão no mesmo patamar e não o alcançarão, a literatura evidencia que as vivências que permeiam o dia a dia de muitos estudantes universitários de Enfermagem os afastam entre si por enxergarem-se como potenciais concorrentes e/ou como potenciais meios para a realização de objetivos pessoais2424. Martins NM, Cardoso DSA, Costa LMC, Santos RM, Santos LS. As formas de vivência da competitividade pelos estudantes na graduação em enfermagem. Trab Educ Saude. 2017; 15(3):895-916. doi: https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00069.
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A solidariedade exige um despir-se verdadeiro do individualismo, o qual posiciona o egoísmo acima do altruísmo e valoriza vaidosamente ambições solipsistas em nome da solidariedade do eu para com o outro2121. Amorim FV, Calloni H. Sobre o conceito de amorosidade em Paulo Freire. Conjectura Filos Educ [Internet]. 2017 [citado 20 Set 2019]; 22(2):380-92. Disponível em: http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/conjectura/article/view/4807/pdf
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Verifica-se assim que o Programa de Mentoria tem contribuído para a construção de relações mais humanizadas, solidárias e dialógicas entre os estudantes de Enfermagem durante a jornada na universidade.

Mais do que contribuir para integração acadêmica e social, o mentoring apresenta potencial para ecoar no desenvolvimento de relações mais saudáveis e colaborativas para além dos muros da universidade; a exemplo da relação entre estudantes com equipes de saúde e com usuários de saúde.

Considerações finais

As ressonâncias do Programa de Mentoria Estudantil em Enfermagem apontam para o mentoring como uma potencial estratégia humanizadora e transformadora na trajetória formativa dos estudantes de Enfermagem, que, por meio de relações dialógicas, puderam vivenciar e desenvolver habilidades e valores de uma práxis de natureza relacional e reflexiva, tão limitada ainda nos currículos da área da saúde, mas ao mesmo tempo tão essencial para a construção de um trabalho coletivo, fundante para a área da saúde e da Enfermagem.

Além de potencializar a integração acadêmica e social ao fortalecer relações acadêmicas mais humanizadas entre os estudantes durante a vida universitária, em especial, no período de transição para a universidade, espera-se que o processo de mentoring entre os estudantes ressoe dialogicamente nas relações a serem estabelecidas com pacientes e com a equipe de trabalho em cenários de estágios curriculares; e na vida dessas futuras enfermeiras e enfermeiros que tão breve serão líderes de equipe de saúde, supervisores de estagiários e/ou residentes de Enfermagem.

Por fim, as reflexões deste trabalho são pertinentes para apoiar o desenvolvimento de mais investigações com o objetivo de compreender em profundidade a experiência e o impacto do Programa de Mentoria no desenvolvimento pessoal e acadêmico dos estudantes de Enfermagem.

Agradecimentos

Agradecemos a todo o team de estudantes mentores e mentorados que juntos fazem o Programa de Mentoria ser e “vir-a-ser” cada dia mais humano!

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Maio 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    11 Nov 2019
  • Aceito
    21 Mar 2020
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