Open-access Entre o ínfimo e o longínquo: heterodoxias da pesquisa sobre o câncer

Between the tiny and the distant: heterodoxies on the research on cancer

Resumos

Este artigo pretende dar conta de uma discussão que pauta a pesquisa sobre câncer na atualidade. Tal se deve à existência de um modelo hegemônico e paradigmático daquilo que deve ser a pesquisa na área oncológica, e um outro (por ser aquele que neste momento mais disputa a hegemonia vigente) que pretende desafiar a concepção da doença e sua pesquisa nesses moldes dominantes, baseando-se para tal em concepções diferenciadas da biologia e das metodologias utilizadas. Partindo do princípio de que ambos os modelos possuem uma gênese e desenvolvimentos próprios, recorre-se ao quadro teórico e conceptual de Ludwik Fleck sobre o conhecimento médico, nomeadamente os conceitos de coletivos e estilos de pensamento, para se encetar uma discussão sobre o modo como certos tipos de conhecimento se tornam dominantes num determinado momento, analisando simultaneamente as implicações científicas, econômicas e políticas que tal debate encerra.

câncer; pesquisa; estilos e coletivos de pensamento; TMS; TCOT


The purpose of this article is to raise awareness of a discussion within contemporary cancer research. This discussion is based upon the existence of a hegemonic and paradigmatic model, and an alternative that is grounded on differing conceptions of biology and research methodologies and seeks to challenge the illness conception and type of research of the previous. Departing from Ludwik Fleck's theoretical and conceptual framework on medical knowledge, namely the concepts of collectives and styles of thought, it is intended to show that this current alternative is qualified to dispute this longstanding hegemony. Taking into consideration that both models have an origin and progression of their own, it is intended to establish a discussion on how certain types of knowledge become dominant at a certain moment and simultaneously analyze the scientific, economical and political implications embedded within the debate.

cancer; research; styles and collectives of thought; SMT; TOF


Referências bibliográficas

  • 1 Santos BS. A gramática do tempo: Para uma nova cultura política. Porto: Afrontamento; 2006.
  • 2 Gilbert SF, Epel D. Ecological developmental biology: Integrating epigenetics, medicine and evolution. Sunderland: Sinauer Associates; 2009.
  • 3 Bonah C. Experimental Rage: The development of medical ethics and the genesis of scientific facts. Soc Hist Med. 2002;15(2):187-207.
  • 4 Löwy I. Ludwik Fleck on the social construction of medical knowledge. Sociology of Health & Illness. 1988;10(2):133-55.
  • 5 Löwy I. The strength of loose concepts: boundary concepts, federative experimental strategies and disciplinary growth: the case of immunology. History of Science. 1992;371-96.
  • 6 Löwy I. Preventive strikes: women, precancer, and prophylactic surgery. Baltimore: Johns Hopkins University Press; 2010.
  • 7 Fleck L. Scientific observation and perception in general. In: Cohen RS, Schnelle T. (eds.). Cognition and fact - Materials on Ludwik Fleck. Dordrecht: Reidel; 1986.
  • 8 Nunes JA. Os mundos sociais da ciência e tecnologia em Portugal: o caso da oncobiologia e as novas tecnologias da informação - Relatório de projecto de pesquisa. Coimbra: Centro de Estudos Sociais; 1999.
  • 9 Löwy I. Ludwik Fleck e a presente história das ciências. História, Ciências, Saúde - Manguinhos. 1994;1(1):7-18.
  • 10 Nunes JA. As mediações da ciência e a gestão da incerteza: o caso das ciências biomédicas e da saúde - Relatório de projecto de pesquisa. Coimbra: Centro de Estudos Sociais; 2002.
  • 11 Soto AM, Sonnenschein C. The somatic mutation theory of cancer: growing problems with the paradigm? Bio Essays. 2004;26:1097-107.
  • 12 Soto AM, Sonnenschein C. Emergentism as a default: Cancer as a problem of tissue organization. Journal of Biosciences. 2005;30(1):101-16.
  • 13 Baker SG, Cappuccio AP, John D. Research on early-stage carcinogenesis: Are we approaching paradigm instability? Journal of Clinical Oncology. 2010;28(20):3215-18.
  • 14 Bastos C. Os estudos sobre a ciência, a antropologia e a grande fractura. In: Nunes JA, Roque R. (orgs.). Objectos impuros: Experiências em estudos sobre a ciência. Porto: Afrontamento; 2008.
  • 15 Nunes JA. A pesquisa em saúde nas ciências sociais e humanas: tendências contemporâneas. Oficina do CES. 2006;253.
  • 16 Guimarães RM. Editorial: Implicações da epidemiologia ambiental para a tomada de decisão estratégica na gestão em saúde pública. Cad Saúde Colet. 2012;20(1):1-2.
  • 17 Nunes JA. O resgate da epistemologia. In: Santos BS, Meneses MP (orgs.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina; 2009.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Maio 2015
  • Data do Fascículo
    2013
location_on
Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro Avenida Horácio Macedo, S/N, CEP: 21941-598, Tel.: (55 21) 3938 9494 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cadernos@iesc.ufrj.br
rss_feed Acompanhe os números deste periódico no seu leitor de RSS
Acessibilidade / Reportar erro