Resumo
Introdução
O cuidado após o parto, denominado de pós-natal, pós-parto ou puerpério, é um importante período para desenvolvimento de estratégias de atenção à saúde das mulheres para redução da morbimortalidade. Com o aumento de publicações de diretrizes clínicas, há preocupações quanto à qualidade delas.
Objetivo
Avaliar a qualidade de guidelines sobre a atenção às mulheres no pós-parto na Atenção Primária à Saúde.
Método
Revisão sistemática de guidelines publicados entre 2008 e 2017, nas bases de dados Lilacs e PubMed, e página da internet do National Guideline Clearinghouse, National Institute for Health and Care Excellence e Google®. A ferramenta Appraisal of Guidelines for Research and Evaluation II foi utilizada para avaliação da qualidade dos guidelines nos domínios: escopo e finalidade; envolvimento das partes interessadas (stakeholders); rigor do desenvolvimento; clareza e apresentação; aplicabilidade; e independência editorial.
Resultados
Foram analisados dez guidelines que apresentaram escore médio geral de avaliação de 77%, com melhor avaliação para “escopo e finalidade” (92%) e pior para “aplicabilidade” (57%).
Conclusão
Os guidelines apresentaram boa qualidade geral com necessidade de melhorar sua elaboração no domínio aplicabilidade.
Palavras-chave:
período pós-parto; Atenção Primária à Saúde; guia de prática clínica
Abstract
Background
Postpartum care, known as postnatal care, postpartum or puerperium, is an important period for the development of health care strategies for women aiming to reduce morbidity and mortality. With the increase of publications of clinical guidelines, there are concerns about their quality.
Objective
To evaluate guidelines quality on women postpartum care in Primary Health Care.
Method
Systematic review of guidelines published between 2008 and 2017, in Lilacs and PubMed databases, and the National Guideline Clearing House, National Institute for Health and Care Excellence and Google®. Appraisal of Guidelines for Research and Evaluation II tool was used to assess the quality of the guidelines as to: scope and purpose; stakeholders involvement; accuracy of development; transparency and presentation; applicability; and editorial independence.
Results
Ten 10 guidelines that presented a general average score of 77%, with a better evaluation for "scope and purpose" (92%) and worse for "applicability" (57%) were analyzed.
Conclusion
The guidelines presented good overall quality, however, they need to improve their elaboration regarding applicability.
Keywords:
postpartum period; Primary Health Care; clinical practice guideline
INTRODUÇÃO
As semanas após o nascimento do filho configuram-se como um período crítico para as mulheres, e necessitam de cuidados que irão impactar na saúde e bem-estar delas a longo prazo11 McKinney J, Keyser L, Clinton S, Pagliano C. ACOG Committee Opinion No. 736: Optimizing postpartum care. Obstetrics & Gynecology. 2018;132(3):784-785.. Durante esse período, as mulheres estão se adaptando a múltiplas mudanças, de ordens físicas, sociais e psicológicas, com recuperação do parto, ajuste hormonal, adaptação ao bebê e a seu papel de mãe22 Corrêa MSM, Feliciano KVO, Pedrosa EN, Souza AI. Acolhimento no cuidado à saúde da mulher no puerpério. Cad Saude Publica. 2017;33(3):e00136215. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00136215. PMid:28380144.
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Os cuidados pós-parto devem se tornar um processo contínuo, em vez de um único encontro com serviços e apoio e, sobretudo, serem adaptados às necessidades individuais de cada mulher11 McKinney J, Keyser L, Clinton S, Pagliano C. ACOG Committee Opinion No. 736: Optimizing postpartum care. Obstetrics & Gynecology. 2018;132(3):784-785., e têm impactos positivos na morbimortalidade das mulheres nesse período33 Langlois ÉV, Miszkurka M, Zunzunegui MV, Ghaffar A, Ziegler D, Karp I. Inequities in postnatal care in low-and middle-income countries: a systematic review and meta-analysis. Bull World Health Organ. 2015;93(4):259-70. http://dx.doi.org/10.2471/BLT.14.140996.
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Os profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) são os principais responsáveis pela atenção às mulheres no período pós-parto, especialmente por esse ser o ponto de atenção mais próximo delas.
A fim de prestar um cuidado de qualidade e de acordo com as necessidades das mulheres, os profissionais precisam ter acesso e qualificação para o uso de diretrizes clínicas (guidelines), amparando assim suas ações de forma sistematizada. Tais guidelines, desenvolvidos em realidades distintas em diferentes países, instituições e organizações sobre essa temática, se constituem em um conjunto de recomendações baseadas em uma revisão sistemática da evidência e em avaliação dos riscos e benefícios das diferentes alternativas, com o objetivo de otimizar e qualificar a atenção à população55 Espanha. Ministerio de Sanidad, Servicios Sociales e Igualdad, Agencia de Evaluación de Tecnologías Sanitarias de Andalucía. Guía de práctica clínica de atención em el embarazo y puerperio. Guías de Práctica Clínica en el SNS: AETSA 2011/10. Andalucía: Ministerio de Sanidad, Servicios Sociales e Igualdad; 2014.,66 Mehndiratta A, Sharma S, Gupta N, Sankar M, Cluzeau F. Adapting clinical guidelines in India—a pragmatic approach. BMJ. 2017;359:j5147. http://dx.doi.org/10.1136/bmj.j5147. PMid:29150419.
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Para a elaboração de guidelines, deve-se utilizar as melhores evidências científicas disponíveis, considerar as preferências dos usuários e a experiência clínica de especialistas, verificar se são cientificamente válidos, utilizáveis e confiáveis, o que lhes confere boa qualidade77 AGREE Collaboration. development and validation of an international appraisal instrument for assessing the quality of clinical practice guidelines: the AGREE project. Qual Saf Health Care. 2003;12(1):18-23. http://dx.doi.org/10.1136/qhc.12.1.18. PMid:12571340.
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,88 Appraisal of Guidelines for Research and Evaluation. The AGREE II Instrument [Internet]. 2009 [citado em 2019 Fev 18]. Disponível em: http://www.agreetrust.org
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Embora haja evidências crescentes de que guidelines podem melhorar os resultados clínicos e do sistema de saúde, seu grau de impacto na saúde das populações é influenciado pela qualidade e implementabilidade, pois seu conteúdo pode ser tendencioso, com recomendações pobres, não eficazes, potencialmente prejudiciais, ou difíceis de implementar99 Chen Y, Yang K, Marušić A, Qaseem A, Meerpohl JJ, Flottorp S, et al. A reporting tool for practice guidelines in health care: the RIGHT statement. Ann Intern Med. 2017;166(2):128-32. http://dx.doi.org/10.7326/M16-1565. PMid:27893062.
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O reforço pela qualidade e rigor da rede de pesquisa em saúde é uma iniciativa internacional que visa melhorar a elaboração de guidelines. Recomendações atuais estão disponíveis para avaliar a qualidade e credibilidade das diretrizes clínicas, utilizando métodos para apoiar o desenvolvimento e avaliação confiável na elaboração dessas1010 Brouwers MC, Florez ID, McNair SA, Vella ET, Yao X. Clinical Practice Guidelines: tools to support high quality patient care. Semin Nucl Med. 2018;49(2):145-152. PMid:30819394..
Considerando o exposto, conhecer a qualidade dos guidelines para atenção pós-parto na APS é importante para aprimorar a atenção a essa população, impactando positivamente na saúde dela. Assim, o presente estudo tem por objetivo avaliar a qualidade de guidelines sobre a atenção às mulheres no pós-parto na APS.
MÉTODO
Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, que foi conduzida e relatada de acordo com as diretrizes PRISMA (Principais Itens para Relatar Revisões Sistemáticas e Meta-análises). Com base na abordagem PICO, a estratégia da pesquisa considerou: população (mulher no pós-parto); intervenção (atenção à mulher no pós-parto na APS); comparação/controle (guidelines) e resultados (avaliação da qualidade das recomendações)1111 Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG. Principais itens para relatar revisões sistemáticas e meta-análises: a recomendação PRISMA. Epidemiol Serv Saude. 2015;24(2):335-42. http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742015000200017.
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Os guidelines foram identificados por meio de busca na base de dados PubMed (Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos), com os termos puerperium OR postnatal OR postpartum OR perinatal, limitado pelo termo “clinical guidelines”; e na base de dados Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), com os descritores postpartum period OR período posparto OR período pós-parto AND clinical guideline OR guía de práctica clínica OR guia de prática clínica.
Considerando os poucos registros encontrados e tendo em vista que guidelines raramente são publicados em periódicos, foram incluídos outros bancos de dados eletrônicos como o National Guideline Clearinghouse (NGC), do National Institute for Health and Care Excellence (NICE), utilizando-se os mesmos termos de busca empregados na PubMed. Para incluir um maior número de evidências, optou-se por realizar busca na página do Google®, utilizando-se os mesmos termos da Lilacs. A pesquisa ocorreu entre os meses de janeiro e fevereiro de 2018.
Foram elegíveis para o estudo os guidelines que atenderam aos seguintes critérios: tratar de recomendações sobre cuidados pós-parto de rotina e/ou complicações decorrentes do pós-parto; contemplar em seu escopo responsabilidades da APS; ser publicado de 2008 a 2017, a fim de identificar recomendações com evidências mais atuais; estar disponível em texto completo; e ser publicado nos idiomas inglês, espanhol ou português. Foram excluídos guidelines quando encontrado o mesmo título publicado em edições/anos diferentes, eliminando-se o mais antigo bem como versões resumidas e guias rápidos, analisando-se somente a versão completa.
A busca e seleção dos estudos, assim como a avaliação dos guidelines foram realizadas por duas revisoras de forma independente, e as divergências foram revisadas e redefinidas a partir de consenso. Em todas as etapas, houve alto nível de concordância entre as revisoras.
Para a caracterização dos guidelines, foi elaborado um formulário para extração dos dados, digitados em uma planilha no Microsoft Excel® constando: ano, título, autor, instituição, país e objetivo. Posterior a isso, os guidelines foram submetidos a avaliação da qualidade.
A avaliação da qualidade baseou-se no instrumento Appraisal of Guidelines, Research, and Evaluation II (AGREE II)88 Appraisal of Guidelines for Research and Evaluation. The AGREE II Instrument [Internet]. 2009 [citado em 2019 Fev 18]. Disponível em: http://www.agreetrust.org
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, versão em português, composto por 23 itens, agrupados em seis domínios: 1) escopo e finalidade 2) envolvimento das partes interessadas (stakeholders), 3) rigor do desenvolvimento, 4) clareza e apresentação, 5) aplicabilidade e 6) independência editorial. Cada item foi avaliado em uma escala Likert de sete pontos em que 1 correspondia a discordo totalmente e 7 a concordo totalmente88 Appraisal of Guidelines for Research and Evaluation. The AGREE II Instrument [Internet]. 2009 [citado em 2019 Fev 18]. Disponível em: http://www.agreetrust.org
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. Para cada um dos seis domínios do AGREE II calculou-se uma pontuação de qualidade dividindo as diferenças entre a pontuação obtida e a pontuação mínima possível pela diferença entre as pontuações máxima e mínima possíveis, sendo que, quanto maior o escore, maior a qualidade88 Appraisal of Guidelines for Research and Evaluation. The AGREE II Instrument [Internet]. 2009 [citado em 2019 Fev 18]. Disponível em: http://www.agreetrust.org
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O domínio “Escopo e finalidade” diz respeito ao objetivo geral da diretriz, às questões específicas de saúde e à população-alvo; “Envolvimento das partes interessadas” focaliza em que medida a diretriz foi desenvolvida pelas partes interessadas adequadas e representa a visão dos usuários pretendidos; “Rigor do desenvolvimento” trata do processo usado para coletar e sintetizar as evidências, os métodos para a formulação das recomendações e a respectiva atualização dessas; “Clareza da apresentação” se refere a linguagem, estrutura e formato da diretriz; “Aplicabilidade” são os prováveis fatores facilitadores e barreiras para a implementação, estratégias para melhorar a aplicação, bem como envolvimento de recursos relacionados à utilização da diretriz; “Independência editorial” diz respeito à formulação das recomendações de modo a não terem vieses decorrentes de interesses conflitantes88 Appraisal of Guidelines for Research and Evaluation. The AGREE II Instrument [Internet]. 2009 [citado em 2019 Fev 18]. Disponível em: http://www.agreetrust.org
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A análise dos dados se deu por meio de estatística descritiva simples utilizando o programa Microsoft Excel®.
RESULTADOS
Um total de dez guidelines foram identificados para inclusão nessa revisão. A busca nas bases de dados forneceu um total de 689 estudos. Após os ajustes por duplicatas, 667 permaneceram. Desses, foram eliminados inicialmente 648, pois, nos “bancos de dados de buscas” não foram encontrados guidelines completos (314), e nas outras fontes os guidelines não estavam disponíveis (52), não tratavam sobre rotina de cuidados pós-parto (77), não contemplavam as responsabilidades da APS (163), ou foram publicados anteriormente ao ano de 2008 (83).
Dessa forma, 19 textos completos atenderam aos critérios de elegibilidade e foram examinados com mais detalhes. Cinco estudos foram excluídos por serem versões prévias, sendo mantidos os atualizados; quatro foram descartados por constituírem versões resumidas e guias rápidos, conforme observado na Figura 1.
Quanto à caracterização do material selecionado, de acordo com a Tabela 1, identificou-se que o ano de publicação variou de 2011 a 2017, sendo em sua maioria trabalhos publicados na Europa, com predomínio do Reino Unido. Quanto aos temas, apenas três guidelines55 Espanha. Ministerio de Sanidad, Servicios Sociales e Igualdad, Agencia de Evaluación de Tecnologías Sanitarias de Andalucía. Guía de práctica clínica de atención em el embarazo y puerperio. Guías de Práctica Clínica en el SNS: AETSA 2011/10. Andalucía: Ministerio de Sanidad, Servicios Sociales e Igualdad; 2014.,1212 World Health Organization. WHO recommendations on Postnatal care of the mother and newborn. Geneva: WHO; 2013.,1313 National Institute for Health and Care Excellence. Postnatal care up to 8 weeks after birth [Internet]. London: NICE; 2015 [citado 2019 Fev 9]. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/cg37
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tratam do cuidado geral às mulheres no puerpério, os demais referem-se a temas específicos, como saúde mental1414 Beyondblue, organizador. Clinical practice guidelines for depression and related disorders – anxiety, bipolar disorder and puerperal psychosis – in the perinatal period. A guideline for primary care health professionals. Melbourn: Beyondblue; 2011.–1818 García-Herrera PB, Nogueras ME V, Muñoz CF, Morales AJM. Guía de Práctica Clínica para el tratamento de la depresión em Atención Primaria. Málaga: UGC Salud Mental; 2011., dor pélvica1919 Institute of Obstetrician & Gynaecologists. Royal College Physicians of Irland. Management of pelvic girdle pain in pregnacy and postpartum [Internet]. Irland: Institute of Obstetrician & Gynaecologists; 2014 [citado 2019 Fev 9]. Disponível em: https://www.hse.ie/eng/services/publications/clinical-strategy-and-programmes/management-of-pelvic-girdle-pain-in-pregnancy-and-post-partum.pdf
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e contracepção2020 Faculty of Sexual and Reproductive Health. Contraception after pregnancy [Internet]. London: FSRH; 2017 [citado 2019 Fev 9]. Disponível em: https://www.fsrh.org/news/new-fsrh-guideline--contraception-after-pregnancy
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Ressalta-se que apenas o guideline da Organização Mundial da Saúde1212 World Health Organization. WHO recommendations on Postnatal care of the mother and newborn. Geneva: WHO; 2013. aborda especificamente ações para países de baixa renda, os demais são guidelines voltados para países desenvolvidos.
Quanto à avaliação da qualidade dos guidelines, de modo geral, foi boa (Tabela 2), com média de escore apresentando 77%, de acordo com o instrumento AGREE II88 Appraisal of Guidelines for Research and Evaluation. The AGREE II Instrument [Internet]. 2009 [citado em 2019 Fev 18]. Disponível em: http://www.agreetrust.org
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Os domínios que receberam melhores escores foram “escopo e finalidade” (92%), “rigor no desenvolvimento” (89%) e “clareza e apresentação” (89%). Em geral, os guidelines tinham uma proposta clara, com objetivo geral bem definido. Com exceção do G51919 Institute of Obstetrician & Gynaecologists. Royal College Physicians of Irland. Management of pelvic girdle pain in pregnacy and postpartum [Internet]. Irland: Institute of Obstetrician & Gynaecologists; 2014 [citado 2019 Fev 9]. Disponível em: https://www.hse.ie/eng/services/publications/clinical-strategy-and-programmes/management-of-pelvic-girdle-pain-in-pregnancy-and-post-partum.pdf
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, os guidelines usaram métodos sistemáticos para revisão dos estudos, com critérios de seleção claramente descritos e consideraram os benefícios, efeitos colaterais e riscos para formular as recomendações, além de terem estabelecido uma relação coerente entre recomendações e evidências, e terem sido revisados por especialistas externos antes da publicação.
No item clareza da apresentação, o G41212 World Health Organization. WHO recommendations on Postnatal care of the mother and newborn. Geneva: WHO; 2013. teve como principal lacuna a falta de apresentação de ferramentas para aplicação, o G71313 National Institute for Health and Care Excellence. Postnatal care up to 8 weeks after birth [Internet]. London: NICE; 2015 [citado 2019 Fev 9]. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/cg37
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não apresentou as recomendações-chave facilmente identificáveis e o G91717 Trangle M, Gursky J, Haight R, Hardwig J, Hinnenkamp T, Kessler D, et al. Adult depression in primary care. Bloomington: Institute for Clinical Systems Improvement (ICSI); 2016. não apresentou de forma direta as diferentes opções para o gerenciamento da condição.
O domínio com pior resultado foi a “aplicabilidade”, com pontuação moderada (57%) na média geral. A principal fragilidade nesse domínio é a falta de apresentação do critério de revisão para monitoramento e/ou auditoria do guideline, sendo que somente dois1515 Scottish Intercollegiate Guidelines Network. Management of perinatal mood disorders [Internet]. SIGN; 2012 [citado 2019 Fev 9]. Disponível em: http://www.sign.ac.uk
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,2020 Faculty of Sexual and Reproductive Health. Contraception after pregnancy [Internet]. London: FSRH; 2017 [citado 2019 Fev 9]. Disponível em: https://www.fsrh.org/news/new-fsrh-guideline--contraception-after-pregnancy
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cumpriram esse quesito satisfatoriamente. Ressalta-se que seis55 Espanha. Ministerio de Sanidad, Servicios Sociales e Igualdad, Agencia de Evaluación de Tecnologías Sanitarias de Andalucía. Guía de práctica clínica de atención em el embarazo y puerperio. Guías de Práctica Clínica en el SNS: AETSA 2011/10. Andalucía: Ministerio de Sanidad, Servicios Sociales e Igualdad; 2014.,1212 World Health Organization. WHO recommendations on Postnatal care of the mother and newborn. Geneva: WHO; 2013.–1414 Beyondblue, organizador. Clinical practice guidelines for depression and related disorders – anxiety, bipolar disorder and puerperal psychosis – in the perinatal period. A guideline for primary care health professionals. Melbourn: Beyondblue; 2011.,1616 National Institute for Health and Care Excellence. Antenatal and postnatal mental health: clinical management and service guidance [Internet]. Leicester: British Psychological Society; 2015 [citado 2019 Fev 9]. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/cg192
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,1717 Trangle M, Gursky J, Haight R, Hardwig J, Hinnenkamp T, Kessler D, et al. Adult depression in primary care. Bloomington: Institute for Clinical Systems Improvement (ICSI); 2016.guidelines consideraram os custos para a aplicação das recomendações, e três1313 National Institute for Health and Care Excellence. Postnatal care up to 8 weeks after birth [Internet]. London: NICE; 2015 [citado 2019 Fev 9]. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/cg37
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,1515 Scottish Intercollegiate Guidelines Network. Management of perinatal mood disorders [Internet]. SIGN; 2012 [citado 2019 Fev 9]. Disponível em: http://www.sign.ac.uk
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,1919 Institute of Obstetrician & Gynaecologists. Royal College Physicians of Irland. Management of pelvic girdle pain in pregnacy and postpartum [Internet]. Irland: Institute of Obstetrician & Gynaecologists; 2014 [citado 2019 Fev 9]. Disponível em: https://www.hse.ie/eng/services/publications/clinical-strategy-and-programmes/management-of-pelvic-girdle-pain-in-pregnancy-and-post-partum.pdf
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não discutiram barreiras organizacionais na aplicação das recomendações.
No domínio “independência editorial”, três55 Espanha. Ministerio de Sanidad, Servicios Sociales e Igualdad, Agencia de Evaluación de Tecnologías Sanitarias de Andalucía. Guía de práctica clínica de atención em el embarazo y puerperio. Guías de Práctica Clínica en el SNS: AETSA 2011/10. Andalucía: Ministerio de Sanidad, Servicios Sociales e Igualdad; 2014.,1212 World Health Organization. WHO recommendations on Postnatal care of the mother and newborn. Geneva: WHO; 2013.,1515 Scottish Intercollegiate Guidelines Network. Management of perinatal mood disorders [Internet]. SIGN; 2012 [citado 2019 Fev 9]. Disponível em: http://www.sign.ac.uk
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não relataram sobre o guideline ser editorialmente independente quanto ao financiamento, e um1212 World Health Organization. WHO recommendations on Postnatal care of the mother and newborn. Geneva: WHO; 2013. não descreveu sobre conflitos de interesse. Um guideline1919 Institute of Obstetrician & Gynaecologists. Royal College Physicians of Irland. Management of pelvic girdle pain in pregnacy and postpartum [Internet]. Irland: Institute of Obstetrician & Gynaecologists; 2014 [citado 2019 Fev 9]. Disponível em: https://www.hse.ie/eng/services/publications/clinical-strategy-and-programmes/management-of-pelvic-girdle-pain-in-pregnancy-and-post-partum.pdf
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obteve pontuação zero nesse domínio.
Em relação ao “envolvimento dos interessados”, nenhum guideline relatou sobre a realização de teste piloto entre os usuários do material, e três1212 World Health Organization. WHO recommendations on Postnatal care of the mother and newborn. Geneva: WHO; 2013.,1818 García-Herrera PB, Nogueras ME V, Muñoz CF, Morales AJM. Guía de Práctica Clínica para el tratamento de la depresión em Atención Primaria. Málaga: UGC Salud Mental; 2011.,1919 Institute of Obstetrician & Gynaecologists. Royal College Physicians of Irland. Management of pelvic girdle pain in pregnacy and postpartum [Internet]. Irland: Institute of Obstetrician & Gynaecologists; 2014 [citado 2019 Fev 9]. Disponível em: https://www.hse.ie/eng/services/publications/clinical-strategy-and-programmes/management-of-pelvic-girdle-pain-in-pregnancy-and-post-partum.pdf
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não buscaram a visão e as preferências dos pacientes para elaboração do guideline.
DISCUSSÃO
Os guidelines apresentaram boa qualidade geral, com destaque para os domínios “escopo e finalidade”, “rigor no desenvolvimento” e “clareza e apresentação”. Entretanto, o pior domínio avaliado foi a “aplicabilidade” que se refere à discussão das mudanças organizacionais e as implicações de custos de aplicar as recomendações e apresentação de critérios de revisão para monitorar o uso das diretrizes77 AGREE Collaboration. development and validation of an international appraisal instrument for assessing the quality of clinical practice guidelines: the AGREE project. Qual Saf Health Care. 2003;12(1):18-23. http://dx.doi.org/10.1136/qhc.12.1.18. PMid:12571340.
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, corroborando com outros estudos de avaliação de guidelines2222 Sabharwal S, Patel NK, Gauher S, Holloway I, Athanasiou T. High methodologic quality but poor applicability: Assessment of the AAOS guidelines using the AGREE II instrument. Clin Orthop Relat Res. 2014;472(6):1982-8. http://dx.doi.org/10.1007/s11999-014-3530-0. PMid:24566890.
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–2424 Wu D, Jiang W, Yu L, Wang Y, Tao Y, Tang H, et al. Quality assessment of clinical practice guidelines for infectious diseases in China. J Evid Based Med. 2018;11(2):95-100. http://dx.doi.org/10.1111/jebm.12293. PMid:29464853.
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A baixa aplicabilidade dos guidelines é um fator preocupante, pois constitui um quesito essencial para que as recomendações sejam incorporadas à prática dos profissionais da APS. Guidelines elaborados de acordo com a realidade em cada contexto da APS fomentam a tomada de decisões efetivas e seguras, otimizam a assistência e auxiliam na prestação da atenção integral às mulheres no pós-parto, o que confere melhor qualidade ao cuidado55 Espanha. Ministerio de Sanidad, Servicios Sociales e Igualdad, Agencia de Evaluación de Tecnologías Sanitarias de Andalucía. Guía de práctica clínica de atención em el embarazo y puerperio. Guías de Práctica Clínica en el SNS: AETSA 2011/10. Andalucía: Ministerio de Sanidad, Servicios Sociales e Igualdad; 2014.,1313 National Institute for Health and Care Excellence. Postnatal care up to 8 weeks after birth [Internet]. London: NICE; 2015 [citado 2019 Fev 9]. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/cg37
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,2525 Tasca R, Massuda A, Carvalho WM, Buchweitz C, Harzheim E. Recomendações para o fortalecimento da atenção primária à saúde no Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2020;44:e4. http://dx.doi.org/10.26633/RPSP.2020.4.
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Assim, não basta elaborar diretrizes com qualidade metodológica, pois, se estas não forem clinicamente aplicáveis, implicam na não implementação no contexto assistencial2222 Sabharwal S, Patel NK, Gauher S, Holloway I, Athanasiou T. High methodologic quality but poor applicability: Assessment of the AAOS guidelines using the AGREE II instrument. Clin Orthop Relat Res. 2014;472(6):1982-8. http://dx.doi.org/10.1007/s11999-014-3530-0. PMid:24566890.
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, visto que precisam atingir o público-alvo que está inserido na realidade, com custo viável para implantação.
No Brasil e internacionalmente, em geral, a assistência pós-parto é negligenciada, com diretrizes e protocolos que se restringem ao puerpério imediato e tardio, não abordam as mulheres no período remoto na APS e focam na atenção materno-infantil e reprodutiva2626 Baratieri T, Natal S. Postpartum program actions in primary health care: an integrative review. Cien Saude Colet. 2019;24(11):4227-38. http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320182411.28112017. PMid:31664395.
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, o que dificulta sua aplicabilidade no que tange a assistência integral.
Outro aspecto a ser melhorado é a necessidade de ampliar o envolvimento dos potenciais usuários. A efetivação desse domínio favorece o melhor desenvolvimento da aplicabilidade do guideline, já que a participação dos potenciais usuários no material é fundamental para elaborar recomendações pautadas na realidade das mulheres e fomentar o uso delas. Cabe destacar o G655 Espanha. Ministerio de Sanidad, Servicios Sociales e Igualdad, Agencia de Evaluación de Tecnologías Sanitarias de Andalucía. Guía de práctica clínica de atención em el embarazo y puerperio. Guías de Práctica Clínica en el SNS: AETSA 2011/10. Andalucía: Ministerio de Sanidad, Servicios Sociales e Igualdad; 2014. que obteve pontuação máxima nesse quesito avaliativo, por considerar a visão e preferências dos usuários e, para tal, é orientado por um manual metodológico2727 Espanha. Grupo de trabajo de implicación de pacientes em el desarrollo de GPC. Implicación de pacientes em el desarrollo de guías de práctica clínica: manual metodológico. Guías de Práctica Clínica en el SNS: IACS No 2010/01 [Internet]. Andalucía: Ministerio de Sanidad, Servicios Sociales e Igualdad; 2011 [citado 2019 Fev 9]. Disponível em: http://portal.guiasalud.es/web/guest/guias-practica-clinica
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que aborda as implicações dos envolvidos no desenvolvimento de guidelines.
Estudos nacionais e internacionais apontam para a invisibilidade das mulheres no período pós-parto na APS, visto que, após o nascimento, as mulheres deixam de ser priorizadas, sendo a assistência direcionada especialmente para a criança22 Corrêa MSM, Feliciano KVO, Pedrosa EN, Souza AI. Acolhimento no cuidado à saúde da mulher no puerpério. Cad Saude Publica. 2017;33(3):e00136215. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00136215. PMid:28380144.
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,2828 Justino GBS, Soares GCF, Baraldi GN, Teixeira MCI, Salim RN. Sexual and reproductive health in the puerperium: women’s experiences. J Nurs UFPE. 2019;13:e240054.. Ressalta-se que o fortalecimento da APS se dá por meio da participação dos usuários2525 Tasca R, Massuda A, Carvalho WM, Buchweitz C, Harzheim E. Recomendações para o fortalecimento da atenção primária à saúde no Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2020;44:e4. http://dx.doi.org/10.26633/RPSP.2020.4.
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. O envolvimento das mulheres no âmbito da APS, a fim de conhecer suas necessidades de saúde, é um aspecto fundamental para melhorar a atenção pós-parto.
Os dados analisados no presente estudo refletem a necessidade de melhorar a qualidade das recomendações pautadas em instrumentos conhecidos e validados cientificamente. O instrumento AGREE II88 Appraisal of Guidelines for Research and Evaluation. The AGREE II Instrument [Internet]. 2009 [citado em 2019 Fev 18]. Disponível em: http://www.agreetrust.org
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pode auxiliar comitês organizadores de guidelines e viabilizar uma estrutura para revisar a qualidade de guidelines, bem como o presente estudo, fornecendo suporte para melhorar a qualidade das recomendações realizadas. Nesta revisão, apenas quatro guidelines55 Espanha. Ministerio de Sanidad, Servicios Sociales e Igualdad, Agencia de Evaluación de Tecnologías Sanitarias de Andalucía. Guía de práctica clínica de atención em el embarazo y puerperio. Guías de Práctica Clínica en el SNS: AETSA 2011/10. Andalucía: Ministerio de Sanidad, Servicios Sociales e Igualdad; 2014.,1313 National Institute for Health and Care Excellence. Postnatal care up to 8 weeks after birth [Internet]. London: NICE; 2015 [citado 2019 Fev 9]. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/cg37
https://www.nice.org.uk/guidance/cg37...
,1616 National Institute for Health and Care Excellence. Antenatal and postnatal mental health: clinical management and service guidance [Internet]. Leicester: British Psychological Society; 2015 [citado 2019 Fev 9]. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/cg192
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,1818 García-Herrera PB, Nogueras ME V, Muñoz CF, Morales AJM. Guía de Práctica Clínica para el tratamento de la depresión em Atención Primaria. Málaga: UGC Salud Mental; 2011. deixaram explícito que utilizaram o AGREE para avaliar a qualidade do material, e um1717 Trangle M, Gursky J, Haight R, Hardwig J, Hinnenkamp T, Kessler D, et al. Adult depression in primary care. Bloomington: Institute for Clinical Systems Improvement (ICSI); 2016. seguiu um protocolo baseado em critérios semelhantes ao AGREE, no entanto, não o citou.
O estudo também evidenciou que a escassez de guidelines abrangentes para mulheres no pós-parto é uma preocupação, devido ao estresse que muitas vivenciam nesse período, atrelado ao alto fardo da morbidade materna pós-parto22 Corrêa MSM, Feliciano KVO, Pedrosa EN, Souza AI. Acolhimento no cuidado à saúde da mulher no puerpério. Cad Saude Publica. 2017;33(3):e00136215. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00136215. PMid:28380144.
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,2929 Souza ABQ, Fernandes MB. Diretriz para assistência de enfermagem: ferramenta eficaz para a promoção da saúde no puerpério. Rev RENE. 2014;15(4):594-604.,3030 Haran C, Van Driel M, Mitchell BL, Brodribb WE. Clinical guidelines for postpartum women and infants in primary care-a systematic review. BMC Pregnancy Childbirth. 2014;14:51. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2393-14-51. PMid:24475888.
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O desenvolvimento de guidelines abrangentes e de alta qualidade é uma atividade dispendiosa em tempo e recursos, e isso pode ser uma das razões para a escassez de guidelines nessa área66 Mehndiratta A, Sharma S, Gupta N, Sankar M, Cluzeau F. Adapting clinical guidelines in India—a pragmatic approach. BMJ. 2017;359:j5147. http://dx.doi.org/10.1136/bmj.j5147. PMid:29150419.
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,3030 Haran C, Van Driel M, Mitchell BL, Brodribb WE. Clinical guidelines for postpartum women and infants in primary care-a systematic review. BMC Pregnancy Childbirth. 2014;14:51. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2393-14-51. PMid:24475888.
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, especialmente em países em desenvolvimento. Esses, em geral, têm poucos recursos disponibilizados para ciência e tecnologia, e acabam recorrendo a guidelines internacionais para embasar sua prática66 Mehndiratta A, Sharma S, Gupta N, Sankar M, Cluzeau F. Adapting clinical guidelines in India—a pragmatic approach. BMJ. 2017;359:j5147. http://dx.doi.org/10.1136/bmj.j5147. PMid:29150419.
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No Brasil há um protocolo nacional de atenção integral à saúde das mulheres3131 Brasil. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção Básica: saúde das mulheres. Brasília: Ministério da Saúde; 2016. que aborda a atenção pós-parto na APS, porém, ele não segue o rigor metodológico de um guideline, o que pode limitar seu uso na prática assistencial pelos profissionais da APS.
Este estudo apresentou algumas limitações no seu desenvolvimento. A primeira foi a exclusão de diretrizes que não estavam disponíveis para download pela internet, o que aconteceu especialmente para países da América Latina. No entanto, guidelines são elaborados para orientar a prática clínica e devem estar prontamente disponíveis para aqueles que precisam utilizá-las. A segunda limitação é a inclusão de guidelines somente em português, inglês e espanhol, que, apesar de serem idiomas que abrangem grande parcela da população mundial, podem ter excluído realidades importantes da análise. O terceiro aspecto refere-se à ferramenta AGREE II88 Appraisal of Guidelines for Research and Evaluation. The AGREE II Instrument [Internet]. 2009 [citado em 2019 Fev 18]. Disponível em: http://www.agreetrust.org
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que tem vários pontos da escala de Likert que podem aludir a um sistema de avaliação subjetiva. Apesar disso, o manual do AGREE II88 Appraisal of Guidelines for Research and Evaluation. The AGREE II Instrument [Internet]. 2009 [citado em 2019 Fev 18]. Disponível em: http://www.agreetrust.org
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é robusto em suas instruções sobre a marcação de cada componente nos vários domínios e a concordância entre os dois avaliadores deste estudo foi alta, o que sugere a validade do instrumento e do seu uso.
Os guidelines analisados receberam boa avaliação geral, sendo mais bem avaliados no domínio “escopo e finalidade” e pior avaliados no domínio “aplicabilidade”. A maior parte dos guidelines trata de temas específicos, não abordando integralmente as mulheres no pós-parto, e apenas um foi direcionado para países em desenvolvimento.
Considerando a avaliação dos guidelines, este estudo traz como principais recomendações: melhorar os quesitos quanto à aplicabilidade dos guidelines, especialmente com implementação de estudos piloto e auditoria para monitorar a aceitação e feedback quanto ao uso dos guidelines; implementar guidelines que abordem de maneira integral as mulheres no pós-parto na APS e; incentivar a elaboração de guidelines em países em desenvolvimento.
Existe uma demanda significativa para melhorias no desenvolvimento de diretrizes de alta qualidade, o que justifica urgentemente a implementação de pesquisas que minimizem as lacunas vitais nas evidências para a formulação de guidelines para atender às mulheres no pós-parto no âmbito da APS.
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Local de realização do estudo: Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis/SC, Brasil.
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Fonte de financiamento: nenhuma.
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4National Institute for Health and Care Excellence. Antenatal and postnatal mental health: clinical management and service guidance. Leicester: The British Psychological Societyand The Royal College of Psychiatrists; 2014.
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5Espanha. Ministerio de Sanidad, Servicios Sociales e Igualdad, Agencia de Evaluación de Tecnologías Sanitarias de Andalucía. Guía de práctica clínica de atención em el embarazo y puerperio. Guías de Práctica Clínica en el SNS: AETSA 2011/10. Andalucía: Ministerio de Sanidad, Servicios Sociales e Igualdad; 2014.
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6Mehndiratta A, Sharma S, Gupta N, Sankar M, Cluzeau F. Adapting clinical guidelines in India—a pragmatic approach. BMJ. 2017;359:j5147. http://dx.doi.org/10.1136/bmj.j5147 PMid:29150419.
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
13 Dez 2021 -
Data do Fascículo
Oct-Dec 2021
Histórico
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Recebido
18 Fev 2019 -
Aceito
06 Set 2020