Open-access Os fatores associados à circunferência do pescoço elevada diferem entre sexos: análise da linha de base do Study of Health in Pomerode – SHIP-Brazil

Factors associated with elevated neck circumference differ between sex: baseline analysis of the Study of Health in Pomerode - SHIP-Brazil

Resumo

Introdução  A circunferência do pescoço (CP) é uma medida de fácil avaliação na prática clínica, mas existem lacunas acerca das variáveis associadas por sexo em população de origem germânica.

Objetivo  Analisar as variáveis associadas a medida da CP elevada de acordo com o sexo.

Método  Estudo transversal de base populacional, com 2.488 pessoas entre 20 e 79 anos de ambos os sexos, do Study of Health in Pomerode – SHIP-Brazil. O desfecho foi a CP elevada > 39 cm em homens e > 35 cm mulheres. Após estratificação por sexo, as magnitudes das associações das variáveis independentes, ajustadas por algumas covariáveis, foram estimadas por meio de razões de prevalência utilizando regressão de Poisson.

Resultados  A CP elevada foi de 48,2% (IC95%: 45,9-50,5), maior em homens (59,6%), e associou-se a ser mais jovem, com alto consumo de álcool, relação cintura-quadril (RCQ) elevada, hipertensão, diabetes, multimorbidade e força muscular relativa (FMR) baixa. Nas mulheres, ser mais jovem, cultura alemã, insuficientemente ativas, com alto consumo de álcool, RCQ elevada, hipertensão e FMR baixa.

Conclusão  RCQ elevada, hipertensão e perda de FMR apresentaram-se como importantes fatores associados a CP elevada. Em homens as doenças crônicas e nas mulheres o estilo de vida foram os diferenciais associados à CP elevada.

Palavras-chave:  pescoço; atividade motora; fatores de risco; antropometria; prevalência

Abstract

Background  The neck circumference (NC) is an easily evaluated measure in clinical practice, but there are gaps regarding variables associated with sex in a population of German origin.

Objective  To analyze the variables associated with the measurement of high NC by sex.

Method  Cross-sectional population-based study with 2488 people aged between 20 and 79 years of both sexes from the Study of Health in Pomerode - SHIP-Brazil. Elevated NC was > 39 cm in men and > 35 cm in women. The magnitudes of the associations, stratified by sex, were estimated using prevalence ratios and adjusted by Poisson regression.

Results  The prevalence of high NC was 48,2% (CI 95%: 45,9-50,5), higher in men (59,6%), in whom they were younger, had high alcohol consumption, elevated waist-hip ratio, hypertension, diabetes, multimorbidity and low relative muscle strength were associated with elevated NC. In women, being younger, German culture, insufficiently active, high alcohol consumption, high waist-hip ratio, hypertension, and low relative muscle strength.

Conclusion  High waist-hip ratio, hypertension, and loss of relative muscle strength were important factors associated with high NC. Chronic diseases in men and lifestyle in women were the differentials associated with high NC.

Keywords:  neck; motor activity; risk factors; anthropometry; prevalence

INTRODUÇÃO

A localização do excesso de tecido adiposo no corpo humano tem implicações na saúde1. Sabe-se que a distribuição da gordura corporal pode se associar a doenças cardíacas e metabólicas em adultos e idosos1,2. Por exemplo, o excesso de gordura na parte superior do corpo foi mais fortemente associado a diabetes e a doenças cardiovasculares em relação ao excesso na parte inferior1. Essas diferenças também possuem características diferenciais entre sexos. Em geral, os homens possuem mais gordura localizada na região superior do corpo, e as mulheres, na região inferior3. Adicionalmente, o excesso de gordura na região do pescoço pode ser um local exclusivo que confere risco cardiometabólico e vascular adicional em relação ao excesso de gordura abdominal1,4, daí a importância de se utilizar a circunferência do pescoço (CP) na prática clínica em saúde4,5.

A CP é uma medida antropométrica de fácil avaliação, acessível, de baixo custo, inovadora e eficaz na prática clínica de rotina quando comparada a outras medidas antropométricas2,6. Associou-se a CP com fatores de risco cardiovascular, tais como níveis elevados de pressão arterial sistólica e diastólica, LDL-colesterol, triglicerídeos e de glicemia de jejum4. A CP associou-se a síndrome metabólica7 e a risco cardiovascular em dez anos, independentemente de medidas de adiposidade global e visceral2. Doenças crônicas são mais prevalentes em pessoas com a CP elevada, tais como hipertensão e diabetes, além da elevada associação com circunferência da região abdominal8.

Em contrapartida, a literatura carece de estudos associando o consumo de álcool, a multimorbidade8, o nível de atividade física9 e a força de preensão palmar10 com a CP e seus diferenciais entre sexos. A força de preensão da mão, além de ser um biomarcador do envelhecimento11, pode associar-se a risco cardiometabólico, sugerindo que a perda da força muscular pode desencadear a ocorrência de eventos cardiovasculares12, diabetes e excesso de peso13. A combinação de redução da massa e da força muscular leva à rigidez arterial14. A força muscular relativa (FMR), que é a força de preensão palmar dividida pela massa corporal, está inversamente associada a doenças cardiovasculares e eventos de mortalidade por todas as causas15, além de elevada associação inversa com a CP em mulheres sedentárias10. Isso sugere que o nível suficiente de atividade física pode implicar no aumento da força muscular e na diminuição da CP9.

Sabendo que a presença de doenças cardiovasculares2,8 e metabólicas7 e a diminuição da força muscular relativa10 podem ser importantes fatores de predição para a CP elevada. E que o nível suficiente de atividade física pode reduzir a CP9, buscou-se testar a associação entre as características sociodemográficas, de estilo de vida, das condições de saúde e das doenças crônicas com a medida da CP elevada em adultos e idosos, de acordo com o sexo, em uma população de origem germânica do sul do Brasil.

MÉTODO

População e amostra

Estudo transversal de base populacional com participantes do Estudo Vida e Saúde em Pomerode – SHIP-Brazil (Study of Health in Pomerode – SHIP-Brazil) realizado entre 2014 e 2018 com adultos e idosos moradores de Pomerode, Santa Catarina, Brasil, por pelo menos seis meses. Pomerode, considerada uma das cidades mais alemãs do Brasil, foi fundada por imigrantes pomeranos e seus descendentes procuram manter as tradições alemãs na língua, arquitetura, gastronomia, música e costumes. Os dados foram coletados por uma equipe treinada de examinadores e entrevistadores e os procedimentos operacionais padrão foram elaboradosados por meio de instrumentos e materiais oriundos de estudo parceiro realizados na Alemanha, o “Study of Health in Pomerania” (SHIP) da Alemanha16, mais especificamente o SHIP-Trend-017.

Os participantes foram identificados a partir de amostragem aleatória simples em 12 estratos de ambos os sexos, de 20 a 79 anos, com intervalo de dez anos. O cálculo amostral levou em consideração a prevalência de eventos de 50%, uma precisão de 5% e um intervalo de 95% de confiança. A amostra calculada foi de 3.678 pessoas e após aproximadamente 30% de perdas e recusas, a amostra final do SHIP-Brazil compôs-se por 2.488 pessoas entre 20 e 79 anos, de ambos os sexos.

Para o presente estudo houve perdas e/ou recusas de 376 participantes (15,1%) para a medida da CP. Não houve associação de perdas e recusas entre os participantes e os não participantes considerando a variável CP (p > 0,05) e também não houve diferença na média de idade entre participantes (49,9 anos; DP = 15,6) e não participantes (50,9 anos; DP = 14,7) por perdas na CP (p = 0,236). Quando analisadas as perdas e recusas em todas as variáveis, elas foram mais prevalentes somente para as pessoas entre 70 e 79 anos de idade (p < 0,05). A amostra final, considerando a variável desfecho, foi de 2.112 pessoas.

Os critérios de exclusão envolveram possuir qualquer limitação de ordem física ou mental que impedisse o participante de responder aos questionários ou realizar exames de saúde, ou se recusar a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para todas as perimetrias, estar grávida, ser cadeirante, fazer uso de bolsa de ostomia sobre a marcação, ter feridas e lesões abrasivas e exsudativas e/ou presença de hérnias sobre os locais de medida também foram considerados critérios de exclusão.

O SHIP-Brazil foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade de Blumenau (FURB) sob os pareceres nº 33/2012 e nº 2.969.842/2018. Esta pesquisa foi aprovada conforme o parecer nº 3.718.309/2019. Todos os participantes assinaram o TCLE.

Entrevistas, variáveis e exames

As entrevistas foram realizadas na residência do participante em Pomerode e no Centro de Exames (CE) do Complexo de Saúde da Furb, em Blumenau. Na chegada ao CE, os participantes foram encaminhados para salas específicas, de acordo com os exames e questionários.

A variável dependente foi a circunferência do pescoço (CP), realizada com o participante em pé, cabeça posicionada no plano horizontal de Frankfurt. A CP foi aferida no ponto médio do pescoço, logo abaixo da cartilagem cricotireoidea (pomo de Adão) com fita métrica inextensível Cescorf18. Utilizaram-se os pontos de corte para CP elevada: > 39 cm para homens e > 35 cm para mulheres9.

Analisaram-se as seguintes variáveis independentes: faixa etária (20-29, 30-39, 40-49, 50-59, 60-69 ou 70-79 anos); escolaridade (0, 1 a 8, 9 a 11 ou ≥ 12 anos); cultura alemã (falar a língua alemã em casa e participar de associações socioculturais em clube de caça e tiro e clube de mães); situação conjugal (casado/a ou viver com companheiro/a, solteiro/a, separado/a ou viúvo/a); classe econômica de consumo mediante estimativa de renda mensal, que cria estratos resultantes da aplicação do Critério Brasil (A, B, C ou D/E)19; consumo de álcool (baixo, moderado, alto ou muito alto; AUDIT-C)20; tabagismo (nunca fumou, ex-tabagista ou tabagista); atividade física moderada e vigorosa (AFMV) (insuficientemente ativo < 150 min/sem ou suficientemente ativo ≥ 150 min/sem; IPAQ-curto)21; RCQ (adequada < 90 cm para homens e < 85 cm para mulheres ou inadequada ≥ 90 cm para homens e ≥ 85 cm para mulheres)22; hipertensão arterial sistêmica e diabetes autorreferidas e multimorbidade (nenhuma ou até uma ou duas ou mais das seguintes morbidades: hipertensão arterial sistêmica, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, diabetes e dislipidemia).

A circunferência da cintura foi tomada na altura da cintura natural do indivíduo, em seu menor perímetro, no caso de dificuldade na localização, sendo utilizado o ponto medial entre a última costela e a crista íliaca superior direita. A circunferência do quadril foi realizada sobre os trocânteres, na extensão máxima das nádegas18. Após as aferições, realizou-se a divisão da circunferência da cintura pela circunferência do quadril, para se obter a RCQ. O ponto de corte normal foi < 90 cm para os homens e < 85 cm para as mulheres, o elevado foi ≥ 90 cm para homens e ≥ 85 cm para mulheres.

Para aferir a força muscular relativa foi realizado o teste de preensão palmar com o dinamômetro Jamar Digital Plus. Os participantes permaneceram sentados em uma cadeira, pés bem apoiados, ombros e antebraços na posição neutra, cotovelos em 90 graus. Foram tomadas três medidas por mão, seis no total, com intervalo de pelo menos 15 segundos entre cada aferição. O valor alvo foi o maior valor de seis medições18. A força muscular relativa foi obtida dividindo o valor da força absoluta obtida no dinamômetro pelo peso corpora23 O ponto de corte para força muscular relativa baixa foi o quartil inferior ≤ 0,42 para os homens e ≤ 0,28 para as mulheres.

Análise estatística

Para caracterizar a amostra do estudo, realizou-se a distribuição de frequência por número absoluto e prevalência por sexo. O teste de Kolmogorov-Smirnov foi realizado para verificar a distribuição de normalidade das variáveis contínuas CP, RCQ e força muscular relativa. Utilizaram-se a média e o desvio padrão e a mediana e os percentis 25% e 75%. As associações da CP com idade, RCQ e força muscular relativa foram verificadas por meio da correlação de Spearman. Decidiu-se categorizar todas as variáveis e estimar as prevalências, as razões de prevalência (RP) e os intervalos de confiança (IC) de 95%. Realizou-se a regressão de Poisson para associação bivariada e múltipla, por sexo, entre as variáveis independentes e CP elevada. Para o ajuste do modelo múltiplo foram consideradas as variáveis significantes na análise bivariada e permaneceram na tabela final aquelas com p ≤ 0,05, com ajuste de outras covariáveis. Entre os homens, as associações da CP com faixa etária, consumo de álcool, RCQ, hipertensão, diabetes, multimorbidade e força muscular relativa baixa foram ajustadas por escolaridade, cultura alemã, situação conjugal, classe econômica, tabagismo e nível de AFMV. Nas mulheres, as associações da CP com faixa etária, cultura alemã, nível de AFMV, consumo de álcool, RCQ, hipertensão e força muscular relativa baixa foram ajustadas por escolaridade, situação conjugal, classe econômica, tabagismo, diabetes e multimorbidade. Em todas as análises foram considerados os pesos amostrais pela técnica de ponderação inversa de probabilidade, em virtude de um potencial viés de seleção com amostra menor no estrato dos homens jovens. As análises estatísticas foram realizadas no software Stata 12.0 (Stata Corporation, College Station, TX, EUA).

RESULTADOS

A média de idade dos homens foi 43,2 anos (DP = 14,43) e das mulheres, 44,1 anos (DP = 14,96). Entre os homens, a mediana da idade foi 41 anos (percentil 25 = 30,9; percentil 75 = 53,2) e entre as mulheres, 43 anos (percentil 25 = 31,6; percentil 75 = 54,9). A população de Pomerode entre 20 e 79 anos possui, na maioria, classe econômica de consumo A e B (78,1% dos homens e 73,8% das mulheres) e preservam a cultura alemã (63,8% dos homens e 60,7% das mulheres). A prevalência de pessoas insuficientemente ativas foi de 27,8% do total da população de adultos e idosos. As mulheres são mais insuficientemente ativas (30,3%) que os homens (25,1%), assim como a hipertensão, que é mais elevada para as mulheres (27,1%) do que para os homens (22,4%). Em contrapartida, os homens consomem mais álcool de forma intensa (12,4% dos homens vs 2,9% das mulheres) e apresentam maior prevalência de RCQ elevada (62,5% dos homens vs 31,6% das mulheres). A prevalência de CP elevada foi de 48,2% (IC95%: 45,9-50,5), maior entre os homens (59,6%; IC95%: 55,9-63,2) em relação às mulheres (37,3%; IC95%: 34,5-40,2) (Tabela 1).

Tabela 1
Característica da amostra por sexo. Estudo Vida e Saúde em Pomerode – SHIP-Brazil, 2014-2018. Santa Catarina, Brasil

A média da CP foi de 40,3 cm (DP ± 3,3) nos homens e de 34,8 cm (DP ± 2,9) nas mulheres. A mediana da CP foi de 40 cm (percentil 25% = 38 cm, percentil 75% = 42,2 cm) nos homens e de 34,5 cm (percentil 25% = 32,8 cm, percentil 75% = 36,8 cm) nas mulheres. A força muscular relativa e a RCQ foram as variáveis mais fortemente associadas com a CP (Figura 1 e Tabela 2). Houve associação positiva da CP com a RCQ para os homens (r = 0,54; p < 0,001) e para as mulheres (r = 0,60; p < 0,001). A força muscular relativa associou-se inversamente com a CP tanto para os homens (r = - 0,47; p < 0,001) quanto para as mulheres (r = - 0,53; p < 0,001).

Figura 1
Associação da CP com a FMR e a RCQ por sexo. Estudo Vida e Saúde em Pomerode – SHIP-Brazil, 2014-2018. Santa Catarina, Brasil
Tabela 2
Correlação da circunferência do pescoço (em cm) com a força muscular relativa e a relação cintura-quadril. Estudo Vida e Saúde em Pomerode – SHIP-Brazil, 2014-2018. Santa Catarina, Brasil

A tabela 3 apresenta as análises de associações não ajustadas com a CP elevada entre homens e mulheres. Verificou-se associação significante em quase todas as variáveis.

Tabela 3
Análise não ajustada dos fatores associados a circunferência do pescoço elevada entre homens e mulheres. Estudo Vida e Saúde em Pomerode – SHIP-Brazil, 2014-2018. Santa Catarina, Brasil

As variáveis independentemente associadas a CP elevada nos homens foram: idade 30-39 anos (RP = 1,33; IC95%: 1,21-1,47), 60-69 anos (RP = 0,82; IC95%: 0,71-0,95) e 70-79 anos (RP = 0,70; IC95%: 0,58-0,85), consumo de álcool alto (RP = 1,12; IC95%: 1,04-1,22) e muito alto (RP = 1,18; IC95%: 1,07-1,30), RCQ elevada (RP = 1,72; IC95%: 1,59-1,86), hipertensão (RP = 1,48; IC95%: 1,35-1,61), diabetes (RP = 1,25; IC95%: 1,11-1,42), multimorbidade (RP = 1,21; IC95%: 1,08-1,35) e força muscular relativa baixa (RP = 1,26; IC95%: 1,18-1,35). Entre as mulheres, associaram-se a idade 30-39 anos (RP = 1,27; IC95%: 1,11-1,46) e 40-49 anos (RP = 1,25; IC95%: 1,08-1,45), cultura alemã (RP = 1,28; IC95%: 1,18-1,40), insuficientemente ativas (RP = 1,21; IC95%: 1,21-1,31), alto consumo de álcool (RP = 1,36; IC95%: 1,10-1,68), RCQ elevada (RP = 2,56; IC95%: 2,35-2,79), hipertensão (RP = 1,17; IC95%: 1,05-1,29) e força muscular relativa baixa (RP = 1,72; IC95%: 1,59-1,86) (Tabela 4).

Tabela 4
Análise múltipla dos fatores associados a circunferência do pescoço elevada entre homens e mulheres. Estudo Vida e Saúde em Pomerode – SHIP-Brazil, 2014-2018. Santa Catarina, Brasil

DISCUSSÃO

O presente estudo verificou prevalência de CP elevada de 48%, maior entre os homens (59,6%) em relação às mulheres (37,3%). Entre os homens, as variáveis associadas à CP elevada foram a faixa etária mais jovem, consumo elevado de álcool, RCQ elevada, presença de hipertensão, diabetes, multimorbidade e força muscular relativa baixa. Nas mulheres, as principais diferenças envolvem a associação com a presença de cultura alemã e o nível insuficiente de AFMV. Adicionalmente, nas mulheres não foi encontrada associação da CP elevada com diabetes e multimorbidade. Além das variáveis conhecidamente associadas com a CP, como a RCQ, nossos achados apontam diferenciais entre sexo para relação da CP elevada com estilo de vida nas mulheres e com doenças crônicas nos homens.

No presente estudo, a média da CP foi de 40,3 cm nos homens e 34,8 cm nas mulheres, resultado semelhante ao Framingham Heart Study4 (n = 3.307, 48% mulheres) e ao ELSA-Brasil (n = 13.920, 55% mulheres)2. A prevalência maior da CP elevada entre os homens encontrada no presente estudo também é encontrada na literatura, com algumas variações nas prevalências em virtude, talvez, de diferenças entre os pontos de corte. Por exemplo, o presente estudo utilizou os pontos de corte elevados de CP > 39 cm para homens e > 35 cm para mulheres9. Outro estudo transversal de base populacional utilizou diferentes pontos de corte (≥ 36 cm para homens e ≥ 32 cm para mulheres) para CP elevada24 e encontrou prevalência de 48,8% em homens e 19,1% em mulheres de comunidade no nordeste da Índia. A recente revisão sistemática e meta análise25 sobre CP na América Latina e Caribe com 85 estudos (n = 51.978) encontrou prevalência de CP elevada entre 37% e 57,7% na população geral. Entretanto, definições e metodologias para medir a CP não foram relatadas de forma consistente, o que dificulta comparações entre regiões e análises temporais25.

Nossos achados identificaram que os homens entre 30 e 39 anos e as mulheres entre 30 e 49 anos possuem uma CP mais elevada quando comparada a dos mais jovens. Depois dessa idade, a CP tende a diminuir sua circunferência. Estudos mostram que a CP pode não se associar com a idade em ambos os sexos26,27. Entretanto, há estudos que verificaram aumento da CP com o aumento da idade9. Em nossa amostra, tanto homens quanto mulheres também aumentaram a medida da relação cintura-quadril com a idade e depois diminuíram (dados não apresentados). No Brasil, a prevalência de excesso de peso e obesidade também aumentam até a meia idade e depois diminuem28. Após uma determinada idade, ocorrem alterações da composição corporal, tais como reduções da massa muscular e da gordura corporal periférica, que por sua vez podem influenciar a CP. Maior adiposidade em adultos de meia idade pode ser atribuída a fatores sociais e comportamentais, que incluem maior independência financeira, disponibilidade de alimentos ultraprocessados, estresse no trabalho e menos tempo para realizar atividades físicas, tornando-os mais suscetíveis a hábitos pouco saudáveis29. Nossos resultados aqui apresentados são importantes, pois as associações entre as faixas etárias e a CP elevada foram independentes de outras variáveis, tais como a relação cintura-quadril, o nível de AFMV e o consumo elevado de álcool, por exemplo.

Para o presente estudo, 28,5% dos homens e 3,4% consumiam álcool em excesso. A prevalência de consumo excessivo de álcool entre os homens de Pomerode é pelo menos duas vezes maior quando comparada à prevalência de outro grande estudo (12,5%)2. Isso poderia explicar, em parte, as associações, em nosso estudo, com efeito dose resposta de consumo de álcool para CP elevada entre os homens. Nas mulheres, somente o alto consumo de álcool associou-se significativamente à CP elevada. Não foram encontrados na literatura resultados de estudos sobre CP e consumo de álcool. Entretanto, sabe-se que o uso nocivo do álcool é um importante fator de risco para doenças cardiometabólicas, observado principalmente em homens30-32.

Por outro lado, somente as mulheres apresentaram associação da cultura alemã e do nível insuficiente de AFMV com a CP elevada. A cultura de participar de associações socioculturais em clube de caça e tiro e clube de mães pode estar relacionada a alguns hábitos alimentares e de estilo de vida que poderiam implicar no aumento da CP. Por exemplo, nossos achados verificaram que o nível insuficiente de AFMV foi associado a CP elevada somente entre as mulheres. O que fortalece a hipótese do estilo de vida das mulheres de Pomerode associado à CP elevada. Na literatura verifica-se associação entre menor AFMV e CP elevada, independente de sexo, idade, nível socioeconômico e escolaridade9. A redução da AFMV está associada ao aumento do risco cardiometabólico, da circunferência da cintura e da glicemia de jejum, o que pode influenciar o tamanho da CP9,33. Em nosso estudo, as mulheres são mais insuficientemente ativas em relação aos homens e isso poderia explicar a associação encontrada.

Os resultados deste trabalho mostram que, em ambos os sexos, a hipertensão se associou a CP elevada. A hipertensão foi 1,48 vez maior em homens e 1,17 vez maior em mulheres para a CP elevada, resultados que vão ao encontro do estudo chinês em que a CP elevada foi associada a pressão arterial elevada independente da composição corporal34. Nas coortes de adultos de Framingham4, em ambos os sexos, a CP associou-se positivamente a pressão arterial sistólica e diastólica, independente do tecido adiposo visceral4. Embora não se compreenda totalmente os mecanismos da associação entre pressão alta e CP, sabe-se que o incremento de tecido adiposo no pescoço indica acúmulo de gordura na metade superior do corpo e fator de risco cardiovascular, inclusive hipertensão26,34.

As duas únicas variáveis associadas à CP somente entre os homens foram diabetes (RP = 1,25) e multimorbidade (RP = 1,21). O estudo de Framingham também encontrou associação entre diabetes e CP elevada somente entre os homens4. No ELSA-Brasil, a CP foi significativamente associada com resistência à insulina em 3.810 homens adultos e idosos após ajuste para circunferência da cintura e índice de massa corporal35. Além disso, a medida da CP contribuiu para determinar o risco de síndrome metabólica em 2.236 homens adultos e idosos chineses36. O acompanhamento de 3.521 coreanos (1.784 homens) para avaliar o risco de diabetes verificou efeito dose resposta entre o aumento da CP no desenvolvimento da diabetes maior entre os homens em relação às mulheres37.

Não foram encontrados estudos na literatura sobre a associação entre multimorbidade e CP. No entanto, nosso estudo considerou multimorbidade a presença de duas ou mais de cinco doenças cardiometabólicas, a saber: hipertensão, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, diabetes e dislipidemia. Estudos que associaram a CP com fatores de risco cardiometabólicos definidos por dislipidemia, diabetes, pressão arterial, uso de medicamento anti-hipertensivo e eventos cerebrovasculares, entre outros, podem servir de base comparativa2,35. Por exemplo, o quartil mais elevado da CP de 13.920 adultos e idosos apresentou um incremento na média aritmética do risco cardiovascular de 18% para homens e de 35% para mulheres2. Três ou mais dessas morbidades mencionadas agrupadas elevaram a CP (n = 8.726, 35-74 anos) em 54% nos homens e em 71% nas mulheres35.

O tecido adiposo perivascular que envolve as artérias carótidas auxilia a regulação da função endotelial e do tônus vascular. Entretanto, quando a quantidade desse tecido adiposo aumenta pode se tornar disfuncional e provocar uma ação pró-inflamatória direta nas carótidas. Isso poderia explicar, ao menos em parte, o maior risco cardiovascular relacionado ao aumento da CP38,39 e as morbidades associadas a CP elevada somente entre os homens do presente estudo.

Neste estudo, houve associação positiva entre RCQ e CP, mais forte nas mulheres. Após ajustes, a RCQ elevada foi 1,72 e 2,56 vezes maior para CP elevada em homens e mulheres, respectivamente. Diversos estudos confirmaram essa associação4,6,8,26,36,37. O estudo Framingham obteve elevada associação positiva da CP com tecido adiposo visceral, tecido adiposo abdominal e com a circunferência da cintura4. No Brasil, a CP foi positivamente associada a gordura abdominal6. As diferenças no metabolismo dos ácidos graxos livres4 e na distribuição de gordura corporal por sexo, em geral, caracterizada por homens possuírem mais gordura localizada na região superior do corpo e as mulheres, na região inferior3, podem explicar as diferenças de sexo observadas neste e em outros estudos. Por exemplo, o excesso de gordura na região do pescoço pode conferir um risco cardiometabólico e vascular adicional em relação ao excesso de gordura abdominal ou nos quadris1,4 e elevar a associação da CP com as doenças crônicas entre homens2,35. Em contrapartida, nossos resultados mostraram que as mulheres possuem maior associação entre CP e adiposidade abdominal. Esses resultados corroboram diferenciais por sexo conhecidos associados entre mulheres4,40. Destaca-se, ainda, que a CP foi o marcador antropométrico mais adequado para identificar a distribuição de gordura associada ao risco cardiometabólico em mulheres com obesidade40.

Verificou-se, no presente estudo, que a força muscular relativa baixa apresentou associação com a CP elevada em ambos os sexos. Níveis mais baixos de força muscular associaram-se a maiores índices de massa corporal e de circunferência da cintura em mulheres adultas brasileiras41. Mulheres sedentárias de meia-idade com maior CP apresentaram menores valores de força muscular relativa10. Ressalta-se que a obesidade sarcopênica, combinação da obesidade com sarcopenia (perda de massa e força muscular ou função física relacionada à idade)42, afeta negativamente a força muscular relativa43. A diminuição da força muscular e da função física pode ser prevenida ou revertida com nível suficiente de atividade física44,45. Nossos achados sugerem que a perda de força muscular relativa e a diminuição do nível de atividade física entre mulheres parecem ser importantes fatores de predição para a CP elevada.

Neste sentido, o uso da CP como uma ferramenta de triagem nos serviços de atenção à saúde é viável e necessário4-6. Sua facilidade para medição e aplicabilidade variada tornam a avaliação da CP importante para orientar e promover ações em saúde associadas a doenças crônicas e estilos não saudáveis de vida. Além do mais, os resultados do presente estudo nos mostram que a presença de algumas doenças crônicas e baixa força muscular relativa entre homens, e o nível insuficiente de AFMV entre mulheres, por exemplo, elevam a CP. A CP elevada, por sua vez, segundo a literatura, provoca diversos problemas de saúde que impactam negativamente a vida dessas pessoas2,4,7,8. É possível, nesses casos, atuar na promoção da saúde e prevenção dos fatores que levam ao aumento da CP e, também, atuar na diminuição da CP para prevenir eventos negativos futuros.

São limitações do presente estudo: primeiro, a análise é transversal, impedindo que sejam estabelecidas relações de causa e efeito entre as variáveis associadas. Segundo, as prevalências encontradas podem apresentar algum grau de viés, tendo em vista que as doenças crônicas e a atividade física praticada, por exemplo, foram autorreferidas. Destacamos como pontos fortes: o tamanho da amostra em estudo de base populacional representativa de indivíduos que vivem em uma cidade brasileira considerada de comunidade pomerana. A utilização de exames para mensurar a força de preensão palmar e antropometria para verificar as circunferências. O estudo parece ser o primeiro a realizar esse tipo de análise em descendentes germânicos e mostra pela primeira vez a prevalência de CP elevada e seus fatores associados na população adulta e idosa pomerana do sul do Brasil, o qual servirá como linha de base para estudos futuros.

CONCLUSÃO

A prevalência encontrada de CP elevada entre adultos e idosos foi maior nos homens do que nas mulheres. Entre os homens, as variáveis associadas à CP elevada foram a faixa etária mais jovem, elevado consumo de álcool, RCQ elevada, hipertensão, diabetes, presença de multimorbidade e força muscular relativa baixa. Nas mulheres, as diferenças encontradas nas associações com a CP elevada foram a cultura alemã e o nível insuficiente de AFMV. Conclui-se que nos homens as doenças crônicas e nas mulheres o estilo de vida, caracterizado por cultura alemã e nível de atividade física, associaram-se a CP elevada. Nossos achados poderão orientar ações em saúde para prevenção e tratamento de doenças cardiometabólicas e estilo de vida não saudável associados a CP. Pode, ainda, auxiliar na decisão de acrescentar aos protocolos de avaliação na prática clínica e de rastreio na atenção básica a medida da CP. Tendo em vista ser uma medida de fácil aplicação, baixo custo e elevada associação com doenças cardiometabólicas, baixa força muscular relativa e nível insuficiente de atividade física. Entretanto, faz-se necessário padronizar a metodologia utilizada na aferição da CP com a finalidade de alcançar maior capacidade de uso dessa informação antropométrica na predição de adiposidade corporal central, presença de risco cardiometabólico e de doenças crônicas e estilo de vida não saudável e menos ativo.

AGRADECIMENTOS

O SHIP-Brazil tem sido realizado graças ao esforço de diversos profissionais e instituições de saúde. Primeiramente, agradecemos à Fapesc, à Universidade de Blumenau e à Prefeitura de Pomerode pelo financiamento. Em segundo lugar, agradecemos ao Instituto de Medicina Comunitária da Universidade de Medicina de Greifswald, especialmente ao Prof. Henry Völzke e ao Prof. Carsten Oliver Schmidt, chefes do “Study of Health in Pomerania” (SHIP), que apoiam o SHIP-Brazil como parte do SHIP – projeto internacional com conhecimento e experiência em coleta de dados, garantia de qualidade e análise de dados. Terceiro, agradecemos a contribuição para a coleta de dados feita por todos os profissionais de saúde (entrevistadores, examinadores, supervisores e trabalhadores de laboratório). Por último, agradecemos a todos os participantes do estudo e famílias que tornaram este projeto possível.

  • Como citar: Malafaia QSCB, Markus MRP, Moraes AJP, Santa Helena ET, Sousa CA. Os fatores associados à circunferência do pescoço elevada diferem entre sexos: análise da linha de base do Study of Health in Pomerode – SHIP-Brazil. Cad Saúde Colet, 2024;32(4):e32040587. https://doi.org/10.1590/1414-462X202432040587
  • Fonte de financiamento: O SHIP-Brazil contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado Santa Catarina (FAPESC) (Edital PPSUS 003/2012), da Universidade de Blumenau e da Prefeitura Municipal de Pomerode.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Dez 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    13 Dez 2021
  • Aceito
    25 Maio 2022
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