EDITORIAL
Vice-ministro de Vigilância em Saúde
Este suplemento da Revista Brasileira de Epidemiologia apresenta resultados de dois importantes inquéritos nacionais de saúde, Vigilância dos Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), e a I Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE).
O VIGITEL foi implantado em 2006 nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal. Foi coordenado pelo Ministério da Saúde, por intermédio da Secretaria de Vigilância em Saúde, com o apoio da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa e do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (NUPENS) da Universidade de São Paulo. O VIGITEL tem contado também com o apoio do grupo técnico do Behavioral Risk Factor Surveillance System (BRFSS) do Centro de Controle de Doenças (CDC), dos Estados Unidos. Por meio de entrevistas telefônicas assistidas por computador, o VIGITEL utiliza-se de amostras probabilísticas da população adulta de 18 anos ou mais, residente em domicílios servidos por pelo menos uma linha telefônica fixa no ano da pesquisa, em cada uma das 26 capitais dos estados brasileiros e no Distrito Federal, totalizando mais de 54.000 entrevistas ao ano.
O VIGITEL permite ampliar o conhecimento do perfil epidemiológico da população adulta e fornece subsídios aos estados e municípios para o planejamento de ações de promoção de saúde, caracterizando-se como uma ferramenta de vigilância em saúde. Para cumprir esse objetivo, o VIGITEL deve ser um inquérito anual e contínuo para permitir análises de séries históricas dos indicadores de saúde, fundamental para a consolidação da Vigilância de Doenças e Agravos Não-transmissíveis no país.
Nessa publicação são apresentadas análises temporais dos principais indicadores monitorados pelo VIGITEL, demonstrando as tendências no que concerne à situação de saúde da população e aos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas. Também são apresentados diferentes estudos comparativos entre o VIGITEL e inquéritos domiciliares, estudos de validação e análises dos módulos adicionais, subsidiando o planejamento de novos estudos e, principalmente, o aprimoramento do sistema. Em seu quinto ano de realização (2010), o VIGITEL incluiu, em seu módulo adicional, pela primeira vez, questões relativas às doenças transmissíveis, atendendo a uma demanda surgida com a emergência da pandemia de Influenza A H1N1, em 2009. Os principais resultados desse monitoramento estão descritos em um artigo específico desta publicação.
Em consonância com os objetivos de conhecer e monitorar os comportamentos em saúde da população brasileira, relacionados ao desenvolvimento de doenças crônicas e à ocorrência de violências e acidentes, a primeira PeNSE foi realizada em 2009, por meio da parceria entre o Ministério da Saúde e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com o suporte do Ministério da Educação. Ao estudar o modo de vida dos escolares do nono ano do Ensino Fundamental nas 26 capitais estaduais e do Distrito Federal, a PeNSE complementa as informações sobre os fatores de risco e proteção para doenças crônicas para essa faixa etária, constituindo assim a Vigilância de Doenças e Agravos Não-transmissíveis no Brasil.
A adolescência é uma fase de ganho de autonomia e transformações, que se refletem na adoção de novas práticas e atitudes e na exposição a diversas situações e riscos que podem comprometer a saúde presente e futura do jovem. Os estudos apresentados sobre o consumo de tabaco, álcool e outras drogas e o comportamento sexual dos estudantes mostram que conhecer a magnitude do problema é um passo fundamental para planejar intervenções e ações de promoção de saúde, especialmente no ambiente escolar.
Os artigos apresentados nesta publicação foram elaborados pela equipe da Secretaria de Vigilância em Saúde (MS) juntamente com diversas Instituições de Ensino e Pesquisa do país, a partir das análises de informações regulares e de qualidade geradas pelo Sistema Único de Saúde, trazendo reflexões sobre a atual situação das doenças e agravos não-transmissíveis na população brasileira e suas perspectivas. A divulgação dessas informações torna-se primordial para que sejam estabelecidas estratégias de enfrentamento dos principais riscos à saúde, por meio de políticas públicas de prevenção e promoção da saúde, além de contribuir para o fortalecimento do sistema de vigilância de doenças e agravos não-transmissíveis no país.
Inquéritos nacionais de saúde
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
05 Out 2011 -
Data do Fascículo
Set 2011