RESUMO:
Partindo de duas vertentes diversas o tema do gozo e da sexuação e o final da análise e liquidação da transferência - pretendemos aproximá-las através da noção de destituição subjetiva, decorrente do fim do tratamento e subentendida na acepção de ausência de um significante que nomeie o feminino. Os conceitos de traço unário e de ideal do eu ligam os dois escopos conceituais citados, permitindo abordar os desdobramentos da transferência em análise e aquilo que é não-todo na sexuação. Conclui-se que a destituição subjetiva, que produz um analista ao final da análise, assemelha-se à posição feminina: sem o falo como resposta identificatória ao Outro e sem o nome/traço que faria contar o sujeito e agrupá-lo em um coletivo. É o significante da falta do Outro [S(Ⱥ)] que permitirá ao analista, tendo concluído sua análise, abrir mão de sua condição de sujeito ao dirigir uma cura.
Palavras-chave: feminino; fim de análise; transferência; destituição subjetiva; psicanálise
Abstract:
Departing from two different views - the theme of joissance and the final of analysis and liquidation of transference - we intend to approach them through the notion of subjective destitution, resulting from the end of treatment and implied in the idea of absence of a signifier that names the feminine. The concepts of unitary trace and of ego-ideal connect the two mentioned concept objectives, allowing to approach the unfolding of transference in analysis and the one which is not-all in the sexuation. It is concluded that the subjective destitution that is produced by the analyst in the end of analysis, is similar to the feminine position: without the phallus as an identification to the Other and without the name/trace that would count the subject and groups him in a collective. It is the signifier of the lack of the Other [S(Ⱥ)] that will allow to the analyst, having concluded his analysis, quitting his condition of subject in directing a cure.
Keywords: feminine; end of analysis; transference; subject destitution; psychoanalysis
Introdução
Neste artigo, pretendemos abordar o tema do final de análise em sua relação com o que Lacan designa como lado da mulher nas fórmulas da sexuação. Embora pertençam a escopos conceituais diferentes o tema do gozo e da sexuação, por um lado, e final da análise e liquidação da transferência, por outro , há pontos que permitem aproximar a destituição subjetiva decorrente do fim do tratamento e a ausência de um significante que nomeie o feminino. Essa aproximação trará, como demonstraremos, algumas elucidações para ambos os polos conceituais.
Para trabalharmos essas questões, é fundamental ter em vista os desdobramentos da transferência ao longo do tratamento, desde o estabelecimento do laço de amor e suposição de saber do início, até a resolução/destituição do final. A noção de ideal do eu acompanha tal desdobramento, e suas vicissitudes no tratamento permitem associá-lo à inexistência do significante relativo ao feminino. Abordaremos tal destino do ideal através da leitura proposta por Lacan do traço unário, que funda o ideal do eu e constitui os laços primordiais com a rede significante, possuindo especificidades quando abordado pelo viés do que o psicanalista designa como feminino.
A identificação ao traço inscreve o nome tanto o nome próprio como a possibilidade de nominar , já a identificação ao falo refere à identificação sexuada masculina, por efeito da “escolha” diante do pai possuidor do falo. Identificar-se a ele é também referendar o ideal do eu incluído na identificação com as insígnias paternas. Por outro lado, no feminino, o traço e o falo são não-todos, restando uma parte sem nome e sem identificação, como o é na destituição subjetiva relativa ao final de análise (MEES, 2019). Tal aproximação é o que pretendemos demonstrar a seguir.
Ideal do eu e transferência
A suposição de saber referido ao analista - Lacan o diz no seminário Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (LACAN, 1964/1985) - liga-se ao ideal do eu, aquele que tem seu gérmen no traço unário, e que resta, num segundo tempo, como herdeiro do Complexo de Édipo. Estes dois tempos referem-se à inscrição significante, no primeiro, enquanto escrita originária, a que apaga a materialidade do objeto até restar dele apenas um traço “marca” de sua ausência. Pois, “a função do traço unário [...] é a origem do significante. [...] [e] que é no traço unário que tem origem tudo o que nos interessa, a nós, analistas, como saber” (LACAN, 1969-1970/1992, p. 44). No segundo momento, a inscrição significante se dá como marca do pai que combina saber (sobre o desejo da mãe, limitando-o) e amor, posto que é salvador do gozo mortífero. Nos dois tempos, a identificação é a consequência: identificação ao pai, como postula Freud (1921/1976) e como repete Lacan (1961-1962/2003), sendo o referido "pai" sinônimo da inscrição significante e dos efeitos identificatórios que daí advêm.
O trabalho de uma análise propõe uma desidentificação em relação a estes significantes primordiais. O conceito de ideal do eu é, portanto, fundamental para os desdobramentos do processo analítico, tanto pela via da travessia da fantasia como pela queda do amor de transferência com a separação entre o Ideal e o objeto a, como requer o final de análise (LACAN,1964/1985).
Retomemos brevemente o trabalho de Freud sobre as instâncias dos ideais. Em Introdução ao narcisismo (FREUD, 1914/1974), ele propõe o eu ideal enquanto dotado da antiga onipotência do eu infantil, e o ideal do eu como modelo que faz intervir a função do juízo. O narcisismo infantil faz do eu o seu próprio ideal e aquilo que fere a noção de perfeição dele, causando ferida narcísica; é no ideal do eu que busca, segundo ele, o restabelecimento da completude. Nesse texto, ainda, Freud liga o narcisismo e o amor, postulando dois tipos de escolha de objeto: um narcisista e outro de ligação. No primeiro, amar-se-ia o que se é, ou o que se foi ou o que gostaria de ser, ou alguém que foi parte de si mesmo. No segundo tipo, amar-se-ia um representante da “mulher que alimenta ou do homem que protege” (p. 107). Esses dois modos de amar permitem esclarecer a diferença entre os dois tipos de ideal: no amor narcísico está a referência ao si mesmo do eu ideal, e, no outro, as instâncias parentais se fazem presentes, representando o ideal do eu. Freud deixa assim indicadas duas faces do amor: um narcísico, que tem o próprio eu como referência, e outro que passa pela ligação a um outro para se estabelecer, representados pela mãe nutriz e o pai protetor.
Já nas Conferências introdutórias (FREUD, 1916-1917[1915-17]/1976), a ênfase recai sobre o aspecto vigilante do ideal do eu, ou seja, ele aparece como instância encarregada da consciência moral, avaliadora das relações do eu com seu ideal. Quatro anos depois, em Psicologia de grupo e análise do ego (FREUD, 1921/1976), o ideal do eu é apresentado como separado do eu e capaz de entrar em conflito com ele. Suas funções são a auto-observação, a censura onírica, a consciência moral e a participação no processo de recalque. A observação do ideal do eu em relação ao eu o faz afastar os impulsos que contradizem o narcisismo. Freud demonstra que o comportamento do grupo (da massa) se caracteriza pela dissolução da identidade de cada sujeito, devido à identificação horizontal entre seus participantes, assim como uma identificação vertical com o líder, cuja figura é introjetada, ocupando o lugar do ideal do eu de cada um dos integrantes do grupo. A massa, assim, age como uma unidade viva, seguindo docilmente o líder, sendo este representativo da figura paterna idealizada.
Em O ego e o id (FREUD, 1923/1976), ideal do eu e superego aparecem quase identificados. Na origem do ideal do eu, estariam as identificações com os pais e seus substitutos, reunindo funções de interdição e de idealização, além de noções éticas e culturais, reafirmando o laço do ideal do eu e a inscrição do que advém do outro. Em Novas conferências introdutórias sobre psicanálise (FREUD, 1933[1932]/1976), o ideal do eu é conceituado como precipitado de representações parentais e função do supereu, a partir do qual o eu se avalia e se julga. O ideal do eu, portanto, passa a representar aquilo que o sujeito deve ser para responder às exigências do supereu. O ideal do eu, assim, formará a base de todo ideal ético, estético e religioso. O eu ideal corresponde, de outro lado, ao que cada um espera de si a fim de responder favoravelmente às exigências de uma ilusão infantil de onipotência.
Lacan, por sua vez, destaca e esclarece as diferenças entre eu ideal e ideal do eu, reservando ao primeiro a relação ao registro do imaginário e a imagem de si; e, ao segundo, o laço com o registro simbólico, traço que referenda ou nega a imagem. O ideal do eu será o que comandará, segundo Lacan, o estabelecimento da transferência, através do qual “o sujeito se faz objeto amável. Por referência àquele que deve amá-lo, ele tenta induzir o Outro numa relação de miragem na qual o convence de ser amável” (FREUD, 1964/1985, p. 253). Para Lacan, portanto, o ideal do eu comparecerá à análise através do amor de transferência, efeito do sujeito suposto saber, e que bem diz da ilusão amorosa, centrando a questão no obscurecimento da falta que o amor promove: “Ao persuadir o outro de que ele tem o que nos pode completar, nós nos garantimos de poder continuar a desconhecer precisamente aquilo que nos falta, [o que] faz surgir a dimensão do amor” (LACAN, 1964/1985, p. 128). Assim, vale ressaltar, a transferência, ao se referir ao ideal do eu, diz do registro simbólico, do amor de ligação, aquele que pretende do Outro um traço ou significação que diga do sujeito amável à luz do ideal, em razão de portar as insígnias paternas. Com isso, Lacan esclarece que a constituição da transferência é tributária da suposição que o analista sabe sobre/detém os traços que nominam o sujeito. Traços que lhe permitiriam se contar, assim como os traços paternos que lhe permitem se situar diante do ideal, inclusive sexuadamente.
O estabelecimento da transferência e sua liquidação acompanham a passagem, ao longo da direção da cura, da tapeação do amor à inexistência do encontro com o objeto, ou com uma significação acabada. O traço unário, ao fundar o ideal do eu, incide sobre isso, reunindo a posição a partir da qual o sujeito busca ser olhado enquanto amável, assim como alude ao saber implicado na significação do Um (LACAN, 1972-1973/2010), como se essa pudesse suturar a falta que vigora no ser.
O ponto do ideal do eu é o de onde o sujeito se verá, como se diz, como visto pelo outro [...]. O amor tem essência de tapeação. Ele se situa no campo instituído no nível da referência do prazer, desse único significante necessário para introduzir uma perspectiva centrada no ponto ideal, I maiúsculo, colocado em algum lugar do Outro, de onde o Outro me vê, na forma que me agrada ser visto. (LACAN, 1964/1985, p. 253).
Neste trecho do seminário, Lacan vem esmiuçando os pressupostos para afirmar, dentre outros aspectos, o que ele chama de “mola fundamental da operação analítica [que é] a manutenção da distância entre o I e o a” (p. 258). O I de ideal do eu, segue ele, refere-se ao traço unário - o einziger Zug proposto por Freud em Psicologia de grupo e análise do eu (1921/1976) , o qual “muito curiosamente aliás [...] toma o modelo do pai anterior ao investimento libidinoso mesmo - tempo mítico certamente” (LACAN, 1964/1985, p. 242), ou ainda, que é o “nascimento da possibilidade, e vocês terão o traço unário, que, por preencher a marca invisível que o sujeito recebe do significante, aliena esse sujeito na identificação primeira que forma o ideal do eu” (LACAN, 1960/1998, p. 822). Em outro momento, ele acrescenta:
É o campo do Outro que determina a função do traço unário, no que com ele se inaugura um tempo maior da identificação na tópica então desenvolvida por Freud - a saber, a idealização, o ideal do eu. Desse significante primeiro, eu lhes mostrei os traços no osso primitivo que o caçador põe um entalhe e conta o número das vezes que faz mosca. (LACAN, 1964/1985, p. 242).1
Vale assinalar que, embora Lacan retire de Freud a referência ao traço unário e ao ideal do eu, o que cada um destes autores põe em relevo é diferente. O que interessava a Freud era o mecanismo da formação da massa (do grupo) e, a partir da noção de libido, localizar dois efeitos dela: a existência do líder e a ligação de uns indivíduos com outros. Para Lacan, diferentemente, interessa a marca do significante, aquela que permite a contagem de um sujeito entre outros, como parte de um conjunto, e sua referência à função fálica e suas insígnias.
O feminino e a função fálica
No seminário Mais, ainda (1972-1973/2010), Lacan retoma a noção de traço unário para destacá-lo como em parte ausente no feminino, não-todo. Ele conceitua ali que, no lado feminino (à direita do quadro da sexuação abaixo), não existe ninguém que escape à castração , o que conduz - na ausência de uma exceção - a que “elas” sejam não-todas na função fálica .
A fórmula indica que, sendo não-toda na função fálica, não existe no feminino alguém que escape a ela: não há exceção fundadora, portanto, o conjunto feminino não constitui uma classe, mesmo que seja constituído por elementos singulares e contáveis. Se não há traço comum (único, unário) que as especifique, a primeira consequência é que não há "o feminino" enquanto uma categoria fechada. Como o artigo não pode se aplicar, Lacan escreve Ⱥ mulher. Isso deixa Ⱥ mulher sem classe à qual pertencer, sem traço distintivo que garantiria uma identidade feminina.
O sujeito, na metade em que se determina pelos quantificadores negados, vem de que nada existente constitui um limite da função, que não pode certificar-se de coisa alguma que seja um universo. Assim, por se fundarem nessa metade, “elas” são não-todas, o que tem também como consequência, e pela mesma razão, que tampouco nenhuma delas é toda. (LACAN, 1972/2003, p. 466).
Com o feminino, como não há todo - apenas o uma a uma -, a inscrição significante é particular, restando uma parte não circunscrita pelo simbólico. E, como não há exceção, as mulheres estão “não-todas” submetidas à função fálica, restando um mais além do falo, que é também um além do traço unário.
Do lado masculino, Lacan escreveu: “todo x Φ de x”, ou seja, a todo elemento desse conjunto se aplica a função F x, ou, dito de outra forma, todo elemento do conjunto masculino é concernido pela função fálica. No alto, à esquerda, consta o “existe um x não Φ de x”, ou seja, existe ao menos um elemento desse conjunto para o qual essa função não se aplica: existe ao menos um que escapa à função fálica. Quer dizer, do lado da sexuação masculina, o ao-menos-um que escapa à castração define a exceção que faz existir a regra de que todo x é função de x, isto é, que o masculino é todo na função fálica. Diz ele: “Não há universal que não deva ser contido por uma existência que o negue” (LACAN, 1972/2003, p. 450).
Logo, ∀xFx indica que é pela função fálica que o homem faz sua inscrição, exceto que essa função encontra seu limite na existência de um x pelo qual a função Fx é negada. Marc Darmon (1994) esclarece que a castração é a lei universal: ∀xFx (para todo x, x é castrado) e que existe ao menos um x que escapa a ela, precisamente aquele que a aplica a todos: o Pai simbólico.
De outro lado, este pai da exceção não se inscreve na sexuação feminina. O feminino não se identifica com tal pai, e a sua escolha é a do amor por ele. Logo, a instância do pai não se inscreve no feminino por identificação, não sendo incorporada, nem como identidade sexual, nem subjetiva.
A nominação relativa ao masculino é a mesma inscrita no gozo fálico, o da linguagem, no qual o nome se inscreve e exige honrar tal inscrição. No feminino, o gozo não-todo supõe um não ao nome, designando um fora da linguagem, para além do fálico, ora linguagem, ora não nominação, visto que “A mulher é ‘não toda’, há sempre alguma coisa nela que escapa ao discurso” (LACAN, 1972-1973/2010, p. 99).
O quadro da sexuação permite, portanto, duas modalidades de relação com a função fálica, na medida em que, em razão da linguagem, ela é relativa à castração. Assim, não é por ser homem que ele está na função fálica, mas, diferentemente disso, como esclarece Soler (2005), é pelo fato de um x indeterminado situar-se todo na função fálica que podemos chamá-lo de homem. O feminino, por sua vez, registra-se por consequência de seu não-todo laço com a função fálica. Trata-se de uma posição lógica que acarretará - a posteriori - determinada posição sexuada, independente do sexo biológico.
Na parte inferior do quadro da sexuação, no lado esquerdo, masculino, vê-se o sujeito barrado, porque marcado pela castração, assim como o significante fálico, F, inscrito como uma função, ou seja, o acesso ao significante fálico necessita da castração simbólica para que se escreva sob a forma da função F x (DARMON, 1994). No campo feminino, vê-se o objeto a, causa de desejo; o significante da falta do Outro S(Ⱥ) e Lⱥ, A mulher barrada, indicando a sua duplicidade em relação ao gozo - gozo fálico, por um lado, mas também gozo Outro, mais além do falo. O Lⱥ, dito de outro modo, diz dA mulher que não existe, pois que inexiste o significante do feminino: “esse A de A mulher (La femme), a partir do momento em que ele só se enuncia por um ‘não todo’, não pode ser escrito, pois só existe aqui barrado: Ⱥ mulher (Lⱥ femme)” (LACAN, 1972-1973/2010, p. 170).
Como Lacan (1975-1976/2007) assinalou, a dimensão da falta na linguagem e a falta que inscreve a castração não se confundem. S(Ⱥ) indica que há um significante que falta no Outro, posto que a linguagem é indelevelmente marcada por uma falta primordial; enquanto o falo Φ designa a falta específica, a que concerne à castração.
É aqui em S(Ⱥ), e que há que lê-lo: significante de uma falta no Outro, inerente à sua função mesma de ser o tesouro do significante. Isso na medida em que o Outro é solicitado (che vuoi) a responder pelo valor desse tesouro [...] em termos de pulsão. A falta de que se trata é, com efeito, aquilo que já formulamos que não há Outro do Outro. (LACAN, 1960/1998, p. 833).
Portanto, as posições de gozo todo fálico e não-todo fálico se definem a partir da função fálica por consequência da castração. Assim sendo, S(Ⱥ) não funda uma sexuação, não é um outro referente (como o é o falo), o que, se o fizesse, levaria a ser a “outra metade” do masculino, apagando a “inexistência da mulher” e seu correlato: “a relação sexual não existe”. Logo, tanto o masculino e o feminino estão referidos ao falo, embora “ela” esteja aí não-toda, restando algo de não escrito também em seu gozo, representado no quadro da sexuação por S(Ⱥ).
A não existência dA mulher e a da relação sexual se reúnem no mais além do falo, visto que “a relação sexual só ocorre nos seres humanos a partir do falo, que estabelece seus limites. Mas ao mesmo tempo essa referência institui o Real como impossível, ou aquilo que não existe (‘não há relação sexual’)” (PRATES, 2001, p. 98). O significante da falta do Outro é, em vista disso, ausência de nominação, referindo-se àquilo que é silêncio no feminino e que remete ao gozo Outro, além do fálico. Ou ainda, como diz Lacan, “não há Outro do Outro. É por isso que esse significante, com esse parêntese em aberto, marca esse Outro como barrado S(Ⱥ)” (LACAN, 1972-73/2010, p. 170). O aforismo sobre a inexistência do Outro do Outro e sua falta significante conflui para o mesmo ponto: não há linguagem que totalize o que se pode dizer, faltando sempre algum significante que daria consistência a todos os outros. S(Ⱥ), portanto, define-se como um furo, delimitando um impossível que, a partir do seminário Mais, ainda, é articulado ao feminino. S(Ⱥ) não se confunde ainda com o objeto a, pois demarcam campos distintos da falta.
S (Ⱥ) designa, no entanto, alguma coisa do sujeito, precisamente seu “impensável”, isto é, o que, desse sujeito, escapa à representação. Essa designação merece ser delimitada, uma vez que a escrita do objeto (a) tende a designar um algo que carece de significante. Há aí uma diferença que vale a pena ressaltar: ela implica em primeiro lugar que S(Ⱥ) não é o significante do objeto (a). S(Ⱥ) denota a falta de significante. Nessa qualidade, fornece apoio formal às fórmulas lacanianas do tipo: “não há...” [...] ao passo que o objeto (a) se cristaliza numa letra, para designar aquilo que do gozo escapa à inscrição significante. (KAUFMANN, 1996, p. 311).
Em comum entre o S(Ⱥ) e o a, apenas o registro da parcialidade referida no não-toda: parte não inscrita na função fálica, com consequente ausência de algo da representação (impossível representar a falta da linguagem), assim como a presença de um gozo que é Outro em relação ao fálico.
O feminino e o ideal do eu
No que se refere ao feminino e a questão do ideal do eu, afirma Millot que: “A dificuldade de resolução, própria do Édipo feminino, resulta [...] da dificuldade da formação de um ideal do ego feminino, contraditório em seus termos, o ideal implicando a insígnia fálica” (MILLOT, 1998, p. 43), explicitando assim a ligação da inexistência do significante que designe o feminino à ausência de um traço distintivo/único/unário.
O ideal do eu é sustentado por um traço - einziger zug , traço “unário”, que é da ordem da insígnia, intermediário entre o signo e o significante. Comanda a posição do sujeito, estando, assim, em relação com o registro especular. Representa aquilo graças ao quê o sujeito restaura a satisfação narcísica perdida, ou seja, comporta um ideal de onipotência (MILLOT, 1998, p. 30).
Lacan (1953-1954/1986), como já abordamos antes, diferentemente de afirmar o imaginário do ideal, descreve que é a posição simbólica que determina o lugar enquanto vidente, situando aí o ideal do eu, com efeitos sobre o eu ideal; esse, sim, da ordem do imaginário. Portanto, diferentemente da autora antes citada e de situar apenas o registro especular - o imaginário -, propomos que é preciso considerar uma primeira “amarração” entre eles. Isso porque o ideal do eu, como já dissemos, refere o ponto simbólico, de ancoragem à imagem narcísica/especular, reunindo o traço de registro a partir do qual se contará um sujeito, e a imagem que passará a lhe corresponder. Pois, como diz Lacan: “Pode-se distinguir radicalmente o ideal do eu do eu ideal. O primeiro é uma introjeção simbólica, ao passo que o segundo é fonte de uma projeção imaginária. [Esta] depende da possibilidade de referência a este termo simbólico primordial que pode ser monoformal, monossemântico, ein enziger Zug”. (LACAN, 1960-1961/1992, p.344).
Lacan (1962-1963/2005) se refere ainda a esse ponto de referendo à imagem no seminário A angústia, ao descrever a busca do bebê pelo olhar do Outro que lhe confirme a imagem, como que anunciando “és esse”. Pois, como Lacan já afirmara antes, “basta compreender o estádio do espelho como uma identificação, no sentido pleno que a análise atribui a esse termo, ou seja, a transformação produzida no sujeito quando ele assume uma imagem” (LACAN, 1949/1998, p. 97). Lacan, portanto, identifica a ratificação à imagem como ideal do eu, e a imagem produzida por efeito disso, como eu ideal. Com isso, enlaça os dois registros, o simbólico do ideal do eu e o imaginário do eu ideal.
Assim como o ideal do eu é simbólico, o amor guarda elementos do mesmo registro, com efeitos imaginários, entretanto, não se restringindo a isso. O amor tem consequências na imagem de si que aludem à onipotência narcísica, porém, ligam-se aos elementos do traço do ideal do Outro registrados no sujeito por identificação.
O amor em análise, efeito da transferência, retomando, é relativo ao ideal do eu, efeito do traço unário advindo do Outro, a partir do qual se conta um sujeito. A busca do amor e saber se dirige na análise a essa instância que ratifica um sujeito e uma imagem que lhe corresponda. É a partir do laço com tal instância simbólica que o sujeito poderia se ver “com bons olhos”, alusão ao ideal amoroso almejado. Se o Outro portar os traços que referendam/testemunham o sujeito, e, portanto, estiver ligado ao suposto saber sobre ele, o amor se sucede, tanto dirigido àquele que dá o referendo, quanto ao próprio eu, agora olhado a partir do olhar do Outro. Porém, algo fica fora desses registros, o que Lacan (1962-63/2005) esclarece ao dizer que o objeto a não é passível de espelhamento. Por mais que ele ganhe uma versão imaginária e simbólica, se suspendida, resta o objeto a enquanto pura falta, desvelando a ausência da imagem e de qualquer nome. Sem a roupagem dada ao objeto a, o sujeito surge dividido, sem consistência. Essa é outra forma de considerar a passagem do Ideal ao objeto a em questão no fim de análise: se o ideal do eu se inscreve no simbólico e tem efeito sobre o imaginário, ao final será o real do objeto a que advirá, fora das palavras ou da imagem.
Sobre o feminino e o traço, será na retroação do segundo tempo da inscrição do ideal do eu que ele parecerá faltar a ela. Será no a posteriori da falta do significante do feminino que a inscrição do traço unário também se situará como faltante, bem como sua imagem e seu corpo lhe sugerirão estar em falta. Pois, no que tange à sexuação, é um segundo tempo da identificação e do ideal do eu que ela se coloca: aquele que, a partir do segundo tempo do complexo de Édipo, convoca o sujeito a se situar enquanto masculino ou feminino, ou, dito de outro jeito, situar-se diante do pai enquanto regido pelo falo, ou não-toda na função fálica. O Um do unário se registra, portanto, enquanto lógica fálica, reunindo - a posteriori - o traço e o falo. Nesse ponto, se situa o ideal na acepção também proposta por Freud, a de herdeiro do Édipo: “Freud explorou e articulou como sendo a saída do Édipo, do qual, após o recalque do desejo edipiano, o sujeito sai renovado, e provido de quê? A resposta é: de um Ideal do eu” (LACAN, 1957-1958/1999, p. 300). O amor ao pai salvador/sabedor do Outro se constitui como resposta a esse tempo edípico, com efeitos de identificação sexual relativa a cada sexuação. O masculino escolhendo se situar identificado à função fálica, e o feminino não-toda relacionada a ela. É por retroação desde esse segundo tempo que o primeiro, ligado ao traço unário, inscreve-se enquanto não dizendo sobre o feminino. O tempo anterior é aí reinterpretado a ponto de registrar que algo não é contado no feminino. Algo do traço identificatório que ele anuncia se registra como não ao todo identificado ao traço do pai.
Tanto o ideal do eu quanto o eu ideal criam um envoltório ao “início”, conferindo um nome e uma imagem ao real. No segundo tempo da inscrição do ideal do eu, resta um nome e imagem associados agora à sexuação: o nome e o corpo masculino enquanto todo fálico; ou feminino, não-todo nominado, com o corpo abrigando uma falta no campo significante. O traço unário na feminilidade, logo, não faz concluir sobre o um sujeito inscrito em uma classe, como o faz no masculino. Para este, o traço unário - a posteriori - inscreverá a identificação que será também sexuada, a ponto de ser masculino corresponder a quase toda identidade.
Como referimos antes, a escrita do significante ata o sujeito ao falo, com consequências diferentes para o masculino e para o feminino. Para o masculino, a inscrição é toda regida pela função fálica, o que leva à identificação com essa lógica, a lógica do Um, do traço Um (unário, único) e do falo enquanto o significante que é central - único, nesse sentido - na constituição da sexuação masculina e do gozo fálico. Com o feminino, diferentemente, nem o traço unário, nem o falo simbólico são exclusivos (únicos) em sua sexuação e gozo.
O mais além do Um demarca o que não se escreve do traço e do pai. Há uma posição Outra, consequentemente, relativa à identificação. A posição feminina, logo, alude a uma “destituição subjetiva” inerente a si.
A destituição subjetiva do final de análise supõe uma queda do nome e da imagem próxima à da posição feminina. Os significantes que escrevem o laço com o nome se registram de modo não-todo, pois, ao mesmo tempo, referem um mais além, não inscritível, não passível de identificação.
A destituição subjetiva
A destituição subjetiva, portanto, assemelha-se àquilo que a posição feminina demarca no quadro da sexuação: sem o falo como resposta identificatória ao Outro e sem o nome/traço que faria contar o sujeito e agrupá-lo em um coletivo. O significante da falta do Outro [S(Ⱥ)] do feminino, assim, assemelha-se ao que está em causa na destituição subjetiva. A ausência do traço da posição feminina e a não-toda inscrição na função fálica se associam ao des-ser do final da análise. Sem as identificações que promoveriam uma classe, o indelevelmente singular se coloca. Assim como o é com o psicanalista, sozinho na condição de acolher a transferência de cada caso e despido das referências identificatórias próprias quando escuta e intervém com cada analisante.
As referências simbólicas do traço, do falo e do ideal do eu se abalam até abrir o real que delimita o impossível da relação sexual (LACAN, 1972-1973/2010) e do tudo representar. Outra lógica se inscreve junto a isso: a lógica não-toda. Nesta, o real preside uma parte dela enquanto campo não inscritível pelo traço/nome, nem pelo falo como designador da falta. O registro do real que, diferentemente de anunciar um gozo mortífero, participa do ato analítico enquanto mais além da linguagem, mesmo que a tenha tido por referência. Dessa forma, a lógica do real, assim sugerimos, explicita-se naquilo que o ato analítico demonstra: ato de linguagem que, ao transpor o dizer, abre a dimensão do mais além. Trata-se do registro do real que surge por ultrapassamento, tendo se valido do simbólico, ou do pai, desde que se tenha se servido dele. Como o diz Lacan: “A psicanálise, ao ser bem-sucedida, prova que podemos prescindir do Nome-do-pai. Podemos prescindir com a condição de nos servirmos dele” (LACAN, 1975-1976/2007, p. 132).
Retomando, alguns elementos essenciais perfazem o que está em causa, segundo Lacan (1967/2003), no final da análise. São eles: a dissolução da transferência, a destituição subjetiva e o atravessamento do fantasma. Elementos imbricados entre si, eles ligam a queda do sujeito suposto saber da transferência com a queda dos significantes ideais que representavam o sujeito, destituindo-o. Junto a isso, a travessia da inscrição/cena fantasmática põe em xeque os lugares do sujeito e do objeto [$◊a] que sustentaram as relações com o Outro até ali.
Se, no início de uma análise, o amor de transferência e a busca de sentido são seus motores principais dela, no desenrolar do tratamento o significante comparece enquanto não garantindo uma significação última, remetendo o sujeito à sua falta-a-ser (LACAN, 1958/1998). Logo, amor, saber e ser se enlaçam na composição transferencial, como explicita Maurano (2006) ao considerar que a aposta que fundamenta a transferência é a de um saber que daria conta do furo presente na relação do sujeito ao Outro: “Na transferência, temos, por um lado, um apelo ao saber que advém da relação com a linguagem e, por outro lado, um apelo ao ser, que se configura como demanda de amor. Demanda de vir a encontrar consistência, o sentido do seu ser, pela via do amor” (MAURANO, 2006, p. 28).
O desdobramento da análise conduz à desarticulação dos significantes e dos sentidos aprisionados nas identificações, em relação às quais o sujeito está amarrado, na dupla acepção de constituído e preso. No final da análise, com a destituição subjetiva decorrente, produz-se o efeito da assunção de um sujeito indelevelmente marcado pela falta significante. O sentido, que visava fazer crer na potência do significante, ao se esvaziar, conduz ao desvelamento das brechas não preenchidas por ele. O Outro, logo, não se inscreve mais como instância que responderia sobre o sujeito, nem como instância a tentar completar ou a fazer gozar. O fantasma que encenava essa tentativa se esvazia da necessidade de a cada vez oferecer o objeto que supostamente completaria o Outro e ao sujeito.
A suposição de saber ao analista, com sua queda/dissolução, produz a inscrição de uma falta que não tem como ser aplacada, nem com o sentido, nem com o significante, nem com o amor, saber ou gozo.
A estrutura, assim abreviada, permite-lhes ter uma ideia do que acontece ao termo da relação transferencial, ou seja, quando, havendo-se resolvido o desejo que sustentara em sua operação o psicanalisante, ele não mais tem vontade, no fim, de levantar sua opção, isto é, de ficar com o resto que, como determinante de sua divisão, o faz decair de sua fantasia e o destitui como sujeito. (LACAN, 1967/2003, p. 257).
A queda do sujeito suposto saber coincide com a destituição subjetiva, conforme citação acima da Proposição de 9 de outubro. Pois, a destituição subjetiva corresponde à queda dos significantes que representavam o sujeito e é correlata ao desvanecimento do Outro, com o desvelamento de sua falta e de sua inconsistência. Junto a isso, o atravessamento do fantasma se associa à destituição subjetiva, na medida em que a posição do sujeito no fantasma é definida pelos significantes que o representavam.
O fim da psicanálise é justamente o de que ele se realize como constituído por essa divisão [...] em que qualquer significante [...] comporta a possibilidade de sua ineficiência, precisamente ao operar essa representação, de sua colocação em falso a título de representante. Não há psicanalisado, há um ‘tendo sido psicanalisante’, donde só resulta um sujeito advertido de que isso em que ele não poderia pensar é constituinte de qualquer ação sua. (LACAN, 1967-1968/ 2001, p. 225).
Ao final da análise, o sujeito voltará a se deparar com a divisão que o constitui e, como “sujeito advertido”, não se tratará mais do fantasma que teme e deseja um Outro idealizado e gozador. Sobre isso, afirma Soler que, da experiência de sua divisão, cada sujeito experimenta a presença "do não-sabido e do não-querido” (SOLER, 1995, p. 16) diante da impossibilidade de fazer Um. O sujeito no fim de análise, diz ainda a autora, encontra o limite de seus atributos ontológicos, "o limite estático do 'você é isso'"; este ser agora "não-identificado pelo significante, um ser não representável" que irá "alcançar o que no sujeito não é registro simbólico, mas registro real" (SOLER, 1995, p. 75).
O “ser isso” proporcionado pelas identificações, ao cair e advir o des-ser, leva a incluir o registro do real que retira a referência ao Um, ao ser inteiro ou todo. Ressaltamos, assim, que esses pontos relativos ao fim de análise se associam com aqueles escritos no lado feminino do quadro da sexuação, qual seja: o objeto a, o S(Ⱥ). O S(Ⱥ) se relaciona com o não-representável do sujeito, com o não-todo. Quanto ao objeto a, ele se anuncia na divisão do sujeito e ganha a função de causa, e não mais a de objeto fantasmático que almejava aplacar o que falta.
Final da análise
Dito isso, o ideal do eu participa do estabelecimento da transferência e também de sua dissolução, tendo a destituição subjetiva como consequência. Na destituição subjetiva do final da análise, portanto, o ideal do eu, por comandar a transferência, deixa de se sustentar com a queda da suposição de saber, descortinando a falta-a-ser do sujeito. O traço do Outro se revela, consequentemente, como insuficiente para dizer do sujeito. A direção da cura intervém, logo, sobre a falta-a-ser, isolando os ideais, as identificações, os significantes condensadores de sentido, e desvelando a falta implicada na causa do desejo. Assim, a queda do suposto saber coincide com a queda do I do ideal do eu gestado pelo um do traço unário, com efeitos sobre a imagem do sujeito (como ele queria ser visto através do ideal), suas identificações (ao traço advindo do Outro), sobre o laço com a instância paterna e sobre o objeto, efeito da passagem do I ao a. E esses efeitos se ligam, como vimos propondo, ao próprio da posição feminina formulada por Lacan no seminário Mais, ainda (1972-1973/2010).
A destituição subjetiva é, portanto, o que permitirá ao analista, tendo concluído sua análise, abrir mão de sua condição de sujeito ao dirigir uma cura. O “empréstimo” do psicanalista aos significantes e ao objeto a do analisante requer que o psicanalista possa ter aberto mão dos seus próprios. A destituição subjetiva, como indicamos acima, supõe que tenha havido a queda dos significantes advindos do Outro e que representavam o sujeito. O lastro simbólico, fruto das identificações, ao se destituir, reduz o sujeito à sua divisão. Essas identificações, por sua vez, concerniam à posição do sujeito no fantasma, configurando a relação com o objeto fantasístico. Já o sujeito reduzido à sua divisão faz cair o objeto que ele foi estruturalmente para o Outro, experenciando-se a partir daí enquanto falta: o objeto a. Pois: “A queda do analista é intervenção no real. É nisso que o analista ocupa o lugar do desconhecido, do objeto a do único sujeito em questão: o analisante” (DOMB, 1996, p. 115).
O desvanecimento do Outro, sua falta, sua inconsistência - produzido no final de análise - retira a razão de lhe dirigir a questão sobre o desejo (o próprio e o do Outro), ou ainda, retira as identificações produzidas pelos significantes ideais provenientes do Outro, ao mesmo tempo em que liberta o analisante a corresponder a tais identificações.
Como já dissemos, a destituição subjetiva supõe a perda do fundamental traço que identificava um sujeito, com o consequente des-ser que evoca certa despersonalização no final. Na destituição subjetiva, portanto, a lógica da afirmação fálica e da demanda é deslocada pela lógica não-toda: nem tudo se afirma no significante [S (Ⱥ)], e o objeto que pretende atender ao Outro é apenas subterfúgio à sua face real, objeto a, impossível de determinar e satisfazer.
REFERÊNCIAS
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
05 Jun 2020 -
Data do Fascículo
May-Aug 2020
Histórico
-
Recebido
08 Abr 2019 -
Aceito
10 Maio 2020