RESUMO
O presente trabalho avaliou o efeito do tratamento térmico no comportamento acústico em madeira de mogno africano (Khaya ivorensis A. Chev.) submetida a dois tipos de tratamentos, denominados tratamento a seco (TS), realizado em mufla elétrica a temperaturas de 130, 160 e 190 °C, e tratamento hidrotérmico (TH), utilizando vapor de água em autoclave nas temperaturas e pressões de 123 °C e 1,2 kgf.cm−2 e 160 °C e 6,0 kgf.cm−2, respectivamente. Os tratamentos foram realizados em conformidade com um planejamento experimental. Após os tratamentos, as amostras foram submetidas à avaliação acústica através de ensaios por vibração mecânica, utilizando a técnica de excitação por impulso transversal, como previsto na norma ASTM-E1876. As grandezas acústicas determinadas foram: frequência de ressonância transversal (fr(Tr)), decaimento logarítmico transversal (Dl(Tr)), módulo de elasticidade dinâmico específico transversal (Eesp(Tr)) e eficiência da conversão acústica transversal (ECA(Tr)). De acordo com os resultados obtidos, a madeira modificada em autoclave a 123 °C se destacou em relação aos outros tratamentos, inclusive dos conjugados. Foram verificados aumentos de 7,3 % para fr(Tr), 10,8 % para o Eesp(Tr) e 26,4 % para o ECA(Tr), e redução de 11,9 % para Dl. Tais resultados indicam otimização das propriedades do mogno africano para aplicações acústicas.
Palavras-chave Frequência de ressonância; Excitação por Impulso; Decremento logarítmico; Atenuação acústica; Módulo de elasticidade dinâmico
ABSTRACT
The present work evaluated the effect of thermal treatment on the acoustic behavior of african mahogany wood (Khaya ivorensis A. Chev.) submitted to two types of thermal treatments called dry treatment, carried out in an oven at temperatures of 130, 160 and 190 °C, and wet treatment, using steam in an autoclave at temperatures and pressures of 123 °C and 1.2 kgf.cm−2 and 160 °C and 6.0 kgf.cm−2, respectively. Conjugated treatments were also carried out, where part of the samples first went through wet treatment and after that, through dry treatment. After treatments, the samples were submitted to acoustic evaluation through mechanical vibration tests, using the transverse impulse excitation technique, as reported for in the ASTM-E1876 standard. The fundamental resonance frequency (fr), the specific transverse dynamic (Espe), the logarithmic decrement of damping (LDD) and the acoustic conversion efficiency (ACE) were determined. According to the results obtained, the wood treated only by steam in an autoclave at 123 °C stood out in relation to the other treatments, including the conjugated was. An increase of 7.3 % was verified for the fr, 10.8 % for Eesp and 26.4 % for ECA, and reduction of 11.9 % for Dl. It was observed the optimization of African mahogany’s acoustic properties.
Keywords Resonance frequency; Impulse Excitation; logarithmic damping decrement; Acoustic attenuation; Dynamic modulus of elasticity
1. INTRODUÇÃO
O tratamento térmico é realizado quando se deseja alterar a estrutura física e química da madeira com a intenção de provocar degradação ou rearranjo dos seus principais constituintes, modificando dessa forma algumas de suas propriedades físicas e mecânicas. Da mesma forma, modificações da madeira utilizando processos de acetilação; tratamentos com melamina e fenol formaldeído [1, 2]; e modificação biológica com fungos que mancham ou destroem a madeira [1, 3] podem ser usados para modificar as propriedades relevantes.
Entre as principais modificações ocorridas na madeira estão a diminuição da higroscopicidade, a degradação das hemiceluloses, e redução da sorção de água, favorecendo assim a estabilidade dimensional da madeira [1, 4]. Contudo, os efeitos finais do tratamento utilizando processos térmicos estão correlacionados diretamente à temperatura máxima do processo, à taxa aquecimento, à duração do tratamento, às condições da atmosfera circundante, como por exemplo, a utilização de água na forma de vapor em uma autoclave [5], convecção atmosférica no interior de uma estufa [6, 7], ou presença de nitrogênio (N2) [8]. Em adição, contribuem para o resultado do tratamento térmico as condições e propriedades iniciais da madeira, como as dimensões, a densidade aparente e a espécie utilizada [1, 6]. Portanto, dependendo da utilização final da madeira, os parâmetros do tratamento devem ser ajustados.
Dentro desse contexto, foi observado [2, 8–12] que ao variar as características físicas (densidade (ρ), por exemplo) e mecânicas (módulo de elasticidade (E), por exemplo) da madeira utilizando tratamentos térmicos, podem-se alterar as grandezas vibracionais associadas à madeira acústica, tornando-a mais atrativa. As principais grandezas associadas a uma madeira acústica são: módulo de elasticidade específico (E/ρ) e coeficiente de atenuação acústica (tanδ) [9].
O módulo de elasticidade específico (Eesp) representa a razão entre o módulo de elasticidade e a densidade (E/ρ), e é utilizado para avaliar o desempenho de vibração acústica da madeira. Alto E/ρ representa maior eficiência de vibração da madeira [9]. A atenuação acústica é a característica física que representa a capacidade do material de dissipar a energia acústica, sabe-se que quanto menor for esse fator, melhor será a qualidade acústica da madeira [9, 11, 13].
A partir dessas avaliações, PFRIEM [14] mostra que tratamento térmico moderado com temperaturas entre 160 e 180 °C, em espécies tropicais, resultou em mudanças nas propriedades físicas e mecânicas na madeira. Dentre as mudanças observadas estão o aumento da estabilidade dimensional, do módulo de elasticidade e da propagação da velocidade do som, além da redução da atenuação acústica.
DANIHELOVÁ et al. [13] utilizaram processo de tratamento hidrotérmico semelhante ao utilizado pela Associação ThermoWood®, em madeira de Robinia pseudoacacia. Observaram aumento nos valores dos módulos de elasticidade, redução da densidade, também observado por ZHU et al. [8] em madeiras de Picea jezoensis submetidas a tratamentos com nitrogênio (N2). Com isso, os autores relataram aumento no Eesp conforme se aumenta a temperatura de tratamento.
MODES et al. [6] utilizaram a combinação de tratamentos em autoclaves (130 °C e 2,0 kgf.cm−2) e estufas (160 °C) em madeiras de Eucalyptus grandis e Pinus taeda, e avaliaram seus efeitos nas propriedades mecânicas. Observaram aumento do módulo de elasticidade em madeira de Pinus taeda em tratamento combinado, e redução quando submetidos apenas em estufa. Para madeira de Eucalyptus grandis houve aumento do módulo de elasticidade tanto para tratamento combinado quanto para apenas em estufa, sendo este o maior.
MANIA et al. [15] estudaram como o tratamento térmico afeta o desempenho acústico em madeiras de Picea abies. Para isso, estabeleceram parâmetros de tratamento que poderiam garantir o maior valor possível do Eesp. Os autores relataram que a densidade da madeira diminuiu ligeiramente em temperaturas de 120 e 160 °C, e diminuição mais acentuada á 180 °C. Além disso, houve aumento do módulo de elasticidade para tratamentos até 160 °C, e redução para tratamentos a 180 °C. Segundo BUCUR [9], madeiras com alto módulo de elasticidade e baixa densidade podem ser classificadas como de excelente qualidade acústica.
ZATLOUKAL et al. [16] estudaram as propriedades acústicas em madeiras de Picea abies tratados termicamente a 180 e 200 °C. Os autores verificaram redução na densidade e na atenuação acústica (tanδ), aumento da velocidade do som (vsom), do módulo de elasticidade (E) e da eficiência da conversão acústica (ECA). STRAŽE e ŽVEPLAN [12] mostraram que o tratamento hidrotérmico em atmosfera de pressão e vapor a 135 °C melhorou o desempenho acústico de madeiras de Fagus sylvatica. Os autores constataram reduções da densidade básica (ρ) e da atenuação acústica (tanδ), aumentos da velocidade do som, e manutenção do módulo de elasticidade. Com isso, pode-se concluir que houve aumento de Eesp e ECA.
Neste trabalho, madeira de mogno africano foi tratada em mufla elétrica, denominado tratamento a seco (TS), nas temperaturas de 130, 160 e 190 °C, e em autoclave, denominado tratamento hidrotérmico (TH), temperatura e pressão de 123 °C/1,2 kgf.cm−2 e 160 °C/6,0 kgf.cm−2. Os tratamentos hidrotérmicos conjugados (THC) respeitaram primeiramente o TH e posteriormente TS. Após os tratamentos, as amostras foram submetidas a testes acústicos utilizando como base a norma ASTM-E1876/21 [17] para avaliar a frequência natural de vibração (fn), o módulo de elasticidade dinâmico específico (Eesp), o decremento logarítmico (Dl) e a eficiência da conversão acústica (ECA).
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1. Produção e caracterização das amostras
Para a realização deste estudo foi utilizada madeira de mogno africano (Khaya ivorensis A. Chev.), obtida no campus da UFRRJ e EMBRAPA, no município de Seropédica, RJ, a partir de árvores com aproximadamente 30 anos de idade. Pranchões radiais-ortogonais foram retirados das toras com moto serra e posteriormente secos ao ar. Destas pranchas foram obtidos prismas radiais com dimensões de 7,0 (tangencial), 70,0 (radial) e 270,0 (longitudinal) (mm3), e climatizadas em ambiente com temperatura de 20 ± 2 °C e umidade relativa de 65 ± 3 %. Posteriormente foram confeccionadas 144 amostras com dimensões de 5,0 (tangencial), 25,0 (radial) e 180 (longitudinal) (mm). Essas amostras foram novamente climatizadas na condição citada anteriormente.
2.2. O tratamento térmico
A Tabela 1 apresenta o delineamento experimental utilizado neste trabalho. Para o Tratamento Hidrotérmico (TH) foi utilizada autoclave e digestor da marca RegMed, modelo AU/E – 20, onde as amostras foram submetidas às temperaturas de 123 °C sob pressão de 1,2 kgf.cm−2, por 60 minutos, e 160 °C 6,0 kgf.cm−2, por 70 minutos. Para o Tratamento a seco (TS) foi utilizada mufla elétrica laboratorial, da marca Linn Elektro Therm, com sistema de controle de tempo e temperatura. Os tratamentos hidrotérmicos conjugados (THC) compreendem tratamentos hidrotérmicos (TH) seguidos de tratamentos a seco (TS).
Os TS foram realizados em quatro etapas, sendo elas: i) aquecimento das amostras até 100 °C durante 30 minutos para eliminação completa da água; ii) aumento gradativo da temperatura de 100 °C até a temperatura final do tratamento (130, 160 ou 190 °C) com taxa de aquecimento de 1,6 °C/min; iii) permanência na temperatura final do tratamento por 20 minutos; e iv) resfriamento do material até a temperatura ambiente. Ao final dos tratamentos, as amostras foram climatizadas a temperatura de 20 °C e 65 % de umidade relativa (UR) e ensacadas ao atingirem massa constante.
As amostras foram medidas na espessura, largura e comprimento, foi determinada a densidade aparente, e posteriormente, análise de vibração através da técnica de vibrações mecânicas, utilizando o método de excitação por impulso no ensaio de vibração transversal. Assim foram obtidas as informações da frequência fundamental (fr), no primeiro modo de vibração (primeiro harmônico), do módulo de elasticidade dinâmico específico (Eesp), da atenuação acústica, ou decremento logarítmico (Dl), e da eficiência da conversão acústica (ECA).
2.3. Determinação do teor de umidade de equilíbrio (TU%) e densidade aparente (ρ)
Após os tratamentos e a climatização da madeira (20 °C e 65 % UR), as amostras foram pesadas em uma balança analítica Bioprecisa, modelo JH2102, com capacidade de 2100,00 (±0,01) g. As dimensões de espessura, largura, e comprimento foram realizadas utilizando micrômetro e paquímetro, com precisão de 0,001 mm e 0,01 mm, respectivamente. A pesagem e medição foram feitas após as massas ficarem constantes (indicando equilíbrio com o ambiente climatizado) instantes antes das avaliações acústicas. Deste modo, o volume das amostras e suas massas foram obtidos, foram calculados, posteriormente, o teor de umidade e a densidade aparente.
Para cálculo do teor de umidade de equilíbrio, todas as amostras foram colocadas em estufa para se obter suas massas secas. Após massa constante, foi aplicada a Equação 1 para determinação do teor de umidade de equilíbrio, e a Equação 2, para a densidade aparente [18].
em que MTU é a massa da amostra no teor de umidade de equilíbrio (kg); MSC, a massa da amostra após secagem em estufa à temperatura de 103 ± 2 °C, até massa constante (kg); TU% é o teor de umidade da amostra com relação massa seca.
A densidade aparente (ρ) é definida como a razão entre a massa da madeira e seu volume em um determinado teor de umidade.
em que, VTU o volume da amostra (m3), ambos com mesmos teores de umidade de equilíbrio.
2.4. Ensaio de vibração transversal
O ensaio acústico seguiu a norma ASTM – E1876 [17] que descreve o método de vibração em amostras prismáticas com extremidades livres. Esta norma estabelece que a amostra fique suspensa sobre elastômeros em dois pontos de apoio paralelos entre si localizados a uma distância de 0,224 × L das extremidades livres da amostra, sendo L o comprimento da amostra. Estes dois pontos coincidem com os pontos nodais para o primeiro harmônico [17]. Impactos foram desferidos transversalmente no centro da amostra por meio de um martelo devidamente dimensionado, conforme descrito na norma (Figura 1).
Esquema do aparato utilizado para ensaio de vibração transversal (a); Aparato utilizado para aquisição de dados de frequência e decaimento logarítmico (b) (Fonte: o autor).
As ondas sonoras são captadas por microfone localizado próximo à amostra e na mesma direção onde ocorre o impacto. Os sinais acústicos captados pelo microfone são transformados do domínio do tempo para o domínio das frequências pela Transformada Rápida de Fourier (FFT) por meio do software Fast Fourier Analyzer (FFT Analyzer) da FAKOPP® Enterprise. O pico espectral obtido corresponde à frequência de ressonância no primeiro modo de vibração transversal (fr(Tr)) da amostra ensaiada [13, 19, 20]. Com esta obteve-se então grandezas acústicas secundárias como o módulo de elasticidade dinâmico transversal (Ed(Tr)) (Equação 3) [17] e módulo de elasticidade dinâmico específico (Eesp) (Equação 4).
em que, f1 é a frequência natural de ressonância no primeiro modo de vibração transversal (Hz), L o comprimento da amostra (m), h a espessura da amostra (m), ρ densidade (kg.m−3).
A atenuação acústica é uma característica física que descreve o comportamento viscoelástico da madeira e representa a capacidade do material de dissipar a energia acústica devido ao atrito interno [21]. Ela pode ser determinada a partir do sinal no domínio do tempo, representado pelo decremento logarítmico de amortecimento acústico (Dl) (fornecido diretamente pelo software FFT Analyzer) e pelo coeficiente de amortecimento acústico (tanδ), determinado a partir do sinal no domínio das frequências [2, 22].
A eficiência da conversão acústica (ECA) está diretamente associada à eficiência da conversão da energia de vibração do material em energia acústica. Essa grandeza é útil para mostrar os efeitos de grupo, por exemplo, o efeito da radiação acústica e da atenuação acústica juntos [12, 23]. A ECA comumente associa a razão entre o coeficiente de radiação acústica pela atenuação acústica apresentada pelo material da amostra (Equação 5).
2.5. Análise estatística
Os dados coletados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) para verificar os efeitos da temperatura em tratamentos TS, TH e a interação entre os dois fatores citados. Quando o teste F foi significativo, o teste Fisher realizou comparação entre médias. Os testes de Kolmogorov Smirnov e Brown-Forsythe verificam normalidade dos dados e homogeneidade das variâncias, respectivamente. Todos os testes foram considerados ao nível de 5 % de significância.
3. RESULTADOS
A análise de variância (ANOVA) revelou o efeito significativo no TH, para as variáveis dependentes: frequência natural de ressonância (fr), decremento logaritmo (Dl) e eficiência da conversão acústica (ECA). O efeito do THC (tratamento hidrotérmico combinado) foi notado no módulo de elasticidade específico (Eesp) e na eficiência da conversão acústica (ECA). O teor de umidade de equilíbrio (TU) apresentou efeito significativo para todos os tratamentos, Tabela 2.
Resultados das análises de variâncias para as propriedades estudadas com os valores de F e de probabilidade.
3.1. Teor de umidade de equilíbrio (TU%)
A madeira não tratada termicamente NT (controle) apresenta teor de umidade médio de 11,0 %, valor mais alto encontrado no estudo. Os tratamentos térmicos realizados a seco (TS) mostram diferenças acima de 130 °C, ocorrendo redução gradativa com o aumento da temperatura (Tabela 3). Dentre os tratamentos vaporizados a 123 °C, somente o tratamento a 190 °C (THC) apresentou diferença significativa, reduzindo o TU em 13,6 % quando comparado ao controle. Para os tratamentos vaporizados a 160 °C, os tratamentos THC acima de 130 °C apresentaram diferenças em relação aos demais, sendo o menor valor absoluto 8,8 % na temperatura de 190 °C, representando uma redução de 20,0 % comparada ao controle. Dessa forma, observa-se a redução do TU conforme se aumenta a temperatura de tratamento [1].
A relação do TU com a melhoria acústica foi estudada por OLADAYO e BUSOLA [24] que identificaram a dependência da velocidade de propagação acústica em madeiras de Albizia adianthifolia em condições verde e seca em estufa. O TU também está relacionado com variação da atenuação acústica [9, 25].
AHMED e ADAMOPOULOS [2] identificaram redução do TU após tratar termicamente madeiras de Fraxinus excelsior, Populus tremula e Betula pendula em temperaturas de 185 e 200 °C. Os autores indicam que durante o processo térmico, a degradação das hemiceluloses diminuiu os grupos hidroxila (-OH) disponíveis, reduzindo a higroscopicidade da madeira e, portanto o TU.
KRÜGER et al. [26], ao tratarem madeiras de Prunus avium, Sorbus torminalis, Pyrus communis e Prunus domestica à temperatura de 160 °C por 8h, observaram redução do TU para todas as espécies. Resultados semelhantes foram obtidos por, KARAMI et al. [25] que submeteram madeira de Picea abies a tratamentos de 130 e 150 °C em diferentes condições de umidade, e observaram reduções significativas do TU após os tratamentos térmicos. Essa redução de TU está ligada a mudanças químicas ocorridas na madeira durante o processo térmico. Tais modificações estão relacionadas à perda de extrativos e hemiceluloses, cristalização de celuloses e reticulação de lignina.
3.2. Frequência natural de ressonância transversal (fr)
A frequência natural de ressonância (fr) no (1)° modo de vibração foi a primeira grandeza física obtida para se classificar a madeira acusticamente. A madeira não tratada termicamente (controle) teve valor médio de fr de 426,7 Hz (Tabela 4). Este valor é semelhante ao relatado por DER SLOOTEN e SOUZA [27], que encontraram 446,0 Hz, para o mogno brasileiro (Swietenia macrophylla), sem tratamento algum. Observa-se (Tabela 3) que não houve diferença entre fr dos tratamentos térmicos das madeiras que não foram vaporizadas. Percebe-se um aumento de 3,8 % no valor absoluto da fr para a madeira tratada a 160 °C quando comparada ao controle.
Valores médios da frequência natural (fn) (Hz) das amostras submetidas aos tratamentos térmicos.
Quando vaporizada na temperatura de 123 °C observa-se que a média geral se apresentou superior àquelas vaporizadas a 160 °C e não vaporizadas. Apenas a vaporização a 123 °C aumentou fr da madeira em 7,3 %, quando comparada ao controle. Diferenças ocorrem apenas entre as médias das madeiras que foram vaporizadas a 123 °C. Maior valor absoluto de fr ocorreu no THC com vaporização a 123 °C e temperatura de 190 °C, aumento de 13 % em relação ao controle. Estes aumentos podem implicar em ganhos acústicos e maior rigidez do material [15].
Apesar de não ocorrer em diferenças entre as médias dos tratamentos vaporizados a 160 °C, o tratamento apenas vaporizado apresentou fr maior que as médias dos THC, com 4,6 % superior ao grupo de controle. Redução de fr dos THC a 130 e 190 °C também foi observada por KANG et al. [28] para madeira de Picea jezoensis, Quercus rubra e Pinus densiflora submetidas a tratamentos com temperaturas de 170 e 190 °C, e por MANIA et al. [15] após tratamento térmico em estufa a 160 °C em madeira de Picea abies.
Esta redução da fr pode estar associada à redução da densidade da madeira assim como as modificações associadas a alguns constituintes químicos da estrutura da parede celular da madeira tratada, como por exemplo, a degradação das hemiceluloses, dos grupos hidroxílicos (-OH) livres na região amorfa da celulose, extrativos e a reticulação da lignina [1, 9, 29].
A fr está diretamente relacionada com o módulo de elasticidade dinâmico por um fator quadrático (Equação 1). Os maiores resultados de fr acima do valor do grupo de controle implicaria em um módulo de elasticidade maior, conferindo a madeira maior rigidez. MARQUES et al. [30], trabalhando com madeira de marupá (Simarouba amara) seca em estufa ou ao ar livre, obtiveram resultados semelhantes aos aqui encontrados. A secagem não alterou significativamente as médias das frequências, apenas houve aumento numérico em relação à madeira seca ao ar livre. Os autores concluíram que essas diferenças foram devidas a redução da densidade e do teor de umidade de equilíbrio.
3.3. Módulo de elasticidade dinâmico específico (Eesp)
A Tabela 5 apresenta os resultados médios das análises estatísticas de Eesp antes e após os tratamentos térmicos. Observa-se que não houve diferenças estatísticas entre os tratamentos TS, TH e THC.
Diferenças absolutas apareceram apenas no grupo que foi vaporizado a 123 °C, sendo que os melhores resultados ocorreram no tratamento apenas vaporizado (10,7 %) e no conjugado a temperatura de 190 °C (15,2 %). Este último também se diferenciou numericamente dos demais tratamentos TS a 190 °C.
Valores médios do módulo de elasticidade dinâmico específico (Eesp) (GPa.m3.kg−1) e densidade aparente (ρ) (kg.m−3) após os tratamentos térmicos.
Com esse aumento no Eesp, foi possível sugerir que estes tratamentos contribuíram para melhora no desempenho acústico das amostras de mogno [9]. Segundo ZHU et al. [8], um Eesp maior representa maior eficiência na vibração da madeira, porém somente esta grandeza não é suficiente para classificar uma madeira como de boa qualidade para fins acústicos [9].
Resultados semelhantes foram relatados por DANIHELOVÁ et al. [23] que submeteram madeiras de Picea abies (L.) Karst. e Acer pseudoplatanus, L. a processos térmicos utilizando a técnica ThermoWood ® e tratamentos a 135, 160 e 185 °C. Os autores relataram aumento do módulo de elasticidade específico em todos os tratamentos, sendo os maiores (6,8 %) para madeira de Picea tratada a 160 °C e de 7,8 % para madeira de Acer tratada às temperaturas de 160 e 185 °C.
Ao estudar a relação entre a densidade e o módulo de elasticidade específico, MANIA et al. [15] pesquisaram parâmetros de tratamento térmico que garantissem maior valor possível de Eesp. Como resultado, tratamento a 160 °C aumentou em 6,5 % o valor de Eesp e redução ao aumentar a temperatura de tratamento. KARAMI et al. [25] identificaram aumento em Eesp após tratarem madeiras de Picea abies, a temperaturas de 130 e 150 °C, sob diferentes condições de umidade.
3.4. Decaimento logarítmico (Dl)
A Tabela 6 mostra que madeira sem tratamento (controle) teve valor médio de Dl igual a 31,2 × 10–3, valor este superior ao relatado por DER SLOOTEN e SOUZA [27] para o mogno brasileiro, que obteve de valor de 19,0 × 10–3. Observa-se (Tabela 6) que apenas no tratamento vaporizado a 160 °C apresentou diferenças significativas entre os tratamentos. Nele observa-se aumento do valor de Dl para todos os tratamentos. Vaporização a 123 °C apresentou valores médios de Dl equivalentes aos tratamentos que não receberam vaporização, sendo a maior redução registrada para madeira tratada apenas com vaporização a 123 °C (10,6 %), com relação ao controle. Apesar da diferença não-significativa observada, madeiras tratadas sem vapor a 130 e 160 °C em TS apresentaram valores médios absolutos menores que o controle. Observa-se que dentre os tratamentos a vapor a 160 °C apenas o THC a 130 °C se diferenciou dos demais, sendo este também o maior valor absoluto do decaimento logarítmico, indicando que a madeira resultante deste tratamento não possui características acústicas adequadas.
Valores médios do decaimento logarítmico médio (Dl×10−3) das amostras submetidas aos tratamentos térmicos.
Ao submeter madeira de Picea sitchensis a temperaturas de 120, 160 e 200 °C, KUBOJIMA et al. [10] relataram aumentos ou reduções no coeficiente de atenuação acústica (tanδ) dependendo do processo térmico aplicado na pesquisa. Indicaram que a redução da atenuação pode ser devido à mudança estrutural nas cadeias poliméricas da madeira [30, 31].
DANIHELOVÁ et al. [23] relataram redução de 16,3 % no decaimento logarítmico quando madeiras de Picea foram aquecidas a 135 °C, e de 3,6 % quando as madeiras de Acer foram aquecidas a 160 °C. ŽVEPLAN e STRAŽE [32] relataram redução da atenuação acústica em madeiras de Fagus sylvatica após TH a 135 °C. Resultado semelhante foi encontrado por KRÜGER et al. [26], que relataram redução da constante acústica (tanδ) após TS, assim como KARAMI et al. [25], que identificou redução em tanδ após TS na presença de diferentes condições de umidade.
A redução ou aumento do Dl pode estar relacionado com a temperatura de tratamento e o tipo de atmosfera utilizada [16]. O tratamento em ambiente úmido pode proporcionar degradação das hemiceluloses por acetilação e, ao mesmo tempo, modificar a lignina, sem prejudicar a estrutura da parede celular [33]. Esta degradação reduz a resistência da parede celular da madeira e a tensão interna gerada pelo aquecimento seria liberada durante a migração da água, de modo que a superfície das paredes celulares passaria pelo fenômeno de rasgamento [33, 34], resultando em aumento do Dl.
3.5. Eficiência da conversão acústica (ECA)
Observa-se (Tabela 7) que apenas as madeiras vaporizadas a 123 °C apresentaram diferenças estatísticas entre os tratamentos. Dentre eles, apenas o TH a 123 °C diferenciou-se dos demais, apresentando aumento de 26 % (569,1 m4kg−1s−1), em relação ao controle (450,4 m4kg−1s−1).
Valores médios da eficiência da conversão acústica (ECA) (m4kg−1s−1) das amostras submetidas ao tratamento térmico.
Verificou-se ainda aumento de 17 % (527,5 m4kg−1s−1) para THC a 190 °C. Vaporização a 160 °C proporcionou redução média da ECA. Não houve diferença significativa entre as médias dos TS e TH, enquanto que para o tratamento a 123 °C houve aumento médio de ECA, sendo este o maior valor numérico. Madeiras tratadas a 130 e 160 °C (sem vapor) mostram tendência de aumento da eficiência da conversão acústica.
Após submeteram madeiras de Picea abies (L.) Karst. e Acer pseudoplatanus, L. a processos térmicos utilizando a técnica ThermoWood ®, e tratamentos a 135, 160 e 185 °C, DANIHELOVÁ et al. [23] relataram aumentos do ECA quando as madeiras foram aquecidas a 135 °C, sendo aumentos de 8,3 % para madeira de Picea e de 11 % para Acer.
Reduções da ECA foram observadas por MOHEBBY et al. [35], que submeteram madeira de Morus alba a temperaturas de 100, 120 e 140 °C em diferentes tempos de tratamento e observaram que todos os tratamentos térmicos realizados reduziram ligeiramente a ECA. Relataram ainda aumento do coeficiente de atenuação (tanδ), que ocasionou nesse ligeiro aumento. Por outro lado, AHMED e ADAMOPOULOS [2] relataram melhoras significativas nos desempenhos acústicos das madeiras tratadas termicamente, exibindo valores altos de ECA associados à redução de tanδ, o mesmo relatado por ZATLOUKAL et al. [16].
4. CONCLUSÕES
Os processos térmicos utilizando ambiente seco (TS), utilizando autoclave (TH), e tratamentos hidrotérmicos conjugados (THC), resultaram em modificações físicas e acústicas expressivas em madeiras de Khaya ivorensis. Com isso, tais tratamentos podem ser utilizados para agregar valor em madeiras desta espécie destinadas à construção de instrumentos musicais.
Os tratamentos a seco em mufla (TS) não afetaram as propriedades acústicas, apenas o teor de umidade de equilíbrio (TU), sendo valores inferiores em relação ao controle.
Aumentos consideráveis da frequência natural de ressonância (fr(Tr)) ocorreram quando a madeira passou pelos processos TH a 123 °C, e THC a 123 °C e, 160 e 190 °C. Estes aumentos representaram 7,3, 7,4 e 13,0 %, em relação ao valor médio do grupo controle.
A maior redução do decaimento logarítmico (Dl(Tr)) ocorreu quando a madeira foi passou por TH a 123 °C, conferindo uma redução de 11,9 % em relação ao grupo controle.
O módulo de elasticidade dinâmico específico (Eesp(Tr)) apresentou aumentos após processos térmicos TH e THC. Os tratamentos que melhor representaram o aumento desta grandeza foram os TH a 123 °C, 10,8 %, e o tratamento THC a 123 °C e 190 °C, sendo de 15,8 %, em relação ao grupo controle.
A grandeza eficiência da conversão acústica (ECA(Tr)) apresentou aumento de 26,4 %, com relação ao controle, quando a madeira foi tratada TH a 123 °C.
Avaliando de forma geral as grandezas acústicas pesquisadas, a vaporização na temperatura a 123 °C (TH) foi o tratamento que se destacou, trazendo melhorias em praticamente todas as grandezas ou propriedades acústicas estudadas, quando comparado ao controle.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
14 Abr 2023 -
Data do Fascículo
2023
Histórico
-
Recebido
03 Fev 2023 -
Aceito
13 Mar 2023