Resumo:
Campo Grande, MS, é uma das cidades mais arborizadas do Brasil e do mundo, com seu reconhecimento no programa Tree Cities of the World. No entanto, a percepção do paisagismo é algo que ainda carece de mais informações, uma vez que isso não é tão acessível à boa parte da população, não só de Mato Grosso do Sul, mas também do Brasil. Neste trabalho, o objetivo foi pesquisar as percepções sobre o paisagismo dos moradores de Campo Grande, MS, para entender melhor como parte de seus residentes o percebe. Sendo assim, foi elaborada uma pesquisa sobre o tema, na qual foi aplicado um questionário semiestruturado, do qual as perguntas visaram abordar temas que identificassem as percepções dos habitantes sobre o paisagismo. Nos resultados, foi identificado que 85,8% dos entrevistados possuem algum tipo de planta em casa, 41,5% sabem cuidar de plantas, 62,3% acham que paisagismo pode ser praticado sem a necessidade do uso de plantas vivas, 67% consideram o paisagismo fundamental, e 75,5% contratariam os serviços de um paisagista. Diante disso, as pessoas entrevistadas também informaram que o uso de plantas vivas em projeto de paisagismo pode alterar a temperatura do local onde o projeto foi instalado, assim como o seu uso pode ser benéfico à saúde humana.
Palavras-chave:
paisagismo; pesquisa; planta
Abstract:
Campo Grande, MS, is one of the most wooded cities in Brazil and in the world with its recognition in the Tree Cities of the World program. However, the perception of landscaping is something that still lacks more information since this is not so accessible to a good part of the population not only in Mato Grosso do Sul but also in Brazil. In this work, the objective was to research the perceptions about landscaping of the residents of Campo Grande, MS, to a better understand how part of its residents perceive landscaping. Therefore, a survey was carried out on the subject, in a semi-structured questionnaire was applied, whose questions aimed to address themes that identified the perceptions of the inhabitants about landscaping. In the results, it was identified that 85.8% of respondents have some type of plant at home, 41.5% know how to care for plants, 62.3% think that landscaping can be practiced without the need to use live plants, 67% consider fundamental landscaping, 75.5% would hire the services of a landscaper. In view of this, the people interviewed also reported that the use of live plants in a landscaping project can change the temperature of the place where the project was installed, as well as its use can be beneficial to human health.
Keywords:
landscaping; search; plant
Resumen:
Campo Grande, MS, es una de las más arboladas de Brasil y del mundo con su reconocimiento en el programa Tree Cities of the World. Sin embargo, la percepción del paisajismo es algo que aún carece de más información, ya que este no es tan accesible para una buena parte de la población no solo en Mato Grosso do Sul sino también en Brasil. En este trabajo, el objetivo fue investigar las percepciones sobre el paisajismo de los residentes de Campo Grande, MS, para comprender mejor cómo parte de sus residentes perciben el paisajismo. Por lo tanto, se realizó una encuesta sobre el tema, en la que se aplicó un cuestionario semiestructurado, cuyas preguntas tenían como objetivo abordar temas que identificaron las percepciones de los habitantes sobre el paisajismo. En los resultados se identificó que 85,8% de los encuestados tiene algún tipo de planta en casa, 41,5% sabe cuidar las plantas, 62,3% piensa que se puede practicar el paisajismo sin necesidad de utilizar plantas vivas, 67% considera fundamental el paisajismo, 75,5% contrataría los servicios de un paisajista. Ante esto, las personas entrevistadas también informaron que el uso de plantas vivas en un proyecto de paisajismo puede cambiar la temperatura del lugar donde se instaló el proyecto, así como su uso puede ser beneficioso para la salud humana.
Palabras clave:
paisajismo; investigación; planta
1 INTRODUÇÃO
O paisagismo é retratado na sociedade desde muitos anos atrás, em registros da história e livros; desde que o homem passa a manipular a paisagem, ela vem se aprimorando e se adaptando às necessidades dos seres humanos. O estudo do paisagismo como disciplina independente ainda é recente se comparado a outras, mas o paisagismo já vinha acontecendo desde tempos mais remotos, de maneira transdisciplinar.
O Brasil, por ser um país de civilização colonizada, recebeu no início muita influência europeia em sua construção e também no seu paisagismo. A princípio, o paisagismo se inicia com profissionais paisagistas europeus para a implementação de projetos, mas o paisagismo moderno conseguiu consolidar seu estilo, deixando de lado as influências externas ao país.
A relação das pessoas com o paisagismo e a natureza pode trazer benefícios e bem-estar. Mas a maneira como cada ser humano percebe o ambiente é de maneira individual, a depender de suas experiências e suas vivências. A percepção dos indivíduos diante do paisagismo é importante para a compreensão de como o espaço é percebido por essas pessoas e como essa percepção pode afetar a construção de novos espaços.
Com o objetivo de conhecer a percepção da população de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, sobre o assunto, que está diretamente relacionado ao paisagismo, e como isso afeta o seu cotidiano e bem-estar, esta pesquisa foi elaborada a partir de um questionário com 20 perguntas. Esse questionário abordou o assunto do paisagismo, com a finalidade de saber o que as pessoas acham do trabalho paisagístico, das plantas, do contato com elas, de seus benefícios, e qual a visão sobre os profissionais que trabalham na área.
2 PAISAGISMO E A SOCIEDADE
O paisagismo é uma ciência e/ou uma arte que, ao longo dos séculos, tem fascinado o ser humano de modo geral. Na antiguidade, os grandes reis e conquistadores, em seus palácios, tinham jardins suntuosos nos quais cultivavam plantas frutíferas e alguns animais para distração e embelezamento dos palácios.
Desde os tempos mais remotos, a criação de paisagens que misturam arquitetura e belos jardins cheios de plantas é relatada em livros, contos e histórias mitológicas, como os famosos Jardins da Babilônia ou a famosa paisagem perfeita do Jardim do Éden. Isso demonstra a forte e presente conexão do paisagismo com os seres humanos dos tempos mais antigos até hoje. Conforme cita Tabacow (2004, p. 27)TABACOW, José. (Org.). Roberto Burle Marx: arte e paisagem – conferências escolhidas. São Paulo. 2. ed. São Paulo: Studio Nobel, 2004.:
Toda a mitologia helênica se desenrola em jardins oníricos e elementos de natureza botânica. [...] Os povos sumerianos, babilônios, e caldeus, os hititas, os hebreus, os 2 assírios, os persas e todos os demais dessa área firmaram texto histórico do homem em relação à paisagem. Toda a mesopotâmia entre o tigre e Eufrates, por sua natural fertilidade, ganhou a lenda de ser o berço da humanidade, o local onde teria sido o Éden, o paraíso de Adão e Eva.
Waterman (2011)WATERMAN, Tim. Fundamentos de paisagismo. Tradução técnica de Alexandre Salvaterra Porto Alegre: Bookman, 2011. afirma que o paisagismo como profissão é datado com mais ou menos 150 anos. No entanto, a arquitetura paisagística já está inserida como conjunto da arquitetura há muito mais tempo, planejando os espaços onde as pessoas vão passar seu tempo, habitar, trabalhar e descansar. Os paisagistas seguem em defesa da natureza para que pessoas, animais e plantas se desenvolvam da melhor forma em meio a paisagens visualmente agradáveis e ao mesmo tempo sustentáveis.
O paisagismo como conceito autônomo se desenvolveu de diferentes maneiras nas diferentes regiões do mundo. De acordo com Silva, (2020)SILVA, Tania Knapp. Pelas veredas da história do paisagismo. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO, 6., 1 a 5 de outubro 2020, Brasília. Anais [...]. Brasília, DF: UNB, 2020., a Alemanha é um país onde essa independência é mais antiga, tendo a formação de paisagista já consolidada no século XIX, com a escola real de jardinagem criada em 1823, e em 1887, já tendo uma associação de profissionais da área. Nos Estados Unidos, Andrew Jackson Downing consolidou a profissão em 1841, com seu livro, mas só em 1899 foi que o paisagismo se inseriu como curso, ao lado da Arquitetura, e surgiu na pós-graduação em 1957.
Na Europa renascentista, o paisagismo, de modo geral, ganha mais força com as grandes tendências criadas pelos pensadores e com a valorização da arte. Novas escolas são criadas pelo mundo e materiais são incorporados ao paisagismo. Neste contexto, as alterações e as interferências humanas na paisagem, como o manuseamento das plantas para alimentação, remédios naturais e bem-estar, apesar de estarem relacionadas à sobrevivência e continuidade no planeta, cada vez mais são uma forma inconsciente de resgatar o convívio com a floresta e trazer isso para dentro da cidade (COSTA, 2019COSTA, Douglas Rodrigo. Paisagismo Sensorial: o uso dos sentidos em propostas de paisagismo. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Ciências Biológicas) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Dois Vizinhos, PR, 2019.). O paisagismo haveria de ser uma maneira de restaurar a natureza, contribuindo essencialmente para com as necessidades fisiológicas e psicológicas dos indivíduos.
No Brasil, a partir de 1858, alguns paisagistas europeus vieram trabalhar por aqui; em 1952, o paisagismo foi incorporado ao curso de Arquitetura e começou a adquirir consistência, mas apenas em 1970 ganhou um espaço mais sólido. Por mais que hajam esforços para o ensino e a pesquisa do paisagismo como disciplina independente, a maior parte da bibliografia já produzida nos últimos 50 anos tem características multidisciplinares, incorporando-se a outros assuntos (SILVA, 2020SILVA, Tania Knapp. Pelas veredas da história do paisagismo. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO, 6., 1 a 5 de outubro 2020, Brasília. Anais [...]. Brasília, DF: UNB, 2020.).
Macedo (2003)MACEDO, Silvio Soares. O paisagismo moderno brasileiro – além de Burle Marx. Paisagens em debate, n. 1, out. 2003. apresenta o paisagismo moderno do Brasil dividido em três etapas. A primeira, de 1937 a 1950, com traçado simples e tropicalista, na maioria das vezes acompanhada das obras modernistas que iam surgindo na época e nas residências, sendo um jardim mais limpo para dar visibilidade às casas. A segunda, de 1950 a 1960, com a verticalização da cidade, em que houve também maior demanda pelo paisagismo moderno, vários profissionais paisagistas surgem nesse momento. A terceira, de 1960 a 1989, é quando o paisagismo se consolida de fato no país, tirando o foco do paisagismo de caráter europeu. O ponto central para a produção de novos espaços passa a ser a atividade recreativa.
Lira Filho aponta que o paisagista, ao construir ambientes, deve levar em consideração que esses espaços paisagísticos criarão um processo de comunicação entre a obra paisagística e as pessoas que desfrutarão ou passarão por esses espaços:
Ao elaborar um projeto paisagístico, a pessoa, dispondo de elementos naturais (plantas, rochas, água, etc.) e arquitetônicos (caminhos, bancos, pérgulas, quiosques, piscinas, churrasqueiras, etc.) no cenário natural já existente, estará estabelecendo com os espectadores da paisagem um processo de comunicação. (LIRA FILHO, 2002, p. 16LIRA FILHO, José Augusto de. Paisagismo: elementos de composição e estética. Viçosa: Aprenda Fácil, 2002.).
A paisagem vista é definida como espaço percebido, essa paisagem percebida é uma construção simbólica, sendo os significados da paisagem ligados à existência da pessoa que a percebe. A relação entre sujeito e exterioridade é uma experiência inseparável, sendo a pessoa englobada pelo espaço e constituindo o espaço habitado. A paisagem vista da pessoa é o que ela vê de dentro, envolvendo-a no mundo ao redor, e não apenas estando diante dele (COLLOT, 2012COLLOT, Michel. Pontos de vista sobre a percepção de paisagens. In: NEGREIROS, Carmem; LEMOS, Masé; ALVES, Ida. Literatura e paisagem em dialogo. Tradução de Denise Grimm. Rio de Janeiro: Edições Makunaima, 2012. p. 11–28.).
Estar em contato com a natureza, mesmo que de forma apenas visual, pode gerar resultados positivos para o bem-estar dos indivíduos que se expõem a esse tipo de ambiente, especialmente os moradores urbanos. Porém, as interações que cada pessoa tem com a natureza diferem os resultados de atitudes e percepções da paisagem (SOUSA, 2020SOUSA, Maisa Noqueira. Métodos de Avaliação da percepção, preferências e atitudes de utilizadores de espaços verdes urbanos. 2020. Dissertação (Mestrado em Arquitetura Paisagista) – Universidade do Porto, Porto, 2020.).
Campo Grande é a capital do estado de Mato Grosso do Sul e fica situada no centro oeste do Brasil. Em fevereiro de 2020, o município ganhou o selo, pela Arbor Day Foundation, de uma das 59 cidades mais arborizadas do mundo. No Brasil, apenas três cidades fazem parte: além de Campo Grande, também São Carlos e São José dos Campos. A classificação é feita pela vegetação urbana da cidade, que tem 23.418 árvores plantadas, e por meio de ações de empenho em sua preservação, contando com 2.104 horas de voluntariado. O recebimento do selo proporciona o empenho em aumentar ainda mais o comprometimento com tais medidas e estendê-las (THE ARBOR DAY FOUNDATION, s.d.THE ARBOR DAY FOUNDATION. Recognised Cities. Tree Cities of the World, Lincoln, [s.d.]. Disponível em: https://treecitiesoftheworld.org/directory.cfm. Acesso em: 26 nov. 2020.
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).
3 METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado por meio de uma pesquisa exploratória, na qual se buscou a opinião de vários aspectos relativos ao tema paisagismo, envolvendo análise bibliográfica, entrevistas e análises de compreensão, a fim de aprimorar ideias e construir hipóteses e intuições. Dentro das entrevistas, a abordagem qualitativa foi utilizada como método de pesquisa, com processo definido envolvendo redução dos dados e sua categorização, seguido de interpretação e redação de análise, atuando na reflexão, observação e interpretação ao longo das análises, conforme Gil (2002)GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002..
Seguindo as premissas acima, o trabalho foi elaborado primeiramente por um questionário estruturado e disponibilizado na plataforma Google Forms, composto de 22 questões. Foram feitas 17 perguntas objetivas, 2 de múltipla escolha e 3 discursivas, destinadas à população de Campo Grande de forma geral. As respostas expuseram a visão que a população tem sobre as plantas, o paisagismo e profissionais da área. O período da entrevista aconteceu entre os meses de junho e julho, com um período total de 15 dias de pesquisa, no ar de 22/06/2020 a 06/07/2020. Nesse tempo, foi respondido um total de 121 questionários. Como o foco deste trabalho são os residentes de Campo Grande, seus dados foram reduzidos seguindo a categorização de residentes da cidade. Portanto, foram excluídas as respostas de participantes que assinalaram que residem no interior do estado de MS ou em algum outro estado, sendo levadas em consideração e analisadas as 106 respostas dos participantes que informaram ser moradores da cidade de Campo Grande.
Para melhor análise e compreensão das respostas obtidas por meio dos questionários, as análises foram realizadas por meio de gráficos, os quais, gerados automaticamente pelos formulários Google, são em formato pizza e não trazem todas as porcentagens legendadas. Sendo assim, novos gráficos foram gerados no formato de barras, para que pudessem ser inseridas todas as legendas e porcentagens de respostas. Esses gráficos estão inseridos no texto, complementando a leitura.
Partindo da análise dos dados coletados com a pesquisa, juntamente de um referencial bibliográfico, pretende-se apresentar um estudo sobre como uma parcela dos cidadãos campo-grandenses percebe e sente o paisagismo em sua vida e como isso, de alguma forma, vem a impactar seu cotidiano, alterando sua qualidade de vida e bem-estar.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao fazer a análise das respostas obtidas no fechamento da pesquisa, primeiramente, os resultados das questões relacionadas às características gerais dos entrevistados serão comparados com dados do perfil socioeconômico da cidade (AGÊNCIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE E PLANEJAMENTO URBANO [PLANURB], 2019AGÊNCIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE E PLANEJAMENTO URBANO [PLANURB]. Perfil Socioeconômico de Campo Grande. 26. ed. rev. Campo Grande: PLANURB, 2019.). Isso permite visualizar se a parcela de pessoas da cidade participante é condizente com os números totais, e não focada em público específico. A análise de respostas com relação ao paisagismo e sua percepção é associada a estudos bibliográficos para desenvolvimento de observação, reflexão e interpretação.
Foi numerosa a participação de pessoas jovens respondendo ao questionário, como demonstram as porcentagens de suas idades: 28,3%, de 21 a 25 anos; 19,8%, de 26 a 30 anos; 17%, de 31 a 35 anos; 11,3%, de 51 a 55 anos; 5,7%, de 36 a 40 anos; 4,7%, de 41 a 45 anos; 3,8%, de 46 a 50 anos; 1,9%, de 16 a 20 anos; 2,8%, de 56 a 60 anos; 1,9%, de 61 a 65 anos; 1,9%, de 66 a 70 anos; e 0,9%, mais de 70 anos. Aparecendo em maior quantidade, a faixa etária de 21 a 35 anos resulta em 65,1%, informação coincidente com o perfil socioeconômico da cidade, que indica maiores números na população de 15 a 34 anos, representando 36,2% do total da população municipal.
Parte significativa dos questionados relata se identificar como sendo do sexo feminino (66, %); uma parte menor, mas também grande (33%), identifica-se como sendo do sexo masculino; e apenas 0,9% dos que responderam à pesquisa se identifica ou não com outro tipo de identidade sexual. Isso é coerente com o perfil socioeconômico que vem apontando uma maior taxa de mulheres no município advinda de pesquisas anteriores, sendo a mais recente com apresentação de uma diferença na qual, para cada 100 mulheres na cidade, existem 94,5 homens.
A escolaridade dentre os que participaram do questionário teve excelentes números: 65,1% têm ensino superior completo; 21,7% têm superior incompleto; 10,4% têm ensino médio completo; 1,9% tem ensino médio incompleto; e somente 0,9% tem ensino fundamental completo. Ninguém respondeu ter fundamental incompleto ou nunca ter estudado na vida. Informação semelhante ao perfil socioeconômico da cidade, em que são registrados altos índices de escolaridade em todas as faixas etárias, contendo também uma taxa consideradamente baixa de analfabetismo (5% da população).
Os valores que fazem referência à faixa de renda mensal de ganhos de cada indivíduo foram 19,8% com renda de até 1 salário mínimo; mais da metade, 62,2%, com renda de 1 podendo chegar a 5 salários mínimos; 10,4%, de 5 chegando a 10 salários mínimos; 7,5% tendo renda de mais de 10 salários mínimos. Esses dados são equiparados ao perfil socioeconômico, que tem a mesma gradação, na comparação de pessoas que possuem alguma renda. A maior porcentagem é da variação de 1 até 5 salários, seguida por até um salário e, em menores números, mais de 5 salários
Quanto ao tipo de residência, percebe-se que muitos dos entrevistados (80,2%) moram em casas, espaço que permite se ter um jardim próprio. Outra parcela dos entrevistados (17,9%) mora em apartamentos, onde podem ter acesso a um jardim coletivo ou ter vasos de plantas dentro da residência, e uma porcentagem mínima reside em outros tipos de habitação, sendo 0,9% em kitnet e 0,9% em condomínio fechado.
Quase todos relataram possuir um jardim ou plantas em suas residências (Gráfico 1), um total de 85,8%, demonstrando, assim, um grande interesse em ter a natureza por perto, fazendo parte de seu convívio e rotinas diárias. Apenas 14,2% do total apresentou desinteresse em manter algum tipo de planta ou jardim dentro de seu local de moradia.
Como já citado anteriormente, a cidade recebeu o selo de uma das cidades mais arborizadas do mundo, concedido pela Arbor Day Foundation, instituição não governamental com visibilidade mundial sobre arborização urbana, reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). A percepção da pesquisa aponta então que seus participantes não somente gostam de ver as árvores nas ruas, mas também em suas moradias, sejam elas em jardins externos em casas, sejam elas plantadas em vasos dentro.
Assim como a maior parte dos entrevistados possui jardim, também cultivam essas plantas, tendo noções básicas de como se cuida de uma planta; afinal, para manter um jardim vivo, são necessários cuidados. Conforme o Gráfico 2 abaixo, apenas 18,9% foram os que responderam não saber como cuidar de uma planta, 41,5% já sabem como se cuida de uma planta e os 39,6% restantes estão aprendendo quais são os melhores cuidados a se ter para manter as plantas vivas e saudáveis.
Solicitados em listar 10 plantas que fossem de seu conhecimento, em questão discursiva, os nomes que mais apareceram, seguidos pela quantidade de pessoas que citaram, foram: samambaia (66); orquídea (49); rosa ou roseira (44); cacto (36); espada-de-são-jorge (34); palmeira (29); bromélia (27); suculenta (25); ipê (25); costela-de-adão (20); coqueiro (20); girassol (18); primavera (16); lírio (16); jiboia (14); rosa ou flor-do-deserto (13); comigo-ninguém-pode (12); margarida (12); copo-de-leite (12); mangueira (10); pinheiro (10); e babosa (10).
Analisando isso, percebe-se uma preferência por plantas ornamentais, compostas por folhas e flores, tendo apenas a mangueira e o coqueiro como árvore frutífera. As citadas rosa, espada-de-são-jorge, orquídea, jiboia, margarida, comigo-ninguém-pode e copo-de-leite são todas espécies exóticas (SIVIERO et al., 2014SIVIERO, Amauri; DELUNARDO, Thiago Andrés; HAVERROTH, Moacir; OLIVEIRA, Luis Cláudio de; ROMAN, André Luis Cote; MENDONÇA, Ângela Maria da Silva. Plantas ornamentais em quintais urbanos de Rio Branco. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, Belém, v. 9, n. 3, p. 797–813, set./dez. 2014.), e as muito citadas orquídeas e bromélias são plantas ornamentais típicas do Cerrado, bioma da cidade (SILVA, 2019SILVA, Mayara Wesley. Plantas Ornamentais do Cerrado. Renefara, Goiânia, v. 14, n. 1, jan./abr. 2019.).
Nenhuma pessoa vê paisagismo se aplicando estritamente em jardins, tendo 100% de concordância. Os entrevistados acreditam que o paisagismo pode, sim, estar presente em jardins, mas também em praças, ruas ou qualquer outro lugar que se queira. Ainda, sobre o assunto, uma boa porcentagem dos entrevistados (62,3%) sabe que o projeto paisagístico não se resume apenas a plantas (Gráfico 3), podendo conter outros elementos como destaque na composição da paisagem. Outros 37,7% creem que plantas devem ser elemento central de um projeto paisagístico.
Paisagismo como arte de projetar e transformar a paisagem de um ambiente, lugar ou cidade não necessariamente está ligado a plantas e jardins, como alguns imaginam, ainda que seja a forma mais conhecida de paisagismo. Conforme Gengo e Henkes(2013)GENGO, Rita de Cassia; HENKES, Jairo Afonso. A utilização do paisagismo como ferramenta na preservação e melhoria ambiental em área urbana. Gestão e Sustentabilidade Ambiental, Florianópolis, v. 1, n. 2, p. 55–81, 2013. Disponível em: https://portaldeperiodicos.animaeducacao.com.br/index.php/gestao_ambiental/article/view/1206
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, podendo ser inserido no contexto urbano em vários segmentos, seja na área pública, seja na área privada, o paisagismo se aplica onde está presente a convivência humana, fazendo com que a qualidade do entorno local tenha uma melhora, priorizando a valorização do equilíbrio social, ambiental, estético e ecológico.
Nenhum dos entrevistados é indiferente quanto ao paisagismo, somente 3,8% acham que o paisagismo ocupa um espaço que poderia ser aproveitado para fins melhores, o restante vê no paisagismo alguma importância, seja como parte fundamental do espaço (67%), seja como forma de relaxamento e embelezamento do lugar (29,2%), como é possível perceber no Gráfico 4.
O paisagismo demonstra suma importância ao trazer de volta o verde aos centros urbanos; por mínimo que seja o espaço, há sempre uma possibilidade de fazer a integração entre homem e meio ambiente. O equilíbrio das grandes cidades com a parte ecológica é dependente do paisagismo cada vez mais, tornando-se necessário que sua aplicação seja para além do decorativo, trazendo um equilíbrio ao ecossistema (GENGO; HENKES, 2013GENGO, Rita de Cassia; HENKES, Jairo Afonso. A utilização do paisagismo como ferramenta na preservação e melhoria ambiental em área urbana. Gestão e Sustentabilidade Ambiental, Florianópolis, v. 1, n. 2, p. 55–81, 2013. Disponível em: https://portaldeperiodicos.animaeducacao.com.br/index.php/gestao_ambiental/article/view/1206
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).
Sobre a diferença entre jardinagem e paisagismo, a maior parte das respostas (83%) afirmou saber que jardinagem e paisagismo não são a mesma coisa. Uma pequena parcela (17%) ainda não consegue distinguir direito as duas coisas, sabe que há diferenças entre elas, mas acha que são coisas parecidas.
Pelo dicionário Michaelis (2020MICHAELIS – dicionário brasileiro da Língua Portuguesa. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2020. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/. Acesso em: 12 ago. 2020.
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, on-line), paisagismo é definido como:
[...]
2 ARQUIT Estudo complementar da arquitetura que consiste nos processos de preparação e realização de paisagens.
3 ARQUIT, URB Técnica e arte de elaborar projeto paisagístico de áreas externas, de uso coletivo, detalhando os elementos (naturais e materiais) a serem utilizados, projetando a iluminação e a circulação e especificando e distribuindo o plantio, visando a integração e a segurança do homem com o espaço.
Ainda, o mesmo dicionário define jardinagem como:
Arte de cultivar jardins.
AGR Prática adotada em bosques ou matas que consiste em cortar as árvores velhas e doentes para que não interfiram no desenvolvimento natural de outras.
Ambos os termos estão ligados a paisagens naturais no meio urbano; porém, como os significados sugerem, o paisagismo está na elaboração de um projeto para paisagem, fazendo com que ela seja harmoniosa com o seu entorno. Já a jardinagem é o cultivo ou a implantação do projeto paisagístico no âmbito das plantas como um jardim, quase sempre as duas coisas estão em conjunto, sendo complementares uma da outra.
Analisando a expressão de que que as plantas podem influenciar na temperatura de um local, 2,8% nunca ouviram falar que plantas podem interferir no microclima de um espaço, enquanto os outros 97,2% já tiveram contato com a afirmação (Gráfico 5), podendo ter uma experiência própria sobre o caso indo em fazendas ou locais com muita vegetação presente.
Conhecimento das pessoas sobre a influência das árvores na temperatura de um determinado local
Conforme Oliveira (2011)OLIVEIRA, Angela Santana. Influência da vegetação arbórea no microclima e uso de praças públicas. Cuiabá: UFMT, 2011., elementos urbanos individuais e seus elementares arranjos, como praças, edifícios, ruas e pequenos jardins são fatores em que suas variáveis podem definir e alterar o microclima. A cidade tem um clima próprio, devido a sua superfície urbanizada que produz aumento de temperatura, diminuição de impermeabilidade, umidade e outros fatores. Assim sendo, em regiões mais urbanizadas, é notado um clima mais quente, enquanto áreas com mais espaços ocupados por vegetação sofrem um declínio na temperatura.
Sobre o benefício que o contato com as plantas pode proporcionar para a vida das pessoas, ninguém dispensou completamente essa hipótese para responder que não. Uma porcentagem mínima, representada por 0,9% dos entrevistados, tem dúvidas sobre esse benefício gerado pelo contato com as plantas, respondendo um talvez. Quase todos os entrevistados (99,1%) não têm dúvidas e acham que sim, podem ser beneficiados positivamente de alguma forma por essa relação entre seres humanos e plantas, trazendo bem-estar aos que se permitem essa conexão, como representado no Gráfico 6.
Tupiassú (2008)TUPIASSÚ, Assucena. Da planta ao jardim: um guia fundamental para jardineiros amadores e profissionais. São Paulo: Nobel, 2008., em seu livro sobre jardim e jardinagem, faz uma lista elencando 17 importantes aspectos que trazem benefícios aos seres humanos em ter a presença das plantas em suas vidas e no cotidiano, e como o resgate do verde na cidade ajuda a reduzir os impactos causados pela urbanização. São eles:
1. Áreas verdes proporcionam harmonia, paz. Não é à toa que chamamos a natureza de Mãe Natureza, pois é onde estamos protegidos. 2. Deixam os espaços mais bonitos e agradáveis. 3. Reduzem a poluição do ar, pois pela fotossíntese transformam gás carbônico em oxigênio, além de funcionarem como filtro, retendo as partículas suspensas no ar (poeira) em suas folhas e impedindo que entrem em nosso sistema respiratório. 4. Protegem o solo e controlam a erosão. Suas raízes evitam o desmoronamento, pois seguram e mantêm a terra. 5. São fundamentais para o controle da poluição dos cursos de água. Agem como filtro para lixo e poluentes. 6. São utilizadas na produção de remédios, naturais e sintetizados. 7. Ajudam a controlar a poluição sonora, funcionando como filtro. 8. Ajudam no controle de enchentes, pois onde há plantas a terra é permeável, permitindo que a água desça e não fique acumulada sobre a superfície. 9. Ajudam a reabastecer o lençol freático com a água que desceu das áreas permeáveis. 10. Contribuem para o aumento da diversidade biológica, pois fornecem abrigo e alimento para a maioria dos animais. 11. Direta ou indiretamente, o que comemos vem das plantas terrestres ou aquáticas. 12. Muitas pessoas trabalham na produção, transporte, comércio, criação e execução de projetos de jardins. É uma das áreas que mais cresce no Brasil. 13. Participam da economia, pois produzem madeira, celulose, resina, látex, perfumes, corantes etc. 14. Servem de proteção nas estradas, diminuindo acidentes. 15. Diminuem e conduzem ventos, agindo como uma barreira. 16. Amenizam temperaturas, não só por produzir sombra, como por aumentar a umidade relativa do ar. 17. Escondem ou realçam detalhes de construções. (TUPIASSÚ, 2008, p. 16TUPIASSÚ, Assucena. Da planta ao jardim: um guia fundamental para jardineiros amadores e profissionais. São Paulo: Nobel, 2008.).
Estar em um lugar onde elementos como plantas, árvores e sombra estejam presentes faz com que 100% dos que responderam à pesquisa sintam-se melhor, demonstrando que a natureza junto ao paisagismo faz diferença em seu bem-estar. Questionados sobre a melhor maneira pessoal de estar presente na natureza, 55,7% preferem interagir com a natureza, por exemplo, dando atenção às regas, adubo, cuidado com pragas, enquanto 44,3% preferem apenas contemplá-la estando perto (Gráfico 7), observando suas formas, seus movimentos, sentindo seus diferentes aromas.
Apesar de ter como uma de suas principais e mais conhecidas ferramentas a esfera decorativa e o equilíbrio ecológico, no paisagismo existem mais considerações a serem analisadas e incorporadas na paisagem. A utilização dos sentidos para a percepção do espaço traz bem-estar físico e psicológico para quem está presente dentro do espaço projetado (COSTA, 2019COSTA, Douglas Rodrigo. Paisagismo Sensorial: o uso dos sentidos em propostas de paisagismo. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Ciências Biológicas) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Dois Vizinhos, PR, 2019.).
As escolhas sobre ter um belo jardim foram bem variadas, podendo-se escolher mais de uma opção nessa questão, os números encontrados foram de 83%, muitas flores; 79,2%, bastante grama e vegetação baixa; 72,6%, um banco; 68,9%, árvores frutíferas; 55,7%, muitas árvores; 53,8%, plantas em vasos; 40,6%, uma horta; 23,6%, fonte e estátuas; e 24,5%, plantas podadas em formatos. A opção não gosto de jardins não foi assinalada resultados (Gráfico 8).
Características essenciais, segundo a opinião dos entrevistados, para a construção de um belo jardim
As interações com a natureza, sendo ativas ou passivas, acabam por se transformar em estímulos para o relaxamento e lazer. O paisagismo como movimento artístico é o único em que fazer o uso dos cinco sentidos é possível, a audição, o tato, a visão, o paladar e o olfato. Quanto mais um jardim aguçar os sentidos de quem está presente nele, sendo a essência dos espaços composta por elementos da natureza, melhor terá sido cumprido o seu papel, estimulando valores estéticos, afetivos, culturais, econômicos, ecológicos e sociais, como menciona Costa (2019)COSTA, Douglas Rodrigo. Paisagismo Sensorial: o uso dos sentidos em propostas de paisagismo. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Ciências Biológicas) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Dois Vizinhos, PR, 2019.. Assim sendo, ter uma flor no jardim pode ativar a visão e o olfato, um banco traz o tato para dentro do projeto, fontes ativam a audição, uma horta vai trabalhar o paladar, e, assim, o paisagista vai inserindo os sentidos na paisagem.
Dos conhecimentos que um paisagista deve ter, 84,9% dos entrevistados assinalaram que deve saber sobre vários fatores inerentes à vida em sociedade; 71,7% disseram que precisa saber sobre plantas; 60,4%, que precisa saber sobre pessoas; 47,2%, que precisa saber sobre animais; e 5,4% acrescentaram mais pontos, compostos por: solo, clima, sustentabilidade, decorações, costumes regionais e condições climáticas e biomas, paisagens naturais e conservação (Gráfico 9).
Áreas de estudo e entendimento de um paisagista segundo conhecimentos pessoais dos entrevistados
O paisagista é responsável por projetar jardins, mas, para além disso, criar harmonia em todo o espaço e contexto onde também estão presentes construções, integrando todas as coisas vivas e não vivas. Necessário englobar nesse processo meios culturais, sociais, históricos e ambientais, unindo micro e macro escalas, ciência e arte na criação das paisagens como diz Waterman (2011)WATERMAN, Tim. Fundamentos de paisagismo. Tradução técnica de Alexandre Salvaterra Porto Alegre: Bookman, 2011. em seu livro “Fundamentos de Paisagismo”.
Ao se perguntar aos entrevistados se contratariam um paisagista, um pequeno número (4,7%) do total respondeu que não e, como justificativa para tal resposta, disseram já serem profissionais da própria área ou de alguma área correlata, e apenas uma pessoa (0,9%) desse número justificou como não sendo de seu interesse; 19,8% disseram ainda não ter certeza, mas haveria possibilidade de uma contratação; e 75,5% com certeza contratariam os serviços prestados por um paisagista, conforme o Gráfico 10.
Porcentagem de pessoas que fariam a contratação dos serviços de um profissional paisagista
Áreas tratadas paisagisticamente por um profissional ajudam pessoas adultas a relaxarem e reabastecerem sua energia para encarar o dia a dia nas cidades, assim como crianças a brincarem e descobrirem a natureza. A necessidade de ter as plantas no urbano torna o paisagismo e seus horizontes bem mais significativos para o equilíbrio e a qualidade de vida. Com novas fontes tecnológicas, hoje já se consegue trabalhar em um jardim de modo a aprimorar a qualidade de criação e produção de forma mais descontraída e relaxada (ABBUD, 2006ABBUD, Benedito. Criando paisagens: guia de trabalho em arquitetura. 4. ed. São Paulo: Editora SENAC, 2006.).
Todos os que responderam que contratariam um paisagista justificaram sua resposta, de maneira geral, como acreditando que esse profissional tenha melhores capacidades técnicas e específicas para esse tipo de serviço, para embelezar seu ambiente, trazendo harmonia e aconchego, a fim de obter uma melhor adequação e organização das plantas no local e para a promoção de uma melhor qualidade de vida em seu espaço.
Para realizar o trabalho em um ambiente, o profissional paisagista terá bases em estudos e técnicas que lhe permitirão fazer a modificação do ambiente conforme seja melhor para os anseios humanos. Para a elaboração do projeto em meio a objetos já construídos, ele terá inúmeras possibilidades para trabalhar as plantas e seus sentidos, a fim de estimular uma ligação positiva entre a paisagem que será produzida e as pessoas que desfrutarão do lugar (COSTA, 2019COSTA, Douglas Rodrigo. Paisagismo Sensorial: o uso dos sentidos em propostas de paisagismo. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Ciências Biológicas) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Dois Vizinhos, PR, 2019.).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve o objetivo de avaliar a percepção de uma parcela de moradores da cidade de Campo Grande sobre o que pensam e como sentem o paisagismo em suas vidas, a fim de compreender se a preocupação e o zelo com a preservação e inserção da natureza no meio urbano, que levaram o município a se tornar um dos mais arborizados do mundo, também estão presentes em seus moradores.
Nos resultados, foi identificado que 85,8% dos entrevistados têm algum tipo de planta em casa, 41,5% sabem cuidar de plantas, 62,3% acham que paisagismo pode ser praticado sem a necessidade do uso de plantas vivas, 67% consideram o paisagismo fundamental e 75,5% contratariam os serviços de um paisagista. Diante disso, as pessoas entrevistadas também informaram que o uso de plantas vivas em projeto de paisagismo pode alterar a temperatura do local onde o projeto foi instalado, assim como o seu uso pode ser benéfico à saúde humana.
O estudo demonstra que a parte campo-grandense analisada tem uma grande preocupação dentro de suas residências em ter a natureza por perto, seja na forma de um jardim, seja de outra maneira, como plantas em vasos. Também é consciente dos inúmeros benefícios que os jardins podem trazer em suas rotinas, como a melhora na qualidade de suas vidas, com um contato mais próximo com as plantas, contemplando a paisagem e sentindo a melhora na temperatura local, o despertar dos sentidos para poder desfrutar de tudo isso que a natureza oferece, estando em processo de aprendizagem de cuidados ou já sabendo como elas funcionam e do que necessitam.
REFERÊNCIAS
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- WATERMAN, Tim. Fundamentos de paisagismo Tradução técnica de Alexandre Salvaterra Porto Alegre: Bookman, 2011.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
27 Fev 2023 -
Data do Fascículo
Oct-Dec 2022
Histórico
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Recebido
29 Nov 2021 -
Revisado
25 Jul 2022 -
Aceito
28 Set 2022