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Apresentação

Presentation

Apresentação/Presentation

Giovanni ParodiI; Marcos BaltarII

IPontificia Universidad Católica de Valparaíso - Chile

IIUniversidade Federal de Santa Catarina - Brasil

O V Simpósio Internacional de Estudos de Gêneros Textuais - SIGET -, ocorrido em Caxias do Sul, Brasil, de 11 a 14 de agosto de 2009, reuniu um número expressivo de conferências e comunicações de altíssima qualidade. A comissão organizadora do evento coordenou a publicação de uma seleção de trabalhos em diversos periódicos científicos, distribuídos de acordo com três temáticas convergentes, a saber, Gêneros Textuais e Letramento; Gêneros Textuais e Mídia e Gêneros Textuais e Práticas Profissionais. Neste número especial monográfico apresentamos um grupo de 12 artigos, os quais, em síntese, giram em torno de gêneros e ideologia, gêneros acadêmicos e profissionais, e gêneros e análise crítica.

O primeiro trabalho, de Charles Bazerman, initula-se Scientific knowledge, public knowledge, and public policy: Genred formation and disruption of knowledge for acting about global warming. Nesse artigo Bazerman reflete acerca da relação entre conhecimento, gênero discursivo e instituições de esferas governamentais e corporativas. Focaliza os gêneros como repositórios de conhecimento e, através desse tipo de relações sinérgicas emergentes, a consequente construção da identidade nacional. De modo especial, abarca estudos prévios e em curso, baseados fundamentalmente em eventos e evidências dos Estados Unidos da América do Norte, no âmbito do papel que esse país exerce na cooperação científica internacional. Na sequência, o artigo Accessibility of discoursal data in Critical Genre Analysis: International commercial arbitration practice, de Vijay Bhatia, a partir da perspectiva da análise crítica do gênero, explora a prática profissional da arbitragem e o impacto das questões internacionais, como a estrita confidencialidade nesses processos discursivos. Bhatia assume o desafio de explorar as implicações para superar as complicações da investigação neste domínio e sugere alguns caminhos fecundos para estudos futuros. No mesmo âmbito do trabalho com análise crítica de gênero, Adair Bonini, da Universidade Federal de Santa Catarina, oferece o artigo: Critical genre analysis and Professional practice: the case of public contests to select professors for Brazilian public universities. O autor discute de modo contundente, a partir do quadro teórico que sustenta sua investigação, as razões e métodos que utilizou para realizar o estudo e análise de gêneros profissionais. Em seguida, focaliza um estudo preliminar dos gêneros presentes na prática social dos concursos públicos para preencher cargos de professores nas universidades brasileiras. A partir dessa análise, Bonini apresenta exemplos apropriados que ilustram de forma clara as complexas relações da linguagem nesse meio profissional. Segundo o autor, trata-se de uma excelente oportunidade para identificar como a análise crítica de gênero constitui uma poderosa ferramenta de investigação científica. O quarto artigo, de Valéria Iensen Bortoluzzi, do Centro Universitário Franciscano, intitula-se The agreed decision genre and the recontextualization of social actors. Neste artigo, a autora procura mostrar como os atores sociais são recontextualizados em decisões consensuais. Para fazer isso, Bortoluzzi beseia-se no estudo de 24 diferentes decisões. Como parte dos resultados mais relevantes, inscrevem-se a personalização, a despersonalização e a passividade. Em um artigo intitulado Academic and Professional genre variation across four disciplines: exploring the PUCV-2006 corpus of written Spanish, Giovanni Parodi, da Pontificia Universidad Católica de Valparaíso, a partir de uma visão multidimensional do gênero, apresenta uma pesquisa de um corpus de 58 milhões de palavras disponíveis on-line (www.elgrial.cl), que identifica os gêneros discursivos presentes em quatro disciplinas científicas no âmbito acadêmico e profissional. A análise dos gêneros identificados revela que existem vários mecanismos da linguagem para construir, acessar e transmitir os conhecimentos da disciplina. A investigação gera particular interesse pelo fato de que, no campo profissional, o número e a variedade de gêneros é três vezes maior do que no campo acadêmico. O sexto trabalho denomina-se Defining the genre of Mexican business e-mail, e é escrito por Therese Judge, da Grand View University. Esse artigo descreve um estudo contrastivo entre o espanhol e o inglês — mais particularmente, o espanhol mexicano e o inglês norte-americano, em interações discursivas através de e-mails. O estudo utilizou técnicas qualitativas e quantitativas e os resultados obtidos confirmam estudos anteriores, mas também fornecem evidências de que há inovação neste campo de estudo. O sétimo artigo, de Tosh Tachino, da University of Winnipeg, intitula-se Genre, ideology, and knowledge in academic research and public policy. O autor centra seu trabalho sobre a interessante e pouco explorada dimensão ideológica do gênero e decide explorar a questão da mobilização do conhecimento como um meio de negociação ideológica entre gêneros de investigação e gêneros legais. Para isso, baseou seu estudo em conceitos centrais de Foucault e Bhatia, empreendendo a análise de gêneros legais que regulam a extensão e o modo de mobilização do conhecimento, mas também, ao mesmo tempo, obscurecem os meios de executar essa função. O oitavo artigo, de Anna Rachel Machado, da PUC-São Paulo, e Eliane Gouvêa Lousada, da Universidade de São Paulo, A apropriação de gêneros textuais pelo professor: em direção ao desenvolvimento pessoal e à evolução do 'métier', discute o papel que o ensino de gêneros textuais pode desempenhar na atividade de trabalho docente e sobre o desenvolvimento pessoal do professor, bem como para a evolução de seu "métier". Para alcançar esse objetivo, as autoras apoiam-se em pressupostos teóricos desenvolvidos no quadro da psicologia vigotskiana. Elas levantam as questões de que o conceito de artefato tem sido apreendido equivocadamente a partir de leituras dos PCNs e dos textos de Schneuwly, como instrumento material e não psicológico, e de que o enfoque do trabalho com gêneros tem recaído mais no desenvolvimento de capacidades e de leitura e produção do que no desenvolvimento do professor e na evolução do "métier". Em síntese, as autoras defendem a tese de que o professor deve se apropriar do artefato (por si e para si) e se certificar de que ele possa ser útil para o seu trabalho, para si mesmo, para sua transformação, para seu bem-estar, e não apenas para o aluno. O nono artigo, de Maria Auxiliadora Bezerra, da Universidade Federal de Pernambuco, Descrição do gênero "defesa" de trabalhos de grau: tipificação e singularidade, apoiado na concepção de gêneros como formas tipificadas e recorrentes de ação social, descreve e analisa defesas de dissertação de mestrado e teses de doutorado para propor o termo "defesa de trabalho de grau" como uma forma superordenada de ação social distinta dos gêneros escritos dissertação/tese. Os dados empíricos da análise foram extraídos de um conjunto de cinco defesas audiogravadas e de respostas de nove pessoas presentes nesses eventos que responderam à pergunta "O que é uma defesa de dissertação/tese?" A autora assevera que a descrição e a análise demonstram ser a defesa um gênero. O décimo trabalho, de Solange Teresinha Ricardo de Castro, da Universidade de Taubaté, intitulado Formação docente no trabalho com gêneros textuais na graduação em Letras: construindo a relação entre a aprendizagem e o ensino em aulas de línguas, discute o processo de (re)constituição das representações sobre ensinar e aprender línguas, como práticas sócio-histórico-culturais, de futuros professores, em uma aula de inglês de um curso de graduação em Letras, como visto nos relatos reflexivos por eles escritos. A autora, ancorada no quadro da linguística sistêmica funcional, a partir da análise de relatos reflexivos de estudantes de inglês, argumenta que a análise e a reflexão sobre a aprendizagem devem ser realizadas nas aulas de línguas, à luz das situações de sala de aula vivenciadas. O décimo primeiro artigo, "Roteiros da entrevista clínico-psiquiátrica - diretrizes teórico-metodológicas: a rotina estabelecida pela tradição e pelos costumes", de Tânia Conceição Pereira, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, analisa dois roteiros de entrevista clínica: um centrado no paciente; outro centrado no médico, para estudar o comportamento linguístico-discursivo dos participantes do encontro - médico e paciente. A autora, depois de analisar cinco manuais, conclui que os roteiros inserem-se em dois modelos: um modelo de medicina centrada no médico como especialista, com ênfase nos conteúdos/tópicos da entrevista, evidenciando um controle maior do médico especialista, e um modelo centrado no paciente, cujo foco é a interação, a partir da inserção do paciente no discurso. O décimo segundo artigo, Gêneros textuais e educação inicial do professor de língua inglesa, de Vera Lúcia Lopes Cristovão, da Universidade Estadual de Londrina, analisa as características de artigos de opinião de profesores em formação e seus respectivos perfis profissionais, que se constroem discursivamente nos textos analisados. À luz dos pressupostos do Interacionismo Sociodiscursivo, a autora revela que as produções textuais puderam mostrar que o processo de aprendizagem de uma atividade linguageira específica (produção escrita de um artigo de opinião) levou os alunos-professores a confrontar tanto seus conhecimentos de língua quanto seus saberes sobre uma situação profissional específica.

Na certeza de que este número especial traz importantes contribuições para os estudos sobre gêneros profissionais no Brasil e no exterior, desejamos a você, colega pesquisador, uma excelente leitura.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Mar 2011
  • Data do Fascículo
    Dez 2010
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