Resumo
O artigo analisa os impactos da pandemia em jovens estudantes e egressos do ensino médio em escolas do Rio Grande do Sul. Com relatos de suas vivências no isolamento social, apreende-se quais questões são relevantes no referido momento. Realizaram-se 44 entrevistas online com jovens de 15 a 23 anos em três cidades: Caxias do Sul, Pelotas e Porto Alegre, entre outubro de 2020 e abril de 2021. A questão-guia da análise foi a percepção sobre o período pandêmico para suas vidas. As entrevistas tiveram focos narrativos, abordando os temas autoanálise, ensino remoto, rearranjos familiares, mudanças no trabalho e formas de interação. Percebeu-se a mudança de padrões de sociabilidade, via de regra com percepção negativa sobre o atual momento, a dificuldade na mudança das relações presenciais para virtuais, em especial, no aspecto educacional, o sentimento de isolamento e as dificuldades financeiras.
Palavras-chave: Juventude; Entrevista narrativa; Isolamento social; Pandemia
Abstract
The article analyzes the impacts of the pandemic on young students and graduates of high school in schools in Rio Grande do Sul. With reports of their experiences in social isolation it is apprehended which issues are relevant at that moment; it was carried out 44 online interviews with young people aged 15 to 23 years in three cities: Caxias do Sul, Pelotas and Porto Alegre, from October 2020 to April 2021. The guiding question of the analysis was the perception about the pandemic period for their lives. The interviews had narrative focuses, addressing the themes of self-analysis, remote learning, family rearrangements, changes at work and forms of interaction. It was perceived the change of sociability patterns, usually with negative perception about the current moment, the difficulty in changing face-to-face relationships to virtual ones, especially in the educational aspect, the feeling of isolation and financial difficulties.
Keywords: Youth; Narrative interview; Social isolation; Pandemic
Resumen
El artículo analiza los impactos de la pandemia en los jóvenes estudiantes y graduados de la escuela secundaria en las escuelas de Rio Grande do Sul. Con los relatos de sus experiencias en el aislamiento social se aprecia cuáles son los temas relevantes en ese momento; se realizaron 44 entrevistas online a jóvenes de 15 a 23 años en tres ciudades: Caxias do Sul, Pelotas y Porto Alegre, desde octubre de 2020 hasta abril de 2021. La pregunta que guiaba el análisis era la percepción sobre el periodo de pandemia para sus vidas. Las entrevistas tenían enfoques narrativos, abordando los temas del autoanálisis, el aprendizaje a distancia, los reajustes familiares, los cambios en el trabajo y las formas de interacción. Se percibió el cambio de patrones de sociabilidad, generalmente con percepción negativa sobre el momento actual, la dificultad de cambiar las relaciones presenciales por las virtuales, especialmente en el aspecto educativo, la sensación de aislamiento y las dificultades económicas.
Palabras clave: Juventud; Entrevista narrativa; Aislamiento social; Pandemia
Introdução
No final de 20192 foram registrados diversos casos de pneumonia grave na China, espalhando-se muito rapidamente para todo o globo e sendo posteriormente identificado como Covid-19 (Ciotti et al. 2020). Enquanto não havia sido criada uma vacina, como forma de evitar o contágio em massa, o protocolo adotado foi o isolamento social. Neste contexto, parte-se nessa análise da compreensão de que a pandemia produziu e produz mudanças em padrões societais que diferem levando-se em consideração aspectos como geração, gênero, classe, região e outras variáveis pertinentes conforme o caso em foco. Considerando o enfoque geracional da juventude (Mannheim 1986; Weller 2010), emprega-se o conceito de enteléquia geracional, compreendida como a forma específica de experienciar a realidade, o que não se expressará de forma homogênea ao se observar distinções em unidades geracionais elaboradas a partir de formas de socialização específicas oriundas da combinação de outras variáveis além da geração. Mesmo com tais diferenças é possível à juventude constituir “formas semelhantes de ordenação e estratificação dessas experiências” (Weller 2010, 213). Este artigo analisa como jovens estudantes e egressos do ensino médio definem e interpretam sua experiência social durante a pandemia. Buscando detalhar a definição da juventude, é interessante observar como “uma questão pode variar de país para país, assim como de uma época para outra” (Weller 2010, 208). Utiliza-se a idade de 15 a 24 anos como parâmetro, pois “é o que vem se tornando convenção, no Brasil […] pois corresponde ao arco de tempo em que, de modo geral, ocorre o processo relacionado à transição para vida adulta” (Abramo 2008, 45), cabendo ainda certa relativização dependendo dos casos em análise. É importante considerar que o tipo de gestão estatal e o modelo mercadológico – e sua inter-relação – afetam a sociedade e, nessa pesquisa, a juventude.
Com estas premissas, parte-se de um contexto com evidências de que o atual governo federal agiu de modo a impedir o combate à pandemia.3 Isso refletiu em uma taxa de desemprego de 14,7% da população, com 6 milhões de desalentados no primeiro trimestre de 2021 e que, entre a juventude, no ano de 2020, englobou 31% da população entre 18 e 24 anos.4 Considerando esses aspectos, analisa-se como esse grupo geracional tem enfrentado a situação contemporânea de afastamento social, que apresenta em diversas esferas sociais (educação, saúde, trabalho etc.) reflexos negativos para os jovens.5
O artigo analisa como os jovens concebem as mudanças ocorridas quanto à sociabilidade no período de isolamento social/Covid-19. Aqui, em razão da necessidade de compreender as formulações (a)teóricas advindas do campo de pesquisa, utiliza-se a formulação de Erving Goffman em interação com a sociologia do conhecimento (Raab 2019), especialmente, pela percepção da alteração de padrões comportamentais expresso em performance cotidiana sobre as interações sociais, abordando necessariamente os tópicos que foram apontados nas entrevistas. Apresentam-se os elementos teóricos para análise das entrevistas, a metodologia empregada, detalhando as entrevistas e os aspectos teórico-metodológicos. A análise tem como pergunta-chave: como tem sido o período de pandemia para ti? E, assim, serão abordados os focos narrativos das entrevistas concluindo com considerações sobre a análise.
Itinerário teórico
Os relatos dos(as) jovens abordam recorrentemente suas práticas durante a pandemia e as mudanças de padrões observados em suas participações em estruturas sociais. Foi comum o tema de suas rotinas e as adaptações necessárias à construção de experiências em contraste com o período anterior à pandemia, denotando a necessidade de considerar o relato da construção cotidiana de suas práticas sociais. Interessa, assim, a produção de conhecimento, interpretado como formas de compreensão da realidade a partir de determinada posição sobre a realidade cotidiana (Berger e Luckmann 2010), especialmente, as formulações geradas durante o período de isolamento. Tais interpretações ou, ainda, reconstrução destas práticas sociais, são centrais para a análise, pois constituem elemento fundamental da construção da realidade social dado que a vida cotidiana:
[…] contém o mundo que está ao meu alcance, o mundo em que atuo a fim de modificar a realidade dele, ou o mundo em que trabalho. Neste mundo do trabalho minha consciência é dominada pelo motivo pragmático, isto é, minha atenção a esse mundo é principalmente determinada por aquilo que estou fazendo, fiz ou planejo fazer nele. (Berger e Luckmann 2010, 39).
É necessário compreender a produção do conhecimento tendo em conta o pertencimento social e as formas de experiências dos sujeitos, mantendo atenção ao contexto. Essas experiências são estabelecidas em interações com outros sujeitos. A análise será precisa se o foco se detiver nas formas como os indivíduos se relacionam e produzem a realidade social. As formulações de Erving Goffman (2010, 2011, 2012, 2014) auxiliam no entendimento sobre a produção das experiências sociais, especificamente, a interpretação dos quadros de experiência como formas de construção da realidade, que ocorre a partir do compartilhamento de formas de atuação conforme a estrutura social da qual se participa. Essa atuação é um trabalho de produção de imagem de si (fachada), como denominou Goffman (2011), e teatralizada de forma conjunta, considerando papeis diversos que são prefigurados em dada situação social. É, em resumo, um trabalho social coletivo.
A seguir apresentam-se os conceitos empregados para auxiliar na análise.
Categorias da representação social
Goffman compreende por “quadro” a forma como os sujeitos definem a situação social da qual fazem parte e, consequentemente, a forma de envolvimento que terão (Goffman 2012, 34). Este envolvimento, por sua vez, será variável conforme a avaliação positiva ou negativa em relação ao quadro do qual se participa, identificável pela forma como se expressa a experiência (Goffman 2012, 425).
É possível que haja mudança do nível de envolvimento durante um determinado quadro em razão da forma como ocorre o seu desenvolvimento e de outros sujeitos que participam do quadro e, consequentemente, de seus envolvimentos e da forma como os expressam, assim como a maneira como os gerenciam, o que é demonstrado através da “modulação apropriada de envolvimentos situados” (Goffman 2010, 211). Em cada situação são observadas formas variadas de demonstração de envolvimento e de sua apresentação, o que ocorre a partir da linha6 adotada que, por sua vez, é apresentado pela fachada7 que o indivíduo adota. Esta é, portanto, a representação que utiliza através da verbalização, tonalização, gestos, expressões indexicais e dos cenários (Goffman 2012; 2014). Em resumo, são formas de representação em um quadro teatral que é variável conforme as mudanças percebidas. Para Goffman, as mudanças são divididas em espaços de contato, como o cenário, o qual dá suporte à fachada, e os bastidores, ou região de fundos.8
Essas categorias auxiliam na compreensão de como um processo social – por exemplo, um encontro – é elaborado por seus participantes. Importa para esta análise por que as entrevistas realizadas demonstraram que os(as) jovens entrevistados(as) referem-se às suas percepções de mudanças de processos de sociabilidade, o que se expressa na forma como suas rotinas e interações foram produzidas durante o período de isolamento, considerando as alterações nos padrões de sociabilidade via plataformas online, tema que vem sendo abordado a partir das lentes teóricas aqui propostas (Merukonvá e Slerka 2019; Benito-Montagut 2015; Hogan 2010; Radford et al. 2011; Rettie 2009). Assim, ao dar um enfoque teórico a partir das formulações de Goffman, espera-se compreender como as mudanças narradas podem ser mais bem analisadas.
Caminho metodológico
A pesquisa foi realizada com 44 jovens estudantes ou concluintes do ensino médio, entre 15 e 23 anos – 23 do gênero masculino e 21 do gênero feminino – oriundos do ensino estadual (18), federal (14) e privado (12), em três cidades do Rio Grande do Sul (Pelotas, Porto Alegre e Caxias do Sul). Em relação à cor, 32 declararam-se brancos, seis pardos, três negros e três não informaram.
As entrevistas foram conduzidas virtualmente, entre outubro de 2020 e maio de 2021. Esta é uma estratégia metodológica cada vez mais comum no meio acadêmico em função de suas facilidades (Hanna e Mwale 2019), além de ser ter viabilizado a realização da pesquisa no período pandêmico em que o contato físico não era recomendado. Os(as) entrevistados(as) puderam optar por participar da entrevista com câmera ligada (35 participantes) ou desligada (9 participantes). A preocupação em realizar as entrevistas com o vídeo e o áudio ligados se deu por entender que haveria maior envolvimento dos(as) entrevistados(as) na conversa, dado a necessidade de estabelecer mais aspectos da fachada (gestual, cênico, porte pessoal). Para todas as entrevistas foram utilizados o mesmo roteiro com oito temáticas e a questão de introdução do diálogo – tema do artigo. Ainda, decidiu-se manter as entrevistas dos(as) jovens que mantiveram a câmera desligada, pois eles tratavam de aspectos atinentes às interações sobre suas experiências escolares e abordavam questões referentes à fachada e à sociabilidade online.
Buscou-se para a análise, tópicos, categorias, e focos discursivos que demonstrassem regularidade na comparação e, portanto, pudessem mostrar a constituição de práticas e discursos comuns (Weller 2017), cabendo a verificação de alteridade não aos(às) entrevistados(as), mas ao pesquisador, justamente pela identificação de práticas e avaliações distintas sobre situações.
Para captar as tipologias considerou-se a necessidade de observar a saturação no campo da pesquisa qualitativa, ou seja, atingir padrões de respostas, incluindo as diferenças que podem ser observadas entre as conversas e com base em características que passam a ser identificadas processualmente pelo pesquisador. Em relação ao conteúdo das entrevistas, dado o objetivo de acompanhar narrativas, os questionamentos tratam da reconstrução de práticas. Assim, ao invés de perguntar-se “por que”, buscou-se o “como”, de modo a não se deter em aspectos avaliativos, que também são considerados na análise, mas à reconstrução de suas ações e interações (Weller e Otte 2014). Espera-se que pela definição dos quadros de experiência em relação à temática abordada seja possível identificar as orientações coletivas. Assim, expõe-se a análise da pergunta de abertura do roteiro de entrevista, que foi realizada após a apresentação, e o detalhamento sobre o termo de consentimento e sigilo da entrevista: “esse período de pandemia, poderias falar como tem sido para ti?”.
Nesse bloco foram identificados cinco focos narrativos: autoanálise, adequação ao ensino remoto, rearranjos familiares, mudanças no trabalho e formas de interação que têm relação com a mudança de padrões de sociabilidade, em especial, considerando a necessidade de diálogo online mais intenso.
Focos narrativos
A partir da pergunta de abertura os(as) entrevistados(as) iniciavam suas narrativas com enfoque no que consideravam mais pertinente, enfatizando aspectos sociais de forma avaliativa ou narrativa e buscando desenvolver esses tópicos.
A seguir apresentam-se esses tópicos detalhadamente.
Autoanálise
Autoanálise compreende as passagens em que o(a) entrevistado(a) deteve-se sobre as mudanças enfrentadas durante a pandemia, preocupações, ocupações e como isso os(as) afetou, sendo comum a expressão de sentimentos, via de regra negativos, em razão de solidão e da busca de práticas distintas, de forma a construir uma nova rotina.
Entre os entrevistados que relatam mudanças positivas, percebeu-se questões de autodesenvolvimento ou busca de reflexão sobre si e reenquadramento de suas experiências, que foi proporcionado pelo afastamento social. O relato a seguir aponta a possibilidade de autorreflexão e construção de planos:
M_01: Bom, ahn, tá sendo um ano bem intenso, assim, eu consegui me focar, assim, não sei, acho que foi um ano que eu consegui parar pra olhar pras minhas coisas e focar nelas, assim, então, no caso, eu estou pro pré-vestibular, então consegui focar bastante nisso, consegui “o que tá me atrapalhando?” olhar pra isso, então foi um momento bem de esmiuçar coisas pessoais, assim, acho que é isso. (Estudante escola privada, 18 anos, pardo, dez. 2020).
O próximo entrevistado avalia que o afastamento lhe auxiliou a reavaliar e a valorizar seus relacionamentos.
M_08: Minha relação com a minha família, com os meus amigos que eu, assim, nunca desprezei, nem nada do tipo, mas hoje eu vejo com outros olhos, consigo dar mais valor pra… pra essas coisas. (Estudante de escola privada, 18 anos, branco, nov. 2020).
O entrevistado demonstra ter alterado sua percepção dos quadros de experiência a partir do isolamento, que o impediu de manter formas de interação que eram comuns; a mudança da rotina parece ser um elemento relevante para a releitura de suas atividades. O entrevistado M_14 relata como o afastamento social e a mudança de planos produziu uma ressignificação do período e a construção de um novo projeto:
M_14: Começando a pandemia foi um choque, né? Um choque bem, bem forte. Mas, logo em seguida através de conversas com parentes e etecetera, eu vi que poderia tornar disso algo bom pra mim.
Entrevistador: Uhum.
M_14: Aí, foi aí que então que eu comecei a despertar um lado empreendedor meu, entendeu? Eu criei essa lojinha de doces e tal, online, tudo- assim, a princípio era só pra páscoa, né? Mas daí a gente começou a tocar ficha e tudo e hoje eu tô conseguindo trabalhar em feirinhas com minha namorada e tá sendo muito bom assim. Eu, eu tinha zero expectativa pra esse ano e eu tô me surpreendendo bastante. […] E a partir daí a gente começou a montar assim, nossa lojinha, online. (Estudante de escola estadual, negro, 19 anos, nov. 2020).
Entre os(as) entrevistadas que focaram em aspectos negativos, percebeu-se como fatores determinantes as questões financeiras e as mudanças nos padrões de sociabilidade, em sentido restritivo, como é possível observar na próxima entrevista:
F_24: No começo da pandemia eu fiquei sem internet em casa, sem internet, a gente teve umas dificuldades financeiras, né? Aí com o auxílio deu uma melhoradinha, mas agora também já começou dificultar novamente, né? E aí começou a ficar um pouco mais complicado de ter acesso a internet, aos conteúdos, e aí né? Ainda bem que não tem aula por enquanto até a gente dar um jeito. Mas, é assim, o dia-a-dia mudou muito, muito, só família. A gente vê só família, não tem contato com as pessoas de fora, não tem a mesma, não é a mesma coisa, faz muito tempo que eu não vou, não saio, não vou no centro, não pego ônibus, não faço nada, só mesmo em casa. (Estudante de escola federal, branca, 19 anos, fev. 2021).
Considerando as entrevistas realizadas pode-se afirmar que o isolamento social foi impactante para os(as) entrevistados e suas famílias, e não foram mais severas pela existência de programas estatais de transferência de renda. Observa-se a alteração dos quadros de experiência nas famílias, tanto referente ao tempo de convivência quanto às formas de sociabilidade. A impossibilidade de manter padrões de relacionamento social prévios à pandemia apareceu como tema frequente:
F_11: Olha, eu diria que pra mim a parte mais difícil foi a questão da socialização, né? Eu era uma pessoa muito comunicativa, amava sair de casa, ir pra festa, ir jantar numa amiga, enfim, saia de casa todo fim de semana e pra mim é uma válvula de escape, né? Amava, amava, era muito bom pra mim. No momento que eu comecei a ficar em casa com a minha família foi um baque assim, porque eu não tinha uma convivência de tantas horas do dia, até porque eu fugia um pouco, eu quando me incomodava me isolava muito ou saia de casa. (Estudante de escola privada, branca, 17 anos, abr. 2021).
A sociabilidade com os pares aparece como elemento constante na percepção negativa dos jovens em relação ao isolamento. No entanto, é preciso notar a diferença dos dois primeiros relatos para os posteriores no que diz respeito à questão econômica. Nesse sentido, utiliza-se o contraste para percepção da existência de uma moratória geracional restrita – ver o relato a seguir:
F_02: Ahn, foi bem frustrante nesse sentido pra mim porque no fim eu não consegui ficar com meus amigos e eu acabei ficando bem isolada em casa só com a minha família e eu tive que me virar mesmo porque eu queria passar direto no vestibular, ainda quero, então, eu fiquei muito mais focada nos estudos do que em qualquer outra coisa, o ano inteiro, assim. (Estudante de escola privada, branca, 18 anos, fev. 2021).
Para alguns jovens há condições de aplicar-se nos estudos e nas preocupações com a restrição das possibilidades de sociabilidade porque lhes é garantida uma estrutura familiar e econômica com tal enquadramento social. Isto é possível dado que suas experiências não requerem, nesse momento de suas vidas, preocupação com o seu sustento econômico e com o de sua família, sendo que esta não é uma condição verificada em relatos com teor negativo. Não se afirma que tais preocupações sejam antagônicas, apenas que é preciso atentar-se para os marcadores sociais no qual o quadro de experiências desses jovens se desenrola.
Considerando o observado nas entrevistas, a ênfase no principal problema se dará conforme as necessidades verificadas imediatamente (ou sua ausência) e, consequentemente, com o envolvimento que é gerado nos quadros de experiência, sendo relevante o desgaste emocional pela ausência de contato com amigos e, de outro lado, excesso de contato com familiares, levando, em alguns casos, à busca de isolamento.
Adequação ao ensino remoto
Nesse quadro de experiências os relatos foram sobre a interrupção dos projetos pessoais, quebra de rotinas estabelecidas no ambiente escolar, impossibilidade de manter contato com colegas de forma presencial e dificuldades com o ensino remoto. A seguir, pode-se observar sobre o processo de interrupção das aulas presenciais:
M_16: Esse ano, ele tá sendo um ano, assim, ele começou um pouco perdido, assim, ahn, eu comecei com bastante esperança do que poderia ser o ano e daí nisso começou a pandemia e a gente ficou todo um período sem aulas, né? A gente ficou uns meses sem ter aula e que foi o que eu acabei ficando um pouco decepcionado com a questão, entendo todo o geral, mas fiquei um pouco chateado pelo fato da gente ter perdido seis meses, né? (Estudante de escola federal, branco, 17 anos, dez. 2020).
A interrupção das atividades escolares no ano de 2020, que em algumas falas apareceu como algo semelhante a “férias”, ao prolongar-se, mostrou dificultar a adaptação à nova situação e o reenquadramento das atividades e da manutenção dos processos de interação social que estavam habituados.
F_03: Eu ia me formar esse ano, então, pra mim foi, a gente não teve aula e pra mim foi horrível. E foi bem, bem ruim porque eu não tive a minha rotina, né? Que eu tinha uma rotina eu acordava, tomava meu café, tudo isso daí, eu ficava o dia inteiro na escola e com isso daí eu perdi totalmente a minha rotina, né?
Entrevistador: E durante a pandemia…
F_03: Perdi o contato com os colegas também que moram em outras cidades. (Estudante de escola federal, branca, 18 anos, fev. 2021).
A interrupção das atividades presenciais mostra duas consequências principais: perda de contato com os pares, gerando sensação de isolamento – visto pela maioria dos entrevistados como negativo – e a dificuldade com as aulas online, não sendo em razão do formato, mas da mudança para este padrão e de sua exclusividade para realização das atividades escolares.
A próxima entrevistada trata das dificuldades da separação e das diferenças entre atividades virtuais e presenciais:
F_10: Então, não to vendo minhas amigas, não to vendo nada e como não tem aquela coisa da sala de aula, a aula termina no horário, começa no horário e daí é 100% matéria assim, e eu pessoalmente acho um pouco pior quando os professores resolvem fazer algum tipo de reflexão no início de, tipo, ahn, motivação, assim, “Ah quem agora no início desse ano já em breve nós vamos voltar pro presencial e tal, voltar tudo ao normal” quando é uma coisa que não tem muita previsão de melhora até um tempo considerável, assim. Então, agora tem sido bem estressante, inclusive eu tava falando com as minhas amigas hoje mais cedo questão de trabalhos assim, de a gente ter que fazer online que tem uns professores que se puxam pra fazer uns trabalhos exigentes, assim, e que acaba sendo muito estressante tudo no mesmo ambiente, né ? (Estudante de escola privada, branca, 16 anos, dez. 2020).
Há algo como uma compartimentação das experiências sociais, que ocorriam de modo conjunto nas atividades presenciais, tornando a forma de interação mais limitada a determinados aspectos, em especial, as atividades escolares, que passam a ser, conforme os entrevistados, mais exigentes, cansativas etc., destacando-se o apontamento da não diferenciação de ambientes, remetendo à continuidade de papéis diversos em um mesmo cenário. Percebe-se que além da noção de maior intensidade das tarefas há outros problemas observados nas atividades a distância, conforme segue:
M_12: Tá. Foi, foi difícil porque a gente não teve contato direto com as pessoas e daí é uma, é uma relação diferente porque, até mesmo nas aulas, que foi onde eu tive mais contato com pessoas, né? A gente ouvia a voz da pessoa ou a mensagem que ela mandou, né? Texto. Só que a gente não conseguia ver o rosto, então a gente não sabia em que sentido a pessoa tava falando aquilo.
Entrevistador: Uhum.
M_12: A gente não conseguia compreender muito bem a mensagem que ela tava passando. E por mais que não pareça isso é, isso faz, o rosto da pessoa faz… tem grande importância na mensagem que ela tá passando. (Estudante de escola estadual, branco 18 anos, fev. 2021).
Nessa fala verifica-se a importância da construção cênica e indexical da produção da mensagem. Mesmo quando há a possibilidade de comunicação virtual com câmeras ligadas, muitas falas foram no sentido de perceber a diferença decorrente da não presença imediata. É preciso verificar como a mudança de padrões interacionais afetam o relacionamento educacional. Há, em primeiro lugar, questões objetivas de conexão da internet, o que faz com que, muitas vezes, se tenha que desligar as câmeras, ou reduzir o número de atividades síncronas. Depois, deve-se considerar que muitos(as) estudantes não têm a possibilidade de montar um quadro cênico para o acompanhamento das atividades, razão pela qual permanecem com as câmeras desligadas. Por fim, não havendo respaldo visual, cênico e indexical, o(a) professor(a), ao falar com telas negras terá maiores dificuldades em avaliar como e se sua mensagem está sendo recebida
Rearranjos familiares
Foi possível perceber, em especial no tópico autoanálise, como a família é representada pelos estudantes. São três tópicos que constituem este foco narrativo: preocupação financeira ou saúde durante a pandemia, aumento do tempo de convivência junto aos familiares e suas consequências, incluindo a percepção da mudança de papel. O primeiro trecho de entrevista desse tópico pondera sobre a situação a situação familiar particular do entrevistado(a) em comparação com o quadro geral durante a pandemia:
F_06: É, foi bem complicado, mas pelo menos não faltou nada assim, meus pais continuaram trabalhando e tudo, teve gente que perdeu o emprego, né? Que, enfim, pelo menos eu continuei tendo o que comer e tudo assim. (Estudante de escola estadual, branca, 18 anos, mar. 2021).
Nessa fala, F_06 demonstra sua percepção sobre o atual momento, considerando sua situação em contraste com um contexto mais amplo, constituindo a alteridade um exercício mais difícil quando a situação próxima não permite imediata comparação, como no caso do relato de F_15.
Considerando-se a alteração dos padrões interacionais devido ao isolamento, nota-se como os(as) entrevistados(as) percebem a relação com suas famílias que, em princípio, poderia ser compreendida como certo um contato de maior intimidade, parece, a partir de algumas falas, revelar o estranhamento com esses sujeitos:
F_25: […] foi bem difícil essa questão de não poder sair e ter que ficar o tempo todo em casa mesmo com a família que tu não está acostumado, que tu tem hábito o ver o tempo todo, todo dia durante meses seguidos. Então, essa parte foi bem difícil também, mas a gente foi levando, né? (Estudante de escola estadual, branca, 18 anos, mar. 2021).
Tendo como referência a entrevista acima, tal estranhamento pode ser interpretado pelo tempo que passou a ter convivência diária, requerendo formas de interação social até então inexistentes, ou mesmo a compreensão do papel, ou fachada, a desempenhar com membros da família. Na próxima entrevista percebe-se a mudança na relação da entrevistada com seu irmão, considerando o período anterior ao isolamento e a forma que passou a comportar-se em razão dessa nova situação que os reaproximou, tanto pela ausência de interações com pares quanto pelo aumento da intensidade da interação no ambiente familiar. Aqui chama atenção que aparece a compreensão de socialização como algo reservado ao ambiente externo à família:
F_11: No momento que eu comecei a ficar em casa com a minha família foi um baque assim, porque eu não tinha uma convivência de tantas horas do dia, até porque eu fugia um pouco, eu quando me incomodava me isolava muito ou saia de casa. Então, pra mim foi assim, bem difícil no início […]. Eu sinto muita falta de socializar, de sair, de… enfim, em aglomerar com outras pessoas, sentir o abraço, eu sou uma pessoa que adora abraçar, adora… Enfim, chegar e sentir a pessoa e no momento que eu não pude fazer isso pra mim foi bem difícil assim, mas agora já me adaptei, agora depois de um ano, tá mais tranquilo, eu já me acostumei com a ideia. (Estudante de escola privada, branca, 17 anos, abril 2021).
Há na fala da entrevistada uma racionalização em relação a seus sentimentos e da relação com seus familiares que a leva a produzir, a partir do momento que “encara” suas interpretações passadas sobre os integrantes de sua família, uma nova atribuição de fachada a partir do desempenho de atividades educacionais e lúdicas com seu irmão. Observa-se em muitas entrevistas que relações com as famílias – que eram naturalizadas, em um sentido de atribuição já prévio de papeis a desempenhar por cada integrante – foram reavaliados em razão da necessidade de isolamento pelo qual esses jovens passaram.
Mudanças no trabalho
Entre os(as) entrevistados(as) percebe-se o impacto negativo do isolamento na vida deles. Na próxima entrevista, constata-se como o aspecto econômico interferiu na vida do entrevistado, sendo esse o seu foco narrativo principal.
M_04: Ah, tá muito difícil, muito, muito difícil. Eu acho que tá difícil, tá difícil pra todo mundo, mas já pra quem sempre foi desempregado e tudo mais, antes pelo menos eu tinha uns bicos, tinha algumas coisinhas ali pra fazer, agora em função dessa pandemia nem bico tá surgindo. (Estudante de escola estadual, branco, 24 anos, mar. 2021).
De família que depende de auxílio financeiro, o entrevistado M_04 ressalta as dificuldades resultantes do atual período e, em especial, para conseguir qualquer atividade remunerada. Isso o leva a passar mais tempo em casa. Assim, como se observou na entrevista do bloco temático família, quando ele enfatiza não estar fazendo nada, busca tirar de cena o relacionamento conturbado com familiares. Outra entrevistada traz em sua fala a interrupção de seu projeto de morar sozinha e a necessidade de retornar para casa dos familiares:
F_04: Bom, desde o início da pandemia, na verdade, a minha vida mudou completamente, parece que se passaram cinco anos em um ano de pandemia, ahn, eu me mudei, fui morar sozinha no início da pandemia, antes de estourar tudo, eu saí da casa dos meus pais, decidi morar sozinha, mas depois de oito meses eu tive que voltar pra casa deles porque eu não consegui me manter, perdi o emprego por conta da pandemia e eu tive que voltar pra casa deles, infelizmente. (Estudante de escola estadual, branca, 18 anos, mar. 2021).
Ambos os relatos mostram dificuldades resultantes da pandemia para suas atividades imediatas, devendo ser considerada ainda a fala de M_14, que narra sua experiência de mudança de perspectiva sobre “empreendedorismo”, dando um caráter positivo para uma situação de dificuldades financeiras. Mesmo assim, foi a norma perceber a redução de oportunidades de trabalho para os(as) entrevistados(as) que enfatizaram esse assunto como um tópico de interesse. Ressalta-se que essa não é uma questão que os atinge exclusivamente, constituindo preocupação para suas famílias em muitos casos, como na fala da próxima entrevistada:
F_06: É, foi bem complicado, mas pelo menos não faltou nada assim, meus pais continuaram trabalhando e tudo, teve gente que perdeu o emprego, né? Que, enfim, pelo menos eu continuei tendo o que comer e tudo assim. (Estudante de escola estadual, branca, 18 anos, mar. 2021).
Formas de interação
Neste foco narrativo observou-se sentimentos negativos em relação à mudança para o contato online e as dificuldades desse formato. Muitas falas apontam para interrupção de projetos, seja a mudança de casa ou a realização do vestibular, até a concretização da formatura presencial, mas considera-se neste tópico que o problema para esses jovens não é a realização de atividades online, mas a necessidade de manter a exclusividade de interações dessa forma, para além do círculo familiar, conforme já dito. São jovens que estão habituados às formas de interação online, e considera-se possível a construção de quadros de experiência a partir da reconfiguração de rituais performativos, tanto relacionais quanto da construção da fachada (Benito-Montaguat 2015; Hogan 2010). É central, antes, a necessidade da adaptação e de sentimentos negativos de isolamento, em especial, como muitos(as) apontam, uma fase em que querem sair, se divertir e “socializar”. Em alguns casos foi possível buscar de alguma forma a manutenção do contato com amigos(as) utilizando o espaço virtual para tal.
Em relação às atividades escolares, com as quais a maioria dos(as) entrevistadas ainda estão envolvidos(as), são apontadas dificuldades: no que tange à rotina (o que já foi mencionado), o aumento das atividades solicitadas e, especialmente, pela dificuldade de manter uma interação que facilite o aprendizado. Soma-se a isso, a ausência da copresença e, em muitos casos, a dificuldade de leitura corporal do outro, que dificultam o processo de aprendizagem. Como é o caso da M_12, que comenta sobre as dificuldades de não compreender o sentido do que está sendo falado por não poder ver o rosto da pessoa, somente texto ou voz. Mesma constatação da entrevistada F_25, que vê diferença entre a educação presencial e a remota justamente pela impossibilidade de manter contato direto. Observa-se, novamente, que parece ser relevante a mudança do padrão interacional e a necessidade de ater-se à determinada forma, no caso a virtual, que chama atenção de forma negativa desses jovens. Soma-se a isso as dificuldades de leitura sobre o cenário não podendo recorrer a recursos que estavam disponíveis nos quadros sociais presenciais, como destaca F_21, a seguir:
F_21: …então, eu via as pessoas e conversava com pessoas todos os dias por muitas horas e de repente não tem mais isso, sabe? Então, eu tomei muito na cara justamente por do nada não ter isso e ter que correr atrás, assim. E quando tu conversa com as pessoas por aplicativo, esse tipo de coisa que tu não consegue realmente ver como ela tá falando ou o tom de voz, todas essas coisas que precisa, ahn, abre muita porta pra falta de, não uma falta de comunicação, mas uma interpretação diferente do que a realmente a pessoa quer dizer. (Estudante de escola estadual, branca, 18 anos, mar. 2021).
Em síntese, alteraram-se os padrões comunicacionais, restringindo-se, ou talvez, mudando a necessidade de leitura de fachada e forma de apresentação, demonstrando o processo de aprendizagem desses jovens e que, de forma explícita, pode ser resumido na próxima fala:
Entrevistador: E outras coisas assim que mudaram pra ti, o que tu acha que mais mudou além da questão do curso e da escola?
F_01: A questão de lidar com as pessoas agora, a comunicação que é diferente, a gente também aprendeu outros modos de se comunicar, ter uma comunicação mais clara também […].
Entrevistador: Sim, quando tu fala comunicação mais clara, tu podia me dar um exemplo pra eu entender o que tu queres dizer?
F_01: Deixa eu tentar, vou tentar te explicar, como assim, a gente tá se comunicando, a gente tá tendo uma comunicação clara, mas ao mesmo tempo a gente não tá, ahn, presencial um na frente do outro se comunicando. Às vezes por mensagem a gente não conseguia se comunicar tão claramente. (Estudante de escola estadual, branca, 17 anos, fev. 2021).
Considerações finais
Pode-se constatar a diferença de focos narrativos conforme um recorte de classe, que não exclui o compartilhamento de preocupações entre os(as) jovens entrevistados, mas sim a importância de cada tema abordado. Foi possível verificar como a pandemia dificultou a situação econômica dos jovens e suas famílias, reduzindo oportunidades de trabalho e levando a maior dependência da renda da família, atingindo possibilidades de sociabilidade e educação. Para aqueles(as) que não tinham preocupação com a questão econômica, observou-se maior ênfase narrativa na mudança do padrão de sociabilidade, considerando o distanciamento de seus pares, interrupção de atividades lúdicas e projetos previamente elaborados. Nesse sentido, afirma-se a existência de uma moratória geracional restrita. Ao não ser acessível à maioria da juventude, ela restringe a possibilidade da produção de projetos de longo prazo, dado a imanência das preocupações econômicas cotidianas que recaem sobre si. Tal moratória também possibilita a ênfase com preocupações lúdicas, outra restrição observada nas falas.
Na educação também é possível observar essa diferença. As preocupações em relação à disponibilidade de equipamentos adequados, internet e a construção cênica são inquietações presentes, majoritariamente, entre estudantes do ensino estadual ou entre famílias com dificuldades financeiras durante a pandemia. Isso dificulta o processo de ensino e aprendizagem, seja pelo problema na comunicação, acúmulo de tarefas, entre outros. De modo geral, a mudança das relações presenciais para virtuais gerou sentimentos negativos, especialmente, pela interrupção do contato com colegas e da rotina escolar. Percebeu-se as dificuldades que envolvem a construção de um reenquadramento social dessa relação, seja pela compartimentação dos processos interacionais ou pela falta de possibilidade do quadro comunicacional completo, ficando somente com o textual, ou auditivo; mesmo quando existe vídeo, é um recorte adaptado de uma relação já rotineira que precisa ser reencenada e, conforme apontado pelas entrevistas, produziu em grande parte, desconforto.
A dúvida que se estabelece é se a partir das mudanças ocorridas nos padrões interativos destes jovens durante a pandemia, especialmente no processo educativo, poderão ser “normalizados” ou enquadrados os formatos anteriores. Ainda, em termos estruturais, se as instituições escolares perceberem a possibilidade de continuar com este formato online de atividade, quais seriam as alterações nos padrões de sociabilidade e, consequentemente, na interpretação de si os jovens podem vir a produzir em termos de comportamento público e privado.
Por fim, sendo realizado o plano de vacinação para toda população e sendo possível o retorno às atividades presenciais, em um cenário econômico debilitado e em um processo político de redução de direitos trabalhistas, questiona-se, ainda, como essa juventude poderá ingressar no mercado de trabalho e em quais condições, concebendo a possibilidade de que esse venha a alterar-se em razão da adoção de práticas advindas do período pandêmico.
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O presente artigo está vinculado ao projeto de pesquisa “Análise das experiências de socialização e construção de valores da juventude do Rio Grande do Sul” e obteve financiamento do CNPq (Processo n.º 429036/2018-3).
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Jornal da USP. 2021. Pesquisa identifica estratégia do Executivo federal em atrapalhar combate à pandemia. Jornal da USP, 22 jan. 2021. Acessado em 3 mar. 2021. https://jornal.usp.br/?p=384589.
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“[…] padrão de atos verbais e não verbais com o qual ela expressa sua opinião sobre a situação, e através disto sua avaliação sobre os participantes, especialmente ela própria” (Goffman 2011, 13).
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“Fachada […] é o equipamento expressivo de tipo padronizado intencional ou inconscientemente empregado pelo indivíduo durante sua representação” (Goffman 2014, 34).
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É possível compreender, ainda, os bastidores como momentos de preparação para a construção da fachada.
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Os textos deste artigo foram revisados pela Poá Comunicação e submetidos para validação do autor antes da publicação.
Referências
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
22 Maio 2023 -
Data do Fascículo
Jan-Dec 2023
Histórico
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Recebido
19 Jan 2022 -
Aceito
19 Ago 2022 -
Publicado
19 Abr 2023