Resumo
Um dos problemas apontados em recentes pesquisas em áreas de habitação de interesse social no Brasil é a retenção dos moradores, associada à satisfação do morar. Assim, este artigo propõe a mensuração do senso de comunidade a partir da sistematização de instrumentos existentes. Formata um questionário aplicado em 274 unidades habitacionais com 95% de nível de confiança (α) e 5 (cinco) de margem de erro (E) para a avaliação dos dados socioeconômicos, comportamentais e espaciais, e adiciona dois outros métodos: a observação in loco e o mapeamento das relações de vizinhança. O estudo faz a sobreposição dos dados mapeados como estratégia de análise multidimensional para o cotejamento de variáveis. Os resultados revelam diretrizes de organização espacial de EHIS para o desenvolvimento do senso de comunidade e evidencia áreas de movimento de pessoas e de interações sociais. Também apontam aspectos socioeconômicos e comportamentais associados para a construção do senso de comunidade, como a existência de um maior número de moradores, a satisfação em morar no local e a expectativa de permanecer no bairro. Esta pesquisa contribui na síntese dos elementos de avaliação, na aplicação empírica em estudo de caso, nas discussões de organização espacial de áreas de empreendimentos de habitação social e na mensuração de fatores considerados subjetivos do ambiente construído vinculados à qualidade de vida.
Palavras-chaves: Senso de comunidade; Empreendimentos de Habitação de Interesse Social - EHIS; Instrumentos de avaliação
Abstract
In Brazil, recent research has pointed out resident retention as one of the problems in social housing projects. This study proposes to measure the sense of community. Based on systematizing existing tools, a questionnaire was sent to 274 housing units with 95% confidence level (α) and 5 (five) margin of error (E) to evaluate socioeconomic, behavioral and spatial data. Two other methods were also adopted: observation in loco and mapping neighbourhood relations. The study overlaps the mapped data as a multidimensional analysis to compare the variables. The results reveal spatial organisation guidelines to develop a sense of community and shows evidence of areas where there is a movement of people and social interactions. They also point out socioeconomic and behavioral aspects associated with constructing a sense of community, such as a greater number of residents, the satisfaction of living in the area and the expectation of remaining in the neighbourhood. This research contributes to synthesising existing tools, empirical studies in a case study, discussing spatial organisation of social housing developments and measuring factors considered subjective of the built environment linked to the quality of life.
Keywords: Sense of community; Social Housing Project; Assessment tools
Introdução
São vários os recortes epistemológicos para a compreensão da cidade em suas variadas escalas espaciais. Se considerarmos a Nova Carta de Atenas, publicada pelo ECTP em 1998 (KANASHIRO, 2004), posteriormente refinada em 2006, com o objetivo de discutir um novo paradigma para as cidades do século XXI, são inseridos como desafios questões como contato humano, senso de comunidade e segurança, entre outras relações da vida social e de dinâmicas de encontros como experiências efetivamente urbanas.
Tais argumentos têm sido inseridos em recentes discussões de design de áreas residenciais com a necessidade de projetar bairros que promovam o fortalecimento do senso de comunidade1.
A partir desse pressuposto, as seguintes indagações direcionaram este estudo: é possível avaliar o senso de comunidade? Existem instrumentos? Quais são as associações de variáveis espaciais e sociais? E, por fim, os arranjos espaciais podem contribuir para fortalecer o senso de comunidade?
Portanto, como estratégia metodológica, estabelece-se primeiro a busca de definição de senso de comunidade bem como a construção de um arcabouço teórico para entender o estado da arte. Fez-se um rastreamento de periódicos com os seguintes descritores: sense of community e neighborhood (senso de comunidade e bairro). Observa-se a prevalência de 50% de estudos publicados a partir de 2000 e verificam-se abordagens diferenciadas no desenvolvimento de pesquisas ao longo das décadas (Figura 1).
Os primeiros trabalhos de Wirth (1938) e Mann (1954) abordam o senso de comunidade de forma mais conceitual e menos analítica. O primeiro discorre sobre os impactos do inchaço das cidades na qualidade de vida e relaciona a existência de associações e de organização social como facilitadores da interação social, e o segundo aponta a vinculação entre a "boa vizinhança" e a unidade de planejamento do bairro.
Na década de 1970 três trabalhos destacam-se como referência: Granovetter (1973), Sarason (1974) e Hunter (1975). De forma similar, abordam as relações sociais em virtude da expansão urbana desordenada, porém Sarason (1974) apresenta o conceito de senso de comunidade associado a um tipo de companheirismo, de coletividade e de identidade de experiências com grupos de pessoas em uma comunidade, e verifica que tal fenômeno pode ser empiricamente testado e analisado.
Constata-se assim uma sistematização inicial de avaliação qualitativa e quantitativa do senso de comunidade. Porém, esses primeiros trabalhos observam de forma nostálgica as mudanças na cidade e na sociedade, num período de grandes transformações. Nota-se a necessidade de entender novas atitudes e valores decorrentes do viver em grandes cidades, e a vinculação da forma urbana como facilitadora do convívio entre as pessoas.
Chavis et al. (1986) complementam a definição de Sarason (1974) como um sentimento entre seus membros e a condição de serem importantes uns aos outros, no compromisso de estarem juntos visando ao preenchimento de suas necessidades. Fried (1984) afirma ser um componente crítico de satisfação individual, da família e, consequentemente, do bairro presente em todas as classes sociais. Portanto, dois outros conceitos são correlacionados ao senso de comunidade: qualidade de vida (LEVINE, 1986) e coesão da comunidade (BUCKNER, 1988). A partir dessas premissas, percebe-se que nas décadas posteriores os trabalhos tornam-se mais analíticos, com maior expressividade de autores da área de Planejamento e Design Urbano2.
Os estudos da década de 1990 compreendem a maioria das publicações, e na sobreposição com os estudos desenvolvidos a partir de 2000 verificam-se duas abordagens distintas: a primeira, de pesquisas de revisão teórica para discussão do fenômeno3; e a segunda, de proposição de novas estratégias de avaliação, baseada em autores da década anterior4. Apenas Lochner, Kowachi e Kennedy (1999) fazem uma revisão de instrumentos existentes e inserem o conceito de "capital social" nas discussões de senso de comunidade.
A maioria dos trabalhos vincula-se ao Planejamento e Design Urbano, fato que ocorre devido ao chamado Novo Urbanismo. De acordo com Talem (1999) e Yang (2008), o movimento sugere que o ambiente construído pode criar um sentido de comunidade a partir do estabelecimento de redes de comunicação e do desenvolvimento do capital social, associados à forma espacial, o que proporciona áreas residenciais com maior qualidade de vida: diferentes atividades (usos do solo), caminhabilidade, densidade de moradores (habitação) e inserção de questões ambientais.
Apesar da vinculação entre os fatores sociais, comportamentais e espaciais para a criação do senso de comunidade, pesquisas como Buckner (1988), Chavis e Wandersman (1990), Farrel, Aubry e Coulomb (2004), Long e Perkins (2003), Mason (2010) e Skajaeveland, Garling e Maeland (1996) apontam a necessidade da investigação empírica em diferentes contextos e realidades para entendimento do fenômeno, bem como para subsidiar perspectivas teóricas.
No Brasil, Pina e Kowaltowski (2000), Almeida, Silva e Gunther (1996), Cunha, Silva e Gunther (1996) e Nepomuceno (1999) delineiam tal questão em relação à qualidade de vida, porém se pode afirmar a inexistência de pesquisas empíricas com o objetivo principal de avaliar o senso de comunidade em áreas residenciais nas cidades brasileiras.
Portanto, como objetivo geral, este estudo propõe a realização de uma avaliação do senso de comunidade, a partir da sistematização de instrumentos existentes, em uma área de habitação de interesse social, para contribuir no processo de verificação e subsidiar a discussão em um contexto brasileiro.
Esta pesquisa contribui na síntese dos elementos de avaliação, assim como na aplicação empírica em estudo de caso. A definição para avaliação em áreas de habitação de interesse social parte de um dos principais problemas apontados nos programas de habitação: a manutenção e retenção de famílias, relacionadas com a satisfação de morar em determinado local. O estudo avança por meio de mapeamentos da relação de vizinhança e na sobreposição dos dados sociodemográficos, comportamentais e físico-espaciais, o que permite evidenciar variáveis associadas ao senso de comunidade em EHIS.
Método de pesquisa e instrumento de avaliação
O arcabouço teórico construído, a partir de pesquisas existentes, auxiliou no entendimento de conceitos, na definição de instrumento de avaliação, na formatação do questionário e na estratégia de escolha do estudo de caso, além de dar subsídios para a análise dos fatores sociais, comportamentais e físico-espaciais relacionados ao senso de comunidade.
Foi realizada a síntese de 21 instrumentos de avaliação propostos entre as décadas de 1980 e 2000, considerando os seguintes aspectos:
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data (DT);
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estratégia de pesquisa (EP);
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propósitos de investigação (PI);
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dimensão (D) - socioeconômica, comportamental e físico-espacial;
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características (C);
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recorte espacial (R);
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amostragem (A);
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método (M);
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atributos socioeconômicos (AS);
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atributos comportamentais (AC);
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atributos físico-espaciais (AFE);
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variáveis (V); e
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dificuldades identificadas (DI) (Quadro 1).
A maioria das pesquisas utiliza questionários como principal instrumento. A partir da análise comparativa das questões apontadas pelos autores, fizeram-se a sobreposição e a definição de um questionário com 72 questões, divididas em cinco partes: I. Apresentação e concordância em participar da pesquisa; II. Questões socioeconômicas; III. Vivência e satisfação em morar no bairro; IV. Grau e escalas de satisfação; V. Avaliação dos aspectos físico-espaciais. A parte V do questionário incorpora um checklist de observação (HUNTER, 1975; APPLEYARD, 1981; WOOD; FRANK; GILES-CORTI, 2010) e um mapeamento das interações sociais (APPLEYARD, 1981; BOLSSEMANN; MACDONALD; KRONEMEYER, 1999).
Em relação aos aspectos socioeconômicos, as questões de múltipla escolha referem-se ao número de residentes e ao grau de parentesco, sexo, idade, raça/cor, estado civil, grau de escolaridade, religião, situação da moradia anterior e localização, propriedade do imóvel, número de crianças e faixa etária, veículo e tipos, ocupação, situação e vínculo empregatício.
O relatório de vivência e satisfação, a maioria de múltipla escolha, indaga sobre o tempo de moradia, expectativa em viver no bairro, modal de transporte, motivo de deslocamento de carro, existência de familiares, quantidade de vizinhos conhecidos, gradação de comportamento - acenar, conversar, visitar, este último frequência e motivo, convivência, confiabilidade, ajuda mútua, associação comunitária e eventos, espaços de encontro, segurança e satisfação. Para a validação dessas questões foram definidas 30 perguntas de resposta psicométrica, definindo-se cinco níveis de concordância. Por último, a anotação dos vizinhos conhecidos, considerando um raio de aproximadamente 500 m.
A avaliação, por meio de observação, foi realizada nos fins de semana, em dias ensolarados, na identificação de atividades desenvolvidas nos espaços públicos (ruas e praças) e áreas semiprivadas, por três categorias de moradores, crianças, jovens/adultos e idosos ao longo de 1 h:
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A - Interagir;
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B - Observar;
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C - Fazer jardinagem ou lavar carro;
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D - Brincar;
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E - Caminhar (pedestre/lazer);
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F - Ir e Vir (pedestre); e
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G - Ir e Vir (carro).
Após a sistematização do instrumento de coleta de dados, a pesquisa de Buckner (1988) define uma avaliação de preexistência do senso de comunidade em áreas residenciais. A partir de observações de número de pessoas e atividades em espaços públicos nos fins de semana em empreendimentos de habitação de interesse social, definiu-se o Conjunto Habitacional São Lourenço. Está localizado na zona sul da cidade de Londrina, PR, implantado em 1979 e composto de 689 unidades, com uma população de 2.070 moradores.
Foi aplicada uma fórmula para estratificação de amostra aleatória, na definição de 247 questionários, com 95% nível de confiança (α) e 5 de margem de erro (E). A coleta de dados foi realizada em duas etapas, E1 e E2 (Figura 2).
Resultados e discussões
Variáveis socioeconômicas
Glynn (1981), Skajaeveland, Garling e Maeland (1996) e Rogers e Sukolratanametee (2009) afirmam a importância do desempenho da homogeneidade social na construção do senso de comunidade. Nesse sentido, no Conjunto São Lourenço observa-se um padrão social semelhante na predominância de mulheres acima de 46 anos, com família constituída de 4 pessoas e grau de escolaridade similar, com maior percentual de pessoas com o fundamental incompleto (28,3%). As famílias são constituídas, em geral, por 3 a 4 membros (48,5%) (Tabela 1).
Segundo as pesquisas de Riger e Lavrakas (1981), Glynn (1981), Skajaeveland, Garling e Maeland (1996) e Bolsseman, MacDonald e Kronemeyer (1999), o maior número de pessoas, principalmente a presença de mulheres e crianças, é proporcional à intensidade das interações sociais nos bairros. Quase 40% das moradoras permanecem ao longo do dia em casa, e somam-se os 238 menores de idade com maior frequência acima de 6 anos. É possível observar crianças nas ruas, nas praças e nas áreas verdes, e para 43,3% dos entrevistados o bairro é um bom lugar para elas.
Hunter (1975), por outro lado, insere a temporalidade na construção de vínculos sociais e no compartilhamento de valores e necessidades entre moradores. Somando aqueles que vivem há mais de 13 anos no bairro, tem-se o percentual de 61,60%. Skajaeveland, Garling e Maeland (1996) estabelecem o tempo de 10 anos para a consolidação de laços entre as pessoas, e Glynn (1981) e Chavis et al. (1986) relacionam o tempo de convivência como parâmetro positivo à interação e a permanência. Fez-se uma correlação entre esses dois fatores: a partir de 2 anos, 71,3% dos entrevistados afirmaram ter a expectativa de permanecer no bairro por tempo superior a 10 anos (Figura 3).
Considerou-se importante verificar o local da moradia anterior: 54,7% de casas alugadas e 39,7% de casas próprias. Um fator observado é a proximidade da moradia prévia: 20,6% moravam no entorno, e 15,4% em outro imóvel do bairro. Tal fato, associado à propriedade do imóvel (81%), aponta para o reforço da territorialidade e de apego ao lugar, que, de acordo com Cantillon, Davidson e Schweitzer (2003) e Rogers e Sukolratanametee (2009), são componentes essenciais para a construção do sentimento de comunidade.
As pesquisas de Almeida, Silva e Günther (1996), nas cidades satélites, e de Kowaltowski et al. (2005), nos conjuntos habitacionais, relacionam as alterações das unidades com um indício de territorialidade, porém dependente da condição financeira de cada família. Foi questionada a renda familiar com referência aos estratos das classes sociais da FGV e do IBGE5: 45,7% pertencem à Classe "C" - entre 4 a 10 salários mínimos mensais, cuja fonte de renda em 57,1% provém de trabalho fixo e 22,3% de aposentadoria, com 10,9% autodeclarados desempregados. Passados mais de 35 anos de implantação do São Lourenço, as habitações pouco remetem às características originais, sem a monotonia inicial dos conjuntos habitacionais.
Variáveis comportamentais
De acordo com o referencial teórico, as variáveis comportamentais referem-se a interação social, segurança física e emocional, sentido de territorialidade e pertencimento, afetividade com o lugar, satisfação, existência de confiança e ajuda mútua, senso de organização, incômodos e normas/deveres em comum. A Tabela 2 sintetiza os resultados dos questionários.
As pesquisas de Chavis e Wandersman (1990) e de Cantillon, Davidson e Schweitzer (2003) apontam que existe proporcionalidade entre tempo de moradia e número de vizinhos conhecidos para o estabelecimento do senso de comunidade. Considerando que quase 40% dos moradores vivem no bairro há mais de 25 anos, 72,9% afirmam conhecer mais de 10 vizinhos. Verifica-se a existência de uma proporcionalidade maior entre as mulheres e os moradores mais antigos.
Porém, conhecer, cumprimentar e conversar são gradações para mensurar uma boa relação de vizinhança (GLYNN, 1981; KIM; KAPLAN, 2004; NASAR; JULIAN, 1995; WOOD; FRANK; GILES-CORTI, 2010); 63,6% dos entrevistados responderam que cotidianamente cumprimentam os vizinhos, e 89,9%, principalmente nos fins de semana, afirmam parar para conversar. Os estudos de Skajaeveland, Garling e Maeland (1996) e de Sukolratanametee (2006) complementam essas informações ao adicionar o visitar: 51,4% dos moradores afirmam visitar os vizinhos, e 59,9% alegam considerá-los como companhia.
O capital social é sedimentado a partir de valores culturais e sociais transmitidos por uma vivência e pela relação interpessoal em um grupo (LOCHNER; KOWACHI; KENNEDY, 1999). Nesse sentido, 79,4% dos moradores declaram ajudar-se mutuamente, e 79,8% consideram os vizinhos pessoas de confiança.
Chavis et al. (1986), Hunter (1975) e Glyn (1981) relacionam a caminhabilidade como fator de intensificação das interações sociais em um bairro. Afirmam 74,5% dos moradores o deslocamento a pé como principal modal, sendo a motivação tanto o trabalho quanto os afazeres cotidianos. Nesse sentido, Cantillon, Davidson e Schweitzer (2003) e Nasar e Julian (1995) discorrem sobre a necessidade de áreas de uso do solo misto como um importante fator.
Existem componentes de satisfação pessoal em morar em determinada área residencial, pois, de acordo com Fried (1984), são locais de contatos sociais, que favorecem o senso de comunidade. Nesse aspecto, 96,8% dizem estar satisfeitos em viver no bairro e relatam fatores como proximidade com a área central, fácil acesso, serviços básicos no bairro, proximidade com amigos e parentes, e satisfação com a moradia; e 75,7% alegam existir o senso de comunidade.
Variáveis físico-espaciais
Avaliação por meio de observação
Pesquisas recentes (WOOD; FRANK; GILES-CORTI, 2010; CUTCHIN et al., 2011; WILKERSON et al., 2012) destacam a importância dos espaços de uso comum nos bairros para a construção de relação social. Tal questão é observada no estudo de caso, visto que são 4 praças e 3 ruas os lugares de maior movimento de pessoas (Figura 4).
Os dados foram sistematizados considerando o perfil dos moradores, as atividades e os locais de interação. A observação das atividades revela a predominância da interação (177) e o ir e vir (209) de pedestres. Do total de 742 pessoas, 223 correspondiam a crianças, 187 a idosos, e 332, a grande maioria, a jovens e adultos. O maior movimento de pessoas ocorre no período da tarde.
De acordo com Buckner (1988), Cantillon, Davidson e Schweitzer (2003) e Chavis et al. (1986), existe uma relação importante de convivência social nos espaços públicos, especialmente aqueles para o desenvolvimento de atividades de lazer ou como espaço de contemplação. As áreas das praças 1 e 2 e as ruas próximas são os locais de maior atividade, respectivamente com um total de 133 e 174 pessoas. Dimensões menores de espaços públicos proporcionam locais de sociabilização, e a presença de crianças e adultos é proporcional ao número de unidades habitacionais em seu entorno. Por outro lado, o campo de futebol, área 4, tem como motivação de 144 moradores o lazer ativo, e na área 5, o supermercado, com 123 pedestres contabilizados em um dia.
As ruas são áreas de intenso movimento, e as pesquisas existentes apontam duas configurações: Appleyard (1981) reforça a necessidade de vias de dimensões menores com baixa densidade e velocidade de veículos; por outro lado, o estudo de Bolsemann, MacDonald e Kronemeyer (1999), na avaliação de boulevards em São Francisco, reforça a importância de outros fatores, não necessariamente a dimensão, como os elementos de atratividade e a baixa declividade, e ressalta a importância da movimentação de veículos.
No estudo de caso observam-se as duas configurações: a rua central (área 6), de maior dimensão, com 15 m de largura, estende-se por todo o bairro, com estabelecimentos de comércio vicinais, finalizando na praça da igreja. Foram contabilizados 98 pedestres, sendo 36 nas áreas semiprivadas. A rua correspondente à área 7, localizada na porção norte, possui 10 m de largura, com um total de 51 pedestres. Em ambas as áreas observa-se a velocidade baixa dos veículos, e os moradores utilizam ruas e calçadas como espaço de sociabilização.
Em relação aos elementos inibidores, verifica-se a inexistência da presença de lixo ou pichação, segundo Chavis et al. (1986) e Buckner (1988). Essas características, se presentes no bairro, indicam falta de zelo e geralmente são proporcionais à não existência de interações sociais. Apesar da observação de grades na janela, são poucas as casas que não apresentam permeabilidade visual entre o espaço público e o privado, fato que permite a vigilância natural. As pesquisas desenvolvidas associam o senso de comunidade às discussões de Jacobs (2011), a partir da vigilância cidadã como estratégia para aumentar o senso de segurança.
De acordo com Wilkerson et al. (2012), a presença de garagem na parte frontal da residência diminui a área de fachada ativa. No entanto, observa-se o duplo papel da varanda: de garagem e de espaço para sentar, conversar e observar o movimento. Portanto, em áreas de habitação de interesse social, esse espaço tem uma conotação importante na construção do senso de comunidade.
Mapeamento como estratégia analítica multidimensional
As interações sociais foram mapeadas para verificar a existência de áreas de maior densidade de relação de vizinhança (Figura 5). Uma primeira constatação é o reconhecimento de vizinhos imediatos, sejam eles frontais ou laterais. Nesse sentido, uma análise geral do mapa revela o predomínio da existência de maior densidade de rede de relações de vizinhança em três ruas localizadas na parte norte do bairro e na avenida principal. Embora referenciais como Hunter (1975), Appleyard (1981) e Wood et al. (2010) prescrevam dimensões de 150 m a 200 m no máximo, o que proporciona maior permeabilidade espacial, essas quadras possuem extensões de 270 m e de 350 m respectivamente. Por outro lado, essas dimensões permitem um maior número de lotes e de moradores, associado à presença de fachadas ativas em uma via estreita.
As questões de permeabilidade visual são destacadas por Appleyard (1981), Bolssemann, MacDonald e Kronemeyer (1999), Buckner (1988), Chavis e Wandersman (1990), Cutchin et al. (2011) e Hunter (1975). Constata-se a existência de edifícios exercendo a função de barreira, por exemplo, a área comercial do bairro. Verifica-se a diminuição de gradação de indicações de vizinhos conhecidos (Figura 6a). A escola, apesar de apresentar uma implantação similar, tem uma sequência de lotes residenciais na extremidade da quadra (Figura 6b). Tal fato permite a continuidade de moradores contribuindo para a manutenção da rede de interações sociais. Essa estratégia de design mostra-se importante nos casos de implantação de equipamentos públicos de grandes dimensões.
Outra evidência refere-se aos espaços livres: nas praças de dimensões menores, circundadas por unidades residenciais, a rede de interação ultrapassa seus limites (Figura 7a). No caso do campo de futebol, além da dimensão, o relevo configura-se como barreira para a continuidade das interações sociais (Figura 7b).
Skjaeveland, Garling e Maeland (1996) e Rogers e Sulkoratanametee (2009) demonstram a necessidade de uma avaliação multidimensional para o entendimento do senso de comunidade. A análise estatística pode ser uma estratégia, porém não permite a espacialização dos dados. A partir da sobreposição do mapeamento dos dados socioeconômicos e comportamentais com o mapeamento de interações sociais, pode-se cotejar as variáveis associadas.
Em relação aos dados socioeconômicos, três indicadores foram mapeados:
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sexo dos entrevistados;
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número de residentes (familiares e inquilinos); e
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existência de crianças.
Na sobreposição as áreas de maior interação estão relacionadas, em primeiro lugar, ao maior número de moradores; em segundo, à existência de crianças; e, por último, ao sexo (Figura 8).
Na segunda análise relacionam-se três relevantes aspectos comportamentais, de acordo com autores como Rogers e Sukolratanametee (2009), Riger e Lavrakas (1981) e Skajaeveland, Garling e Maeland (1996): o andar a pé no bairro, o tempo de moradia e a expectativa em viver no local. No mapeamento 75% dos entrevistados costumam caminhar no bairro, e a existência de moradores há mais de 2 anos é de 71,3%. Quanto à expectativa em viver no mesmo local, 172 entrevistados esperam viver mais de 10 anos. Verifica-se nas ruas do setor norte a predominância de moradores antigos, entre 26 e 36 anos. No entanto, apesar da intensa rede de vizinhança na avenida principal, constata-se a existência de moradores de 2 até 12 anos. A sobreposição dos aspectos comportamentais com as áreas de maior densidade de rede de interação de vizinhança aponta que a expectativa em viver no bairro é preponderante ao tempo de moradia (Figura 9).
De acordo com Riger e Lavrakas (1981) e Skajaeveland, Garling e Maeland (1996), a afetividade com determinado local e a boa relação pessoal são aspectos importantes que denotam um senso de pertencimento e, consequentemente, são fatores importantes para a construção do senso de comunidade. Nesse sentido, as questões de satisfação em viver no local, o número de moradores conhecidos e aqueles que se cumprimentam foram mapeados. Nota-se homogeneidade dessas características. Na justaposição dos dados é possível inferir que a relação de satisfação de morar e o maior número de vizinhos conhecidos são importantes aspectos para o fortalecimento do senso de comunidade em uma área residencial de interesse social (Figura 10).
Conclusão
O estudo faz a sistematização de instrumentos de avaliação existentes e empiricamente aplica as discussões teóricas por meio de dados objetivos em um contexto brasileiro. Esta pesquisa aponta a complexidade para a compreensão da relação entre o ambiente construído e o senso de comunidade. Além disso, traz subsídios para a discussão de um dos problemas apontados em recentes pesquisas em áreas de habitação de interesse social no Brasil: a retenção dos moradores relacionadas à qualidade de vida e a satisfação do morar.
Os resultados revelam estratégias de organização espacial de EHIS facilitadores para o desenvolvimento do senso de comunidade, como fachadas ativas, ruas com continuidade de lotes residenciais, priorização do pedestre e áreas de interação entre espaço público e privado. Ressalta o papel das praças de dimensões menores, como áreas de sociabilização, em virtude dos lotes mínimos, bem como o intenso movimento de pedestres em calçadas e ruas cuja velocidade dos veículos é baixa.
Fato não permissível na atual política habitacional é a inserção de áreas de comércio. No Conjunto São Lourenço, empreendimento da década de 1980, localizado naquela época em região periférica, definia-se no projeto inicial uma área comercial. O intenso movimento no entorno do supermercado demonstra seu propósito de suprir as demandas cotidianas de abastecimento.
Por outro lado, a análise indica a existência de padrões semelhantes de configuração espacial com diferentes associações das redes de vizinhança. Essa evidência aponta os aspectos socioeconômicos e comportamentais, como a existência de um maior número de moradores, a satisfação em morar no local e a expectativa de permanecer no bairro, fatores associados para a construção do senso de comunidade.
Os resultados desse estudo apontam para desdobramentos de pesquisas futuras, em virtude de objetivar, por meio da aplicação de um instrumento de avaliação dos aspectos correlacionados ao senso de comunidade, em um empreendimento de habitação de interesse social. No entanto, uma das limitações do estudo deve ser apontada: a carência de avaliações semelhantes no Brasil para uma análise comparativa. Portanto, alguns resultados ressaltados nesse contexto poderão ter outras leituras em áreas residenciais de padrões socioeconômicos e comportamentais diferenciados.
A partir de tais questões, tem-se a discussão de Perry e Felce (1995) sobre qualidade de vida nas cidades, a partir da ponderação dos aspectos físico-material, bem-estar e situação social, aspectos necessários para todas as escalas - casa, bairro e cidade - para a construção de uma cidade coesa e agradável, a partir de uma melhor qualidade nas áreas residenciais. Assim, a pesquisa contribui nas discussões de organização espacial de áreas de empreendimentos de habitação social e insere a mensuração de fatores considerados subjetivos do ambiente construído vinculados à permanência e à satisfação dos moradores.
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McMillan (1996), Chavis e Pretty (1999), Lochner, Kowachi e Kennedy (1999), Talen (1999), Kaplan (2001), Obst, Smith e Zinkiewicz (2001), Nasar (2003), Kearney (2006), Appleyard e Cox (2006), Peterson, Speer e Hughey (2006), Maya-Jariego e Armitage (2007), Sugiyama et al. (2008), Yang (2008), Lawhon (2009) e Nowell e Boyd (2011).
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Chavis e Wandersman (1990), Nasar e Julian (1995), Skajaeveland, Garling e Maeland (1996), Bolsemann, MacDonald e Kronemeyer (1999), Appleyard (1981), Glynn (1981), Chavis et al. (1986), Lund (2002), Cantillon, Davidson e Schweitzer (2003), Long e Perkins (2003), Farrel, Aubry e Coulomb (2004), Kim e Kaplan (2004), Rogers e Sukolratanametee (2009), Mason (2010), Cuthcin et al. (2011), Wood, Frank e Giles-Corti (2010) e Wilkerson et al. (2012).
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A divisão por classe social tem por base o número de salários mínimos, pela soma da renda total da família. O Centro de Políticas Sociais (CPS) (NERI, 2011) da FGV e o IBGE estabelecem as seguintes classes pelo número de salários mínimos: A – acima de 20; B – 10 a 20; C – 4 a 10; D – 2 a 4; e E – de 0 a 2.
Agradecimentos
À Capes, pela bolsa de estudos e à Fundação Araucária pela bolsa produtividade 2014/2016.
Referências
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
Oct-Dec 2017
Histórico
-
Recebido
13 Set 2015 -
Aceito
31 Mar 2017