Open-access Desempenho e parâmetros intestinais de frangos Label Rouge recebendo silagem de grãos úmidos de milho

Performance and intestinal parameters of Label Rouge chickens fed on high-moisture corn silage

RESUMO

Foram utilizados 1200 pintos da linhagem Label Rouge, com peso médio inicial de 41,0 ± 0,55 g, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2 x 5, (com e sem acidificante X 0, 25, 50, 75 e 100% de silagem de grãos úmidos de milho - SGUM). Foram determinados o ganho de peso (GP), consumo de ração (CR), conversão alimentar (CA), além da análise morfométrica e de microbiota intestinal, rendimento de carcaça e de cortes. De 1 a 63 dias, houve efeito quadrático (P<0,05) da SGUM sobre o CR e CA. Houve interação (P<0,05) entre os níveis de SGUM e a adição de acidificante para o rendimento de carcaça, e de cortes (asa e peito) e fígado das fêmeas. Os machos apresentaram interação (P<0,05) entre os níveis de SGUM e o acidificante para carcaça, sobrecoxa, peito e gordura. Houve interação (P<0,05) da inclusão de SGUM e a adição ou não de acidificante para a contagem de Lactobacillus aos 63 dias. Houve efeito quadrático da SGUM para o tratamento com acidificante, e as criptas apresentaram maior diâmetro para o tratamento sem acidificante. Os resultados sugerem que frangos caipiras alimentados com até 50% de SGUM com acidificante apresentam boas características de carcaça e de cortes e não sofrem danos sobre os parâmetros intestinais.

Palavras-chave: Alimentos alternativo; Carcaça; Frangos caipiras; Vilosidades

ABSTRACT

In this experiment, 1200 Label Rouge chicks were used, with an average initial weight of 41.0 ± 0.55 g. The chicks were distributed over a completely randomised design in a 2 x 5 factorial scheme (with and without acidifier, and 0, 25, 50, 75 and 100% high-moisture corn silage - HMCS). Weight gain (GP) was determined, together with feed intake (CR), and feed conversion (CA), morphometric analysis, an analysis of intestinal microbiota, and the yield from the carcass and cuts. From 1 to 63 days, a quadratic effect (P<0.05) was seen from the HMCS on CR and CA. There was an interaction (P<0.05) between the levels of HMCS and the addition of acidifier on carcass, cuts (wing and breast) and liver yield in females. For males, there was an interaction (P<0.05) between the levels of HMCS and acidifier on carcass, drumstick, breast and fat. There was an interaction (P<0.05) between the inclusion of HMCS and the addition of acidifier on the Lactobacillus count at 63 days. There was a quadratic effect from the HMCS for the treatment with acidifier, and the crypts showed a greater diameter for the treatment without acidifier. The results suggest that range chickens, fed with up to 50% HMCS with acidifier, display good characteristics for the carcass and cuts, and suffer no damage to the intestinal parameters.

Key words: Alternative Feed; Carcass; Range chicken; Villi

INTRODUÇÃO

A agricultura orgânica no Brasil tem aumentado significativamente devido à valorização dos produtos agroecológicos (ZAMBERLAN; BÜTTENBENDER; SPAREMBERGER, 2006). Dentre esses produtos, encontram-se os grãos, produtos de origem animal in natura, cortes de carnes nobres e produtos industrializados (BARCELLOS et al., 2006; SANTOS et al., 2014).

Para que a avicultura alternativa conquiste o mercado consumidor, é necessário evidenciar que as aves criadas neste sistema de produção apresentem qualidades semelhantes ou superiores às existentes na avicultura industrial; entre elas, a textura da carne (CRABONE; MOORI; SATO, 2011). O frango caipira no Brasil tem se mostrado ótima alternativa como fonte de renda para pequenas propriedades, pois a ave é rústica, produtiva e apresenta elevada qualidade da carne (COSTA et al., 2007).

Entretanto, como o custo com alimentação representa aproximadamente 70% dos custos totais da criação, há uma busca incessante por matérias-primas que minimizem o custo das rações, sem prejudicar o desempenho zootécnico (COSTA et al., 2007). Nesse contexto, o grão de milho possui grande valor nutricional e é um dos mais utilizados na produção de aves; seja o grão seco ou em forma de silagem. Além disso, é considerado como a principal fonte de energia e responsável por até 25% da proteína bruta da ração (BASSO, 2009).

A silagem de grãos úmidos de milho (SGUM) pode ser fornecida às aves, inclusive adicionada de produtos como os ácidos orgânicos, que melhoram o desempenho zootécnico e as características da carcaça, além de evitar o desenvolvimento de fungos em grãos com alta umidade, e em rações (GONÇALVES et al., 2005). Portanto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o desempenho, morfologia e microbiota intestinal de frangos Label Rouge alimentados com SGUM, com ou sem a utilização de acidificante.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado na Fazenda Experimental da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, situada no Campus de Marechal Cândido Rondon-PR. Todos os procedimentos experimentais foram previamente submetidos à apreciação do Comitê de Conduta Ética no Uso de Animais em Experimentação da UNIOESTE, tendo sido aprovados para execução.

Foram utilizados 1200 pintos de 1 dia, de sexo misto, da linhagem Label Rouge, com peso médio inicial de 41 ± 0,55 g, adquiridos em incubatório idôneo, provenientes de uma mesma linhagem de matrizes, vacinadas no incubatório contra doença de Marek, Gumboro, Bouba Aviária e Bronquite Infecciosa.

Os animais foram criados em galpão de alvenaria telado e coberto com telhas cerâmicas, possuindo forração e cortinado de polipropileno e polietileno, provido de aquecedores de lâmpada infravermelha de 250 W, ventilação positiva e nebulização. As aves foram alojadas em unidades experimentais do tipo boxes, medindo 1,35 m x 1,30 m (1,76 m2), com cama nova de maravalha de pinus e equipados com bebedouros tipo nipple e comedouros tubulares. O programa de luz utilizado foi o contínuo (24 horas de luz natural + artificial), durante todo o período experimental.

As aves foram distribuídas em delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2 x 5, constituído da combinação de dois tratamentos com e sem a adição de acidificante Nutriacid® (composto por 30,0% de ácido lático, 25,5% de ácido benzóico, 7% de ácido fórmico, 8% de ácido cítrico e 6,5% de ácido acético) e cinco níveis de substituição do fubá de milho pela SGUM (0; 25; 50; 75 e 100%), totalizando 50 unidades experimentais, com 24 aves cada. A composição bromatológica da SGUM foi determinada no Laboratório de Nutrição Animal da UNIOESTE, correspondendo aos seguintes valores: MS= 61,6%; MO= 98,6%; PB= 11,3%; EE= 4,2%; FDN= 12,7% e FDA= 3,7%.

Ração e água foram fornecidos ad libitum, sendo que as rações basais de cada fase (1 a 7, 8 a 21, 22 a 35, 36 a 56 e 56 a 63 dias) foram formuladas à base de milho e farelo de soja, de acordo com as recomendações propostas por Rostagno et al. (2011), conforme descrito na Tabela 1, sendo estas isoproteicas e isoenergéticas entre os níveis de inclusão de SGUM, cuja quantidade foi ajustada tomando por base o teor de matéria seca do milho, por meio do fator de correção de 1,382, segundo técnica realizada por Sartori et al. (2002) e Andrade et al. (2004).

Tabela 1
Composição centesimal, energética e química das rações basais para as diferentes fases dos frangos de corte

A inclusão do acidificante foi realizada de acordo com as recomendações do fabricante, sendo que para os tratamentos que não continham este ingrediente foi utilizado inerte (areia lavada).

As aves e as rações foram pesadas a cada 7 dias, para determinação do ganho de peso (GP), consumo de ração (CR) e conversão alimentar (CA). A mortalidade das aves foi registrada diariamente para correções no CR, CA e para o cálculo da mortalidade e obtenção da viabilidade (SAKOMURA; ROSTAGNO, 2007).

Aos 63 dias de idade, duas aves por unidade experimental dentro do peso médio do lote (± 5%) foram abatidas por deslocamento cervical e, em seguida, foram coletados fragmentos do duodeno, para análise morfométrica por meio de microscopia de luz, preparados de acordo com a metodologia descrita por Luna (1968).

Os segmentos do intestino com aproximadamente cinco centímetros de comprimento foram cuidadosamente coletados, lavados imediatamente com água destilada e fixados em formol tamponado, por 24 horas, sendo então substituídos por álcool 70%, onde permaneceram até o preparo das lâminas. Após este período, foram desidratados e fixados em sucessivos banhos de álcool 80%, por 40 minutos, álcool 90%, por 40 minutos e três banhos em álcool 100% de uma hora cada. Posteriormente, as amostras foram submetidas a dois banhos de xilol, por 30 minutos cada, e procederam-se os dois banhos em parafina histológica, de 30 minutos cada e um terceiro banho por 12 h, seguindo então para a emblocagem em parafina histológica.

Os cortes foram realizados da forma semi-seriada, com sete micrômetros de espessura e, posteriormente, as lâminas foram coradas por meio do método hematoxilina e eosina. Para a captura de imagens das lâminas, utilizou-se microscópio óptico Leica com sistema de captura de imagem (Image Manager-IM50). Foram mensurados dez vilos e dez criptas por repetição, com aumento de quatro vezes para ambos, por meio do software ImagePro-Plus. A partir dos valores encontrados, obteve-se a média por segmento intestinal de cada animal para altura de vilo e profundidade de cripta.

Para as análises de microbiota, uma ave por unidade experimental, aos 63 dias de idade, foi abatida e imediatamente coletado o conteúdo intestinal (ceco). As amostras foram acondicionadas em potes estéreis e encaminhadas para o Laboratório de Microbiologia da UNIOESTE, onde foram homogeneizadas e pesadas (1,0 g), sendo então realizadas as diluições indicadas para o plaqueamento em meios específicos para Lactobacillus ssp, Clostridium sp. e Bifidum sp. As placas foram incubadas por 48 h a 37 ºC, sendo que para a identificação do Clostridium sp. e Bifidum sp. as placas foram colocadas em jarras contendo placas de anaerobac®, uma vez que estas bactérias crescem na ausência total de oxigênio. A contagem de colônias foi realizada em contador tipo Quebec e os resultados foram transformados e expressos em log10.

Aos 63 dias de idade, as aves foram pesadas e, após jejum de 8 horas, duas aves por unidade experimental, sendo um macho e uma fêmea representantes do peso médio (com variação de até 5% foram abatidas por deslocamento cervical. Em seguida, procedeu-se a sangria, depena, evisceração, lavagem e gotejamento. Após o completo gotejamento das carcaças, estas foram pesadas para obtenção do rendimento de carcaça e, em seguida, os cortes de peito, coxas, sobrecoxas e asas foram pesados para o cálculo de rendimento de cortes.

As vísceras foram coletadas e pesadas, e posteriormente foi realizada a pesagem individual de intestinos, fígado, moela e gordura abdominal (considerou-se gordura abdominal aquela depositada na região próxima à Bursa de Fabricius e à moela).

As variáveis estudadas foram avaliadas utilizando-se o Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas - SAEG (UFV, 2000), por meio de análise de variância e posterior regressão polinomial, a 5% de significância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve interação (P<0,05) entre os fatores estudados para rendimento de carcaça, peito, sobrecoxa e gordura abdominal, além de contagem de Lactobacillus e altura de vilo. O consumo de ração, conversão alimentar, rendimento de carcaça, gordura abdominal, moela e fígado foram afetados de modo significativo pelos níveis de SGUM, assim como a contagem de Lactobacillus e altura de vilo. Houve efeito (P<0,05) do acidificante sobre o rendimento de peito, sobrecoxa e fígado, bem como sobre a altura de vilo e profundidade de cripta (Tabela 2).

Tabela 2
Resumo da análise de variância das variáveis de desempenho, rendimento de carcaça, cortes e órgãos, e parâmetros intestinais de frangos de corte Label Rouge alimentados com diferentes níveis de inclusão de SGUM, com ou sem acidificante, de 1 a 63 dias de idade

Não houve interação (P>0,05) entre os níveis de substituição de SGUM e a adição ou não de acidificante na alimentação de frangos Label Rouge, de 1 a 63 dias (Tabela 3). Entretanto, houve efeito quadrático (P<0,05) para o CR e a CA em função dos níveis de inclusão de SGUM, sendo o maior CR e a pior CA obtidos nos níveis de 16,09% e 27,5%, respectivamente.

Tabela 3
Desempenho de frangos de corte Label Rouge alimentados com diferentes níveis de inclusão de SGUM, com e sem acidificante, de 1 a 63 dias de idade

Os resultados de desempenho observados no presente trabalho são diferentes dos encontrados na literatura (MADEIRA et al., 2010; MOREIRA et al., 2012; SARTORI et al., 2002), o que pode ter ocorrido devido à aptidão e desempenho dos frangos caipiras Label Rouge, que embora tenham como uma de suas características o crescimento lento, no presente estudo apresentaram desempenho superior ao obtido pelos autores supracitados.

Outro fator que pode ter influenciado os resultados é a estrutura do milho utilizado na silagem, uma vez que depois de triturado ocorre melhor absorção do amido, o que potencializa a utilização dos nutrientes. Na silagem, uma boa fermentação permite maior solubilização dos nutrientes e, consequentemente, aumento da susceptibilidade do amido à hidrólise enzimática (PINTO et al., 2012). O uso dos acidificantes propiciam melhor digestão e absorção dos alimentos (SARTORI et al., 2002), muito embora no presente estudo esse efeito não tenha sido confirmado nos resultados de desempenho obtidos. Ainda assim, Andrade et al. (2004), Madeira et al. (2010), Moreira et al. (2012) e Sartori et al. (2002) reportaram melhora no desempenho de aves que receberam acidificantes na dieta contendo silagem de milho.

Os efeitos quadráticos observados para o CR e a CA em função do aumento nos níveis de inclusão da SGUM podem ter ocorrido devido à elevada inclusão de silagem, o que pode ter limitado o trato digestório devido à alta umidade na SGUM (PINTO et al., 2012).

Houve interação (P<0,05) entre os níveis de inclusão de SGUM e a adição de acidificante para carcaça, sobrecoxa, peito e gordura (Tabela 4). A carcaça apresentou efeito linear (P<0,05) para os tratamentos com e sem acidificante. O peito e a gordura apresentaram efeito linear decrescente (P<0,05) para os tratamentos sem acidificante. Entretanto, a moela e o fígado apresentaram efeito linear crescente (P<0,05) para os tratamentos sem acidificante.

Tabela 4
Rendimento de carcaça, peito, coxa, sobrecoxa (SC), asa, gordura abdominal (GA), moela e fígado de frangos de corte Label Rouge alimentados com diferentes níveis de inclusão de SGUM, com ou sem acidificante, de 1 a 63 dias de idade

O efeito dos níveis de substituição sobre o peso da moela pode ter ocorrido devido ao teor de fibra da ração, o que aumenta o tempo de retenção do alimento e pode causar hipertrofia dos músculos da moela. Resultados semelhantes foram encontrados por Furtado et al. (2011), que avaliaram o desempenho de frangos alimentados com feno de maniçoba no semiárido paraibano, e Costa et al. (2007), que avaliaram o feno de maniçoba em aves caipiras.

Os resultados encontrados diferem dos descritos por Saldanha et al. (2006), Gonçalves et al. (2005), Andrade et al. (2004), Moreira et al. (2003) e Sartori et al. (2002), que avaliaram a SGUM na alimentação de frangos de corte. Estes resultados podem ter ocorrido devido à seleção genética, que varia de acordo com a importância dessas características para o mercado (MOREIRA et al., 2003), uma vez que os autores supracitados avaliaram SGUM para frangos de crescimento rápido (Cobb 500), enquanto no presente estudo foram utilizadas aves caipiras, de crescimento lento.

Considerando os frangos da linhagem Label Rouge alimentadas com SGUM sem acidificante, estes apresentam rendimento de carcaça semelhante ao descrito por Madeira et al. (2010), que avaliaram o desempenho e o rendimento de carcaça de quatro linhagens de frangos de corte em dois sistemas de criação. Embora a Label Rouge seja um ave de crescimento lento, esta é eficiente na produção de carne, o que lhe confere as boas características de carcaça.

Houve interação (P<0.05) da inclusão de silagem e a adição ou não de acidificante para a contagem de Lactobacillus e Clostridium. Com a inclusão de SGUM, houve efeito quadrático dos tratamentos sem acidificante na contagem de Lactobacillus, indicando um maior número de colônias com 50,54% de inclusão. Para RCM, o maior número de colônias foi obtido para 45,95% de inclusão de SGUM (Tabela 5).

Tabela 5
Contagem de colônias de Lactobacillus, Bifidum e Clostridium na microbiota de frangos de corte Label Rouge alimentados com diferentes níveis de inclusão de SGUM, com e sem acidificante, de 1 a 63 dias de idade

A inclusão de fibra na dieta e suas propriedades físico-químicas (solubilidade, viscosidade, capacidade de fermentação) podem alterar a composição e quantidade de microrganismos intestinais (MATEOS et al., 2012). A fibra dietética pode, por exemplo, reduzir o crescimento de microrganismos patogênicos como o Clostridium e a incidência de transtornos digestivos, uma vez que a fermentação de sua fração solúvel no ceco/cólon resulta em elevação da acidez do meio, interferindo diretamente na faixa ideal de pH requerido pelas bactérias patogênicas para seu crescimento e reprodução adequados (SHAKOURI; KERMANSHAHI; MOHSENZADEH, 2006). No presente estudo, o conteúdo de FDN e FDA da SGUM foi de 12,7 e 3,7%; respectivamente. Aliada ao uso do acidificante, a contagem de Clostridium na microbiota das aves apresentou redução (P<0,05), em relação às aves que não receberam acidificante.

Segundo Apajalahti, Kettunen e Graham (2004), a densidade bacteriana no ceco aumenta com a idade, sendo relativamente constante a partir dos 30 dias de idade. As enterobactérias e enterococos dominam o ceco nos três primeiros dias de idade, e os Lactobacillus estão em maior número após os três primeiros dias, mantendo-se estáveis durante todo o crescimento, porém a composição da dieta pode afetar a atividade da microbiota intestinal (SHAKOURI; KERMANSHAHI; MOHSENZADEH, 2006; VAN DER WIELEN et al., 2000).

Ao avaliarem a resposta de frangos de corte sob diferentes temperaturas, alimentados com silagem de milho seco suplementada ou não com enzimas microbianas, Bhuiyan, Islam e Iji (2010) observaram que as bactérias anaeróbias aumentaram nas dietas que foram suplementadas com enzimas. As populações de Lactobacillus e Clostridium não foram alteradas no conteúdo cecal ao abate (42 dias), sendo que estes resultados diferem dos encontrados neste trabalho. Entretanto, nas dietas sem acidificante, os autores encontraram maior número de Lactobacillus, resultado semelhante ao encontrado no presente trabalho.

Para a altura dos vilos, houve interação (P<0,05) entre a substituição da SGUM e a adição de acidificante (Tabela 6). Foi observado efeito quadrático (P<0,05) da SGUM para o tratamento com acidificante. Houve diferenças (P<0,05) entre as criptas aos 63 dias de idade, indicando que foi maior a profundidade para as aves que estavam alimentadas com SGUM e sem acidificante.

Tabela 6
Altura de vilo e profundidade de cripta no intestino de frangos de corte Label Rouge alimentados com diferentes níveis de inclusão de SGUM, com e sem acidificante, de 1 a 63 dias de idade

Os resultados obtidos para altura do vilo divergem dos resultados encontrados por Viola e Vieira (2007), que avaliaram a suplementação de acidificantes orgânicos e inorgânicos em dietas para frangos de corte e concluíram que as aves do grupo controle apresentaram menor altura das vilosidades, afirmando que a ausência dos ácidos orgânicos reduz a capacidade de utilização dos nutrientes, quando comparada com aves que consumiram antibióticos ou acidificantes.

Entretanto, houve efeito quadrático da altura do vilo em função dos níveis de SGUM para as dietas que receberam acidificantes, apresentando uma altura maior ao nível de 64,39% de SGUM. A ação dos acidificantes inibiu a colonização de microrganismos, beneficiando desta maneira a mucosa intestinal e favorecendo a estrutura das vilosidades. Outro fator favorável pode ter sido a redução da descamação, o que pode ter elevado a proliferação das criptas, propiciando aumento no tamanho das vilosidades (CHAVEERACH; LIPMAN; VANKNAPEN, 2004; VAN IMMERSEEL et al., 2006).

Os resultados encontrados divergem dos obtidos por Andrade et al. (2004), que não observaram interação da SGUM e do aditivo para as características morfométricas. Ainda assim, Sartori et al. (2002) encontraram maior altura de vilo aos 21 dias, e menor profundidade de cripta no duodeno aos 42 dias, para as aves alimentadas com SGUM.

CONCLUSÕES

A inclusão de até 50% de silagem de grãos úmidos de milho proporcionou melhor desempenho, rendimentos de carcaça e cortes, e redução de danos sobre os parâmetros intestinais, enquanto o uso de acidificante reduziu a contagem bacteriana no intestino grosso.

  • Parte da Dissertação de Mestrado em Zootecnia do primeiro autor apresentada na Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2016

Histórico

  • Recebido
    17 Set 2015
  • Aceito
    09 Nov 2015
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