Open-access IDOSOS EM EXCURSÃO: ENTRETENIMENTO, BIOSSOCIABILIDADE E AVENTURA

ELDERLY PEOPLE ON FIELD TRIPS: ENTERTAINMENT, BIOSSOCIABILITY AND ADVENTURE

ADULTOS MAYORES EN EXCURSIÓN: DIVERSIÓN, BIOSOCIABILIDAD Y AVENTURA

Resumo

Neste artigo, objetivamos identificar e analisar alguns sentidos que o turismo adquire no contemporâneo para os idosos que viajam em excursão. Foram acompanhadas quatro excursões realizadas na Região Sul do Brasil, por meio do Programa Turismo Social do SESC e realizadas 13 entrevistas semiestruturadas. As análises dos resultados apontam que: o turismo contribui na formação de “amizades de excursão” e biossociabilidades que refletem a centralidade do corpo e o teor de superficialidade que regem as relações sociais contemporâneas; o ritmo da viagem, marcado pela extensão da programação e rigidez do horário, parece favorecer a retomada de ritmos de vida laboral, desejada pelo idoso que se encontra desamparado em seu “tempo livre”; para as mulheres a viagem assume um sentido particular de aventura, ligado à transformação de valores patriarcais e à construção de outros espaços e papéis associados ao feminino.

Palavras chave: Turismo; Atividades de lazer; Idosos

Abstract

This paper aimed identified and analyzed some contemporary meanings of tourism for elderly people who go on field trips. Four trips were carried out in Southern Brazil through the SESC Social Tourism Program and 13 semi-structured interviews were conducted. Analyses of the results show that: tourism contributes to establishing “filed trip friendships” and biossociabilities that reflect the body’s centrality and the level of superficiality that governs social relations; the rhythm of the trip, marked by an extended and inflexible schedule, seems to resume labor life rhythms desired by the elderly who are helpless in their “free time”. For women, the journey takes on a particular adventure meaning linked to changing patriarchal values ​​and building other spaces and roles associated with the female condition.

Keywords: Tourism; Leisure Activities; Aged

Resumen

Este artículo identifica y analiza sentidos contemporáneos del turismo para adultos mayores que viajan en excursión. Se acompañaron cuatro excursiones en el Sur de Brasil, bajo el Programa Turismo Social del Servicio Social del Comercio (SESC), y se realizaron 13 entrevistas semiestructuradas. Los resultados sugieren: el turismo contribuye para formar “amistades de excursión” y biosociabilidades que reflejan la centralidad del cuerpo y el contenido de superficialidad que orientan las relaciones sociales contemporáneas; la extensión de la programación y los horarios rígidos parecen favorecer la recuperación de ritmos de la vida laboral, deseada por adultos mayores desamparados en su “tiempo libre”; para las mujeres, el viaje asume un sentido particular de aventura, ligado a la transformación de valores patriarcales y la construcción de otros espacios y papeles asociados a lo femenino.

Palabras clave: Turismo; Actividades de Ocio; Ancianos

1 INTRODUÇÃO

Há algum tempo acompanhamos mudanças no regime demográfico e na estrutura etária no País. Um dos aspectos mais evidentes desse processo é o aumento da população considerada idosa, segmento populacional que mais cresce no país, com taxas de mais de 4% ao ano (BORGES; CAMPOS; SILVA, 2015). Ao mesmo tempo, a expectativa de vida aumentou em 12,4 anos de 1980 a 2013, passando de 62,5 para 74,9 anos, e é ainda maior no estado de Santa Catarina, onde alcança 78,1 anos (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2014).

Se considerarmos a esperança de vida do brasileiro apontada acima, e a idade média de aposentadoria de 53 anos, na conjuntura política atual, estamos falando de uma população que viverá ainda cerca de 20 anos, chegando a 30 anos ou mais naquelas regiões em que os idosos têm melhores condições de saúde e assistência social. Para além dos números, fazer 60 anos não está mais associado, necessariamente, à última etapa da vida, embora possa estar a uma outra etapa, mais distanciada das atividades produtivas do mundo do trabalho e com a pergunta sobre o que fazer com esse tempo, do que com um estado de senilidade e decrepitude (CAMARANO, 2004).

Tendo em vista esse quadro, em que emerge a pergunta sobre o que fazer no “tempo livre”, vem crescendo o número de espaços públicos e privados em que se pode encontrar grupos de idosos formados espontaneamente para diversas atividades sociais, bem como serviços institucionalizados em que se organizam práticas destinadas à integração, ao convívio e à ocupação dessa população, com destaque para os chamados Grupos ou Centros de Convivência para a Terceira Idade ou Grupos de Convivência para Idosos, conforme define e incentiva a Política Nacional do Idoso (BRASIL, 1994). Ao mesmo tempo, diversos produtos culturais mercantilizados são apresentados com a promessa de satisfazer toda a esperança de felicidade depositada no tempo pós-trabalho. Dentre eles, a viagem, convertida em turismo, é objeto de desejo e de consumo privilegiados, sendo produto cada vez mais acessível no mercado do entretenimento, na forma de pacotes, excursões e passeios, destacadamente para os idosos, ainda que não exclusivamente.

Iniciativas como o Projeto Viaja Mais - Melhor Idade, do Governo Federal e o Programa Turismo Social (PTS) do Serviço Social Comércio (SESC), além de inúmeras agências de viagem especializadas, têm promovido e incentivado o turismo entre os idosos. Parte desse crescimento está associado ao fato de esse segmento populacional representar lucrativa fatia de mercado e importante alternativa para os problemas da sazonalidade turística, visto que os idosos podem viajar fora dos períodos de alta temporada (PEREIRA; WAISMANN; SANTOS, 2009). Além disso, a demanda por essa prática de lazer não é pequena, sendo ilustrativo o estudo de Santos e Marinho (2015), que identifica o turismo como a atividade mais requisitada pelos participantes dos cinco Grupos de Convivência que investigaram na cidade de Florianópolis. Outrossim, as autoras salientam que parte das demais atividades desses Grupos (como bingos, rifas e almoços) é realizada como forma de subsidiar passeios e viagens almejadas, o que se soma à mensalidade paga pelos participantes.

Ao contrário de justificar a necessidade de estudar o fenômeno do turismo entre idosos a partir de uma demanda de mercado, as considerações realizadas servem de impulso para nos perguntarmos sobre como vem se constituindo a vida dessa população diante de novas perspectivas de tempo de vida e, junto a isso, refletir sobre os espaços e os papéis que têm sido atribuídos ao turismo como prática de lazer recorrente para esta população.

Neste texto objetivamos identificar e analisar sentidos que o turismo adquire no contemporâneo para os idosos. Após descrevermos o percurso metodológico, apresentamos e interpretamos sentidos que a excursão assume para turistas idosos, sintetizados em três categorias de análise: “amizades de excursão”, “retomada de ritmos laborais” e “aventura feminina”. Logo depois, as conclusões do estudo.

Antes de apresentarmos as opções metodológicas, importa observar que na perspectiva aqui adotada entendemos que o turismo é constituído no interior dos esquemas da indústria cultural, conforme elaboraram o conceito Horkheimer e Adorno (2015), o que significa que a sua produção e reprodução passam por um processo no qual são empregadas técnicas materiais e objetivas, tal como é realizado com qualquer outra mercadoria. Faz parte, portanto, da cultura “[...] produzida na esfera da circulação e do consumo para o entretenimento e a ocupação do ‘tempo livre’” (VAZ, 2006, p. 25), integrando a dinâmica de exploração da sociedade capitalista.

2 METODOLOGIA

Este artigo trabalha com resultados alcançados em pesquisa empírica em que acompanhamos quatro excursões e realizamos 13 entrevistas, entre dezembro de 2014 e abril de 2015. Caracterizadas por roteiro e programação preestabelecidos para um grupo de turistas, elas fazem parte do Programa de Turismo Social do SESC de Santa Catarina, existente desde a década de 1990. As viagens foram realizadas em ônibus, com aproximadamente 30 pessoas em cada uma delas, com duração de dois a quatro dias, saindo de Florianópolis para destinos na Região Sul do Brasil. Os registros foram feitos em diário de campo.

Apesar de não serem direcionadas para um público específico, as excursões do Programa são conhecidas pelo amplo atendimento a idosos, algo que creditamos ao expressivo número de atividades específicas para este público na unidade do SESC de Florianópolis, cujos participantes acabam se tornando clientes e divulgadores das excursões. Além disso, os descontos de 30% do valor para os maiores de 60 anos são atrativos, além da própria modalidade de excursão, que favorece a adesão dos idosos em função das comodidades relativas à organização e reservas prévias de transporte, hospedagem e programação.

Para a presente análise selecionamos 13 turistas considerados idosos, menos em função da idade do que por estarem em uma outra etapa da vida (CAMARANO, 2004) que, como já apontamos, é caracterizada pela disponibilidade de tempo e certa estabilidade financeira alcançada com a aposentadoria. As entrevistas foram realizadas a partir de um roteiro previamente elaborado, em momento posterior à viagem, em data e local que atendessem à disponibilidade dos entrevistados, sendo posteriormente transcritas e analisadas. Além de serem adotados todos os procedimentos éticos, reforçamos que os nomes dos participantes são aqui fictícios, garantindo-lhes o anonimato.

3 AMIZADES DE EXCURSÃO

Muitas foram e muitas são as motivações para a prática de viagens. Mesmo aquelas organizadas a partir do modelo turístico, que têm a diversão e o entretenimento como objetivos gerais, são permeadas por distintos sentidos, intenções e necessidades atribuídas pelos turistas. Porém, assim como sugerem estudos sobre a motivação dos idosos em relação às práticas de lazer (RODRIGUES; FERNANDES, 2016; WICHMANN et al., 2013), para os entrevistados as expectativas recaem especialmente sobre as relações pessoais que as excursões tendem a oportunizar. Ivone diz que gosta de viajar em excursão “pela interatividade, porque sozinha a viagem se torna monótona” . Ana explica: “Estou gostando mais [de viajar em excursão] por causa da amizade. A gente faz uma amizade maravilhosa. Chega uma certa idade que a pessoa precisa de amizade, é muito bom”.

Para os turistas investigados, as viagens em grupo constituem-se em importante estratégia de sociabilidade, de modo que viajar em grupo tornou-se mais importante do que somente viajar. Ilustrativas foram as situações em que os turistas idosos preferiram ficar conversando no interior do ônibus com os “amigos” a desembarcar e conhecer um ponto turístico determinado. Nestas “amizades” às quais se referem, incluem-se todas as interações, mesmo aquelas mais breves e superficiais, seja com os demais turistas, o guia, o motorista, o recepcionista do hotel, de modo que poderíamos denominá-las “amizades de excursão”. Salvo raras exceções, são o tempo e o espaço da excursão que determinam os limites de tempo e espaço desta “amizade”, como explica Robson: “Não é uma amizade de ir à casa um do outro, mas de se encontrar na excursão. Havia uns seis ou oito neste último passeio que a gente já tinha viajado junto antes”.

O peso atribuído pelos turistas às “amizades de excursão” pode ser estimado pela avaliação que fazem da viagem, pautada na satisfação quanto às relações sociais aí estabelecidas. Apesar de não ter gostado do roteiro, Fernando avalia positivamente a viagem “porque o grupo foi bastante afinado, legal e homogêneo. [...] O destaque foram as pessoas, o motorista, você e o próprio guia”. Ana, no entanto, aponta como único ponto negativo a relação que teve com sua companheira de viagem porque “Ela se jogava na frente e me deixava sozinha. Esta foi a primeira vez em que eu viajei com ela. Esta foi a única coisa que eu mais ou menos não gostei”.

Nesses casos a medida de avaliação da excursão recaiu sobre as respostas dos companheiros em relação a uma demanda por atenção e companhia, que revela um tipo de sociabilidade voluntariamente compulsória que também caracteriza as “amizades de excursão”. Mesmo quando não se deseja a companhia de alguém, a convivência com os demais é inevitável, seja em virtude da proximidade corporal provocada pelos assentos próximos no ônibus, do compartilhamento do apartamento de hotel ou da realização do mesmo roteiro por todos.

A aceitação do relacionamento voluntariamente compulsório e a atribuição de valor de amizade ao convívio passageiro e superficial com os demais turistas e profissionais da viagem sugerem uma sociabilidade cuja função não é mais que a manutenção de nossas condições psíquicas, um mecanismo de sobrevivência frente à “experiência subjetiva do vazio e do isolamento” em que estaria baseada a cultura contemporânea, como propõe Lasch (1983, p.77). Segundo o autor, cujo diagnóstico de mais de três décadas parece seguir vigente, o modo como nos relacionamos tem se constituído em autodefesa contra tensões, incertezas, ansiedades e pela dependência em relação a outros indivíduos, de modo que realizamos um movimento de intenso cuidado conosco, com busca de bem-estar e gratificação imediatos, inclusive no âmbito das relações pessoais, dando preferência à intimidade e aos relacionamentos instantâneos, mas sem envolvimento.

Paralelamente a este elemento compulsório, há uma solidariedade afetiva presente nas “amizades de excursão”. É comum, por exemplo, que os pares formados a partir do compartilhamento da poltrona ou do quarto também permaneçam juntos em outras situações, como ilustra o passeio em Gramado:

Saindo do ônibus, as pessoas vão ‘naturalmente’ se aproximando e formando duplas ou pequenos grupos e caminham olhando as vitrines, a igreja, a decoração de Páscoa [...]. Eu e a Senhora Luíza, que senta ao meu lado no ônibus, descemos por último e seguimos caminhando. Como os demais turistas estão um pouco à frente, não nos resta muitas opções, ou seguimos juntas, ou uma de nós desvia a conversa e o caminho, não é o que acontece. Caminhamos vagarosamente, ao ritmo dela. Conversamos, olhamos a cidade e ela me pede para tirar uma foto sua em frente à igreja. Seguimos passeando entre as ruas iluminadas e decoradas vitrines.

Nessas ocasiões, o colega desconhecido torna-se uma fonte de segurança. Sabe-se que aquela circunstância não irá reverberar em amizade profunda e enriquecedora, mas sabe-se, também, que se pode contar com alguém, mesmo que provisoriamente, para realizar as atividades, percorrer as atrações, como afirma Robson:

[...] nas viagens em grupo, você sai de casa sozinho, quando entra no ônibus também está sozinho, mas quando você parte realmente está com todo mundo. Viajar sozinho não é muito bom porque tu sempre ficas meio deslocado [...] Em grupo sempre é melhor, o ser humano é muito prestativo, um ajuda o outro [...].

Ao reconhecerem a mútua necessidade de conforto emocional uns dos outros, os turistas demonstram solidariedade nos esforços de se integrarem em pares, mas também evidenciam o teor de racionalidade e cálculo que determina as relações, visto que o interesse pelo outro cresce na medida em que se torna apoio às sensações individuais. Neste sentido, mais do que sociabilidade, a viagem pode ser identificada como estratégia de biossociabilidade (ORTEGA, 2003), ou seja, relações sociais estabelecidas pela identificação de marcadores corporais comuns aos sujeitos, ainda que não necessariamente biológicos, conforme explicamos na sequência.

Segundo Ortega (2003, p. 63) as biossociabilidades são constituídas por grupos de interesse privado, reunidos segundo singularidades corporais - “saúde, performances corporais, doenças específicas, longevidade etc.” - diferenciando-se dos critérios de agrupamento tradicionais, como etnia, classe (somaríamos gênero e geração) ou orientação política. Essas singularidades não se referem unicamente aos aspectos biológicos do corpo, mas às representações sociais sobre este. No caso investigado, para além da faixa etária, o agrupamento é definido em função da integração dos turistas às normas e aos valores esperados e cobrados dos idosos. São comuns os discursos em que eles, como pontua Ortega (2003, p. 65) em outra situação, “são apresentados como saudáveis, joviais, engajados, produtivos, autoconfiantes e sexualmente ativos”, passando a ser avaliados moralmente por seu enquadramento nestes padrões, ao que depende sua integração ao grupo biossocial. Além do ato de viajar ser, em si, símbolo deste paradigma comportamental esperado dos idosos, em que o corpo, em suas expressões e desempenho, é central, as relações biossociais estabelecidas entre os turistas também o são. Estas não emergem do compartilhamento de ideias comuns ou do interesse genuíno pelo outro, mas da necessidade de relacionamentos que satisfaçam demandas imediatas e que favoreçam expectativas e experiências de ordem corporal, a exemplo da sensação de familiaridade e segurança emocional que experimentam os turistas em relação a seus pares.

4 RETOMADA DOS RITMOS LABORAIS

Além de estratégia de sociabilidade, a viagem é tomada como possibilidade de quebra da rotina ou da vivência de ritmos de vida distintos do cotidiano dos idosos. Ao ser questionado sobre as motivações para viajar, Vilson explica que: “A primeira coisa é que é para sair da rotina de casa. Têm dias que a gente não tem lugar para ir. Às vezes vai à praia, na praça, caminha, mas com uma viagem destas aí a gente já se distrai um pouco mais”. Paulo reforça que viajar é algo bom porque “É bom passear. É sair do dia a dia, da rotina”.

Muitas interpretações sobre turismo se referem à categoria da fuga, aludindo à tentativa do turista de escapar de rotinas ligadas ao trabalho formal e a obrigações como os cuidados com os filhos e os trabalhos domésticos. Porém, o perfil dos participantes investigados é bem diferente, são adultos ou idosos aposentados, com boas condições de saúde e financeira, que moram sozinhos ou com seus cônjuges. Os filhos, quando existentes, já saíram da casa dos pais e deles não dependem financeiramente. Os que ainda trabalham, mesmo aposentados, desenvolvem atividades mais flexíveis quanto ao nível de exigência e horários, quando comparadas com as práticas laborais tradicionais. O diálogo de Vilson e Olinda ilustra a rotina do casal:

Vilson - Na verdade a gente toma café e já vai dar a caminhada. Quando não dá para caminhar porque a maré tá cheia, a gente vai caminhar aqui na praça e faz academia naquela academia ao ar livre. Caminhamos quase todos os dias, só não caminhamos se chove muito. Voltamos lá por umas 10h e fazemos um almocinho.

Olinda - A gente passa e conversa com um e com outro, aí almoçamos. Depois do almoço é sagrado aquele soninho. E, à tarde, a gente vai para o Centro se tem que fazer alguma coisa, fica um pouco no computador e assim vai passando a tarde. Às vezes caminhamos de novo à tarde, depende. O negócio é não ficar muito em casa. Para pegar a gente em casa não é fácil, não.

Ana também relatou sua situação e como literalmente preenche as horas do dia:

[…] já estou há oito anos viúva, se eu ficar só aqui dentro de casa sozinha [...] não tenho filhos, era só eu e ele. Aí se eu ficar aqui dentro de casa sozinha o que vou fazer? Minha vida não tem graça, né?! […] Eu faço muito tricô, fiz curso de flores de E.V.A. No inverno faço uma porção de blusas de lã, mas eu dei tudo. Eu doo, eu não vendo. Eu faço e doo, porque daí eu tiro meu tempo, né? E assisto muito à televisão, gosto de assistir a muita televisão e de estar por dentro das novidades da televisão.

Em que pese as particularidades, de modo geral a vida desses sujeitos se caracteriza por ritmos mais lentos do que estavam acostumados ao longo da trajetória laboral. Isso acontece de forma semelhante com homens e mulheres, pois, para estas, embora continuem responsáveis pelos afazeres domésticos, o trabalho relacionado aos cuidados com os filhos e o esposo são atenuados, seja pela saída destes de casa ou pelo falecimento do companheiro. Em decorrência disso, os sujeitos demonstram preocupação em se ocupar - “O negócio é não ficar muito em casa”, diz Olinda.

Imbuídos de uma sensibilidade acelerada, os sujeitos se esforçam para buscar e realizar atividades para driblar, a todo custo, o sentimento de tédio que insiste em lhes acenar. Conforme Lovisolo (2003), embora tal sentimento sempre estivesse mais ou menos presente nas diferentes sociedades e culturas, chama atenção a forma como tem sido combatido no contemporâneo, preponderantemente a partir de “recursos antitédio”. Estes se referem aos produtos gerados pelo mercado - especialmente os centrados nos meios de comunicação como televisão, rádio, cinema, mas também turismo, esporte e compras - cuja adesão está ligada à sua capacidade de distrair, divertir, passar o tempo, independentemente do seu conteúdo (LOVISOLO, 2003).

A necessidade de ocupação permanente é destacada, também, entre os aposentados que ainda se encontram no âmbito do trabalho formal, como Suzana:

Eu gosto de ficar bastante em atividade. É que eu me sinto mal [...] nestes anos todos eu sempre trabalhei e estudei, sempre tive alguma coisa além do trabalho. [...] Então eu gosto de ocupar meu tempo. A viagem ajuda para isso, especialmente quando você chega a uma certa idade, precisa manter a tua mente ativa, para isso precisa manter ela ocupada. Então, as viagens e outras atividades [...] você tem que ter.

A viagem em excursão parece ter se consolidado como alternativa preponderante na tentativa de combate ao tédio entre o público idoso, ou melhor, para um grupo de pessoas que começaram a trabalhar precocemente, mas também se aposentaram cedo. Diferentemente das demais atividades com as quais os sujeitos procuram se ocupar, a viagem permite “distrair um pouco mais”, como disse Vilson, visto que impõe ritmos acelerados pela quantidade de atrações, paradas e pontos turísticos visitados em cada viagem, como pode ser verificado no Quadro 1.

Quadro 1
Demonstrativo do roteiro realizado no dia 13 de dezembro de 2014 durante a excursão “Natal Encantado em Curitiba”

Além do grande número de atividades e do breve tempo reservado a cada uma, o período dentro do ônibus também é preenchido e ocupado por meio dos jogos organizados pelos guias (bingo, perfil), sorteios, músicas, filmes e muitas informações turísticas ou não (horários, programação, hospedagem, valores...). Juntam-se a isso os chamados city tours panorâmicos, realizados de ônibus, nos quais uma grande quantidade de objetos e pontos turísticos precisam ser vistos e fotografados nos segundos em que o veículo passa por eles.

De fato, os turistas procuram fugir, no entanto, fogem da falta de distração, de não ter seu tempo ocupado com diversas atividades ou de não saberem o que fazer com ele, refletindo aquilo que Adorno (2015) identificou como o desamparo das pessoas no seu “tempo livre” e com a dificuldade de se desligarem do trabalho, mesmo quando não mais precisam dele. Tendo isso em vista, o turismo aqui investigado pode ser compreendido menos como fuga do trabalho e do estresse e mais como de um estado de monotonia, de tédio. Longe de ser um fenômeno “natural” no ser humano, tal sentimento é expressão das condições colocadas por um sistema que adestra para o trabalho, mesmo durante o período de lazer (ADORNO, 2015). Isso acontece porque os ritmos, as formas e as exigências intrínsecas à viagem (com horários, programação e organização) consistem na outra face do mesmo processo de implantação dos ritmos e sentidos do trabalho, sendo por isso que, segundo Adorno (2015, p. 104), o chamado “tempo livre” pode ser pensado como paródia de si mesmo, pois “nele se prolonga a não liberdade [...]”. De modo geral, no lazer, além de se integrar à lógica do consumo o sujeito se adapta aos ritmos da produção e reprodução mecânica, como afirmam Horkheimer e Adorno (2015), de modo que:

A diversão é o prolongamento do trabalho sob o capitalismo tardio. Ela é procurada pelos que querem se subtrair aos processos de trabalho mecanizado, para que estejam de novo em condições de enfrentá-lo. [...] Do processo de trabalho na fábrica e no escritório só se pode fugir adequando-se a ele mesmo no ócio. Disso sofre incuravelmente toda diversão (HORKHEIMER; ADORNO, 2015, p. 31).

Se para o grande público o lazer pode promover a adaptação em ritmos acelerados correspondentes à esfera do trabalho, para o público investigado (idosos e aposentados, porém com pouca idade), o lazer e a viagem promovem o retorno a estes ritmos, sem os quais, aparentemente, já não conseguem mais viver.

5 AVENTURA FEMININA

A presença de mulheres nas viagens turísticas é preponderante. Nas que acompanhamos, além de casais, havia muitas viúvas, solteiras ou separadas, viajando com amigas ou outras mulheres da família. Além de as mulheres viverem mais tempo que os homens - em Florianópolis, por exemplo, 57,61% da população idosa são de mulheres (IBGE, 2010) -, há uma tendência de homens casarem-se com mulheres mais jovens, assim como há maior quantidades de recasamentos entre os viúvos do que entre as viúvas (BERQUÓ; BAENINGER, 2000), o que ajuda a explicar a maior quantidade de mulheres idosas nas viagens. Para além destes indicadores, esta diferença de participação entre os gêneros tem relação com o sentido particular que a viagem assume para as mulheres, ou seja, momentos de libertação em relação a uma vida com poucas possibilidades de mobilidade, pelas baixas condições financeiras (ao longo da vida) ou simplesmente pela própria condição de mulher nesta sociedade, como logo será detalhado.

Embora grande parte das viagens organizada na forma de turismo seja padronizada e previsível, como é próprio da mercadoria - tanto os roteiros como as próprias reações dos turistas são, de certa forma, predefinidos1 - ainda há a possibilidade do desafio e do encontro com o novo, especialmente entre as mulheres, como observamos no caso de Júlia:

Em uma parada para o café, no trajeto de volta para Florianópolis, Júlia diz que já está viajando há quatro anos, desde que o marido faleceu, diz que está perdendo o medo de viajar e de fazer as coisas, como andar de ‘bondinho’, por exemplo. Como acabou de experimentar em Canela, durante a visita à Cascata do Caracol, agora ela quer ir para Balneário Camboriú no Parque Unipraias, onde há um teleférico ainda maior, nas suas palavras.2

Diferentemente do que habitualmente seria considerado o mais importante da viagem - neste caso, a aproximação à Cascata do Caracol, elemento imponente e singular da natureza -, para Júlia, o sentido central da atividade está em perder “o medo de viajar e de fazer as coisas”, sintetizado no simples fato de sair em excursão e na experiência de ter “andado” de teleférico, atividades que parecem ter tido pouco espaço no período em que esteve casada. Distinto de um encontro com a novidade, o relato expressa uma experiência de encontro com o novo. O novo e a novidade têm dimensões diferentes, como explica Benjamin (1994). Segundo o autor, a novidade está ligada à noção de eterno retorno, de um ciclo infernal que caracteriza o sempre igual dos artigos de massa, produzidos sob o acelerado processo de produção e das técnicas de reprodução. Por outro lado, “o novo se opõe ao sempre igual” (BENJAMIN, 1994, p. 172), ao habitual da novidade, concretizando-se pelo envolvimento do sujeito na situação, na capacidade de (re)descoberta e da atribuição de sentidos particulares a experiências comuns, inclusive aos objetos turísticos que, embora se apresentem igualmente aos turistas, foram ressignificados por Júlia.

O sentido particular da viagem para as mulheres idosas também é expresso por Valéria, que relata as primeiras excursões realizadas por grupos de convivência, lembrando que “antigamente as mulheres eram muito reprimidas, não saíam sozinhas e os homens eram muito machistas”, de modo que a possibilidade de viajar em grupo apresenta-se como importante possibilidade de lazer.

Então, à medida que elas foram ficando viúvas, porque os homens foram morrendo muito cedo, elas foram se formando em grupos. Havia muitos grupos destes, depois até a prefeitura e os centros comunitários começaram a organizar. Então o objetivo delas era passear, conhecer novos lugares, comer bem, dançar [...] então, na volta, a gente via em cada uma delas o semblante de alegria. A maioria naquela época já não tinha marido, ou então eram solteironas. Era um grupo grande, havia só eu e mais duas que tinham marido. Era o grupo da Luluzinha, só mulher. A finalidade era lazer, coisa que elas não tiveram a vida inteira de casamento. Até tinha pessoas com bom nível de vida, mas não tinham [...] [lazer] porque foi um filho para cada lado e a mamãe que se virasse. Então eles iam passear e a mamãe ficava. Então estes grupos abriram uma janela, uma porta para que estas pessoas conhecessem outros lugares, passeassem. Então eu acho que o objetivo da gente era só este. 3

Para Júlia e para o grupo de mulheres ao qual se refere Valéria, que poucas vezes saíram da própria cidade, ainda mais sem o acompanhamento e a condução de algum familiar, a experiência de viajar e, de certa forma, assumir a direção da própria vida, pode ser considerada audaciosa, símbolo de coragem, afinal, como uma mulher “se atreve” a viajar sozinha, a conhecer o estado e ainda arriscar-se no teleférico? As situações ao longo da viagem e o próprio deslocamento ganham, assim, um sentido de aventura para aquelas que passaram a vida num mundo cujo limite era a cerca de casa4, quiçá as fronteiras da cidade.

Aventura está sendo aqui tomada a partir do sentido original da palavra latina adventure5, que significa “as coisas que estão por chegar”, movimento, aproximação com situações incertas que estão por vir e que, por isso, se associa com a noção de modernidade.6 Ao contrário de estar apenas relacionada ao encontro e enfrentamento de elementos da natureza e obras arquitetônicas, esta noção também está contida nas experiências simbólicas e subjetivas, como o projeto de (re)construção cultural e identitária do continente europeu, exemplificado por Bauman (2006) em Europa: uma aventura inacabada. Nesta obra o autor associa a noção moderna de aventura com a trajetória pela qual foi (e continua) sendo edificado o “espírito” ou “caráter” europeu, observando que a referência ao continente, presente nos contos sobre sua origem, é de um lugar a ser inventado, não propriamente a ser descoberto:

[...] a Europa não é algo que se descubra, mas uma missão - algo a ser produzido, criado, construído. E é preciso muita engenhosidade, sentido de propósito e trabalho duro para realizar essa missão. Talvez um trabalho sem fim, um desafio eternamente a ser vencido, uma expectativa jamais alcançada (BAUMAN, 2006, p. 8).

Bauman traz a ideia de aventura como a construção de algo novo, um caráter, espírito, ideal, uma vida diferente. Além disso, remonta à aventura o sentido original da palavra latina, processo ou projeção em relação a algo que não poderá ser propriamente alcançado ou conquistado, como geralmente se pensa em relação a um destino ou uma atividade turística. Se assim tomarmos a ideia de aventura, podemos reconhecer que a sua experiência, nas situações relatadas pelas idosas, localiza-se no processo de construção de novos valores, comportamentos e crenças culturais relacionados ao sistema hierárquico de gênero. Ao explicar que as diferentes experiências e lugares de homens e mulheres na sociedade não são determinados biologicamente, Butler (2003) propõe que o gênero se constitui pelas relações de poder a partir das quais são atribuídos significados e valores culturais às diferenças anatômicas, de modo que um conjunto de normas passa a determinar a produção de uma única identidade considerada feminina (e masculina). Na cultura ocidental, esta produção se deu pelo discurso que associa o feminino ao ambiente privado, às práticas domésticas e familiares e ao papel de subordinação ao homem. Para as mulheres entrevistadas, a viagem parece participar de um processo de redefinição de suas identidades por meio de novos e outros espaços (públicos), papéis (usufruir, ser servida) e práticas sociais (viagem) atribuídas ao feminino, já que feminilidades (e também masculinidades) são constituídas precisamente pelas práticas e discursos sobre si e sobre os outros, como propõe Butler (2003).

Mesmo que para parte das mulheres esses comportamentos já estejam consolidados, para as idosas investigadas a excursão se constitui como tempo-espaço para a construção de novas formas de viver por meio das quais se pode construir outros mundos. Embora busquem distrações que permitam imprimir um ritmo mais acelerado às suas vidas, como vimos no item anterior, para as mulheres idosas isso precisa coincidir com atividades distintas de papéis tradicionais de mãe, esposa e dona de casa, que desempenharam por toda uma vida. Assim, a “dispensa” dos afazeres domésticos é motivo de alívio para uma turista que, ao final da primeira refeição feita a caminho da cidade de Gramado, diz que a viagem já havia valido a pena “só por não ter que cozinhar e lavar a louça”7.

Ao mesmo tempo em que dá condições para as mulheres serem liberadas das atividades tradicionalmente atribuídas ao feminino, a viagem oferece possibilidades para o aventurar-se, mais devido à experiência com algo que nunca tenham feito ou que jamais tenham pensado em fazer, do que propriamente com os “objetos de olhar” do turismo (URRY, 1996).

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tanto quanto refletir sobre os sentidos atribuídos pelos idosos às atividades de “tempo livre”, é importante analisar os papéis e sentidos que elas adquirem frente às condições de vida e sob a perspectiva geracional dessa população. No caso investigado, identificamos, inicialmente, que o turismo contribui na formação de sociabilidades que, antes de se constituírem em momentos/espaço para troca de ideias comuns, ou de integração e inclusão social, como é comum nos discursos que incentivam a participação nas práticas de lazer, consiste em ocupação para o entretenimento. O problema de a participação social realizar-se principalmente pela via do entretenimento é que, nesta dimensão, o sujeito abstém-se ou é afastado de sua autonomia e de seus princípios éticos para converter-se em espectador e consumidor, em alheamento moral em relação ao outro e ao mundo, por meio do gozo sensorial (COSTA, 2005). Experimentada como entretenimento a viagem também assume importante papel na retomada de ritmos de vida muito próximos daqueles vividos durante o trabalho, o que o turista encontra demasiado na excursão, que propõe distrair desde a manhã até a noite. Se tal aspecto evidencia o desemparo do idoso em seu “tempo livre”, do qual tenta fugir ocupando-se constantemente, também reflete a falta de projetos pessoais que extrapolem as necessidades de subsistência e de sensações imediatas.

Vimos, no entanto, que a excursão também pode se apresentar como possibilidade de aventura no sentido da construção do novo, sendo exemplo a transformação de valores ligados ao patriarcado e corporificados em algumas idosas. Assim, observamos que, para as mulheres, a viagem assume sentido particular, relacionado à perda do medo da mobilidade, ao proporcionarem a si prazeres, e à liberação de algumas tarefas reconhecidas como próprias do universo feminino, permitindo a construção de uma vida vista por elas como melhor do que a que antes viveram.

REFERÊNCIAS

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  • Apoio:
    Programa de Bolsas Universitárias de Santa Catarina UNIEDU/Pós-Graduação. Fundo de Apoio à Manutenção e ao Desenvolvimento da Educação Superior - FUMDES. CNPq - Programa de Pesquisa Teoria Crítica, Racionalidades e Educação (V).
  • 1
    Os esquemas da indústria cultural, no interior dos quais o turismo é produzido, envolvem tanto a produção e reprodução técnica dos produtos, como a criação de mecanismos de produção de necessidades de consumo, conformando demandas relativas aos desejos e determinando previamente os sentidos que devem ser atribuídos aos produtos, de maneira que a reação do consumidor seja tomada automaticamente e sem esforço (HORKHEIMER; ADORNO, 2015).
  • 2
    Diário de Campo 3 - Excursão “Gramado e Canela”.
  • 3
    Valéria - aposentada, 76 anos. Entrevista 31/03/15.
  • 4
    Aqui parafraseamos Bauman, quando diferencia o aventureiro, um “nômade compulsivo”, “errante e sem destino”, daqueles que preferiam “passar as suas vidas num mundo cujos limites eram a cerca da aldeia” (BAUMAN, 2006, p. 9).
  • 5
    A etimologia da palavra aventura e de outras mais pode ser encontrada no dicionário etimológico online disponível em: http://www.etimologias.dechile.net.
  • 6
    Segundo Berman (1987), a Modernidade é, em si, símbolo de aventura e progresso. Assim como adventure os sentidos de modernidade e do ser moderno também são orientados para o que está por vir, são guiados pela promessa do “novo” e pela esperança em um futuro que, mesmo que incerto, julga-se supostamente melhor.
  • 7
    Diário de Campo 3 - Excursão “Gramado e Canela”.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Jul 2022
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    09 Set 2018
  • Aceito
    28 Jan 2019
  • Publicado
    14 Mar 2019
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