Resumo
Compreender a escolha por parceiros amorosos é relevante no sentido de minimizar possíveis problemas decorrentes de relacionamentos conflituosos. Este estudo objetivou conhecer em que medida a preferência por atributos desejáveis de um parceiro ideal varia segundo o sexo e o local de residência das pessoas. Participaram do estudo 3.124 indivíduos residentes em capitais (n = 1.583) ou cidades do interior (n = 1.541) dos nove estados do Nordeste brasileiro, com idade média de 23,6 anos (dp = 6,72), sendo 63,6% do sexo feminino. Estes responderam a Escala de Atributos Desejáveis do Parceiro Ideal e perguntas demográficas. Os resultados (Manova) mostraram diferenças nos atributos desejáveis de um parceiro ideal segundo o sexo: os homens deram maior importância ao componente atlética, enquanto as mulheres pontuaram mais alto no componente realizada. Observou-se ainda efeito do lugar de residência, onde os homens residentes no interior apresentaram maior média no atributo tradicional, ao passo que as mulheres residindo nesta localidade deram mais importância ao atributo realizada. Concluiu-se que o lugar de residência e, sobretudo, o sexo foram importantes para explicar as variações na preferência por atributos de um parceiro ideal, na direção prevista na literatura.
Palavras-chave:
Atributos desejáveis; parceiro ideal; sexo; lugar de residência
Resumen
Comprender la selección de parejas sentimentales es importante para minimizar los problemas potenciales que surgen de las relaciones románticas en conflicto. El objetivo de este estudio ha sido conocer en qué medida la preferencia por los atributos deseables de una pareja ideal varía según el sexo y el lugar de residencia de las personas. Participaron de la investigación 3.124 personas residiendo en la capital (n = 1.583) o ciudades del interior (n = 1.541) de los nueve estados del Noreste de Brasil, con una edad promedia de 23.6 años (de = 6.72), (63.6% mujeres). Éstos contestaron a la Escala de Atributos Deseables de una Pareja Ideal y cuestiones demográficas. Los resultados (Manova) indicaron diferencias en los atributos deseables de una pareja ideal según el sexo: los varones han dado mayor importancia al componente atlético, mientras que las mujeres puntuaron más alto en el componente realizada. También se ha observado efecto del lugar de residencia, en que los varones residentes en el interior dieron mayor importancia al atributo tradicional, mientras que las mujeres residiendo en esta localidad consideraron más importante el atributo atlético. Se concluyó que el lugar de residencia y, sobre todo, el sexo han sido importantes para explicar las variaciones en las preferencias por atributos de una pareja ideal, coherente con la literatura.
Palabras clave:
Atributos deseables; pareja ideal; sexo; lugar de residencia
Abstract
Comprehending the choice of romantic partner is important in order to minimize possible problems stemming from conflictive loving relationships. This study aimed to identify to what extent the preference for desirable attributes in an ideal partner vary according to the respondent's gender and place of residence. A total of 3,124 people from capital cities (n = 1,583) or towns (n = 1,541) of the nine states of the Brazilian Northeast region participated in the study, with a mean age of 23.6 years (sd = 6.72) and 63.6% female. They answered the Desirable Attributes of the Ideal Partner Scale and demographic questions. Results (Manova) indicated differences in the desirable attributes in an ideal partner according to gender: the men gave greater importance to the athletic dimension, while the women scored higher in the accomplished dimension. An effect was also observed related to the place of residence, with the men living in towns presenting a higher mean score in the traditional dimension, whereas the women residing in this locality gave more importance to the athletic dimension. In conclusion, the place of residence and, above all, the gender were important in explaining the variations in preferences for attributes in an ideal partner, in agreement with the literature.
Keywords:
Desirable attributes; ideal partner; gender; place of residence
O número de casamentos, apesar de ter diminuído nos últimos anos (de 49,4% em 2000 para 42,9% em 2010), não significou que as pessoas desistiram de ter companheiros (as), uma vez que houve também aumento de uniões estáveis (de 28,9% em 2000 para 36,4% em 2010; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE], 2010Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2010). Estatísticas do Registro Civil 2008. Recuperado em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/registrocivil/2008/
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/...
). Entretanto, aliado ao aumento das uniões, houve também um aumento no número de divórcios nos últimos anos no Brasil, passando de 1,7% em 2000 para 3,1% em 2010, sendo que parte deles foi de natureza não consensual (litigiosa), nos quais geralmente é a mulher quem o solicita, alegando a traição como uma das causas principais. Dados mais recentes indicam aumento de 161,4% de divórcios em uma década, passando de 130,5 mil (2004) para 341,1 mil (2014; IBGE, 2014Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2014). Estatísticas do Registro Civil 2013. Recuperado em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/registrocivil/2013/
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/...
). Tais dados sugerem que os relacionamentos íntimos ocupam lugar de destaque na vida das pessoas, sendo que os problemas relacionados à conjugalidade se tornaram cada vez mais evidentes, talvez em razão de dispositivos legais que tornaram menos burocráticos o casamento e o divórcio, mas, principalmente, do afeto ter recebido papel de destaque na manutenção ou dissolução destas relações (Ferraz, Leite, & Leite, 2011Ferraz, C. V., Leite, George S., & Leite, G. S. (2011). (Eds.). O novo divórcio no Brasil de acordo com a EC nº 66/2010. Salvador, BA: Juspodvm.).
Barbosa (2008)Barbosa, D. R. (2008). Império do amor romântico: Diferenças culturais e sexuais em casais de noivos no Brasil e na Itália (Tese de doutorado, Departamento de Psicologia, Universidade de São Paulo, SP, Brasil). aponta que entre os diversos pacientes que buscam ajuda psicoterápica, direta ou indiretamente, são verificados relatos de dificuldades associadas com relacionamentos com o outro, ao amor romântico e à sexualidade. Destaca-se que o amor não é uma invenção da sociedade ocidental, pois pessoas de todas as culturas têm a chance de vivenciar este sentimento e o atribuem palavras específicas, indicando que o amor, com seus componentes-chave de compromisso, intimidade e paixão, é inevitável à experiência humana e está ao alcance de todos (Andrade, 2011Andrade, A. L. (2011). Relacionamentos românticos: Modelos de qualidade e satisfação em relacionamentos de casal (Tese de doutorado, Departamento de Psicologia, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, Brasil).; Buss, 2003Buss, D. M. (2003). The evolution of desire. Strategies of human mating. New York: Basic Books.; Cassepp-Borges, 2010Cassepp-Borges, V. (2010). Amor e construtos relacionados: Evidências de validade de instrumentos de medida no Brasil (Tese de doutorado, Departamento de Psicologia, Universidade de Brasília, DF, Brasil).; Gouveia, Carvalho, Santos, & Almeida, 2013Gouveia, V. V., Guerra, V. M., Carvalho, R. R. A., Sousa, L. K. G., & Souza, S. S. (2013). Preocupação com a honra no nordeste brasileiro: Correlatos demográficos. Psicologia & Sociedade, 25, 581-591.; Sternberg & Weis, 2006Sternberg, R. J., & Weis, K. (Eds.). (2006). The new psychology of love. London: Yale University Press.). Pode-se dizer, então, que a motivação ou o interesse sexual (ou até mesmo por companhia) pode ser o primeiro passo para o início de um relacionamento amoroso, consagrando a relevância deste tema.
A propósito, esta temática tem chamado atenção de pesquisadores de diversas áreas, como sociologia, antropologia e biologia, encontrando-se no âmbito da Psicologia menção especial a partir de estudos em Psicologia Evolucionista (e.g., Buss, 1989Buss, D. M. (1989). Sex differences in human mate preferences: Evolutionary hypotheses tested in 37 cultures. Behavioral and Brain Sciences, 12, 1-49., 2003Buss, D. M. (2003). The evolution of desire. Strategies of human mating. New York: Basic Books., 2007 Buss, D. M. (2007). The evolution of human mating. Acta Psychologica Sinica, 39, 502-512.; Castro & Lopes, 2011Castro, F. N., & Lopes, F. A. (2011). Romantic Preferences in Brazilian Undergraduate Students: From the Short Term to the Long Term. The Journal of Sex Research, 48, 479-485.; Kamble, Shackelford, Pham, & Buss, 2014Kamble, S., Shackelford, T. K., Pham, M., & Buss, D. M. (2014). Indian mate preferences: Continuity, sex differences, and cultural change across a quarter of a century. Personality and Individual Differences, 70, 150-155.; Perilloux, Fleischman, & Buss, 2011Perilloux, C., Fleischman, D. D., & Buss, D. M. (2011). Meet the parents: Parent-offspring convergence and divergence in mate preferences. Personality and Individual Differences, 50, 253-258.; Sbruzzi, 2009Sbruzzi, C. (2009). Seleção conjugal e as mulheres re-casadas no mercado de casamentos em uma comunidade de baixa renda no nordeste brasileiro. (Dissertação de mestrado, Departamento de Psicobiologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil).) e Psicologia Social (e.g., Furnham, 2009Furnham, A. (2009). Sex differences in mate selection preferences. Personality and Individual Differences, 47,262-267.; Little, Jones, DeBruine, & Caldwell, 2011Little, A. C., Jones, B. C., DeBruine, L. M., & Caldwell, C. A. (2011). Social learning and human mate preferences: A potential mechanism for generating and maintaining between-population diversity in attraction. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences, 366, 366-375.; Myers, 2005Myers, D. (2005). Psicologia social. Rio de Janeiro, RJ: LTC.). De forma geral, estes pesquisadores buscaram explicações sobre como as pessoas escolhem seus parceiros, baseando-se em diversas variáveis, como genética, traços de personalidade, religião, ideologia política e escolaridade.
Diante do exposto, compreender como se configuram os relacionamentos amorosos tem sido um dos interesses na psicologia. Particularmente, tem-se procurado conhecer o processo de escolha de um parceiro, ou seja, o que as pessoas buscam no outro com quem pretendem manter um relacionamento amoroso. Buss (1989Buss, D. M. (1989). Sex differences in human mate preferences: Evolutionary hypotheses tested in 37 cultures. Behavioral and Brain Sciences, 12, 1-49., 2003)Buss, D. M. (2003). The evolution of desire. Strategies of human mating. New York: Basic Books. há duas décadas vem tentando responder a esta indagação; suas pesquisas consistem em identificar se, de fato, as escolhas que as pessoas fazem de seus parceiros são um produto da evolução humana, fazendo mais provável identificar achados similares sobre relacionamentos íntimos em diferentes países. Um de seus estudos mais citados sobre a escolha do parceiro foi realizado em 37 países, tentando conhecer diferenças entre os sexos nas preferências que norteiam o relacionamento sexual humano, considerando concepções evolucionistas de investimento parental, seleção sexual, capacidade reprodutiva e assimetrias sexuais (Buss, 1989Buss, D. M. (1989). Sex differences in human mate preferences: Evolutionary hypotheses tested in 37 cultures. Behavioral and Brain Sciences, 12, 1-49.). No Brasil, este autor identificou que os homens deram mais importância à boa aparência, enquanto as mulheres acentuaram mais a sociabilidade enquanto característica mais desejável do parceiro.
É importante compreender os relacionamentos íntimos entre as pessoas, sobretudo buscando identificar como os indivíduos escolhem seus parceiros. Isso pode influenciar várias facetas de sua vida, como o trabalho, os estudos e o lazer. Nesta direção, procurou-se identificar os estudos realizados a respeito. No âmbito internacional, introduzindo o termo desirable attributes (atributos desejáveis) na base APA PsycNETTM, encontraram-se 22 textos. Entretanto, apenas quatro se referiam diretamente a atributos desejáveis do parceiro. Realizou-se, então, uma nova busca considerando o termo romantic partner (parceiro romântico), que produziu 35 publicações, porém apenas 13 tratavam especificamente de relacionamentos amorosos. No contexto nacional, usando os mesmos termos em português (i.e., atributos desejáveis e parceiro romântico) na base PEPSIC, surgiu apenas um texto com temática aproximada (Guedes & Assunção, 2006Guedes, D., & Assunção, L. (2006). Relações amorosas na contemporaneidade e indícios do colapso do amor romântico (Solidão cibernética?). Revista Mal-estar e Subjetividade, 2, 396-425.); a mesma busca no SciELO revelou nove textos, mas apenas um de interesse, que avaliava a relação entre atributos desejáveis do parceiro e valores humanos (Gouveia et al., 2010Gouveia, V. V., Fonseca, P. N., Gouveia, R. S., Diniz, P. K. C., Cavalcanti, M. F. B., & Medeiros, E. D. (2010). Correlatos valorativos de atributos desejáveis de um (a) parceiro (a) ideal. Psicologia: Reflexão e Crítica, 23, 166-175.); e, por fim, ampliando-se a busca ao Google Acadêmico com os mesmos termos, identificaram-se 80 publicações, porém apenas uma relacionada ao tema, correspondendo à previamente citada.
Em suma, esses achados indicam que no contexto brasileiro ainda são escassos os estudos acerca de atributos do parceiro ideal em relacionamentos amorosos (Castro & Lopes, 2011Castro, F. N., & Lopes, F. A. (2011). Romantic Preferences in Brazilian Undergraduate Students: From the Short Term to the Long Term. The Journal of Sex Research, 48, 479-485.; Gomes, 2011Gomes, A. I. A. S. B. (2011). A escolha do (a) parceiro (a) ideal por hetero e homossexuais: Uma leitura a partir dos valores e traços de personalidade (Dissertação de mestrado, Departamento de Psicologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil).; Gouveia et al., 2010Gouveia, V. V., Fonseca, P. N., Gouveia, R. S., Diniz, P. K. C., Cavalcanti, M. F. B., & Medeiros, E. D. (2010). Correlatos valorativos de atributos desejáveis de um (a) parceiro (a) ideal. Psicologia: Reflexão e Crítica, 23, 166-175.), apesar de serem encontrados outros que consideram estratégias que homens e mulheres empregam para escolher seus parceiros (Castro, Hattori, & Lopes, 2012Castro, F. N., Hattori, W. T., & Lopes, F. A. (2012). Relationship maintenance or preference satisfaction? Male and female strategies in romantic partners choice. Journal of Social, Evolutionary & Cultural Psychology, 6, 217-226.), expectativas sobre os parceiros desejáveis (Castro, Hattori, Yamamoto, & Lopes, 2013Castro, F. N., Hattori, W. T., Yamamoto, M. E., & Lopes, F. A. (2013). Romantic partners in a market perspective: Expectations about what ensures a highly desirable partner. Psychological Reports, 113, 605-618.), idealização de parceiro (Hattori, Castro, & Lopes, 2013Hattori, W. T., Castro, F. N., & Lopes, F. A. (2013). Mate choice in adolescence: Idealizing romantic partners. Psico-PUCRS, 44,226-234.) e percepção social como parceiro romântico (Castro, Hattori, Yamamoto, & Lopes, 2014 Castro, F. N., Hattori, W. T., Yamamoto, M. E., & Lopes, F. A. (2014). Social comparisons on self-perception and mate preferences: The self and the others. Psychology (Irvine), 5, 688-699.; Mafra, Castro, & Lopes, 2015Mafra, A. L., Castro, F. N., & Lopes, F. A. (2015). Investment in beauty, exercise, and self-esteem: Are they related to self-perception as a romantic partner? Evolutionary Psychological Science, 2, 24-31.; Mafra & Lopes, 2014Mafra, A. L., & Lopes, F. A. (2014). Am I good enough for you? Features related to self-perception and self-esteem of Brazilians from different socioeconomic status. Psychology (Irvine), 5, 653-663.). Contudo, como se observou previamente, poderá ser interessante conhecer o que as pessoas preferem quanto aos atributos que consideram ideais em seus parceiros, inclusive se tais preferências têm alguma relação com o sexo daquele que escolhe ou avalia o parceiro.
Diferenças de Gênero e Atributos Desejáveis do Parceiro Ideal
A explicação para diferenças entre homens e mulheres pode ser encontrada no passado evolutivo, quando ambos viveram papéis específicos (Buss, 2003Buss, D. M. (2003). The evolution of desire. Strategies of human mating. New York: Basic Books.). Sendo assim, as pressões exercidas pela seleção podem não ter sido as mesmas sobre um e outro sexo, levando à evolução de tipos diversos de especialização afetiva e cognitiva, pois o que era conveniente para um sexo, podia não ser para o outro. Aliadas a aspectos biológicos, questões sociais e culturais também foram relevantes na determinação de padrões comportamentais que homens e mulheres passaram a adotar na vida em sociedade ao longo dos tempos. Portanto, presume-se que homens e mulheres se diferenciem em sua forma de pensar, sentir e se comportar, o que, presumivelmente, influencia na preferência e escolha de um parceiro com quem se pretende manter relacionamento amoroso. A propósito, é importante reconhecer que há uma relação entre gênero e atributos de um parceiro ideal (Burriss, Welling, & Puts, 2011Burriss, R. P., Welling, L. L., & Puts, D. A. (2011). Mate-preference drives mate-choice: Men's self-rated masculinity predicts their female partner's preference for masculinity. Personality and Individual Differences, 51, 1023-1027.; Meltzer, McNulty, Jackson, & Karney, 2014Meltzer, A. L., McNulty, J. K., Jackson, G. L., & Karney, B. R. (2014). Sex differences in the implications of partner physical attractiveness for the trajectory of marital satisfaction. Journal of Personality and Social Psychology, 106, 418-428.).
No modelo de investimento parental, de Trivers (1972)Trivers, R. L. (1972). Parental investment and sexual selection. In B. Campbell (Ed.), Sexual selection and the descent of man 1871-1971 (pp. 136-207). Chicago, IL: Aldine., as preferências por um parceiro seriam afetadas pela biologia da reprodução, focando no investimento feito na prole. As mulheres, tendo um número limitado de descendentes, costumam investir mais em cada um deles, escolhendo parceiros com capacidade de recursos que possam maximizar as possibilidades de sobrevivência de sua prole. Por outro lado, os homens, podendo potencialmente engravidar um número grande de mulheres ao mesmo tempo, consideram, principalmente, sinais visuais (e.g., juventude, atratividade física), que podem indicar a capacidade de reproduzir. De fato, no curso da evolução os homens têm mostrado mais interesse na variedade de parceiras sexuais do que as mulheres, garantindo maior disseminação de seus genes (Kokko & Jennions, 2012Kokko, H., & Jennions, M. D. (2012). Sex diferences in parental care. In N. J. Royle, P. T. Smiseth, & M. Kölliker (Eds.), The evolution of parental care (pp. 101-117). Oxford, UK: University Press.).
Neste sentido, Feingold (1992)Feingold, A. (1992). Gender differences in mate selection preferences: A test of the parental investment model. Psychological Bulletin, 112(1), 125-139. fez uma busca por estudos com esta temática, utilizando as palavras-chave mate selection, dating e interpersonal attraction e, em seguida, comparando os resultados de homens e mulheres nas preferências dadas em relação a alguns atributos desejáveis mensurados tanto a partir de estudos com questionários quanto por meio de análise de conteúdo de anúncios de parceiro. Os resultados indicaram que as mulheres pontuaram mais do que os homens em atributos como status socioeconômico e ambição. Entretanto, não foram encontradas diferenças entre sexo no que se refere à preferência por características não relacionadas com a sobrevivência dos descendentes, como, por exemplo, senso de humor e personalidade.
Nesta mesma direção, Buss (2007) Buss, D. M. (2007). The evolution of human mating. Acta Psychologica Sinica, 39, 502-512. identificou que, para relacionamentos de longa duração, a mulher escolhe o parceiro que demonstra mais recursos para investir nela e em seus filhos, assim como aquele que possua habilidade de protegê-los fisicamente e que mostre potencial para ser um bom pai. Corroborando tais achados na realidade brasileira, Silva et al. (2005)Silva, G. C. C., Santos, L. M., Teixeira, L. A., Lustosa, M. A., Couto, S. C. R., Vicente, T. A., & Pagotto, V. P. F. (2005). A mulher e sua posição na sociedade: Da antiguidade aos dias atuais. Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar, 8, 65-76. realizaram um estudo no estado do Rio de Janeiro com 225 mulheres entre 31 e 60 anos, a maioria casada ou convivente, procurando conhecer os atributos que consideravam importantes para um parceiro ideal. Dentre os atributos que as mulheres não consideraram importantes figuraram a aparência física e a relação sexual; quanto àqueles mais importantes, estavam bom caráter, sincero, fiel, asseado e que dialogue, seguindo estas respostas, embora em menor proporção, que o parceiro fosse compreensivo, carinhoso, inteligente, trabalhador, que dividisse as tarefas domésticas e tivesse vida social. Existem também evidências de que as mulheres de hoje, principalmente aquelas que atuam no mercado de trabalho, demonstram ser mais exigentes com relação ao comportamento masculino, seja na área social, afetiva, sexual ou profissional (Perlin & Diniz, 2005Perlin, G., & Diniz, G. (2005). Casais que trabalham e são felizes: Mito ou realidade? Psicologia Clínica, 17, 15-29.).
Há, porém, características ou atributos que parecem ser comuns para ambos os sexos na busca do parceiro, como amabilidade, inteligência, compreensão, gentileza e estabilidade emocional (Buss, 2003Buss, D. M. (2003). The evolution of desire. Strategies of human mating. New York: Basic Books.; Verweij, Burri, & Zietsch, 2014Verweij, K. J., Burri, A. V., & Zietsch, B. P. (2014). Testing the prediction from sexual selection of a positive genetic correlation between human mate preferences and corresponding traits. Evolution and Human Behavior, 35, 497-501.). No geral, estima-se que tais atributos podem funcionar como preditores positivos em relação ao trato com crianças frente ao perigo, práticas de socialização adaptadas e habilidade na percepção de mudanças, que seriam características evoluídas do que se poderia considerar um bom parceiro.
Com base na perspectiva da aprendizagem social, Little et al. (2011)Little, A. C., Jones, B. C., DeBruine, L. M., & Caldwell, C. A. (2011). Social learning and human mate preferences: A potential mechanism for generating and maintaining between-population diversity in attraction. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences, 366, 366-375. indicaram que as preferências por parceiros podem ser generalizadas em determinada população, sugerindo que certos atributos podem se tornar desejáveis por pessoas de determinado grupo, de modo que estas passariam a "copiar" as preferências de indivíduos que demonstram alto status social. Buss, Shackelford, Kirkpatrick e Larsen (2001)Buss, D. M., Shackelford, T. K., Kirkpatrick, L. A., & Larsen, R. J. (2001). A half century of mate preferences: The cultural evolution of values. Journal of Marriage and Family, 23, 491-503., buscando verificar mudanças ao longo dos anos quanto aos atributos desejáveis em um parceiro, encontraram que para homens e mulheres parece ter havido um aumento global de 1939 a 1996 na avaliação de atração mútua, amor, educação, inteligência, sociabilidade e boa aparência. Em contraste, houve diminuição geral na avaliação de refinamento, limpeza e castidade, independente do sexo de quem escolhia.
Buss et al. (2001)Buss, D. M., Shackelford, T. K., Kirkpatrick, L. A., & Larsen, R. J. (2001). A half century of mate preferences: The cultural evolution of values. Journal of Marriage and Family, 23, 491-503. ainda indicam que, além de mudanças ocorridas para ambos os sexos, algumas mudanças geracionais pareceram ter sido exclusivas de determinado sexo. Nesta direção, para os homens houve aumento global na valorização por uma formação educacional semelhante a sua e por uma boa perspectiva de situação financeira, enquanto se constatou diminuição global na avaliação de boa cozinheira e do lar. Por outro lado, para as mulheres houve uma diminuição global na avaliação de ambição e diligência. Contudo, houve convergência entre homens e mulheres em seus valores de acasalamento ao longo das últimas três décadas. Mas, apesar destas mudanças, os homens de 1939-1996 apontaram mais importância do que as mulheres em parceiras fisicamente atraentes, e as mulheres indicaram maior importância do que homens em parceiros com boas perspectivas financeiras; estas são diferenças de sexo que parecem transcender culturas e gerações (Buss, 1989Buss, D. M. (1989). Sex differences in human mate preferences: Evolutionary hypotheses tested in 37 cultures. Behavioral and Brain Sciences, 12, 1-49.). A estabilidade das diferenças de sexo, em conjunto com a relativa convergência entre os sexos nas preferências de companheiro na metade do século passado, sugere o valor de uma abordagem interacionista, que contemple fatores evolutivos e culturais.
Atributos Desejáveis do Parceiro Ideal no Nordeste Brasileiro
Uma forma de compreender diferenças entre culturas nacionais e regionais é considerar as orientações de variação cultural, como o individualismo e coletivismo (Hofstede, 1984Hofstede, G. (1984). Culture's consequences: International differences in work-related values. Beverly Hills; CA: Sage.; Triandis, 1995Triandis, H. C. (1995). Individualism and collectivism. San Francisco, CA: Westview Press.). Segundo Gouveia e Clemente (2000)Gouveia, V. V., & Clemente, M. (2000). O individualismo-coletivismo no Brasil e na Espanha: Correlatos sócio-demográficos. Estudos de Psicologia (Natal), 5, 2, 317-346., o individualismo descreve um tipo de orientação em que, no âmbito interpessoal, os indivíduos são considerados como discretos, autônomos, autossuficientes e respeitosos quanto aos direitos dos demais. Acrescentam estes autores que, do ponto de vista social, tais indivíduos são concebidos como entidades abstratas e universais; seus status e papéis são definidos por seus êxitos (e.g., educacional, econômico) e sua interação com os demais se baseia em princípios racionais, como igualdade e equidade (justiça). Por outro lado, conforme descrevem estes autores, o coletivismo enfatiza o bem comum e a harmonia social acima dos interesses individuais; cada qual é animado a colocar os interesses do grupo por diante dos seus próprios. Em relação aos aspectos sociais, os deveres e as obrigações são prescritos por papéis, onde os indivíduos perdem prestígio se falham em cumpri-los, sendo a ordem social mantida quando cada um cumpre com seus papéis e deveres. As instituições são uma extensão da família, e o paternalismo e moralismo legal (i.e., os valores morais institucionalizados) são imperativos.
Em culturas individualistas, as pessoas com objetivos similares tomam parte em seus respectivos grupos; nesses contextos, cada pessoa é encorajada a ser autônoma, autodirigida, única e assertiva, e a valorizar a intimidade e a liberdade de escolha. Por outro lado, em culturas coletivistas, as pessoas são encorajadas a suprimir alguns de seus desejos individualistas e hedonistas. Como resultado, a interdependência, o apoio social, o destino comum e o cumprimento são alguns de seus aspectos mais importantes. Como um todo, isto é, em termos de região, o Nordeste é evidentemente mais coletivista do que individualista (Gouveia & Clemente, 2000Gouveia, V. V., & Clemente, M. (2000). O individualismo-coletivismo no Brasil e na Espanha: Correlatos sócio-demográficos. Estudos de Psicologia (Natal), 5, 2, 317-346.; Hofstede, De Hilal, Malvezzi, Tanure, & Vinken, 2010Hofstede, G., De Hilal, A. V. G., Malvezzi, S., Tanure, B., & Vinken, H. (2010). Comparing regional cultures within a country: Lessons from Brazil. Journal of Cross-Cultural Psychology, 41,336-352.). Porém, estima-se que internamente também haja variação; as pessoas que residem em áreas urbanas são mais individualistas, enquanto as que vivem na zona rural são mais coletivistas (Hofstede, 1984Hofstede, G. (1984). Culture's consequences: International differences in work-related values. Beverly Hills; CA: Sage., 1991Hofstede, G. (1991). Cultures and organizations: Software of the mind. London: McGraw-Hill.; Triandis, 1995Triandis, H. C. (1995). Individualism and collectivism. San Francisco, CA: Westview Press.), e estas variações de tipos de orientação podem ter impacto sobre os atributos que se apreciam em um parceiro ideal.
Alguns estudos foram realizados sobre os atributos desejáveis de um parceiro ideal no Nordeste brasileiro. Por exemplo, Gouveia et al. (2010)Gouveia, V. V., Fonseca, P. N., Gouveia, R. S., Diniz, P. K. C., Cavalcanti, M. F. B., & Medeiros, E. D. (2010). Correlatos valorativos de atributos desejáveis de um (a) parceiro (a) ideal. Psicologia: Reflexão e Crítica, 23, 166-175., contando com uma amostra da população geral (n = 421) de João Pessoa (PB), com idade média de 25 anos, verificaram que as mulheres valorizaram mais a dimensão social na escolha de um parceiro, enquanto os homens apreciaram em maior medida a aparência física. Nesta mesma direção, também contando com uma amostra da capital paraibana (n = 205), Gomes (2011)Gomes, A. I. A. S. B. (2011). A escolha do (a) parceiro (a) ideal por hetero e homossexuais: Uma leitura a partir dos valores e traços de personalidade (Dissertação de mestrado, Departamento de Psicologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil). verificou que os homens deram mais ênfase a dimensão atlética e as mulheres àquelas denominadas como afetuosa e batalhadora. Portanto, eles priorizaram a capacidade reprodutiva da parceira potencial, enquanto elas apreciaram atributos de orientação familiar, além daqueles que se referiam a possibilidade de ganho, recursos e bens materiais (Buss, 2003Buss, D. M. (2003). The evolution of desire. Strategies of human mating. New York: Basic Books., 2007 Buss, D. M. (2007). The evolution of human mating. Acta Psychologica Sinica, 39, 502-512.; Gouveia et al. 2010Gouveia, V. V., Fonseca, P. N., Gouveia, R. S., Diniz, P. K. C., Cavalcanti, M. F. B., & Medeiros, E. D. (2010). Correlatos valorativos de atributos desejáveis de um (a) parceiro (a) ideal. Psicologia: Reflexão e Crítica, 23, 166-175.).
Diante do exposto, apesar de alguns estudos acerca da escolha do parceiro ideal no Nordeste brasileiro, estes foram realizados na mesma cidade, correspondendo a uma capital, não havendo qualquer estudo a respeito que comparasse residentes de capitais e cidades do interior, o que motivou o presente estudo. Seu objetivo principal foi conhecer que atributos homens e mulheres priorizam em um parceiro ideal, e se suas escolhas variam segundo seu lugar de residência (capital ou interior), considerando pessoas do Nordeste. Em função dos objetivos antes descritos, algumas hipóteses referentes às diferenças na escolha do parceiro entre homens e mulheres foram formuladas:
Hipótese 1. Homens e mulheres diferirão quanto à importância conferida aos atributos desejáveis do parceiro ideal.
Hipótese 1.1. Os homens darão mais importância que as mulheres a atributos que destacam qualidades físicas e reprodutivas (dimensão atlética) de sua parceira ideal.
Hipótese 1.2. As mulheres darão mais importância que os homens a atributos que destacam qualidades sociais (dimensão afetuosa) de seu parceiro ideal.
Hipótese 1.3. As mulheres darão mais importância que os homens a atributos que destacam possibilidades de ganhos, recursos e bens materiais (dimensão realizada) de seu parceiro ideal.
Hipótese 1.4. Os homens do interior darão mais importância que aqueles de capitais a atributos que retratam aspectos mais tradicionais (dimensão tradicional) de sua parceira ideal.
Hipótese 1.5. As mulheres do interior darão mais importância que aquelas de capitais a atributos que destacam possibilidades de ganhos, recursos e bens materiais (dimensão realizada) de seu parceiro ideal.
Método
Amostra
Participaram deste estudo 3.124 pessoas de todos os Estados do Nordeste brasileiro, sendo 10,6% de Alagoas, 10% da Bahia, 12,1% do Ceará, 10,8% do Maranhão, 12,7% da Paraíba, 11,3% de Pernambuco, 11% do Piauí, 10% do Rio Grande do Norte e 11,5% de Sergipe. Incluindo residentes de capitais [n = 1.583 (50,7%)] e cidades do interior [n = 1.541 (49,3%)], cujas idades variaram de 18 a 73 anos (m = 23,6, dp = 6,72). Consideraram-se apenas pessoas que se declararam heterossexuais, sendo a maioria do sexo feminino (63,6%) e estudante universitário (83,4%), 53,9% das quais afirmaram estar em um relacionamento fixo (namoro, noivado, casamento ou convivente) no momento em que a pesquisa foi realizada. Tratou-se, portanto, de amostra de conveniência (não probabilística), participando as pessoas que, convidadas, concordaram em colaborar.
Instrumentos
Os participantes responderam um livreto contendo perguntas demográficas (idade, lugar de residência, ocupação, orientação sexual, sexo e status de relacionamento) e três instrumentos que faziam parte de um projeto maior de pesquisa, entre os quais o que é foco deste estudo: Escala de Atributos Desejáveis do Parceiro Ideal. Esta escala foi elaborada por Gouveia, Gonçalves, Gomes, Freires e Coelho (2014)Gouveia, V. V., Gonçalves, M. P., Gomes, A. I. A. B., Freires, L. A., & Coelho, J. A. P. M. (2014). Construção e validação da Escala de Atributos Desejáveis do(a) Parceiro(a) Ideal. Avaliação Psicológica, 13, 105-114., compondo-se por 20 atributos que descrevem uma pessoa com quem se pretende ter uma vida em comum. Cada item representa um atributo, respondido em escala de cinco pontos, variando de 1 (Nada importante)a 5(Totalmente importante). Por meio de análises fatoriais exploratória e confirmatória, Gouveia et al. (2014)Gouveia, V. V., Gonçalves, M. P., Gomes, A. I. A. B., Freires, L. A., & Coelho, J. A. P. M. (2014). Construção e validação da Escala de Atributos Desejáveis do(a) Parceiro(a) Ideal. Avaliação Psicológica, 13, 105-114. observaram que tais atributos se agruparam em cinco componentes (alfa de Cronbach e atributos figuram entre parênteses): afetuosa (α = 0,80; carinhosa, bom caráter, amável e companheira), tradicional (α = 0,61; de boa família, sensível, caseira, solidária), atlética (α = 0,80; sexy, sarada, boa forma, bonita), sociável (α = 0,68; atenciosa, determinada, tolerante e gentil) e realizada (α = 0,60; estudiosa, culta, bem-sucedida e decidida).
Procedimento
Primeiramente, contataram-se pesquisadores de diferentes Estados do Nordeste, residentes ou trabalhando em cidades do interior ou capitais, a maioria professor de instituições de ensino superior, pública e/ou particular, os quais foram solicitados a colaborar com a coleta dos dados.1 1 O leitor interessado poderá escrever para um dos autores a fim de ter acesso às informações sobre sexo e estado civil dos participantes por Unidade da Federação.
Após seu aceite, os questionários foram enviados por Correios, indicando as instruções sobre a coleta, que poderia ser feita em sala de aula contando com a participação individual dos respondentes. Todos foram informados do caráter anônimo e voluntário da colaboração no estudo, devendo previamente assinar termo de consentimento livre e esclarecido em que constavam os objetivos do projeto e a informação de que poderiam deixar o estudo a qualquer momento sem penalização. Seguiram-se os procedimentos éticos de pesquisa com seres humanos, conforme a Resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde (aprovado pelo CEP/HULW Nº 257/10). Em média, 15 minutos foram suficientes para concluir a participação no estudo.
Análises de Dados
Os dados foram tabulados e analisados com o PASW (versão 18). Além de estatísticas descritivas (média, desvio padrão, frequência) para caracterização dos participantes, foram realizadas análises de variância multivariadas (Manova) para conhecer os efeitos do sexo e lugar de residência dos participantes nas dimensões de atributos desejáveis do parceiro ideal.
Resultados
Inicialmente, procurou-se verificar diferenças entre homens e mulheres quanto à importância dos atributos desejáveis do parceiro ideal. Realizou-se uma Manova, considerando como variável antecedente o sexo e como critério as dimensões de atributos desejáveis do parceiro ideal. Os resultados desta análise corroboraram a variabilidade nas pontuações dos participantes quanto aos atributos priorizados, segundo o sexo deles [ Lambda de Wilks = 0,84; F (5, 3.111) = 122,44, p < 0,001; n2 = 0,16]. Os detalhes a respeito podem ser observados na Tabela 1 a seguir.
Conforme esta tabela, os homens apresentaram maior média (m = 3,3, dp = 0,84) do que as mulheres (m = 2,7, dp = 0,83) apenas na dimensão atlética, que retrata atributos físicos da parceira [F (1, 3.116) = 346,86, p < 0,001]. Quanto à dimensão realizada, as mulheres pontuaram mais alto (m = 3,8, dp = 0,62) do que o fizeram os homens (m = 3,7, dp = 0,59) [F (1, 3.116) = 38,72, p < 0,001]. Este padrão foi também observado quando as mulheres foram comparadas com os homens nas dimensões afetuosa [F (1, 3.116) = 48,60, p < 0,001], sociável [F (1, 3.116) = 45,84, p < 0,001] e tradicional [F (1, 3.116) = 14,65, p < 0,001].
Embora pareça evidente a diferença entre homens e mulheres na priorização dos atributos que consideram desejáveis em um parceiro ideal, resta saber o que ocorre quando se consideram as respostas dos participantes em razão do lugar onde residem. Neste caso, realizou-se uma Manova tendo como variáveis dependentes as dimensões de atributos do parceiro (afetuosa, atlética, realizada, sociável e tradicional) e como variáveis independentes o sexo e o local de residência (capitais e cidades do interior do Nordeste). Os resultados indicaram efeito multivariado das variáveis sexo e local em que os participantes residem [Lambda de Wilks = 0,01; F (5, 3.110) = 74.471,51, p < 0,001; η2= 0,99], sendo os detalhes mostrados na Tabela 2 a seguir.
No que se refere à dimensão afetuosa, foi verificado que as mulheres da capital (m = 4,7, dp = 0,01) e do interior (m = 4,7, dp = 0,01) pontuaram mais do que os homens da capital (m = 4,5, dp = 0,02) e do interior (m = 4,6, dp = 0,02) [F (1, 3.113) = 5,90, p < 0,05]. Achados semelhantes foram encontrados para a dimensão sociável, apontando que as mulheres, independente do local de residência [capital (m = 4,3, dp = 0,02) e interior (m = 4,3, dp = 0,02)] pontuaram mais alto do que os homens [capital (m = 4,1, dp = 0,02) e interior (m = 4,2, dp = 0,02)] [F (1, 3.113) = 9,17, p < 0,05].
Quanto à dimensão tradicional, os homens e as mulheres do interior e as mulheres da capital pontuaram mais alto do que o fizeram os homens da capital [F (1, 3.113) = 7,34, p < 0,01]. No caso da dimensão realizada, tanto as mulheres da capital quanto do interior apresentaram maiores médias que os homens da capital e do interior [F (1, 3.113) = 3,73, p < 0,05]. Portanto, independente do local de residência, as mulheres pontuaram mais alto em atributos desta dimensão do que os homens. Finalmente, em relação à dimensão atlética, não foram encontradas diferenças em função do sexo e local de residência dos participantes [F (1, 3.113) = 0,64, p = 0,42].
Discussão
De forma geral, esperava-se que homens e mulheres se diferenciassem quanto aos atributos desejáveis do parceiro, o que de fato ocorreu, corroborando a Hipótese 1; isso indica que a preferência por alguns atributos do que seria um parceiro ideal é influenciada pelo sexo de quem é indagado (Buss, 1989Buss, D. M. (1989). Sex differences in human mate preferences: Evolutionary hypotheses tested in 37 cultures. Behavioral and Brain Sciences, 12, 1-49., 2003Buss, D. M. (2003). The evolution of desire. Strategies of human mating. New York: Basic Books.; Gomes, 2011Gomes, A. I. A. S. B. (2011). A escolha do (a) parceiro (a) ideal por hetero e homossexuais: Uma leitura a partir dos valores e traços de personalidade (Dissertação de mestrado, Departamento de Psicologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil).; Gouveia et al., 2010Gouveia, V. V., Fonseca, P. N., Gouveia, R. S., Diniz, P. K. C., Cavalcanti, M. F. B., & Medeiros, E. D. (2010). Correlatos valorativos de atributos desejáveis de um (a) parceiro (a) ideal. Psicologia: Reflexão e Crítica, 23, 166-175.; Silva et al., 2005Silva, G. C. C., Santos, L. M., Teixeira, L. A., Lustosa, M. A., Couto, S. C. R., Vicente, T. A., & Pagotto, V. P. F. (2005). A mulher e sua posição na sociedade: Da antiguidade aos dias atuais. Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar, 8, 65-76., Silva, Menezes, & Lopes, 2010Silva, I. M. da, Menezes, C. C., & Lopes, R. de C. S (2010). Em busca da "cara-metade": motivações para a escolha do cônjuge. Estudos de Psicologia (Campinas), 27(3), 383-391.). Tais diferenças podem refletir estratégias que foram evolutivamente desenvolvidas ao longo de gerações, mas também indicar papéis sociais que homens e mulheres vêm exercendo na sociedade (Perlin & Diniz, 2005Perlin, G., & Diniz, G. (2005). Casais que trabalham e são felizes: Mito ou realidade? Psicologia Clínica, 17, 15-29.). Por exemplo, o fato de as mulheres darem mais importância às dimensões de atributos afetuosa e sociável parece refletir a ênfase que costumam dar à orientação social, evidenciando um raciocínio empatizador, preocupadas mais com o outro do que o fazem os homens (Baron-Cohen, 2004Baron-Cohen, S. (2004). Diferença essencial: A verdade sobre o cérebro de homens e mulheres. Rio de Janeiro, RJ: Objetiva.).
Estimava-se que no Nordeste as mulheres apresentariam maior interesse por parceiros que retratassem afetividade e possibilidades de recursos do que os homens (Hipóteses 1.2 e 1.3; Gomes, Gouveia, Silva, Coutinho, & Santos, 2013Gouveia, V. V., Guerra, V. M., Carvalho, R. R. A., Sousa, L. K. G., & Souza, S. S. (2013). Preocupação com a honra no nordeste brasileiro: Correlatos demográficos. Psicologia & Sociedade, 25, 581-591.), coerente com os estudos realizados em diversos contextos (Buss, 1989Buss, D. M. (1989). Sex differences in human mate preferences: Evolutionary hypotheses tested in 37 cultures. Behavioral and Brain Sciences, 12, 1-49.; Buss & Barnes, 1986Buss, D. M., & Barnes, M. (1986). Preferences in human mate selection. Journal of Personality and Social Psychology, 50, 559-570.; Hatfield & Sprecher, 1996Hatfield, E., & Sprecher, S. (1996). Men's and women's preferences in marital partners in the United States, Russia, and Japan. Journal of Cross-Cultural Psychology, 26, 728-750.). Por outro lado, esperava-se que os homens apresentassem maior média do que as mulheres em atributos que retratassem uma pessoa com boa aparência física, sendo os resultados nesta direção, corroborando a Hipótese 1.1. Especificamente, os homens deram preferência a parceiras que demonstram maior atratividade física e juventude, que podem ser indicativos de sua capacidade de reprodução (Buss, 1989Buss, D. M. (1989). Sex differences in human mate preferences: Evolutionary hypotheses tested in 37 cultures. Behavioral and Brain Sciences, 12, 1-49., 2003Buss, D. M. (2003). The evolution of desire. Strategies of human mating. New York: Basic Books.; Gouveia et al., 2010Gouveia, V. V., Fonseca, P. N., Gouveia, R. S., Diniz, P. K. C., Cavalcanti, M. F. B., & Medeiros, E. D. (2010). Correlatos valorativos de atributos desejáveis de um (a) parceiro (a) ideal. Psicologia: Reflexão e Crítica, 23, 166-175.; Hatfield & Sprecher, 1996Hatfield, E., & Sprecher, S. (1996). Men's and women's preferences in marital partners in the United States, Russia, and Japan. Journal of Cross-Cultural Psychology, 26, 728-750.).
Quanto às diferenças entre homens e mulheres residentes nas cidades do interior e das capitais do Nordeste, esperava-se que as mulheres residentes no interior tivessem maior média em relação a atributos relacionados com a sobrevivência e estabilidade econômica do que aquelas residentes em capitais, refletindo a hipótese de escassez (Inglehart, 1990Inglehart, R. (1990). Culture shift in advanced industrial society. Princeton, NJ: Princeton University Press.), que parece mais preponderante em cidades do interior desta Região. Embora tenha crescido a participação das mulheres no mercado de trabalho em cidades de pequeno porte ou interioranas, ainda parece ser menor do que entre as mulheres residentes em cidades maiores ou capitais (IBGE, 2010Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2010). Estatísticas do Registro Civil 2008. Recuperado em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/registrocivil/2008/
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/...
). De acordo com o último censo deste Instituto, realizado em 2010, mais de 30 milhões de mulheres economicamente ativas, isto é, com 16 ou mais anos, estão na zona urbana, quantitativo seis vezes superior àquelas que se encontram na zona rural (cerca de 5 milhões). Isso poderia explicar que as mulheres com menos recursos buscassem um parceiro de maior status socioeconômico (Sbruzzi, 2009Sbruzzi, C. (2009). Seleção conjugal e as mulheres re-casadas no mercado de casamentos em uma comunidade de baixa renda no nordeste brasileiro. (Dissertação de mestrado, Departamento de Psicobiologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil).). Entretanto, no presente estudo não foram encontradas diferenças em realizada entre mulheres do interior e da capital, o que não confirma a Hipótese 1.5, ainda que estas tenham apresentado maior média nesta dimensão do que os homens, o que é coerente com a literatura (Buss, 1989Buss, D. M. (1989). Sex differences in human mate preferences: Evolutionary hypotheses tested in 37 cultures. Behavioral and Brain Sciences, 12, 1-49., 2003Buss, D. M. (2003). The evolution of desire. Strategies of human mating. New York: Basic Books.).
Estes resultados podem sugerir que, independente do contexto social e/ou da dependência financeira que as mulheres apresentem, a busca por um parceiro com possibilidades de recursos tem sido recorrente entre elas. Talvez isso se explique em razão de as mulheres possuírem maior investimento na prole, o que pode ser importante contar com parceiro exitoso; por exemplo, elas consideram relevante escolher um parceiro que possa se comprometer e ajudá-la a cuidar de seus filhos, mesmo que já possuam recursos financeiros para isso (Buss, 1989Buss, D. M. (1989). Sex differences in human mate preferences: Evolutionary hypotheses tested in 37 cultures. Behavioral and Brain Sciences, 12, 1-49.; Feingold, 1992Feingold, A. (1992). Gender differences in mate selection preferences: A test of the parental investment model. Psychological Bulletin, 112(1), 125-139.; Li & Kenrick, 2006Li, N. P., & Kenrick, D. T. (2006). Sex similarities and differences in preferences for short-term mates: What, whether, and why. Journal of Personality and Social Psychology, 90(3), 468-489.). Existem, ainda, evidências de que as mulheres do mundo contemporâneo, sobretudo as que atuam no mercado de trabalho, são mais exigentes com relação ao parceiro (Perlin & Diniz, 2005Perlin, G., & Diniz, G. (2005). Casais que trabalham e são felizes: Mito ou realidade? Psicologia Clínica, 17, 15-29.).
Em relação aos homens, não houve diferença entre os residentes na capital e no interior quanto à dimensão relacionada com a aparência física, mas ocorreu quanto àquela que retrata atributos de tradição. Estes achados suscitam que, independente do local em que os homens residem, isto é, capital ou interior, suas pontuações são altas na dimensão atlética, coerente com os achados da psicologia evolucionista, que assinala a busca dos homens por mulheres jovens e de aparência saudável, que podem ser indicativos de maior capacidade de reprodução, aumentando a perpetuação de seus genes (Buss, 1989Buss, D. M. (1989). Sex differences in human mate preferences: Evolutionary hypotheses tested in 37 cultures. Behavioral and Brain Sciences, 12, 1-49., 2003Buss, D. M. (2003). The evolution of desire. Strategies of human mating. New York: Basic Books.). Destaca-se, ainda, explicações com base em aspectos sociais, onde pesquisas indicam que homens buscam mulheres atraentes para reforçar seu status e poder, demonstrando sua habilidade em atrair parceiras valorizadas (Michener, DeLamater, & Myers, 2005Myers, D. (2005). Psicologia social. Rio de Janeiro, RJ: LTC.; Sibley, Wilson, & Duckitt, 2007Sibley, C. G., Wilson, M. S, & Duckitt, J. (2007). Antecedents of men's hostile and benevolent sexism: The dual roles of social dominance orientation and right-wing authoritarianism. Personality and Social Psychology Bulletin, 33,160-172.).
Os homens residentes no interior apresentaram maior média na dimensão tradicional do que os residentes nas capitais, confirmando a Hipótese 1.4. Esta diferença pode ser explicada por características de relações de gênero, talvez evidência de maior machismo em culturas de honra, como pode ser o Nordeste (Gouveia, Guerra, Carvalho, Sousa, & Souza, 2013Gouveia, V. V., Guerra, V. M., Carvalho, R. R. A., Sousa, L. K. G., & Souza, S. S. (2013). Preocupação com a honra no nordeste brasileiro: Correlatos demográficos. Psicologia & Sociedade, 25, 581-591.), sobretudo, em cidades do interior, que podem ver as mulheres como mais submissas ou atendendo a papéis pré-determinados. Portanto, é possível que os homens escolham parceiras que possuam atributos mais tradicionais, valorizando características como "boa esposa", ou seja, uma mulher caseira e de boa família (Johannesen-Schmidt & Eagly, 2002Johannesen-Schmidt, M. C., & Eagly, A. H. (2002). Another look at sex differences in preferred mate characteristics: The effects of endorsing the traditional female gender role. Psychology of Women Quarterly, 26, 322-328.; Travaglia, Overall, & Sibley, 2009Travaglia, L. K., Overall, N. C., & Sibley, C. G. (2009). Benevolent and Hostile Sexism and preference for romantic partner. Personality and Individual Differences, 47, 599-604.), que também reforça o coletivismo característico desta Região (Hofstede et al., 2010Hofstede, G., De Hilal, A. V. G., Malvezzi, S., Tanure, B., & Vinken, H. (2010). Comparing regional cultures within a country: Lessons from Brazil. Journal of Cross-Cultural Psychology, 41,336-352.), que acentua o apego das pessoas a normas sociais e a padrões definidos por seus ancestrais (Gouveia & Clemente, 2000Gouveia, V. V., & Clemente, M. (2000). O individualismo-coletivismo no Brasil e na Espanha: Correlatos sócio-demográficos. Estudos de Psicologia (Natal), 5, 2, 317-346.).
Apesar de este estudo ter alcançado seus objetivos principais, não há que obviar suas potenciais limitações. Por exemplo, a amostra que não foi aleatória ou representativa da população brasileira ou mesmo do Nordeste, uma vez que considerou estudantes universitários, que são apenas parte de seus habitantes. Contudo, o número de participantes pareceu suficiente para as análises estatísticas levadas a cabo, e os achados descritos foram, no geral, coerentes com o que tem sido observado na literatura (Buss, 1989Buss, D. M. (1989). Sex differences in human mate preferences: Evolutionary hypotheses tested in 37 cultures. Behavioral and Brain Sciences, 12, 1-49., 2003Buss, D. M. (2003). The evolution of desire. Strategies of human mating. New York: Basic Books.; Buss & Schimitt, 1993Buss, D. M., & Schmitt, D. P. (1993). Sexual strategies theory: An evolutionary perspective on human mating. Psychological Review, 100, 204-232.; Castro & Lopes, 2011Castro, F. N., & Lopes, F. A. (2011). Romantic Preferences in Brazilian Undergraduate Students: From the Short Term to the Long Term. The Journal of Sex Research, 48, 479-485.; Kenrich, Sadalla, Groth, & Trost, 1990Kenrich, D. T., Sadalla, E. K., Groth, G., & Trost, M. R. (1990). Evolution, traits and stages of human courtship: Qualifying the parental model. Journal of Personality, 58, 97-116.; Silva et al., 2010Silva, I. M. da, Menezes, C. C., & Lopes, R. de C. S (2010). Em busca da "cara-metade": motivações para a escolha do cônjuge. Estudos de Psicologia (Campinas), 27(3), 383-391.).
Na direção do anteriormente comentado, os resultados deste estudo contribuem para o conhecimento na área de relacionamentos íntimos. Além disso, favorece pensar em potenciais aplicações práticas. Por exemplo, no contexto da Psicologia Clínica, onde são recorrentes queixas acerca de relacionamentos amorosos conflituosos (Barbosa, 2008Barbosa, D. R. (2008). Império do amor romântico: Diferenças culturais e sexuais em casais de noivos no Brasil e na Itália (Tese de doutorado, Departamento de Psicologia, Universidade de São Paulo, SP, Brasil).), é imprescindível conhecer o processo de escolha do parceiro a fim de minimizar os efeitos de uma escolha pouco consciente, pois de acordo com o princípio da homogamia em que os parceiros geralmente preferem no outro o que eles valorizam em si (Buston & Emlen, 2003Buston, P. M., & Emlen, S. T. (2003). Cognitive processes underlying human mate choice: The relationship between self-perception and mate preference in Western society. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States, 100, 8805-8806.), o processo terapêutico pode ajudar as pessoas a compreenderem melhor suas escolhas e assim evitar conflitos e frustrações advindos de escolhas pouco sucedidas.
Os resultados deste estudo poderão ainda ser úteis para agências de casamento, uma vez que seria importante se pautar em conhecimento cientificamente fundamentado para maximizar as chances de escolha de um parceiro mais compatível, ou seja, que compartilham de crenças, opiniões, gostos e aversões, indicando o desejo que as pessoas têm de estabelecer coerência cognitiva (Michener et al., 2005Michener, H. A., DeLamater, J. D. & Myers, D. J. (2005). Psicologia social. São Paulo, SP: Pioneira Thomson Learning.), uma vez que a importância da similaridade nos relacionamentos amorosos tem sido identificada em algumas pesquisas (Buss, 1989Buss, D. M. (1989). Sex differences in human mate preferences: Evolutionary hypotheses tested in 37 cultures. Behavioral and Brain Sciences, 12, 1-49.; Doosje, Rojahn, & Fischer, 1999Doosje, B., Rojahn, K., & Fischer, A. (1999). Partner preferences as a function of gender, age, political orientation and level of education. Sex Role, 40, 45-60.; Figueredo, Sefcek, & Jones, 2006Figueredo, A. J., Sefcek, J. A., & Jones, D. N. (2006). The ideal romantic partner personality. Personality and Individual Differences, 41,413-441.; Furnham, 2009Furnham, A. (2009). Sex differences in mate selection preferences. Personality and Individual Differences, 47,262-267.; Silva et al. (2010Silva, I. M. da, Menezes, C. C., & Lopes, R. de C. S (2010). Em busca da "cara-metade": motivações para a escolha do cônjuge. Estudos de Psicologia (Campinas), 27(3), 383-391.). Além disto, contar também com medidas de estilos de amor parece relevante (Cassepp-Borges, 2010Cassepp-Borges, V. (2010). Amor e construtos relacionados: Evidências de validade de instrumentos de medida no Brasil (Tese de doutorado, Departamento de Psicologia, Universidade de Brasília, DF, Brasil).).
Por fim, novos estudos poderão ser pensados. Por exemplo, parece relevante conhecer em que medida valores e traços de personalidade podem contribuir para explicar a escolha do parceiro ideal (Gomes, 2011Gomes, A. I. A. S. B. (2011). A escolha do (a) parceiro (a) ideal por hetero e homossexuais: Uma leitura a partir dos valores e traços de personalidade (Dissertação de mestrado, Departamento de Psicologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil).; Gonçalves, 2012Gonçalves, M. P. (2012). Atributos desejáveis do (a) parceiro (a) ideal: Valores e traços de personalidade como explicadores (Tese de doutorado, Departamento de Psicologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil).; Gouveia et al., 2010Gouveia, V. V., Fonseca, P. N., Gouveia, R. S., Diniz, P. K. C., Cavalcanti, M. F. B., & Medeiros, E. D. (2010). Correlatos valorativos de atributos desejáveis de um (a) parceiro (a) ideal. Psicologia: Reflexão e Crítica, 23, 166-175.). Também é relevante saber se esta escolha pode diferir em relação a pessoas que já foram casadas e se divorciaram ou ficaram viúvas. Nestes casos, talvez as pessoas tenham projetos de vida diferentes no momento de escolher um companheiro para o segundo casamento, sobretudo se já tivessem filhos, o que poderia influenciar sua escolha do novo cônjuge (Gouveia, Vione, Milfont, & Fischer, 2015Gouveia, V. V., Vione, K. C., Milfont, T. L., & Fischer, R. (2015). Patterns of value change during life span: Some evidence from a functional approach of values. Personality and Social Psychology Bulletin, 41, 1276-1290.). Caberia, ainda, conhecer a escolha do parceiro no contexto do poliamor e de relacionamentos virtuais; e, por último, replicar o presente estudo em outras regiões do país, avaliando as vicissitudes das escolhas em diferentes culturas.
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Apoio: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
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O leitor interessado poderá escrever para um dos autores a fim de ter acesso às informações sobre sexo e estado civil dos participantes por Unidade da Federação.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
Jul-Sep 2018
Histórico
-
Recebido
28 Jun 2016 -
Revisado
24 Maio 2017 -
Aceito
27 Jul 2017