RESUMO
Objetivo: analisar a correlação do mecanismo de trauma com a frequência e a gravidade das lesões.
Métodos: análise retrospectiva das informações do registro de trauma em período de 15 meses. O mecanismo de trauma foi classificado em seis tipos: ocupantes de veículo de quadro rodas envolvidos em acidente de tráfego (AUTO), pedestres vítimas de atropelamento (ATRO), motociclistas vítimas de acidentes de tráfego (MOTO), vítimas de quedas de altura (QUED), vítimas de agressão física com instrumentos contundentes (AGRE) e vítimas de queda do mesmo nível (QMN).
Resultados: o mecanismo de trauma foi classificado em 3639 casos, sendo 337 (9,3%) AUTO, 855 (23,5%) ATRO, 924 (25,4%) MOTO, 455 (12,5%) QUED, 424 (11,7%) AGRE e 644 (17,7%) QMN. Houve diferença significativa na comparação entre os grupos das médias dos índices do Revised Trauma Score (RTS), do Injury Severity Score (ISS) e da Abbreviated Injury Scale (AIS) do segmento cefálico, torácico, abdominal e extremidades (p<0,05). Lesões graves em segmento cefálico foram mais frequentes nas vítimas de ATRO, seguidos de AGRE e QUED (p<0,001). Lesões graves em tórax foram mais frequentes em AUTO, seguidos de QUED e ATRO (p<0,001). As lesões abdominais foram menos frequentes nas vítimas de QMN (p=0,004). Lesões graves em extremidades foram mais frequentes em ATRO, seguidos de MOTO e QUED (p<0,001).
Conclusão: com a análise do mecanismo de trauma é possível prever a frequência e a gravidade das lesões em vítimas de trauma fechado.
Descritores: Causas Externas; Ferimentos e Lesões; Fraturas Ósseas; Traumatismo Múltiplo
ABSTRACT
Objective: to study the correlation of trauma mechanism with frequency and severity of injuries in blunt trauma patients.
Methods: retrospective analysis of trauma registry in a 15-month period was carried out. Trauma mechanism was classified into six types: occupants of four-wheeled vehicles involved in road traffic accidents (AUTO), pedestrians struck by road vehicles (PED), motorcyclists involved in road traffic accidents (MOTO), falls from height (FALL), physical assault with blunt instruments (ASSA) and falls on same level (FSL). Injuries with AIS>2 were considered severe. One-way ANOVA, Students t and Chi-square tests were used for statistical analysis, considering p<0.05 significant.
Results: trauma mechanism was classified by group for 3639 cases, comprising 337 (9.3%) AUTO, 855 (23.5%) PED, 924 (25.4%) MOTO, 455 (12.5%) FALL, 424 (11.7%) ASSA and 644 (17.7%) FSL. There was significant difference among groups when comparing the Revised Trauma Score (RTS), the Injury Severity Score (ISS) and the Abbreviated Injury Scale (AIS) of the head, thorax, abdomen and extremities (p<0.001). Severe injuries in the head and in the extremities were more frequent in PED patients (p<0.001). Severe injuries to the chest were more frequent in AUTO (p<0.001). Abdominal injuries were less frequent in FSL (p=0.004). Complex fractures of the pelvis and spine were more frequent in FALL (p<0.001). Lethality was greater in PED, followed by FALL and AUTO (p<0.001).
Conclusion: trauma mechanism analysis predicted frequency and severity of injuries in blunt trauma patients.
Keywords: External Causes; Fractures, Bone; Multiple Trauma; Wounds and Injuries
INTRODUÇÃO
Podemos entender "trauma" como uma doença que envolve a troca de energia entre o meio ambiente e o corpo, resultando em lesões que acometem os diferentes sistemas e órgãos. Estima-se que mais de cinco milhões de pessoas em todo o mundo percam a vida anualmente devido a este problema1, levando a mais mortes do que HIV/AIDS, tuberculose, malária e condições maternas combinados2,3. Para cada morte, acredita-se que haja dezenas de internações, centenas de consultas em serviços de emergência e milhares de consultas médicas1. O custo desta doença é incalculável, tanto pela perda de vidas humanas como também pelos aspectos social, econômico e cultural envolvidos.
O Código Internacional de Doenças (CID-10) inclui estes casos no capítulo XX, como "causas externas"4. Esta classificação é extremamente específica, descrevendo detalhes dos diversos tipos de acidentes e violências. Entretanto, há um número muito grande de códigos, o que pode tornar a análise dos mecanismos de trauma extremamente complicada na prática diária. Devemos também ressaltar que esta classificação leva em conta a "intencionalidade" do trauma, o que muitas vezes é difícil de se estabelecer no primeiro momento do atendimento.
A relação entre o mecanismo de trauma e os diferentes tipos de lesões internas é conhecido5-7. Vários estudos avaliaram características específicas, mesmo em ambiente pré-hospitalar, que nos levam a observar tal fato8,9. A análise do mecanismo de trauma é muito importante para todos os profissionais responsáveis pelo atendimento destes casos, já sendo considerado no atendimento inicial padronizado pelo curso Advanced Trauma Life Support10. Trata-se, portanto, de uma variável que orienta decisões quanto à triagem e monitoração dos doentes de maior risco11.
Na prática diária, reconhecemos uma classificação simplificada de mecanismos, que envolve os acidentes automobilísticos, as quedas e as agressões físicas12. Em estudos prévios, observamos que algumas lesões são mais frequentes em mecanismos específicos. As vítimas de quedas do mesmo nível apresentam maior frequência de lesões crânio-encefálicas em comparação aos demais mecanismos13. As lesões raquimedulares e as fraturas de pelve são características das vítimas de queda de altura14. Os motociclistas apresentam especialmente fraturas em membros inferiores, principalmente expostas15.
Não encontramos na literatura disponível uma comparação entre todos os mecanismos de trauma entre si, a respeito da frequência e da gravidade das lesões. Esta informação pode auxiliar na triagem, na avaliação diagnóstica e no tratamento de certos casos. Nossa hipótese é que há diferença entre os mecanismos quando comparados em relação à frequência e à gravidade de lesões. O objetivo deste estudo é comparar os diferentes mecanismos de trauma fechado entre si, avaliando a frequência de lesões nos diferentes segmentos corporais e sua gravidade.
MÉTODOS
No Serviço de Emergência da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP) foi realizada a coleta prospectiva de informações de todos os traumatizados admitidos na sala de emergência de 2008 a 2010 com a aprovação do Comitê de Ética número 37690314.5.0000.5479, com objetivo de formar um registro de trauma para controle de qualidade de atendimento16,17. Os dados foram inicialmente coletados pelos residentes de cirurgia à admissão do doente e, posteriormente, por assistentes do serviço no seguimento até a alta. As informações foram armazenadas em software Access 2007®.
Realizamos uma análise retrospectiva das informações contidas neste registro, incluindo os dados das vítimas de trauma fechado com idade superior a 13 anos, admitidos entre 2008 e 2009. Coletamos informações a respeito do mecanismo de trauma, dos dados vitais à admissão, dos exames complementares realizados, das lesões diagnosticadas, bem como da sua gravidade e tratamento.
A estratificação de gravidade foi realizada através dos índices de trauma: Escala de Coma de Glasgow (ECG), Revised Trauma Score (RTS), Abbreviated Injury Scale (AIS), Injury Severity Score (ISS) e Trauma- Injury Severity score (TRISS). A escala de coma de Glasgow (ECG) mede o nível de consciência do paciente utilizando parâmetros de abertura ocular, resposta verbal e resposta motora, variando de três a 1518. O Revised Trauma Score (RTS) é um índice fisiológico que utiliza os parâmetros pressão arterial sistólica, frequência respiratória e escala de coma de Glasgow, variando de 0 a 7,840819. A Abbreviated Injury Scale (AIS) é uma escala de gravidade de lesões orgânicas publicada pela Association for the Advancement of Automotive Medicine20. De acordo com essa classificação, cada órgão tem lesões agrupadas em gravidades crescentes, variando de 1 a 6. As lesões AIS=1 são definidas como "menores", as AIS = 2, como "moderadas", as AIS=3, como "graves", as AIS=4 como "muito graves", as AIS=5, como "críticas" e as AIS=6 são letais. Com a utilização desta escala, "politraumatizado" pode ser definido pela presença de lesões com AIS maior ou igual a 3 em pelo menos duas regiões corporais21-24. O Injury Severity Score (ISS) é um índice anatômico baseado na escala de lesões orgânicas AIS e é uma das maneiras mais frequentes de avaliação de gravidade em vítimas de trauma25. As lesões são agrupadas em seis segmentos: cabeça e pescoço; face; tórax; abdome; extremidades e pelve óssea; e externas. A lesão mais grave dos três segmentos mais gravemente atingidos é selecionada, sendo a soma dos seus quadrados o valor do ISS26. Já o TRISS é um índice que permite o cálculo da probabilidade de sobrevivência baseado nas variáveis: mecanismo de trauma, idade, RTS e ISS27.
Neste estudo, as vítimas de trauma fechado foram separadas em seis grupos, de acordo com o mecanismo de trauma: Grupo AUTO: ocupantes de veículo de quadro rodas envolvidos em acidente de tráfego; Grupo ATRO: pedestres vítimas de atropelamento; Grupo MOTO: motociclistas vítimas de acidentes de tráfego; Grupo QUED: vítimas de quedas de altura; Grupo AGRE: vítimas de agressão física com instrumentos contundentes; Grupo QMN: vítimas de queda do mesmo nível.
Os grupos foram comparados a respeito da frequência de lesões e gravidade do trauma nos diferentes segmentos corporais, valores dos índices de trauma fisiológico (RTS), anatômico (AIS e ISS) e probabilidade de sobrevivência (TRISS), assim como procedimentos realizados e óbitos.
A análise estatística foi realizada com o software SPSS 21.0. Para a comparação das variáveis qualitativas, utilizamos o teste Qui-Quadrado. Para a comparação das variáveis numéricas, utilizamos o teste de análise de variância ANOVA. Para ambas as variáveis, foi considerado p<0,05 como significativo.
RESULTADOS
O mecanismo de trauma foi descrito em 3639 casos, sendo 337 (9,3%) AUTO, 855 (23,5%) ATRO, 924 (25,4%) MOTO, 455 (12,5%) QUED, 424 (11,7%) AGRE e 644 (17,7%) QMN. As médias de idade, pressão arterial sistólica e escala de coma de Glasgow, bem como dos AIS dos diferentes segmentos corporais e demais índices de trauma estão descritas na tabela 1. A média etária foi significativamente maior no grupo QMN. Notou-se diferença significativa na comparação das médias dos dados vitais e dos índices de trauma à admissão entre os grupos. As médias ± desvios padrão para o RTS foram 7,76±0,42 (AUTO); 7,68±0,76 (ATRO); 7,76±0,51 (MOTO); 7,67±0,69 (QUED); 7,72±0,51 (AGRE); 7,77±0,34 (QMN) (p=0,004). Na avaliação do índice anatômico ISS, foram observadas as seguintes médias ± desvios padrão: 4,37±8,14 (AUTO); 7,09±10,22 (ATRO); 5,53±8,30 (MOTO); 6,27±9,45 (QUED); 3,52±5,40 (AGRE); 2,78±4,27 (QMN) (p<0,001) (Figura 1).
Houve diferença significativa na comparação das médias do índice anatômico AIS em segmento cefálico: 0,45±0,87 (AUTO); 0,80±1,30 (ATRO); 0,31±0,90 (MOTO); 0,67±1,20 (QUED); 1,07±1,06 (AGRE); 0,93±0,96 (QMN) (p<0,001) (Figura 2). O índice de trauma anatômico foi significativamente diferente entre os grupos também no segmento torácico: 0,23±0,86 (AUTO); 0,21±0,80 (ATRO); 0,14±0,64 (MOTO); 0,22±0,76 (QUED); 0,08±0,45 (AGRE); 0,02±0,25 (QMN) (p<0,001). As médias de AIS para o segmento abdominal foram as seguintes: 0,11±0,60 (AUTO); 0,14±0,69 (ATRO); 0,12±0,67 (MOTO); 0,11±0,63 (QUED); 0,09±0,56 (AGRE); 0,01±0,16 (QMN) (p<0,001). Nas extremidades, também foi observado diferença significativa entre os grupos: 0,94±1,13 (AUTO); 1,35±1,32 (ATRO); 1,49±1,21 (MOTO); 1,23±1,37 (QUED); 0,41±0,67 (AGRE); 0,45±0,78 (QMN) (p<0,001).
A comparação da frequência das diferentes lesões entre os grupos está demonstrada na tabela 2 e na figura 3. As lesões graves em segmento cefálico foram mais frequentes nas vítimas de ATRO, seguidas de AGRE e QUED (p<0,001). As lesões graves em segmento torácico foram mais frequentes em AUTO, seguidas de QUED e ATRO (p<0,001). As lesões graves em segmento abdominal foram menos frequentes em QMN (p=0,004). As lesões graves em extremidades foram mais frequentes em vítimas de ATRO, seguidas de MOTO e QUED (p<0,001). As fraturas complexas de pelve forma mais frequentes em QUED, seguidas de ATRO (p<0,001). O trauma raquimedular foi mais frequente em vítimas de QUED (p<0,001). A letalidade foi maior nas vítimas de ATRO, seguidas de QUED e AUTO (p<0,001).
Na tabela 3 resumimos os resultados, agrupando os principais segmentos lesados para cada mecanismo de trauma.
Presença de lesões graves (AIS>2) nos diferentes segmentos corporais, agrupadas pelo mecanismo de trauma. Para cada coluna, que representa um segmento corporal, assinalamos com um X os três mecanismos com as maiores frequências de lesões graves. Desta forma, podemos identificar os segmentos corporais com lesões graves mais frequentemente observadas para cada mecanismo.
DISCUSSÃO
Os dados deste estudo demonstram que a análise do mecanismo de trauma permite inferir as possíveis lesões a serem investigadas em vítimas de trauma fechado. Ou seja, o profissional poderá julgar melhor quais as chances das diferentes lesões ocorrerem em determinado cenário. Estas informações podem ser empregadas em triagem de campo, priorização de atendimento intra-hospitalar e realização de exames complementares. Isto se torna extremamente importante visto a pletora dos serviços de emergência e a necessidade de reduzir ao máximo o número de exames diagnósticos com resultado negativo, além da necessidade de redução e uso seletivo de unidades semi-intensivas e de tratamento intensivo.
Outro ponto a ser considerado é que, em vítimas de trauma, muitas lesões graves podem não ter repercussão clínica em um primeiro momento. Lesões abdominais podem ocorrer sem sinais ou sintomas, assim como hematomas extradurais, lesões vasculares, de via aérea e de tubo digestivo, entre outras. A avaliação objetiva por métodos de imagem passa a ser obrigatória nos casos em que as mesmas sejam mais frequentes. As informações deste estudo permitem estabelecer uma ligação entre o mecanismo e a chance de lesões, mesmo que as mesmas não apresentem repercussões clínicas no momento do atendimento.
Para definir a gravidade de cada lesão pode-se fazer uso vários índices e escalas28. Neste estudo, optamos por utilizar os mais frequentemente descritos na literatura. Há críticas à utilização não racional destes índices, pois nenhum deles pode ser aplicado cegamente em todos os doentes. Para estimar corretamente a gravidade das vítimas de trauma é necessário individualizar a análise de cada lesão, estratificar sua gravidade e, por fim, combiná-las, retomando a análise do paciente como um todo29. Nossos dados demonstram diferença significativa na comparação dos índices de trauma entre os diferentes mecanismos. Ou seja, independente das críticas quanto aos mesmos, observamos que a gravidade do trauma é diferente entre os grupos.
Aparentemente, os mecanismos com maior frequência e gravidade de lesões foram os atropelamentos e as quedas de altura (Tabela 3). Ambos têm em comum o fato da troca de energia ser diretamente entre o corpo e o agente agressor, corroborando com a maior letalidade nestes grupos. Várias características específicas foram observadas e atribuídas aos diferentes mecanismos de trauma (Tabela 3). Os ocupantes de veículos automotores de quatro rodas (AUTO) apresentaram maior frequência e gravidade de lesões em segmento torácico, provavelmente associados a desaceleração e impacto direto sobre o tórax. As vítimas de atropelamentos tiveram lesões graves em vários segmentos corporais, principalmente o trauma crânio-encefálico. Os motociclistas tiveram maior frequência e gravidade de lesões em extremidades e menor frequência e gravidade das lesões em segmento cefálico. As vítimas de queda tiveram maior frequência de fraturas de pelve e trauma raquimedular. Os que sofreram agressões físicas tiveram o segmento cefálico mais atingido que os demais, com maior incidência de fraturas nesta região. As vítimas de quedas de mesmo nível eram de maior faixa etária e tiveram maior gravidade das lesões intracranianas.
No entanto, há limitações que devem ser observadas na interpretação de nossos dados. Utilizamos uma "generalização" de mecanismos de trauma. Por exemplo, nem todos "atropelamentos" são semelhantes. Algumas vítimas podem ter um impacto direto no membro inferior e, outras, em tronco ou segmento cefálico. Contudo, há um objetivo bem definido nesta tática. Esta "generalização" permite que sejam reconhecidas as características comuns a certos mecanismos de trauma, mas, em nenhum momento, exclui a possibilidade de haver lesões incaracterísticas a certo grupo.
Outro ponto interessante é a baixa frequência de lesões nesta amostra. Isto se deve ao atendimento geral de um hospital com "porta aberta". Talvez estes números correspondam bem à realidade destes tipos de serviços. Pode-se questionar como um hospital com porte de centro de trauma tipo III (supostamente preparado para tratar os casos mais complexos) acaba por atender tantos doentes com lesões leves. Isto se deve a características próprias do sistema de saúde local, onde observamos uma supertriagem significativa. Idealmente, cada vítima de trauma é avaliada de acordo com sua gravidade já na cena, por meio de critérios como ISS maior que 15, necessidade de tratamento intensivo e/ou de cirurgia não-ortopédica. Esses casos considerados graves, então, são encaminhados ao centro de trauma nível 1 (de maior complexidade no sistema norte-americano), diminuindo a supertriagem e, consequentemente, a superlotação dos hospitais e os custos dos atendimentos9.
A frequência de mecanismos de trauma depende da região em que são analisados. Acredita-se também que há influência do ambiente onde o trauma ocorreu, se civil ou militar, sobre a gênese das lesões30. O trauma é uma doença com base socioeconômico-cultural. A análise da nossa realidade expõe a rotina de um centro urbano, atendendo a maioria das vítimas de trauma fechado. Chama atenção a frequência de acidentes envolvendo motociclistas, cujas lesões ocorrem principalmente em membros inferiores e demandam tempo prolongado de internação, tratamento e dependência da previdência social. Torna-se necessário, por parte das autoridades, a tomada de medidas para o controle deste tipo de evento. Medidas de prevenção também deveriam ser direcionadas aos demais mecanismos.
Em nosso estudo não avaliamos especificamente os ciclistas vítimas de trauma, pois, no momento de coleta de dados, o número de doentes com este mecanismo não era ainda significativo. Optamos por excluir as vítimas de trauma com mecanismos combinados ou que não podiam ser claramente alocados em algum grupo, para que a análise fosse livre de sobreposição. Outro ponto em aberto em nosso estudo foi a impossibilidade de adquirir informações sobre os equipamentos de proteção utilizados pelas vítimas no momento do acidente, como capacetes, coletes, botas, etc. Talvez esta informação contribuísse ainda mais para a caracterização dos grupos.
Os dados deste estudo podem auxiliar o socorrista a tomar decisões tanto na cena como no hospital. As informações do grupo de atendimento pré-hospitalar e do próprio traumatizado podem fornecer dados decisivos para a correta escolha entre as diversas opções diagnósticas e terapêuticas em vítimas de trauma. Podem ainda auxiliar na triagem de doentes, na otimização de recursos em serviços de emergência e no diagnóstico precoce de lesões ocultas potencialmente letais.
Concluímos, assim, que a frequência e a gravidade das lesões traumáticas podem ser relacionadas com o mecanismo de trauma.
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Fonte de financiamento: nenhuma.
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
Jul-Aug 2017
Histórico
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Recebido
07 Fev 2017 -
Aceito
11 Maio 2017