Acessibilidade / Reportar erro

Caminhos para se pensar a promoção de saúde

RESENHA DE LIVROS

Caminhos para se pensar a promoção de saúde

Ana Cristina Garcia Dias

Universidade Federal de Santa Maria (Santa Maria, RS. Br)

Correspondence Correspondence: Ana Cristina Garcia Dias Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo - USP (São Paulo, SP, Br); Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria (Santa Maria, RS, Br) Rua Floriano Peixoto, 1750/308 - Centro 97015-372 Santa Maria, RS, Br. E-mail: anacristinagarciadias@gmail.com

Psicologia e promoção de saúde em cenários contemporâneos.

M. M. Rezende e M. G. V. Heleno (Orgs.)

São Paulo: Vetor, 2012, 228 págs.

Psicologia e promoção da saúde em cenários contemporâneos apresenta discussões sobre conceitos, teorias e práticas psicológicas a partir de um olhar positivo, centrado nas potencialidades que profissionais de psicologia e áreas afins podem adotar em seus cotidianos para promover saúde. Os textos retratam os diferentes contextos e temas, que demonstram a complexidade e a ampliação da área da Psicologia da Saúde.

O primeiro capítulo discute o impasse enfrentado pelos profissionais de saúde face às demandas dos pacientes, utilizando o conceito de menoridade. Através de reflexões filosóficas sobre a psicopatologia, alerta-se para a situação na qual o profissional de saúde é tentado a colocar o paciente sob sua autoridade, impedindo-o ou não contribuindo para a sua emancipação frente à doença. O segundo capítulo realiza um passeio histórico pelas práticas e serviços psicológicos no Brasil durante o século XX, buscando demonstrar a diversidade da psicologia e como essa se desenvolveu e se inseriu no campo da saúde. O terceiro e quarto capítulos, por sua vez, abordam importantes contextos nos quais se pode pensar a promoção da saúde. O terceiro capítulo realiza um levantamento de pesquisas e intervenções realizadas no âmbito da saúde mental de estudantes universitários. Os ambientes educativos podem promover saúde, contudo ainda há uma carência de políticas nessa área. O quarto capítulo aborda as dificuldades enfrentadas na busca de equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional. São apresentados conceitos e modelos explicativos com o objetivo de se pensar políticas e formas de intervenções que promovam o bem-estar dos indivíduos.

O quinto capítulo demonstra o quanto os homens encontram-se distanciados dos serviços de saúde e das práticas de autocuidado. Discute-se a construção sócio histórica do conceito de masculinidade e as consequências do mesmo no âmbito da saúde masculina. O sexto trabalho, "Resiliência: uma breve revisão teórica do conceito" apresenta uma evolução histórica do conceito, demonstrando a diversidade de compreensões do mesmo. Os autores, por meio de uma cuidadosa revisão teórica e metodológica, constatam que essa área ainda precisa avançar muito, uma vez que diferentes compreensões do fenômeno e dos fatores envolvidos na sua produção, até mesmo contraditórias, são desenvolvidas. No sétimo capítulo é apresentada uma intervenção para promover motivação e bem-estar, em ambientes de trabalho, para diferentes grupos de profissionais. O autor apresenta um conjunto de estudos nos quais a intervenção foi empregada e seus efeitos avaliados, evidenciando tratar-se de uma metodologia que contribui para a melhoria do bem-estar dos participantes.

O oitavo capítulo aborda o tema da parentalidade frente à situação do diabetes infantil. É descrito um estudo empírico no qual a autoeficácia parental e o apoio parental ativo na doença foram avaliados. Constata-se que os pais de crianças diabéticas apresentam uma maior consciência da responsabilidade parental e fazem esforços no sentido de não serem superprotetores, apoiando que seus filhos se envolvam responsavelmente no seu autocuidado em saúde. O nono capítulo apresenta os resultados de um estudo sobre qualidade de vida, no qual portadores de doenças crônicas foram comparados a um grupo de pessoas sem doenças crônicas. Discute-se sobre os possíveis processos cognitivos compensatórios desenvolvidos após o controle da doença, e que podem influenciar na melhor qualidade de vida mental desses indivíduos. Por fim, o décimo capítulo aborda as relações entre justiça restaurativa e Psicologia da Saúde. Defende-se a ideia de que as práticas psicológicas no campo da justiça restaurativa integram princípios teóricos e metodológicos que, em última instância, visam promover a saúde, na medida em que têm por objetivo amenizar os conflitos produzidos pela violência.

Enfim, o conjunto de trabalhos apresenta como foco e ponto comum a promoção da saúde. Como demonstrado, pensar a saúde sob esta perspectiva implica reconhecer os determinantes políticos, econômicos, socio-históricos e culturais nos processos de saúde. Esta pluralidade de formas de abordar a saúde, refletida na obra, permite aos leitores a descoberta de caminhos possíveis para a construção de intervenções éticas e efetivas nesse campo.

  • Correspondence:
    Ana Cristina Garcia Dias
    Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo - USP (São Paulo, SP, Br); Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria (Santa Maria, RS, Br)
    Rua Floriano Peixoto, 1750/308 - Centro
    97015-372 Santa Maria, RS, Br.
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      03 Fev 2014
    • Data do Fascículo
      Dez 2013
    Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental Av. Onze de Junho, 1070, conj. 804, 04041-004 São Paulo, SP - Brasil - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: secretaria.auppf@gmail.com