Acessibilidade / Reportar erro

Sexualidade de idosos: conhecimento/atitude de enfermeiros da Estratégia Saúde da Família

Sexualidad de las personas mayores: conocimiento/actitud de enfermeros de la Estrategia Salud de la Familia

RESUMO

Objetivo

Avaliar o conhecimento e a atitude dos enfermeiros da Estratégia Saúde da Família sobre sexualidade na velhice.

Método

Estudo transversal, exploratório-descritivo, de abordagem quantitativa, com enfermeiros da Estratégia Saúde da Família do município de Sobral-CE. Utilizou-se de questionário sociodemográfico e profissional e da Aging Sexual Knowledge And Attitudes Scale , versão brasileira. Os dados foram processados no GraphPad Prism 5®, e estabelecido nível de significância p<0,05.

Resultados

Participaram 56 enfermeiros, a maioria do sexo feminino, jovens adultas, que se autodeclaram saber orientar sobre sexualidade. A média dos escores do conhecimento foi de 29,95 (DP=2,21), em uma variação de 20 a 60; já para a atitude, a média foi de 27,14 (DP=2,19) na escala, que varia de oito a 40. Os participantes que declararam receber educação permanente em saúde e realizar educação em saúde sobre sexualidade detêm um conhecimento significativamente favorável, mas não foi encontrada atitude significante.

Conclusão

Os enfermeiros possuem conhecimento adequado sobre a sexualidade na velhice, mas difundem ainda atitudes conservadoras. Investir em processos de educação permanente em saúde pode melhorar o saber e fazer dos enfermeiros.

Idoso; Sexualidade; Envelhecimento; Enfermagem Geriátrica; Atitude do Pessoal de Saúde; Estratégia Saúde da Família

RESUMEN

Objetivo

Evaluar el conocimiento y la actitud de enfermeros de la Estrategia Salud de la Familia acerca de la sexualidad en la vejez.

Método

Estudio transversal, exploratorio y descriptivo, de abordaje cuantitativo, con enfermeros de la Estrategia Salud de la Familia del municipio de Sobral-CE. Se utilizó cuestionario sociodemográfico y profesional y la Aging Sexual Knowledge And Attitudes Scale, versión brasileña. Los datos fueron procesados en el GraphPad Prism 5®, y fue establecido nivel de significación p<0,05.

Resultados

Participaron 56 enfermeros, la mayoría del sexo femenino, jóvenes adultas, quienes se autodeclararon saber orientar acerca de la sexualidad. El promedio de los scores del conocimiento fue de 29,95 (DP=2,21), en una variación de 20 a 60; ya para la actitud, el promedio fue de 27,14 (DP=2,19) en la escala, que varía de ocho a 40. Los participantes que manifestaron recibir educación permanente en salud y realizar educación sanitaria acerca de la sexualidad detienen un conocimiento significativamente favorable, pero no fue encontrada actitud significativa.

Conclusión

Los enfermeros tienen conocimiento adecuado sobre sexualidad en la vejez, pero todavía difunden actitudes conservadoras. Invertir en procesos de educación permanente en salud puede mejorar el saber y el hacer de los enfermeros.

Anciano; Sexualidad; Envejecimiento; Enfermería Geriátrica; Actitud del Personal de Salud; Estrategia de Salud Familiar

ABSTRACT

Objective

To evaluate the knowledge and attitudes of Family Health Strategy nurses regarding sexuality in old age.

Method

Cross-sectional, exploratory, descriptive, quantitative study with nurses of the Family Health Strategy of the city of Sobral-CE. The instruments used were a socio-demographic and professional questionnaire and the Aging Sexual Knowledge and Attitudes Scale, Brazilian version. Data were processed in GraphPad Prism 5®, and the significance level was set at p<0.05.

Results

The participants were 56 nurses, most of them female, young adults, who reported they were able to provide orientations about sexuality. The mean score in the knowledge dimension was 29.95 (SD=2.21), in a range of 20 to 60; the mean score in the attitude dimension was 27.14 (SD=2.19), in a range of eight to 40. Participants who declared receiving permanent health education and conducting health education on sexuality presented a significantly favorable knowledge, but no statistically significant attitude.

Conclusion

Nurses have adequate knowledge about sexuality in old age, but still present conservative attitudes. Investing in processes of continuing health education can improve the knowledge and practice of nurses.

Older Adult; Sexuality; Aging; Geriatric Nursing; Attitude of Health Professionals; Family Health Strategy

INTRODUÇÃO

“A produção do conhecimento acerca da sexualidade na velhice tem aumentado na última década, fruto da necessidade urgente de conhecer mais sobre essa temática para a melhoria da qualidade de vida do idoso”11. Souza M, Marcon SS, Bueno SMV, Carreira L, Baldissera VDA. A vivência da sexualidade por idosas viúvas e suas percepções quanto à opinião dos familiares a respeito. Saúde Soc [Internet]. 2015 [citado 2016 dez. 2];24(3):936-44. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v24n3/0104-1290-sausoc-24-03-00936.pdf
http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v24n3/01...
. No entanto, ainda existem lacunas no que se refere ao modo como os profissionais de saúde lidam com essa abordagem na prática.

A sexualidade é entendida como um componente essencial da existência humana, que varia de acordo com o contexto social, cultural e religioso. “Representa uma função vital do ser humano, ligada às necessidades de prazer, reprodução, amor, entre outros, da qual fazem parte diversos fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais, transmitidos de geração em geração”22. Vieira KFL, Nóbrega RPM, Arruda MVS, Veiga. Representação social das relações sexuais: um estudo transgeracional entre mulheres. Psicol Ciênc [Internet]. 2016 [citado em 2017 dez. 10];36(2). Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932016000200329
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
.

Assim, entende-se que a sexualidade vai além do corpo, do contato físico, pois há uma junção de prazeres: harmonia na relação, afeto, aspectos culturais e sociais. Portanto, a sexualidade faz parte das etapas da vida de homens e mulheres, incluindo jovens, adultos e idosos, que deve ser trabalhada de maneira diferente em cada fase33. Brasil. Ministério da Saúde; Secretaria de Atenção Básica, Departamento de Atenção Básica. Saúde sexual e saúde reprodutiva. Brasília: MS; 2013. (Cadernos de Atenção Básica, 26). .

Sobre a sexualidade na velhice, observa-se, ainda, preconceitos e mitos. A crença de que esteja ligada somente aos jovens contribui para a convicção de que a sexualidade para o idoso seja uma prática incomum e imoral33. Brasil. Ministério da Saúde; Secretaria de Atenção Básica, Departamento de Atenção Básica. Saúde sexual e saúde reprodutiva. Brasília: MS; 2013. (Cadernos de Atenção Básica, 26). .

O processo de envelhecimento não impossibilita que os idosos tenham a sua sexualidade interrompida. No entanto, o idoso é visto perante a sociedade como um ser assexuado, cuja prática de sexualidade é incomum, gerando uma desatenção pelos profissionais de saúde e aumentando a vulnerabilidade dessa população44. Castro SFF, Nascimento BG, Soares SD, Barros Júnior FO, Sousa CMM, Lago EC. Sexualidade na terceira idade: a percepção do enfermeiro da estratégia saúde da família. Rev Enferm UFPE On line [Internet]. 2013 [citado 2017 dez. 10];7(10):5907-14. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/12216/14807
https://periodicos.ufpe.br/revistas/revi...
.

O Ministério da Saúde (MS) reforça a importância de lidar com a questão sexual da população idosa, devido não apenas ao envelhecimento populacional e crescimento das infecções sexualmente transmissíveis (IST) entre indivíduos com mais de 60 anos, mas também por tratar-se de um aspecto fundamental para a qualidade de vida dessas pessoas55. Brasil. Ministério da Saúde; Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília: MS; 2007. (Cadernos de Atenção Básica, 19). .

Os idosos que ultrapassam as possíveis barreiras relacionadas ao envelhecimento para viverem uma sexualidade satisfatória são aqueles que recebem uma assistência acolhedora dos profissionais de saúde, por meio de informações dos acontecimentos próprios da velhice, e prestam maior atenção às dúvidas e inseguranças44. Castro SFF, Nascimento BG, Soares SD, Barros Júnior FO, Sousa CMM, Lago EC. Sexualidade na terceira idade: a percepção do enfermeiro da estratégia saúde da família. Rev Enferm UFPE On line [Internet]. 2013 [citado 2017 dez. 10];7(10):5907-14. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/12216/14807
https://periodicos.ufpe.br/revistas/revi...
.

A enfermagem deve estar atenta e preparada para dar o suporte necessário aos idosos acerca das intensas modificações envolvidas na plasticidade do corpo e dos fatores biológicos que interferem na sexualidade. Os profissionais de saúde devem ser isentos de preconceitos, e é essencial que não tratem essa população como um ser em degeneração. “Assim, devem criar situações de valorização da autoestima, falar diretamente sobre o assunto, responder a todas as questões, sem rodeios ou constrangimentos, ajudando no seu bem-estar biopsicossocial”66. Vieira, KFL, Coutinho, MPL. Saraiva ERA. A Sexualidade na velhice: representações sociais de idosos frequentadores de um grupo de convivência. Psicol Ciênc Prof [Internet]. 2016 [citado 2018 nov. 23];36(1):196-209. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pcp/v36n1/1982-3703-pcp-36-1-0196.pdf
http://www.scielo.br/pdf/pcp/v36n1/1982-...
.

Com base na experiência vivida na Estratégia Saúde da Família (ESF), pode-se afirmar que esses trabalhadores desempenham um papel central na promoção da saúde do idoso. O contato longitudinal do enfermeiro da atenção primária junto ao idoso promove uma relação forte, pautada na confiança mútua, que pode facilitar e estimular a expressão de necessidades íntimas, como aquelas relacionadas à sexualidade.

Por ser inexplorado o modo como os enfermeiros da ESF detêm os conhecimentos e as atitudes acerca da sexualidade na velhice, a compreensão dessas demandas por parte desses profissionais da saúde poderá auxiliar na análise das ações e comportamentos no que concerne à promoção da sexualidade do idoso.

Logo, considera-se que este estudo seja significativo para os profissionais de enfermagem por estimulá-los a refletir, criticamente, sobre o cuidado que prestam à população idosa, identificando os saberes e atitudes quanto à abordagem da sexualidade no idoso para a melhora da integralidade do cuidado.

Assim, este estudo tem como objetivo avaliar o conhecimento e a atitude dos enfermeiros da Estratégia Saúde da Família sobre sexualidade na velhice.

MÉTODO

TIPO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo de corte transversal, exploratório, descritivo, de abordagem quantitativa.

CENÁRIO

Foi realizado entre setembro e outubro do ano de 2016, na Atenção Básica do município de Sobral, CE.

A ESF de Sobral se organiza em macroáreas, nas quais seus territórios são compostos de 63 equipes, com 21 Unidades Básicas de Saúde (UBS) na zona urbana e 23 UBS e três anexos na zona rural. Há uma totalidade de 127 enfermeiros que trabalha na ESF, sendo 47 enfermeiros gerentes e 80 enfermeiros assistencialistas. Atuam na zona urbana do município 21 enfermeiros gerentes e 67 enfermeiros assistenciais. Já na zona rural trabalham 39 enfermeiros, destes, 13 são gerentes.

CRITÉRIOS DE SELEÇÃO

Foram critérios de inclusão para participação no estudo: ser enfermeiro assistencialista da ESF, lotado na zona urbana do município de Sobral-CE, com tempo de atuação profissional mínima de 3 meses. Foi critério de exclusão: estar o enfermeiro afastado (por licença médica ou férias) no período do estudo.

A amostra foi constituída por 56 enfermeiros assistencialistas da ESF, que atuam na zona urbana do município de Sobral-CE.

COLETA DE DADOS

Para iniciar a coleta de dados, realizou-se um contato direto com o gerente das UBS, a fim de identificar o número de profissionais em cada serviço e realizar a abordagem individual aos possíveis participantes no intervalo de suas atividades laborais. Fez-se orientação quanto aos objetivos da pesquisa e à assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Depois da aceitação, foram apresentados os instrumentos de coleta de dados, sendo acordado o prazo de 7 dias para a devolução dos questionários respondidos.

Foram utilizados dois materiais impressos de autopreenchimento. Inicialmente, o questionário com informações sociodemográficas e profissionais (idade, UBS de atuação, tempo de formação e atuação na ESF, especialização em geriatria ou gerontologia, titulação, educação permanente em saúde (EPS) sobre saúde do idoso, consultas de enfermagem com abordagem sobre sexualidade na velhice, educação em saúde sobre sexualidade com grupo de idosos), em seguida, a Escala de atitudes e conhecimento sobre sexualidade no envelhecimento (ASKAS – Aging Sexual Attitudes and Knowledge Scale , versão brasileira)77. Viana HB, Madruga VA, Guirardello EB, Silva D. Adaptação e validação da ASKAS - Aging Sexual Knowledge and Attitudes Scale em idosos brasileiros. Rev Kairós [Internet]. 2012 [citado 2017 dez. 3];15(8):99-125. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/view/12636/12676
https://revistas.pucsp.br/index.php/kair...
. Esta escala é de origem norte-americana, idealizada por White88. White CB. A Scale for the Assessment of Attitudes and Knowledge ASKAS: regarding sexuality in the aged. Arch Sex Behav. 1982;11(6):491-502. em 1982, com o objetivo de medir os conhecimentos e as atitudes acerca da sexualidade na velhice. A escala foi traduzida, adaptada e validada para o Brasil por Viana e colaboradores77. Viana HB, Madruga VA, Guirardello EB, Silva D. Adaptação e validação da ASKAS - Aging Sexual Knowledge and Attitudes Scale em idosos brasileiros. Rev Kairós [Internet]. 2012 [citado 2017 dez. 3];15(8):99-125. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/view/12636/12676
https://revistas.pucsp.br/index.php/kair...
, 99. Viana HB, Guirardello EB, Madruga VA. Tradução e adaptação cultural da Escala ASKAS – Aging Knowledge and Attidudes Scale em idosos brasileiros. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2010 [citado 2018 aug. 4];19(2):238-45. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072010000200004
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
, que obtiveram o valor de alfa Cronbach para o constructo atitude de 87 e para o constructo conhecimento de 93, apresentando assim uma consistência interna elevada.

“A versão brasileira da ASKAS1010. Okuno MFP, Fram DS, Batista REA, Barbosa DA, Gonçalves Silva Belasco AGS. Conhecimento e atitudes sobre sexualidade em idosos portadores de HIV/AIDS. Acta Pau Enferm [Internet]. 2012 [citado 2018 nov. 23];25(1):115-21. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-21002012000800018&script=sci_abstract&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010...
é composta de 20 questões no construto conhecimento e oito no construto atitudes. Na primeira parte, a pontuação baixa indica alto conhecimento sobre a sexualidade na velhice, cujas alternativas de respostas são: verdadeiro= 1 ponto, falso= 2 pontos e não sei= 3 pontos, sendo sua variação de 20 a 60. Na segunda parte da escala, que avalia atitudes, um baixo escore indica uma atitude mais favorável à sexualidade da pessoa idosa. A segunda parte é formada por uma escala tipo Likert de 5 pontos (discordo fortemente= 1 ponto; discordo parcialmente= 2 pontos; não concordo nem discordo= 3 pontos; concordo parcialmente= 4 pontos e concordo fortemente= 5 pontos) cuja variação é de 8 a 40”.

ANÁLISE E TRATAMENTO DOS DADOS

Os dados foram compilados em planilhas no Microsoft Excel 2010 e processados no software Graphpad Prism 5®. A análise da distribuição das variáveis ASKAS de Conhecimento e Atitude foi feita por meio de dados não paramétricos. Para variáveis com duas categorias, aplicou-se o T-test, seguido de Mann-Whitney. Quando o número de categorias foi maior ou igual a três (3), aplicou-se o teste de Kruskal-Wallis. O nível de significância considerado foi de p<0,05, e os dados foram organizados em tabelas e analisados de forma descritiva, conforme a literatura especializada do assunto.

ASPECTOS ÉTICOS

A pesquisa respeitou os princípios bioéticos preconizados pela Resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta pesquisas envolvendo seres humanos. Os participantes foram convidados após a explicação do objetivo do estudo e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual Vale do Acaraú, sob o Parecer n. 1.734.988, em 19 de setembro de 2016.

RESULTADOS

As características sociodemográficas e profissionais dos participantes do estudo estão demonstradas na Tabela 1 . Percebe-se uma quantidade considerável de profissionais enfermeiros do sexo feminino, numa proporção de 8,33 mulheres para cada homem. A idade média dos participantes foi de 37,75 anos. Em relação ao tempo de formação dos profissionais, houve predomínio de 21 (37,50%) enfermeiros no intervalo de 3 meses a 5 anos de formados e 18 (32,14%) com tempo de formação superior a 15 anos. Os enfermeiros majoritariamente não têm especialização na área da geriatria/gerontologia, com 55 (98,21%) sem essa formação, mas 33 (58,93%) participaram de educação permanente sobre o tema. Autodeclaram-se saber orientar acerca da sexualidade, e em suas práticas 53 (94,60%) abordaram o assunto nas consultas de enfermagem 34 (60,71%), mas apenas 14 (25,00%) realizaram ações de educação em saúde com grupo de idosos.

Tabela 1
– Perfil sociodemográfico e profissional dos enfermeiros da ESF – Sobral, CE, Brasil, 2016.

Observou-se um maior grau de dificuldade nas respostas das afirmativas 6, 8, 15 e 18, no que concerne à dimensão do conhecimento da Escala ASKAS. Na afirmativa 6, que refere “A maioria das mulheres com mais de 65 anos é fria sexualmente”, 51,79% dos profissionais afirmaram que era verdadeira, 33,93% falsa, e 14,29% não sabiam. Na afirmativa 8, “Em geral, as mudanças na sexualidade das pessoas com mais de 65 anos têm mais relação com respostas mais lentas do que com diminuição do interesse por sexo”, 58,93% assinalaram verdadeira, 17,86% falsa, e 23,21% não sei. Na afirmativa 15, que trata do tema da masturbação em idosos, “A masturbação em excesso pode causar o aparecimento de confusão mental e de demência em pessoas com mais de 65 anos”, 8,93% acreditaram ser verdadeira, 62,50% falsa, e 28,57% não souberam responder. A afirmativa 18, que contempla o tema da impotência sexual no idoso, “Em muitos casos, a impotência em homens com mais de 65 anos pode ser realmente tratada e curada efetivamente”, obteve como resposta: 55,36% verdadeira, 33,93% falsa, e 10,71% não souberam responder.

No que se refere às atitudes dos enfermeiros sobre a sexualidade na velhice, verificou-se principalmente nos itens 23 e 26 a presença de atitudes negativas. O item 23 abrange o interesse do idoso na sexualidade, “O interesse sexual de uma pessoa com 65 anos ou mais, inevitavelmente desaparece”: 46,43% discordaram totalmente, 35,93% discordaram em parte, 3,57% nem concordaram, nem discordaram, 16,07% concordam em parte, e nenhum concordou totalmente. O item 26 aborda atitudes frente à masturbação, “A masturbação é uma atividade sexual aceitável para homens com mais de 65 anos”: 7,14% discordaram totalmente, 8,93% discordaram em parte, 16,07% nem concordaram, nem discordaram, 28,57% concordaram em parte, e 39,29% concordaram totalmente.

Os dados da Tabela 2 apresentam os escores estatisticamente significativos entre os valores do Conhecimento e Atitude sobre a sexualidade na velhice (ASKAS) e algumas características profissionais dos participantes do estudo. Sobre a média calculada para os escores da Escala ASKAS dos enfermeiros pesquisados, obteve-se uma média de 29,95 (DP=2,21) para o conhecimento e de 27,14 (DP=2,19) para a atitude.

Tabela 2
– Escores de conhecimento e atitude de ASKAS, conforme as variáveis profissionais dos enfermeiros do estudo – Sobral, CE, Brasil, 2016.

Verificou-se que os enfermeiros que declararam receber educação permanente em saúde e realizar oficinas com grupos de idosos sobre sexualidade mantiveram um conhecimento significativamente mais favorável à sexualidade dos idosos, porém, não foi encontrada significância no que se refere à atitude.

DISCUSSÃO

Os resultados encontrados neste estudo a respeito das variáveis sociodemográficas e profissionais dos enfermeiros da ESF corroboram evidências de outras investigações relacionadas a esse perfil de profissional1111. Silva CB, Busnello GF, Adamy EK, Zanotteli SS. Practice of nurses on attention to women in the climacteric period. J Nurs UFPE Online [Internet]. 2014 [cited 2017 June 5];9(1):312-8. Available from: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/10341/11046
https://periodicos.ufpe.br/revistas/revi...
. Observou-se predominância do sexo feminino, o que reforça o domínio desse público na enfermagem1212. Santos DAS, Silva MS, Azevedo JVV. A saúde e o meio ambiente na visão do enfermeiro na atenção primária à saúde. InterfacEHS [Internet]. 2015 [citado 2017 dez. 20];10(2):95-107. Disponível em: http://www.sp.senac.br/blogs/InterfacEHS/wp-content/uploads/2015/12/156_InterfacEHS_artigo_revisado.pdf
http://www.sp.senac.br/blogs/InterfacEHS...
.

Quanto à faixa etária dos enfermeiros do estudo, há maior quantitativo de adultos jovens (26,79%), dado que se assemelha a outra pesquisa1313. Trigueiro EV, Leite JEL, Dantas DNA, Coura AS, Enders BC. Perfil e posicionamento do enfermeiro gerente quanto ao processo de enfermagem. Esc Anna Nery [Internet]. 2014 [citado 2017 dez. 20];18(2):343-9. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v18n2/1414-8145-ean-18-02-0343.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ean/v18n2/1414-...
. Os profissionais mais jovens, provavelmente, acompanham a revolução da temática da sexualidade em idosos nos tempos atuais e poderão adotar saberes e atitudes mais favoráveis à sexualidade dos idosos. Entretanto, um fator limitante para nortear as ações de sua prática profissional seria o pouco tempo de formação.

Percebeu-se que a maioria dos enfermeiros (76,79%) possui pós-graduação em nível lato sensu . A continuidade dos estudos mostra o empenho e o interesse do profissional da saúde em adquirir e atualizar conhecimentos, assim como a facilidade e diversas opções de qualificação profissional nos tempos atuais1414. Rinaldi F, Campos MEC, Lima SS, Sodré FSS. O papel da enfermagem e sua contribuição para a promoção do envelhecimento saudável e ativo. Gestão Saúde [Internet]. 2013 [citado 2017 nov. 3];4(2):2326-38. Disponível em: http://periodicos.unb.br/index.php/rgs/article/view/22957/16480
http://periodicos.unb.br/index.php/rgs/a...
. Porém, poucos (1,79%) são os profissionais com especialização em geriatria/gerontologia, e nenhum com mestrado ou doutorado. De acordo com estudo realizado, foi possível notar que há uma necessidade de trabalhar mais esse tema, visto que a área da Geriatria/Gerontologia ainda é pouco vista e estudada no Brasil1515. Carvalho CRA, Hennington EA. A abordagem do envelhecimento na formação universitária dos profissionais de saúde: uma revisão integrativa. Rev Bras Geriatr Gerontol [Internet]. 2015 [citado 2017 dez 10];18(2):417-31. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbgg/v18n2/1809-9823-rbgg-18-02-00417.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rbgg/v18n2/1809...
. Diante do envelhecimento populacional, surge a necessidade de agregar essa disciplina nos cursos de graduação e pós-graduação profissional, bem como fortalecer o crescimento dessa temática dentro dos grupos de pesquisas, para que futuros trabalhadores da saúde sejam devidamente qualificados para atender com competência esse público1616. Mendes J, Soares VMN, Massi GAA. Percepções dos acadêmicos de fonoaudiologia e enfermagem sobre processos de envelhecimento e a formação para o cuidado aos idosos. Rev CEFAC [Internet]. 2015 [citado 2017 out. 7];17(2):576-85. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v17n2/1982-0216-rcefac-17-02-00576
http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v17n2/19...
.

A maioria dos enfermeiros (94,64%) relatou saber orientar quando um idoso questiona sobre a sua sexualidade, e 60,71% afirmaram abordar o assunto em suas consultas de enfermagem. Tal dado demonstra que esses profissionais têm segurança e domínio acerca do assunto, fato que os deixa mais confortáveis em aplicar seus conhecimentos às suas práticas, de modo a favorecer o empoderamento dos idosos acerca da sua sexualidade, além de contribuir para a autopercepção de risco e a necessidade de adotar comportamentos seguros.

Por outro lado, verificou-se que 75% dos enfermeiros não realizaram educação em saúde sobre sexualidade com grupo de idosos. Nesse sentido, é necessário que os profissionais de saúde invistam em práticas inovadoras, tais como as metodologia ativas para trabalhar essa temática, possibilitando com que o indivíduo se torne mais crítico e reflexivo frente a resolução dos problemas, além de permitir fortalecer o conhecimento através da experiências vivenciadas1717. Peixoto AG. O uso de metodologias ativas como ferramenta de potencialização da aprendizagem de diagramas de caso de uso. Rev Outras Palavras [Internet]. 2016 [citado 2018 mar. 15]; 12(2):35. Disponivel em: http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/index.php/Projecao5/article/view/718
http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/...
. Estudo de intervenção em grupo de idosos mostrou que o nível de conhecimento, atitude e prática sobre sexualidade dos idosos ainda é deficitário, e que a utilização da educação em saúde de forma coletiva contribuiu para mudar positivamente a visão dos idosos sobre seu processo de envelhecimento e sexualidade1818. Santos V, Formiga LMF, Silva AKA, Mota MS, Bezerra GSR, Feitosa LMH. Ações de educação em saúde sobre sexualidade com idosos. Saúde Redes [Internet]. 2017 [citado 2018 fev. 4];3(2):162-71. Disponível em: http://revista.redeunida.org.br/ojs/index.php/rede-unida/article/view/828
http://revista.redeunida.org.br/ojs/inde...
.

Neste estudo, os indivíduos avaliados apresentaram escore médio de 29,95 na escala ASKAS, versão brasileira, no quesito conhecimento sobre sexualidade, cuja variação é de 20 a 60. Em consonância com pesquisadores que utilizaram a escala ASKAS versão holandesa, esta maneira de pontuar favorece uma visão mais clara e inequívoca do conhecimento real possuído pelos participantes1919. Mahieu L, Casterlé BD, Acke J, Vandermarliere H, Van Elssen K, Fieuws S, et al. Nurses knowledge and attitudes toward aged sexuality in Flemish nursing homes. Nursing Ethics. 2016;23(6):605-23. .

Assim, o dado indica que os enfermeiros da ESF que participaram deste estudo detêm um bom conhecimento acerca da sexualidade na velhice. Estudo internacional que investigou o conhecimento e a atitude da equipe de enfermagem de uma instituição de longa permanência para idosos mostrou um conhecimento limitado1919. Mahieu L, Casterlé BD, Acke J, Vandermarliere H, Van Elssen K, Fieuws S, et al. Nurses knowledge and attitudes toward aged sexuality in Flemish nursing homes. Nursing Ethics. 2016;23(6):605-23. . Já estudo nacional realizado com universitários da área da saúde do interior de Minas Gerais, que avaliou o conhecimento sobre sexualidade na velhice com futuros profissionais da saúde, apresentou um escore médio de 29,9 dos estudantes de enfermagem2020. Costa SM, Prado MCM, Andrade TN, Araújo EPP, Silva Junior WS, Gomes Filho ZC, et al. Perfil do profissional de nível superior nas equipes da estratégia saúde da família em Montes Carlos, Minas Gerais, Brasil. Rev Bras Med Fam Comunidade [Internet]. 2013 [citado 2017 out. 7];8(27):90-6. Disponível em: https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/530/552
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/...
, resultado semelhante ao desta investigação.

Em relação às afirmativas 6 e 8 da escala ASKAS, as quais os participantes, em sua maioria, responderam de forma errônea, 51,79% e 58,93%, respectivamente, tais respostas podem ter influência de aspectos culturais que ainda carregam o mito de que idosos não têm interesse por atividades amorosas, corroborando o que a mídia dissemina sobre a sexualidade, ligada apenas ao “corpo jovem”2121. Andrade PBS, Benito LAO. Perfil da sexualidade de pessoas idosas portadoras de SIDA/AIDS atendidas em um serviço de saúde do Distrito Federal. Univ Ciênc Saúde [Internet]. 2016 [citado 2017 dez. 8];14(2):9-17. Disponível em: https://publicacoesacademicas.uniceub.br/cienciasaude/article/view/3812/3281
https://publicacoesacademicas.uniceub.br...
. Estudos com idosos trazem a questão da resposta mais lenta da sexualidade, uma mudança quase que padrão na velhice55. Brasil. Ministério da Saúde; Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília: MS; 2007. (Cadernos de Atenção Básica, 19). , 1212. Santos DAS, Silva MS, Azevedo JVV. A saúde e o meio ambiente na visão do enfermeiro na atenção primária à saúde. InterfacEHS [Internet]. 2015 [citado 2017 dez. 20];10(2):95-107. Disponível em: http://www.sp.senac.br/blogs/InterfacEHS/wp-content/uploads/2015/12/156_InterfacEHS_artigo_revisado.pdf
http://www.sp.senac.br/blogs/InterfacEHS...
, contudo, a lentidão não está associada à diminuição do interesse pelo ato sexual, pois sexo e prazer poderão ser tão agradáveis quanto na juventude.

Na afirmativa 15, que trata da masturbação, observou-se que 28,75% dos enfermeiros não souberam responder. Ou seja, parcela significativa dos participantes não reconhecem a masturbação como prática de manutenção da saúde, conforme foi retratado no estudo realizado no Distrito Federal que utilizou a Escala ASKAS em idosos portadores de IST de um serviço de saúde2121. Andrade PBS, Benito LAO. Perfil da sexualidade de pessoas idosas portadoras de SIDA/AIDS atendidas em um serviço de saúde do Distrito Federal. Univ Ciênc Saúde [Internet]. 2016 [citado 2017 dez. 8];14(2):9-17. Disponível em: https://publicacoesacademicas.uniceub.br/cienciasaude/article/view/3812/3281
https://publicacoesacademicas.uniceub.br...
.

Com relação à escala ASKAS versão brasileira para atitudes, os enfermeiros deste estudo obtiveram um escore médio de 27,14 na escala, que varia de oito a 40. Porém, não foi evidenciada uma significância dos dados do perfil sociodemográfico e profissional no que diz respeito à atitude desses profissionais. Isso é reforçado por um estudo internacional que apresentou, em seus resultados, uma discordância entre conhecimento e atitude: quanto maior é o conhecimento sobre a sexualidade, menor é a atitude liberal a respeito da temática1717. Peixoto AG. O uso de metodologias ativas como ferramenta de potencialização da aprendizagem de diagramas de caso de uso. Rev Outras Palavras [Internet]. 2016 [citado 2018 mar. 15]; 12(2):35. Disponivel em: http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/index.php/Projecao5/article/view/718
http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/...
.

Esses dados possibilitam dizer que a atitude dos enfermeiros quanto à sexualidade dos idosos deve ser melhorada, pois se percebe que esses profissionais ainda possuem atitudes conservadoras quanto à temática. Nesse sentido, pesquisa2222. Venturini L, Beuter M, Leite MT, Bruinsma JL, Backes C. The nursing team’s performance towards the sexuality of institutionalized elderly women. Rev Esc Enferm USP. 2018;52:e03302. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1980-220X2017017903302
http://dx.doi.org/10.1590/S1980-220X2017...
que objetivou “analisar como a equipe de enfermagem atua frente à sexualidade dos idosos revelou que representações da sexualidade permeiam o discurso dos profissionais, apresentando artifícios de censura e controle para/com os outros”. Além disso, a dificuldade em abordar o tema sexualidade por constrangimento ou por incorporar as crenças pessoais retrata hiatos da formação acadêmica e profissional.

A literatura traz que a assistência do enfermeiro ao idoso na ESF restringe-se à realização de atividades voltadas às medicações de rotina, vacinação e situação de risco/violência, não havendo uma consulta individualizada que contemple as dúvidas do idoso sobre sexualidade2323. Resende JO, Silva FMR, Assunção RS, Quadros KAN. Assistência do enfermeiro ao idoso na Estratégia Saúde da Família. Rev Enferm Cent-Oeste Min [Internet]. 2015[citado 2017 dez. 10];5(3):1831-43. Disponível em: http://seer.ufsj.edu.br/index.php/recom/article/view/880/935
http://seer.ufsj.edu.br/index.php/recom/...
.

Frente ao exposto, deve-se refletir que os processos formativos dos enfermeiros quanto à sexualidade na velhice precisam aliar teoria e prática, valorizando os aspectos sociais e culturais da população assistida, visto que isso seria de fundamental valia para uma prestação de saúde com maior qualidade.

Foi destaque nesta investigação identificar a significância estatística no quesito da Educação Permanente em Saúde (EPS) e realização de educação em saúde sobre a temática sexualidade com grupo de idosos, em que os valores calculados de P foram inferiores a 0,05. Os achados revelam que os enfermeiros que participaram de educação permanente e realizaram educação em saúde com a temática da sexualidade são aqueles com melhor escore no domínio do conhecimento.

“Dessa forma, EPS é essencial, pois contribui para a formação e, consequentemente, fortalece o Sistema Único de Saúde (SUS), o contínuo desenvolvimento dos trabalhadores e as instituições de saúde, assim como contribui para a gestão dos sistemas e, complementarmente, potencializa políticas de saúde, como acolhimento, humanização e clínica ampliada”2424. Signor E, Silva LAA, Gomes IEM, Ribeiro RV, Kessler M, Weiller TH, et al. Educação permanente em saúde: desafios para a gestão pública. Rev Enferm UFSM [Internet] 2015 [citado 2018 abr. 21];5(1):1-11. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reufsm/article/viewFile/14766/pdf
https://periodicos.ufsm.br/reufsm/articl...
.

Pesquisa realizada em Santa Catarina com enfermeiros atuantes na ESF a respeito do cuidado ao idoso aponta que esses profissionais devem ampliar seu olhar para as demais necessidades do idoso, entre essas se encontra a sexualidade2525. Silva KM, Santos SMA. A práxis do enfermeiro da Estratégia de Saúde da Família e o cuidado ao idoso. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2015 [citado 2017 dez. 15];24(1):105-11. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v24n1/pt_0104-0707-tce-24-01-00105.pdf
http://www.scielo.br/pdf/tce/v24n1/pt_01...
. Para tanto, o desenvolvimento de ações de EPS pode contribuir para transformar os desafios existentes e atender às novas demandas na prática da assistência em um processo natural do cuidado do idoso.

A realização de práticas da EPS traz benefícios para os profissionais da saúde por potencializar o aperfeiçoamento, o conhecimento, a competência e a atualização sobre diversas temáticas, conforme estudo realizado com enfermeiros da ESF no município de Sobral2626. Sousa MST, Brandão IR, Parente JRF. A percepção dos enfermeiros sobre educação permanente em saúde no contexto da Estratégia Saúde da Família de Sobral (CE). Interfaces Saúde Hum Tecnol [Internet]. 2015 [citado 2017 nov. 4];3(1):1-6. Disponível em: http://interfaces.leaosampaio.edu.br/index.php/revista-interfaces/article/view/260/155
http://interfaces.leaosampaio.edu.br/ind...
.

Apesar do desafio posto pelos novos conceitos e novas práticas no que se refere à sexualidade na velhice, o contínuo investimento no processo de EPS constitui, possivelmente, a alternativa mais segura para que profissionais possam adotar conhecimentos/atitudes favoráveis e flexíveis nas questões relacionadas à promoção da saúde sexual dos idosos.

Considerou-se como limitação do estudo a sua realização em apenas um município, com uma amostra quantitativamente reduzida. Assim, recomendam-se novas pesquisas que possibilitem ampliar a amostra e o cenário, a fim de contribuir para a discussão da temática na Enfermagem, tendo em vista que os enfermeiros devem prover o cuidado ao idoso contemplando todas as necessidades humanas, entre essas as relativas à sexualidade. Além disso, as complexidades dos diversos contextos vividos pelos enfermeiros da ESF no âmbito da atenção primária indicam a necessidade de estudos que possam avançar na análise de outras realidades.

CONCLUSÃO

O estudo demonstrou que grande parte dos enfermeiros possui conhecimento sobre a sexualidade na velhice, mas ainda detém atitudes conservadoras sobre o assunto. Portanto, faz-se necessário dar ênfase ao modo como os profissionais percebem, conceituam, bem como agregam medo, preconceito, vergonha e falsas ideologias acerca da temática. Essas questões devem ser vistas como barreiras para deflagrar processos de educação em saúde nos espaços coletivos tão presentes na Estratégia Saúde da Família, a exemplo das rodas de conversas e grupos.

Os resultados deste estudo evidenciam, ainda, a importância e a necessidade de implementação de estratégias de educação permanente no âmbito da Estratégia Saúde da Família, com vistas a melhorar o conhecimento e a prática dos enfermeiros, uma vez que aqueles que participaram de educação permanente e realizaram educação em saúde sobre sexualidade junto aos grupos de idosos obtiveram escores melhores, com significância estatística, no domínio do conhecimento da Escala ASKAS. Sendo assim, os resultados poderão auxiliar em diretrizes políticas de educação permanente com enfoque na promoção da saúde do idoso.

REFERÊNCIAS

  • 1
    Souza M, Marcon SS, Bueno SMV, Carreira L, Baldissera VDA. A vivência da sexualidade por idosas viúvas e suas percepções quanto à opinião dos familiares a respeito. Saúde Soc [Internet]. 2015 [citado 2016 dez. 2];24(3):936-44. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v24n3/0104-1290-sausoc-24-03-00936.pdf
    » http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v24n3/0104-1290-sausoc-24-03-00936.pdf
  • 2
    Vieira KFL, Nóbrega RPM, Arruda MVS, Veiga. Representação social das relações sexuais: um estudo transgeracional entre mulheres. Psicol Ciênc [Internet]. 2016 [citado em 2017 dez. 10];36(2). Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932016000200329
    » http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932016000200329
  • 3
    Brasil. Ministério da Saúde; Secretaria de Atenção Básica, Departamento de Atenção Básica. Saúde sexual e saúde reprodutiva. Brasília: MS; 2013. (Cadernos de Atenção Básica, 26).
  • 4
    Castro SFF, Nascimento BG, Soares SD, Barros Júnior FO, Sousa CMM, Lago EC. Sexualidade na terceira idade: a percepção do enfermeiro da estratégia saúde da família. Rev Enferm UFPE On line [Internet]. 2013 [citado 2017 dez. 10];7(10):5907-14. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/12216/14807
    » https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/12216/14807
  • 5
    Brasil. Ministério da Saúde; Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília: MS; 2007. (Cadernos de Atenção Básica, 19).
  • 6
    Vieira, KFL, Coutinho, MPL. Saraiva ERA. A Sexualidade na velhice: representações sociais de idosos frequentadores de um grupo de convivência. Psicol Ciênc Prof [Internet]. 2016 [citado 2018 nov. 23];36(1):196-209. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pcp/v36n1/1982-3703-pcp-36-1-0196.pdf
    » http://www.scielo.br/pdf/pcp/v36n1/1982-3703-pcp-36-1-0196.pdf
  • 7
    Viana HB, Madruga VA, Guirardello EB, Silva D. Adaptação e validação da ASKAS - Aging Sexual Knowledge and Attitudes Scale em idosos brasileiros. Rev Kairós [Internet]. 2012 [citado 2017 dez. 3];15(8):99-125. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/view/12636/12676
    » https://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/view/12636/12676
  • 8
    White CB. A Scale for the Assessment of Attitudes and Knowledge ASKAS: regarding sexuality in the aged. Arch Sex Behav. 1982;11(6):491-502.
  • 9
    Viana HB, Guirardello EB, Madruga VA. Tradução e adaptação cultural da Escala ASKAS – Aging Knowledge and Attidudes Scale em idosos brasileiros. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2010 [citado 2018 aug. 4];19(2):238-45. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072010000200004
    » http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072010000200004
  • 10
    Okuno MFP, Fram DS, Batista REA, Barbosa DA, Gonçalves Silva Belasco AGS. Conhecimento e atitudes sobre sexualidade em idosos portadores de HIV/AIDS. Acta Pau Enferm [Internet]. 2012 [citado 2018 nov. 23];25(1):115-21. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-21002012000800018&script=sci_abstract&tlng=pt
    » http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-21002012000800018&script=sci_abstract&tlng=pt
  • 11
    Silva CB, Busnello GF, Adamy EK, Zanotteli SS. Practice of nurses on attention to women in the climacteric period. J Nurs UFPE Online [Internet]. 2014 [cited 2017 June 5];9(1):312-8. Available from: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/10341/11046
    » https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/10341/11046
  • 12
    Santos DAS, Silva MS, Azevedo JVV. A saúde e o meio ambiente na visão do enfermeiro na atenção primária à saúde. InterfacEHS [Internet]. 2015 [citado 2017 dez. 20];10(2):95-107. Disponível em: http://www.sp.senac.br/blogs/InterfacEHS/wp-content/uploads/2015/12/156_InterfacEHS_artigo_revisado.pdf
    » http://www.sp.senac.br/blogs/InterfacEHS/wp-content/uploads/2015/12/156_InterfacEHS_artigo_revisado.pdf
  • 13
    Trigueiro EV, Leite JEL, Dantas DNA, Coura AS, Enders BC. Perfil e posicionamento do enfermeiro gerente quanto ao processo de enfermagem. Esc Anna Nery [Internet]. 2014 [citado 2017 dez. 20];18(2):343-9. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v18n2/1414-8145-ean-18-02-0343.pdf
    » http://www.scielo.br/pdf/ean/v18n2/1414-8145-ean-18-02-0343.pdf
  • 14
    Rinaldi F, Campos MEC, Lima SS, Sodré FSS. O papel da enfermagem e sua contribuição para a promoção do envelhecimento saudável e ativo. Gestão Saúde [Internet]. 2013 [citado 2017 nov. 3];4(2):2326-38. Disponível em: http://periodicos.unb.br/index.php/rgs/article/view/22957/16480
    » http://periodicos.unb.br/index.php/rgs/article/view/22957/16480
  • 15
    Carvalho CRA, Hennington EA. A abordagem do envelhecimento na formação universitária dos profissionais de saúde: uma revisão integrativa. Rev Bras Geriatr Gerontol [Internet]. 2015 [citado 2017 dez 10];18(2):417-31. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbgg/v18n2/1809-9823-rbgg-18-02-00417.pdf
    » http://www.scielo.br/pdf/rbgg/v18n2/1809-9823-rbgg-18-02-00417.pdf
  • 16
    Mendes J, Soares VMN, Massi GAA. Percepções dos acadêmicos de fonoaudiologia e enfermagem sobre processos de envelhecimento e a formação para o cuidado aos idosos. Rev CEFAC [Internet]. 2015 [citado 2017 out. 7];17(2):576-85. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v17n2/1982-0216-rcefac-17-02-00576
    » http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v17n2/1982-0216-rcefac-17-02-00576
  • 17
    Peixoto AG. O uso de metodologias ativas como ferramenta de potencialização da aprendizagem de diagramas de caso de uso. Rev Outras Palavras [Internet]. 2016 [citado 2018 mar. 15]; 12(2):35. Disponivel em: http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/index.php/Projecao5/article/view/718
    » http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/index.php/Projecao5/article/view/718
  • 18
    Santos V, Formiga LMF, Silva AKA, Mota MS, Bezerra GSR, Feitosa LMH. Ações de educação em saúde sobre sexualidade com idosos. Saúde Redes [Internet]. 2017 [citado 2018 fev. 4];3(2):162-71. Disponível em: http://revista.redeunida.org.br/ojs/index.php/rede-unida/article/view/828
    » http://revista.redeunida.org.br/ojs/index.php/rede-unida/article/view/828
  • 19
    Mahieu L, Casterlé BD, Acke J, Vandermarliere H, Van Elssen K, Fieuws S, et al. Nurses knowledge and attitudes toward aged sexuality in Flemish nursing homes. Nursing Ethics. 2016;23(6):605-23.
  • 20
    Costa SM, Prado MCM, Andrade TN, Araújo EPP, Silva Junior WS, Gomes Filho ZC, et al. Perfil do profissional de nível superior nas equipes da estratégia saúde da família em Montes Carlos, Minas Gerais, Brasil. Rev Bras Med Fam Comunidade [Internet]. 2013 [citado 2017 out. 7];8(27):90-6. Disponível em: https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/530/552
    » https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/530/552
  • 21
    Andrade PBS, Benito LAO. Perfil da sexualidade de pessoas idosas portadoras de SIDA/AIDS atendidas em um serviço de saúde do Distrito Federal. Univ Ciênc Saúde [Internet]. 2016 [citado 2017 dez. 8];14(2):9-17. Disponível em: https://publicacoesacademicas.uniceub.br/cienciasaude/article/view/3812/3281
    » https://publicacoesacademicas.uniceub.br/cienciasaude/article/view/3812/3281
  • 22
    Venturini L, Beuter M, Leite MT, Bruinsma JL, Backes C. The nursing team’s performance towards the sexuality of institutionalized elderly women. Rev Esc Enferm USP. 2018;52:e03302. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1980-220X2017017903302
    » http://dx.doi.org/10.1590/S1980-220X2017017903302
  • 23
    Resende JO, Silva FMR, Assunção RS, Quadros KAN. Assistência do enfermeiro ao idoso na Estratégia Saúde da Família. Rev Enferm Cent-Oeste Min [Internet]. 2015[citado 2017 dez. 10];5(3):1831-43. Disponível em: http://seer.ufsj.edu.br/index.php/recom/article/view/880/935
    » http://seer.ufsj.edu.br/index.php/recom/article/view/880/935
  • 24
    Signor E, Silva LAA, Gomes IEM, Ribeiro RV, Kessler M, Weiller TH, et al. Educação permanente em saúde: desafios para a gestão pública. Rev Enferm UFSM [Internet] 2015 [citado 2018 abr. 21];5(1):1-11. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reufsm/article/viewFile/14766/pdf
    » https://periodicos.ufsm.br/reufsm/article/viewFile/14766/pdf
  • 25
    Silva KM, Santos SMA. A práxis do enfermeiro da Estratégia de Saúde da Família e o cuidado ao idoso. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2015 [citado 2017 dez. 15];24(1):105-11. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v24n1/pt_0104-0707-tce-24-01-00105.pdf
    » http://www.scielo.br/pdf/tce/v24n1/pt_0104-0707-tce-24-01-00105.pdf
  • 26
    Sousa MST, Brandão IR, Parente JRF. A percepção dos enfermeiros sobre educação permanente em saúde no contexto da Estratégia Saúde da Família de Sobral (CE). Interfaces Saúde Hum Tecnol [Internet]. 2015 [citado 2017 nov. 4];3(1):1-6. Disponível em: http://interfaces.leaosampaio.edu.br/index.php/revista-interfaces/article/view/260/155
    » http://interfaces.leaosampaio.edu.br/index.php/revista-interfaces/article/view/260/155

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Jul 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    26 Maio 2018
  • Aceito
    26 Nov 2018
Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 419 , 05403-000 São Paulo - SP/ Brasil, Tel./Fax: (55 11) 3061-7553, - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: reeusp@usp.br