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Controle do mofo-preto do cajueiro com indutores de resistência

O mofo-preto (Pilgeriella anacardii (Bat., J.L. Bezerra, Castr. & Matta) Arx & E. Müll.) do cajueiro (Anacardium occidentale L.) causa danos de até 33% na produção de castanhas em cajueiro-anão (33 Viana, F.M.P.; Cardoso, J.E.; Martins, M.V.V.; Freire, F.C.O. Doenças do cajueiro. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.37, n.290, p.34-46, 2016.). A utilização de opções ecologicamente viáveis no controle de doenças de plantas, como os indutores de resistência, tem se mostrado promissora no controle de fitopatógenos. Nesse sentido, objetivou-se comparar o efeito indutor de resistência de produtos químicos e produtos naturais na severidade do mofo-preto do cajueiro.

O estudo foi conduzido no período de abril a novembro de 2017 no Campo Experimental da Embrapa (4º 11’ 12’’ S; 38º 30’ 01’’ W, e a 79 m de altitude), em Pacajus, Ceará. Em um pomar composto por cajueiro-anão, clone ‘CCP 09’, as plantas foram submetidas à poda em março visando uniformizar a epidemia. O experimento foi delineado em blocos ao acaso com quatro repetições de uma planta por parcela, com tratamentos constituídos por: acibenzolar-S-methyl (0,5 g L-1, Bion®), fosfito de potássio (2 ml L-1, Yantra®), ácido salicílico P.A. (1,5 g L-1), silício (1 ml L-1, Supra Sílica®), uma mistura composta por óleos essenciais de alecrim-pimenta (Lippia sidoides) + capim citronela (Cymbopogon citratus) e a testemunha (sem tratamento). Os óleos essenciais de alecrim-pimenta e citronela foram obtidos por hidrodestilação. A partir de cada óleo essencial, preparou-se 1 L de emulsão a 0,8% e aplicada na concentração de 3 mL de emulsão por litro de água. As aplicações dos tratamentos, efetuadas nas copas (um litro por copa) no período da manhã, iniciaram na floração e repetidas sete vezes a intervalos quinzenais, com pulverizador costal manual de 20 L. As avaliações foram quinzenais durante o ciclo epidêmico, com auxílio de em uma escala descritiva da severidade dos sintomas: 0 = ausência de sintomas; 1= área lesionada cobrindo até 2% da área foliar; 2 = área lesionada cobrindo até 5% da área foliar; 3 = área lesionada cobrindo de 5 a 25% da área foliar; e 4 = área lesionada cobrindo mais que 25% da área foliar (22 Cardoso, J.E.; Santos, A.A.; Freire, F.C.O.; Viana, F.M.P.; Vidal, J.C.; Oliveira, J.N.; Uchoa, C.N. Monitoramento de doenças na cultura do cajueiro. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2006. 24p. (Documentos, 47).). Os dados médios de severidade da doença foram integralizados, estimando-se a área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) através da fórmula: AACPD = Σ[(y1+y2)/2]*(t2-t1), onde y1 e y2, refere-se a duas avaliações sucessivas da intensidade da doença realizadas nos tempos t1 e t2, respectivamente (11 Campbell, C.L.; Madden, L.V. Introduction to plant disease epidemiology. New York: John Wiley, 1990. 532p.).

Os dados de AACPD foram submetidos à análise de variância utilizando o teste F (p<0,05) e as médias comparadas pelo teste Tukey (p<0,05) através do software “R” versão 3.5.1. Para a análise temporal da severidade, foram ajustadas equações de regressão com auxílio do software Sigma Plot 11.0.

A análise estatística das AACPDs referentes aos tratamentos avaliados no controle do mofo-preto do cajueiro, demonstra que houve diferenças significativas entre os tratamentos (Figura 1), com os melhores resultados para a mistura dos óleos de alecrim-pimenta + capim citronela, acibenzolar-S-methyl e ácido salicílico, quando comparados à testemunha. Pelas curvas de progresso do mofo-preto do cajueiro, verificou-se também que as notas de severidade da doença nesses tratamentos, foram menores em todo o ciclo epidêmico avaliado. Esta pesquisa ratifica o efeito indutor de resistência de acibenzolar-S-methyl ao mofo-preto do cajueiro, demonstrado em estudo anterior (44 Viana, F.M.P.; Lima, J.S.; Lima, F.A.; Cardoso, J.E. Control of cashew black mould by acibenzolar-S-methyl. Tropical Plant Pathology, Brasília, DF, v.37, n.5, p.354-357, 2012.), além de relatar dois novos produtos alternativos para o controle da doença: ácido salicílico e a mistura dos óleos de alecrim-pimenta + capim citronela.

Indutores de resistência são eficientes na redução da severidade do mofo-preto em cajueiro anão ‘BRS 09’.

Figura 1
Efeito de indutores de resistência na área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) e curvas de progresso da severidade do mofo-preto do cajueiro.
Y = 0 , 0580 + 1 , 2128 / ( 1 + abs ( x / 62 , 4958 ) - 12 , 3982 ) ( R 2 = 0 , 97 ) Pr > F = 0 , 0008 ( 2 ) Y = 0 , 0408 + 1 , 0347 / ( 1 + abs ( x / 62 , 9334 ) - 7 , 5395 ) ( R 2 = 0 , 96 ) Pr > F = 0 , 0017 ( 3 ) Y = 0 , 0684 + 1 , 8992 / ( 1 + abs ( x / 61 , 4753 ) - 5 , 2894 ) ( R 2 = 0 , 98 ) Pr > F = 0 , 0003 ( 4 ) Y = 0 , 0062 + 1 , 3757 / ( 1 + abs ( x / 58 , 8769 ) - 5 , 4494 ) ( R 2 = 0 , 99 ) Pr > F = 0 , 0001 ( 5 ) Y = - 0 , 0154 + 2 , 8200 / ( 1 + abs ( x / 64 , 1943 ) - 2 , 5839 ) ( R 2 = 0 , 98 ) Pr > F = 0 , 000 ( 6 ) Y = if ( x < = 54 , 7116 - 128950 , 6678 * ln ( 2 ) ( 1 / 7448 , 2862 ) ( R 2 = 0 , 99 ) Pr > F = 0 , 0001

REFERENCES

  • 1
    Campbell, C.L.; Madden, L.V. Introduction to plant disease epidemiology New York: John Wiley, 1990. 532p.
  • 2
    Cardoso, J.E.; Santos, A.A.; Freire, F.C.O.; Viana, F.M.P.; Vidal, J.C.; Oliveira, J.N.; Uchoa, C.N. Monitoramento de doenças na cultura do cajueiro Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2006. 24p. (Documentos, 47).
  • 3
    Viana, F.M.P.; Cardoso, J.E.; Martins, M.V.V.; Freire, F.C.O. Doenças do cajueiro. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.37, n.290, p.34-46, 2016.
  • 4
    Viana, F.M.P.; Lima, J.S.; Lima, F.A.; Cardoso, J.E. Control of cashew black mould by acibenzolar-S-methyl. Tropical Plant Pathology, Brasília, DF, v.37, n.5, p.354-357, 2012.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Maio 2020
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 2020

Histórico

  • Recebido
    09 Jun 2019
  • Aceito
    15 Out 2019
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