EDITORIAL
Avaliação em saúde sexual e reprodutiva
O conhecimento sobre saúde reprodutiva e sexualidade tem avançado muito como resultado de iniciativas voltadas à formação em pesquisa. Destaca-se o Programa Interinstitucional de Treinamento em Metodologia de Pesquisa em Gênero, Sexualidade e Saúde Reprodutiva, envolvendo o Instituto de Saúde Coletiva (Universidade Federal da Bahia); o Instituto de Medicina Social (Universidade do Estado do Rio de Janeiro); o Núcleo de Estudos de População (Universidade Estadual de Campinas); a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Fundação Oswaldo Cruz) e o Instituto de Saúde (Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo), na realização de cursos regionalizados e de programas de bolsas, com o apoio da Fundação Ford e do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde. Tendo formado 250 alunos e 97 bolsistas, seus resultados podem ser conferidos em outras publicações e também neste suplemento, com artigos de bolsistas e docentes dedicados à "Avaliação em Saúde Sexual e Reprodutiva".
Esse enfoque foi privilegiado de modo a contribuir para maior racionalidade das intervenções setoriais voltadas à saúde sexual e reprodutiva, as quais têm crescido muito sem correspondente avaliação de sua implementação e de seus resultados.
Parte deste Suplemento diz respeito à epidemia de HIV/AIDS. Parker analisa as transformações que essa trouxe para a sexualidade, enquanto campo de pesquisa e de experiência humana. Santos et al. analisam os contextos de vulnerabilidade ao HIV, indicando que estratégias de prevenção ensejam o fortalecimento das mulheres. Oliveira identifica fatores que facilitam ou obstaculizam o acesso e a continuidade do tratamento da AIDS. Ferraz & Nemes analisam as tensões entre as normas do Programa Nacional de DST e AIDS e os arranjos tecnológicos locais na implementação de atividades de prevenção.
Outro conjunto de trabalhos aborda a eqüidade no acesso aos serviços de saúde. Vieira-da-Silva & Almeida Filho contribuem para o embasamento teórico da pesquisa nessa temática, trabalhando com esses conceitos e as relações entre eqüidade, justiça e determinação social da saúde-doença. Albuquerque et al. analisam a cobertura do teste Papanicolaou e defendem o protagonismo das mulheres nas ações de prevenção. Novaes & Mattos estudam a não utilização de mamografia, e recomendam ações dirigidas a mulheres excluídas dos serviços de saúde. Barbosa & Facchini discutem o acesso e a qualidade do atendimento ginecológico de mulheres com práticas homoeróticas.
Três trabalhos abordam aspectos importantes para a atenção em saúde reprodutiva. Heilborn et al. estudam a percepção sobre contracepção entre usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS). Marinho et al. investigam fatores associados ao uso de contraceptivos na iniciação sexual, em três capitais brasileiras. Nagahama desenvolve e aplica instrumento de avaliação da implantação da assistência em contracepção.
Contribuindo para o embasamento das pesquisas, Schraiber et al. discutem a inter-relação entre aspectos teóricos, metodológicos e éticos no estudo da violência de gênero. Do mesmo modo, Menezes & Aquino apresentam um panorama recente dos estudos sobre aborto na Saúde Coletiva, buscando apontar lacunas e desafios para a investigação do tema.
Espera-se com este Suplemento fornecer elementos que contribuam para a melhoria na atenção e na formulação de políticas de saúde. Mas também para embasar escolhas reprodutivas com autonomia, e que mulheres e homens as possam vivenciar sem riscos à saúde.
Regina Maria Barbosa
Núcleo de Estudos de População, Universidade Estadual de Campinas
Campinas, Brasil.
Estela M. L. Aquino
Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia
Salvador, Brasil.
Maria Luiza Heilborn
Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, Brasil.
Elza S. Berquó
Centro Brasileiro de Análise e Planejamento
São Paulo, Brasil.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
12 Ago 2009 -
Data do Fascículo
2009