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Protocolos para acompanhamento por telefone de pessoas com neoplasia gastrointestinal em quimioterapia

Protocolos para el acompañamiento telefónico de personas con neoplasia gastrointestinal en quimioterapia

Resumo

Objetivo

descrever o processo de construção e validação de conteúdo e aparência de protocolos para o acompanhamento por telefone na redução dos efeitos colaterais (inapetência, náusea e vômito, diarreia e constipação) associados à quimioterapia antineoplásica ambulatorial para pessoas com neoplasia maligna gastrointestinal.

Métodos

Estudo metodológico e quantitativo, realizado no período de setembro a novembro de 2020, em três etapas: realização de scoping review, construção dos protocolos e avaliação do material por especialistas. Foram desenvolvidos segundo o referencial metodológico da psicometria de Pasquali. Para avaliação de conteúdo, empregou-se a técnica de Delphi em duas rodadas (Delphi I [16 juízes] e Delphi II [12 juízes]) e, considerou-se válidos aqueles itens com Coeficiente de Validação de Conteúdo (CVC) maior que 0,80 e consenso de mais de 80,0% na técnica de Delphi. Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva e inferencial (Teste binominal).

Resultados

Todos os requisitos dos protocolos alcançaram concordância entre os juízes superior a 80,0%, bem como todos os itens atingiram níveis de avaliação estatisticamente significativos. Ao final do Delphi II, os quatro protocolos se apresentaram expressivamente válidos (inapetência [CVC = 0,98]; náusea e vômito [CVC = 0,99]; diarreia [CVC = 0,99]; e, constipação [CVC = 0,98]).

Conclusão

O conteúdo dos protocolos demonstrou alta credibilidade e, sua adoção nas instituições de saúde, pode contribuir para o acompanhamento por telefone na redução dos efeitos colaterais (inapetência, náusea e vômito, diarreia e constipação) associados à quimioterapia antineoplásica ambulatorial para pessoas com neoplasia maligna gastrointestinal.

Telenfermagem; Enfermagem oncológica; Neoplasias gastrointestinais; Quimioterapia combinada; Assistência ambulatorial

Resumen

Objetivo

Describir el proceso de construcción y validación de contenido y apariencia de protocolos para el acompañamiento por teléfono en la reducción de los efectos colaterales (inapetencia, náuseas y vómitos, diarrea y constipación) asociados a la quimioterapia antineoplásica ambulatoria para personas con neoplasia maligna gastrointestinal.

Métodos

Estudio metodológico y cuantitativo, realizado en el período de septiembre a noviembre de 2020, en tres etapas: realización de scoping review , construcción de los protocolos y evaluación del material por especialistas. Fueron desarrollados según el referente metodológico de la psicometría de Pasquali. Para la evaluación de contenido se utilizó la técnica de Delphi en dos rondas (Delphi I [16 jueces] y Delphi II [12 jueces]) y se consideraron válidos los ítems con Coeficiente de Validez de Contenido (CVC) superior a 0,80 y consenso superior al 80,0 % en la técnica de Delphi. Se analizaron los datos por medio da estadística descriptiva e inferencial (Prueba binominal).

Resultados

Todos los requisitos de los protocolos alcanzaron la coincidencia entre los jueces superior al 80,0 %, así como todos los ítems alcanzaron niveles de evaluación estadísticamente significantes. Al fin del Delphi II, los cuatro protocolos se mostraron expresivamente válidos (inapetencia [CVC = 0,98]; náuseas y vómitos [CVC = 0,99]; diarrea [CVC = 0,99]; y constipación [CVC = 0,98]).

Conclusión

El contenido de los protocolos demostró alta credibilidad y su adopción en las instituciones de salud, puede contribuir para el acompañamiento por teléfono en la reducción de los efectos colaterales (inapetencia, náuseas y vómitos, diarrea y constipación) asociados a la quimioterapia antineoplásica ambulatoria para personas con neoplasia maligna gastrointestinal.

Teleenfermería; Enfermería oncológica; Neoplasias gastrointestinales; Quimioterapia combinada; Atención ambulatoria

Abstract

Objective

To describe the process of construction and validation of protocol content and appearance for telephone follow-up to reduce side effects (lack of appetite, nausea and vomiting, diarrhea and constipation) associated with outpatient antineoplastic chemotherapy for people with gastrointestinal malignancy.

Methods

This is a methodological and quantitative study, carried out from September to November 2020, in three stages: scoping review development, protocol construction and material assessment by experts. They were developed according to the Pasquali’s psychometrics methodological framework. For content assessment, the Delphi technique was used in two rounds (Delphi I [16 judges] and Delphi II [12 judges]) and, those items with Content Validation Coefficient (CVC) were considered valid greater than 0.80 and consensus of more than 80.0% in the Delphi technique. Data were analyzed using descriptive and inferential statistics (Binominal test).

Results

All protocol requirements reached agreement among the judges above 80.0% as well as all items reached statistically significant levels of assessment. At the end of Delphi II, the four protocols were significantly valid (lack of appetite [CVC = 0.98]; nausea and vomiting [CVC = 0.99]; diarrhea [CVC = 0.99]; and constipation [CVC = 0.98]).

Conclusion

The content of the protocols demonstrated high credibility and their adoption in health institutions can contribute to telephone follow-up in reducing side effects (lack of appetite, nausea and vomiting, diarrhea and constipation) associated with outpatient antineoplastic chemotherapy for people with gastrointestinal malignancies.

Telenursing; Oncology nursing; Gastrointestinal neoplasms; Drug therapy, Combination; Ambulatory care

Introdução

Na conjuntura oncológica, tem ocorrido um aumento na utilização de tratamentos ambulatoriais, que representam um contexto diferente da hospitalização. Em comparação com o ambiente hospitalar, a quimioterapia antineoplásica (QT) ambulatorial resulta em melhor qualidade de vida (QV) e menores custos de tratamento para os pacientes. No entanto, administrar QT ambulatorial é desafiador devido à alta demanda, às pressões do tempo e ao baixo nível de controle. Além disso, os efeitos colaterais costumam ocorrer em casa.( 11. Moretto IG, Contim CL, Santo FH. Telephone follow up as a nursing intervention for patients receiving outpatient chemotherapy: integrative review. Rev Gaúcha Enferm. 2019;40:e20190039. , 22. Lai XB, Ching SS, Wong FK, Leung CW, Lee LH, Wong JS, et al. The costeffectiveness of a nurse-led care program for breast cancer patients undergoing outpatient-based chemotherapy – a feasibility trial. Eur J Oncol Nurs. 2018;36:16-25. )

A QT é um tipo de tratamento sistêmico, constitui-se no uso de medicamentos que, isolados ou associados, agem no processo de crescimento e divisão das células e,( 11. Moretto IG, Contim CL, Santo FH. Telephone follow up as a nursing intervention for patients receiving outpatient chemotherapy: integrative review. Rev Gaúcha Enferm. 2019;40:e20190039. ) as toxicidades sistêmicas são prevalentes e, frequentemente, pouco reconhecidas, resultando em altas taxas de sintomas desconfortáveis e, por consequência, visitas evitáveis ao pronto-socorro, além de hospitalizações.( 11. Moretto IG, Contim CL, Santo FH. Telephone follow up as a nursing intervention for patients receiving outpatient chemotherapy: integrative review. Rev Gaúcha Enferm. 2019;40:e20190039. , 33. Oliveira PP, Santos VE, Bezerril MS, Andrade FB, Paiva RM, Silveira EA. Patient safety in the administration of antineoplastic chemotherapy and of immunotherapics for oncological treatment: scoping review. Texto Contexto Enferm. 2019;28:e20180312.

4. Bejarano S, Freed ME, Zeron D, Medina R, Zuniga-Moya JC, Kennedy L, et al. Feasibility of a Symptom Management Intervention for Honduran Adults Undergoing Chemotherapy. West J Nurs Res. 2019;41(10):1517-39.

5. Magalhães B, Fernandes C, Martinez-Galiano JM, Santos C. Exploring the use of Mobile applications by cancer patients undergoing chemotherapy: a scoping review. Int J Med Inform. 2020;144:104293. Review.
- 66. Moradian S, Krzyzanowska M, Maguire R, Kukreti V, Amir E, Morita PP, et al. Feasibility randomised controlled trial of remote symptom chemotherapy toxicity monitoring using the Canadian adapted Advanced Symptom Management System (ASyMS-Can): a study protocol. BMJ Open. 2020;10(6):e035648. )

O atendimento ambulatorial requer que os pacientes gerenciem os sintomas em sua residência, todavia, regularmente, essas pessoas estão inadequadamente preparadas ou esquecem as instruções sobre como lidar com os sintomas não aliviados.( 77. Moradian S, Krzyzanowska MK, Maguire R, Morita PP, Kukreti V, Avery J, et al. Usability evaluation of a mobile phone-based system for remote monitoring and management of chemotherapy-related side effects in cancer patients: mixed-methods study. JMIR Cancer. 2018;4(2):e10932. ) Como resultado, o manejo dos sintomas da neoplasia maligna é muitas vezes insatisfatório.( 88. Liptrott S, Bee P, Lovell K. Acceptability of telephone support as perceived by patients with cancer: a systematic review. Eur J Cancer Care. 2018;27(1):e12643. Review. , 99. Toffoletto MC, Ahumada-Tello JD. Telenursing in care, education and management in Latin America and the Caribbean: an integrative review. Rev Bras Enferm. 2020;73(Suppl 5):e20190317. Review. )

O cuidado de enfermagem na área da oncologia, fundamentado por boas práticas, requer a construção e a implementação de um sistema interligado de protocolos assistenciais, que permita a efetivação das ações de enfermagem alicerçada em evidências científicas, contribuindo para a tomada de decisão profissional de forma eficaz, rápida e individualizada.( 1010. Fonseca DF, Oliveira PP, Amaral RA, Nicoli LH, Silveira EA, Rodrigues AB. Care protocol with totally implanted venous catheter: a collective construction. Texto Contexto Enferm. 2019;28:e20180352. , 1111. Gomes AT, Alves KY, Bezerril MS, Rodrigues CC, Ferreira Júnior MA, Santos VE. Validation of graphic protocols to evaluate the safety of polytrauma patients. Acta Paul Enferm. 2018;31(5):504-17. )

Destaca-se que, o acompanhamento por telefone é uma modalidade de cuidado que permite a interação entre os profissionais de saúde e seus pacientes.( 11. Moretto IG, Contim CL, Santo FH. Telephone follow up as a nursing intervention for patients receiving outpatient chemotherapy: integrative review. Rev Gaúcha Enferm. 2019;40:e20190039. ) A intervenção telefônica no dia-a-dia da enfermagem tem sido recomendada como significativo auxílio à prática clínica, uma vez que pode fornecer importantes contribuições na promoção da saúde, em virtude de possibilitar o controle de efeitos adversos, condução rápida e suporte à adesão terapêutica.( 1212. França AC, Rodrigues AB, Aguiar MI, Silva RA, Freitas FM, Melo GA. Telenursing for the control of chemotherapy-induced nausea and vomiting: a randomized clinical trial. Texto Contexto Enferm. 2019;28:e20180404. ) Inclusive, o acompanhamento por telefone ( telephone follow-up ) é uma intervenção estabelecida pela Nursing Interventions Classification (NIC), que permite monitorar as condições de saúde de uma pessoa para atuarem em circunstâncias de um estado anormal.( 11. Moretto IG, Contim CL, Santo FH. Telephone follow up as a nursing intervention for patients receiving outpatient chemotherapy: integrative review. Rev Gaúcha Enferm. 2019;40:e20190039. , 1313. Bulechek GM, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC - Classificação das intervenções de enfermagem. 7a ed. São Paulo: GEN Guanabara Koogan; 2020. 608 p. )A relevância deste estudo está em fornecer protocolos a fim de contribuir substancialmente para a prestação de uma assistência de qualidade.

Objetivou-se descrever o processo de construção e validação de conteúdo e aparência de protocolos para o acompanhamento por telefone na redução dos efeitos colaterais (inapetência, náusea e vômito, diarreia e constipação) associados à quimioterapia antineoplásica ambulatorial para pessoas com neoplasia maligna gastrointestinal.

Métodos

Trata-se de estudo metodológico, realizado no período de setembro a novembro de 2020, fundamentado no referencial metodológico da psicometria de Pasquali,( 1414. Pasquali L. Instrumentação psicológica: fundamentos e práticas. Porto Alegre: Artmed; 2010. 560 p. )desenvolvido em três etapas: realização de scoping review , construção dos protocolos e validação de conteúdo e aparência por juízes/expertises.

Inicialmente, foram utilizados os resultados provenientes de uma scoping review , segundo as recomendações do guia internacional PRISMA-ScR( 1515. Tricco AC, Lillie E, Zarin W, O’Brien KK, Colquhoun H, Levac D, et al. PRISMA Extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR): checklist and Explanation. Ann Intern Med. 2018;169(7):467-73. ) e no método proposto pelo Joanna Briggs Institute, Reviewers Manual 2020,( 1616. Peters MD, Godfrey C, McInerney P, Munn Z, Tricco AC, Khalil, H. Chapter 11: Scoping Reviews. In: Aromataris E, Munn Z, editors. JBI Manual for Evidence Synthesis. Australia: JBI; 2020. pp. 1-28. ) baseada em evidências científicas nacionais e internacionais (Apêndice 1 Apêndice 1 . Referências utilizadas como fundamentação para a construção dos protocolos Referências Basch E, Reeve BB, Mitchell AS, Clauser SB, Minasian LM, Dueck AC, et al. Development of the National Cancer Institute’s Patient-Reported Outcomes Version of the Common Terminology Criteria for Adverse Events (PRO-CTCAE). J Natl Cancer Inst. 2014;106(9): dju244. Bauer A, Vordermark D, Seufferlein T, Schmoll H, Dralle H, Unverzagt S, et al. Trans-sectoral care in patients with colorectal cancer: protocol of the randomized controlled multi-center trial Supportive Cancer Care Networkers (SCAN). BMC Cancer. 2015; 15:997. Bejarano S, Freed ME, Zeron D, Medina R, Zuniga-Moya JC, Kennedy L, et al. Feasibility of a Symptom Management Intervention for Honduran Adults Undergoing Chemotherapy. Western J Nurs Res. 2019; 00:1–23. Cox A, Lucas G, Marcu A, Piano M, Grosvenor W, Molde F, Maguire R, Resma E. Cancer survivors’ experience with telehealth: a systematic review and thematic synthesis. J Med Internet Res. 2017; 19(1): 11. Craven O, Hughes CA, Burton A Saunders MP, Molassiotis A. Is a Nurse-Led Telephone Intervention a Viable Alternative to Nurse-Led Home Care and Standard Care for Patients Receiving Oral Capecitabine? Results from a large prospective audit in patients with colorectal cancer. Eur J Cancer Care (Engl). 2013;22(3):413-9. Cruz FOAM, Ferreira EB, Reis PED. Consulta de enfermagem via telefone: relatos dos pacientes submetidos à quimioterapia antineoplásica. R Enferm Cent O Min. 2014; 4(2):1090-99. Ferreira EB, Cruz FOAM, Jesus CAC, Pinho DLM, Kamada I, Reis PED. Contato telefônico como estratégia para a promoção de conforto ao paciente submetido a quimioterapia. Rev enferm UFPE on line. 2017; (5):1936-42. Flannery M, McAndrews L, Stein KF. Telephone calls by individuals with cancer. Oncol Nurs Forum. 2013; 40(5):464-71. Fox, PA, Darley A, Furlong E, Miaskowski C, Patiraki E, Armes J, et al. The assessment and management of chemotherapy-related toxicities in patients with breast cancer, colorectal cancer, and Hodgkin and non-Hodgkin lymphomas: a scoping review. Eur J Oncol Nurs. 2017; 26:63-82. Guo M, Wang C, Yin X, Nie L, Wang G. Symptom clusters and related factors in oesophageal cancer patients 3 months after surgery. J Clin Nurs. 2019;28(19-20):3441-50. Kaminsky E, Röing M, Björkman A, Holmström IK. Telephone nursing in Sweden: A narrative literature review. Nurs Health Sci. 2017; 19(3): 278-86. Kondo S, Shiba S, Udagawa R, Ryushima Y, Yano M, Uehara T, et al. Assessment of adverse events via a telephone consultation service for cancer patients receiving ambulatory chemotherapy. BMC Res Notes. 2015; 8:315. Lin WL, Sun JL, Chang SC, Wu PH, Tsai TC, Huang WT, et al. Development and Application of Telephone Counseling Services for Care of Patients with Colorectal Cancer. Asian Pac J Cancer Prev. 2014; 15 (2), 969-73. Manguire R, Fox PA, McCann L, et al. The eSMART study protocol: a randomised controlled trial to evaluate electronic symptom management using the advanced symptom management system (ASyMS) remote technology for patients with cancer. BMJ Open. 2017; 7: e015016. Mole G, Murali M, Carter S, David Gore D, Broadhurst J Moore T, Vickers P, Miles A. A Service Evaluation of Specialist Nurse Telephone Follow-Up of Bowel Cancer Patients After Surgery. Br J Nurs. 2019;28(19):1134-38. Moretto IG, Contim CLV, Espírito Santo FH. Acompanhamento por telefone como intervenção de enfermagem a pacientes em quimioterapia ambulatorial: revisão integrativa. Rev Gaúcha Enferm. 2019;40: e20190039. Speyer R, Denman D, Wilkes-Gillan S, Chen YW, Bogaardt H, Kim JH, et al. Effects of telehealth by allied health professionals and nurses in rural and remote areas: a systematic review and meta-analysis. J Rehabil Med. 2018;50(3):225-35. Sprague BL, Dittus KL, Pace CM, Dulko D, Pollack LA, Hawkins NA, et al. 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Available from: https://ctep.cancer.gov/protocoldevelopment/electronic_applications/docs/ctcae_v5_quick_reference_5x7.pdf
https://ctep.cancer.gov/protocoldevelopm...
) produzido pelo National Cancer Institute (NCI) norte-americano ; as diretrizes de prática clínica em oncologia da National Comprehensive Cancer Network (NCCN Guidelines®) e à taxonomia de Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC).( 1313. Bulechek GM, Butcher HK, Dochterman JM, Wagner CM. NIC - Classificação das intervenções de enfermagem. 7a ed. São Paulo: GEN Guanabara Koogan; 2020. 608 p. )

O protocolo da scoping review foi registrado no Open Science Framework (https://doi.org/10.17605/OSF.IO/5S7DE). Empregou-se a estratégia participants, concept e context (PCC), para construção da questão de pesquisa, em que P (participantes) – enfermeiro oncológico, C (conceito) – acompanhamento por telefone de pacientes com neoplasias malignas gastrointestinais e C (contexto) – ambulatórios de quimioterapia antineoplásica. Assim, a questão de pesquisa estabelecida foi: quais as evidências científicas, no contexto da quimioterapia antineoplásica ambulatorial estão disponíveis para o acompanhamento por telefone de pacientes com neoplasias malignas gastrointestinais realizado por enfermeiros?

A estratégia de busca foi adaptada segundo as especificidades de cada base e preservou-se a combinação análoga dos descritores: (“ Telemedicine”[Mesh] OR “Telenursing”[Mesh] OR “Telephone”[Mesh] OR “Telephone Consultation” (Iowa NIC) OR “Telehealth”[Mesh]) AND (“Oncology Nursing”[Mesh] OR “Nursing”[Mesh]) AND (“Anus Neoplasms”[Mesh] OR “Cecal Neoplasms”[Mesh] OR “Colonic Neoplasms”[Mesh] OR “Digestive System Neoplasms”[Mesh] OR “Duodenal Neoplasms”[Mesh] OR “Gastrointestinal Neoplasms”[Mesh] OR “Ileal Neoplasms”[Mesh] OR “Intestinal Neoplasms”[Mesh] OR “Jejunal Neoplasms”[Mesh] OR “Sigmoid Neoplasms “[Mesh] OR “Stomach Neoplasms “[Mesh] OR “Esophageal Neoplasms “[Mesh] OR “Colorectal Neoplasms”[Mesh]) .

Após a seleção dos descritores e sinonímias, realizou-se a busca eletrônica dos estudos, no período de novembro de 2019 a janeiro de 2021, nas bases de dados PUBMED (National Library of Medicine and National Institutes of Health), CINAHL (Cummulative Index to Nursing and Allied Health Literature), Web of Science, SCOPUS, LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e Biblioteca Central Cochrane.

Os critérios de seleção foram: artigos publicados em português, inglês ou espanhol, com resumos disponíveis na íntegra nas bases de dados selecionadas, que abordassem o acompanhamento por telefone por enfermeiros junto a pacientes com neoplasias malignas gastrointestinais, a partir de 2013. Justificou-se tal recorte temporal devido ao marco da Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde.( 1818. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM no 874, de 16 de maio de 2013. Institui a Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2013 [citado 2021 Fev 1]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0874_16_05_2013.html
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegi...
) Foram excluídos da seleção estudos que não contemplaram a pergunta norteadora, editoriais, relatos de experiência, ensaios teóricos, estudo de caso único e pesquisas que abordassem o acompanhamento por telefone realizado por profissionais de saúde não enfermeiros.

Os estudos foram selecionados por dois revisores independentes, com a meta de confirmar-se a pertinência às questões da revisão de escopo e, em caso positivo, foi extraído os dados de interesse. As dúvidas ou incongruências foram solucionadas por consenso entre os autores. Para a etapa de separação, sumarização e relatório das informações essenciais descobertos em cada estudo, foi empregado um instrumento estruturado para coleta desses dados, que permitiu a síntese, interpretação e a análise da extensão, natureza e distribuição das pesquisas incorporadas na revisão.( 33. Oliveira PP, Santos VE, Bezerril MS, Andrade FB, Paiva RM, Silveira EA. Patient safety in the administration of antineoplastic chemotherapy and of immunotherapics for oncological treatment: scoping review. Texto Contexto Enferm. 2019;28:e20180312. )

No processo de elaboração dos protocolos, o construto foi subdivido em quatro modalidades (todos contendo fluxograma com algoritmo gráfico seguida de orientações detalhadas com as intervenções/ações de enfermagem, além de fundamentação científica), a saber: a) Protocolo para follow-up por telefone na redução da inapetência de pessoas com neoplasias malignas gastrointestinais em tratamento antineoplásico ambulatorial (PNMGTAA); b) Protocolo para follow-up por telefone na redução da náusea e vômito de PNMGTAA; c) Protocolo para follow-up por telefone na redução da diarreia de PNMGTAA; d) Protocolo para follow-up por telefone na redução da constipação de PNMGTAA.

Ressalta-se que, os algoritmos, foram elaborados conforme a proposta de Pimenta et al,( 1919. Pimenta CA, Lopes CT, Amorim AF, Nishi FA, Shimoda GT, Jensen R. Guia para a construção de protocolos assistenciais de enfermagem. São Paulo: Conselho Regional de Enfermagem; 2015. 50 p. ) em que há o emprego de formas gráficas com determinados significados no constructo apresentam uma abordagem inicial ao paciente pelo telefone, a fim de conferir qualidade a ligação; descrição das drogas com alto e moderado grau para causar os respectivos efeitos colaterais de cada protocolo; questões relacionadas à frequência, característica, período e manejo da inapetência, da náusea e vômito, da diarreia e da constipação; orientações em casos de intercorrências e/ou piora do sintoma relativo à QT ambulatorial.

Cada um desses protocolos foi avaliado quanto aos critérios estabelecidos por Pasquali:( 1414. Pasquali L. Instrumentação psicológica: fundamentos e práticas. Porto Alegre: Artmed; 2010. 560 p. )comportamento, objetividade, simplicidade, clareza, relevância, precisão, variedade, modalidade, tipicidade, credibilidade, amplitude e equilíbrio. Salienta-se que havia um quadro elucidando sobre cada um desses 12 critérios e, foram avaliados por meio da escala de Likert, sendo: “1 - inadequado (I)”, classificado como grau de discordância; “2 - parcialmente adequado (PA)”; “3 - adequado (A)”, rotulado como grau de concordância.

Na etapa de validação do protocolo, de modo a alcançar o quantitativo de juízes preconizados por Pasquali,( 1414. Pasquali L. Instrumentação psicológica: fundamentos e práticas. Porto Alegre: Artmed; 2010. 560 p. ) ou seja, seis a 20 juízes. Esse processo foi direcionado por meio da análise de expertises selecionados para a pesquisa, por meio da apreciação de currículos na Plataforma Lattes do CNPq. Para tal, utilizou-se o formulário de busca simples, no Campo “buscar por”, na Categoria “assunto”, por meio do uso dos termos “oncologia” e/ou “quimioterapia” e/ou “validação”. Identificaram-se 389 doutores.

Para a triagem dos possíveis expertises, o modelo de Fehring( 2020. Fehring RJ. The fehring model. In: Paquete M, Carrol-Johnson R. Classification of nursing diagnoses: proceedings of the tenth conference of North American Nursing Diagnosis Association. Philadelphia: Lippincott; 1994. p.55-62. ) foi adaptado e utilizado (pontuação máxima de 14 pontos), atribuído um escore mínimo de cinco pontos: mestrado e doutorado em enfermagem ou áreas afins (critério obrigatório), dissertação ou tese na temática oncologia e/ou validação (3 pontos), experiência em oncologia de pelo menos três anos (3 pontos), certificado ou título de especialista em Enfermagem oncológica (2 pontos), pesquisa (s) na área de oncologia e/ou validação no últimos cinco anos (2 pontos), autoria em pelo menos dois artigos, nos últimos dois anos, na área oncológica (2 pontos) e participação em grupo de pesquisa envolvendo a temática: oncologia e/ou validação (2 pontos).( 2020. Fehring RJ. The fehring model. In: Paquete M, Carrol-Johnson R. Classification of nursing diagnoses: proceedings of the tenth conference of North American Nursing Diagnosis Association. Philadelphia: Lippincott; 1994. p.55-62. )

Após a busca, escolheu-se os primeiros 50 juízes elegíveis. Estes receberam carta convite por e-mail, tendo um prazo de até 20 dias para responder; além do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), com as instruções para conseguir analisar e avaliar os protocolos. O instrumento a ser preenchido para a validação foi edificado na ferramenta Google Docs , com informações de caracterização do participante, os algoritmos gráficos e as orientações. Após cada protocolo, tinha um espaço no qual os juízes poderiam fornecer sugestões de modificação e melhoria.

Esse processo foi conduzido pela técnica Delphi. Na Delphi I participaram 16 expertises, etapa em que houve sugestões de alteração nos protocolos para o seu aprimoramento. Após análise dos dados do Delphi I e reformulação dos protocolos, conforme recomendado pelos expertises, estes foram contatados e enviado um novo formulário eletrônico com protocolos ajustados para nova avaliação (Delphi II), participaram 12 juízes. Para preencher o formulário o juiz necessitou de aproximadamente 40 minutos e, após iniciar o processo de validação, o mesmo não pôde ser descontinuado.

Para a avaliação dos protocolos, os ajuizamentos dos expertises foram inseridos em um banco de dados no Microsoft Excel 2016® e, após analisadas, verificou as pontuações atribuídas a cada protocolo. A relevância dos protocolos foi obtida pela aplicação do Coeficiente de Validade de Conteúdo (CVC).( 2121. Hernández-Nieto RA. Contributions to statistical analysis. Mérida: Universidade de Los Andes; 2002. 228 p. ) Considerou-se válido o item que apresentasse mais de 80% de concordância entre os juízes (avaliado como adequado) e um Coeficiente de Validade de Conteúdo (CVC)>0,80.( 2222. Souza AC, Alexandre NM, Guirardello EB. Psychometric properties in instruments evaluation of reliability and validity. Epidemiol Serv Saúde. 2017;26(3):649-59. )

Outro sim, foi efetivada a análise descritiva e inferencial (teste binomial). Para tanto, adotou-se o ρ-valor≤0,05 como parâmetro para a significância estatística.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São João del-Rei, parecer de número: 2.010.532 e, trata-se de um subprojeto de uma pesquisa “guarda-chuva” intitulada “construção coletiva de protocolos e manuais”.

Destaca-se que a validação externa dos protocolos ainda não foi realizada, uma vez que se trata da elaboração de protocolos que, somente após a sua implementação, poderá ser reavaliado e ajustado quando necessário.

Resultados

Na construção dos protocolos , as alterações realizadas consistiram; essencialmente, na objetividade, na simplicidade; clareza; relevância e na variedade (a linguagem é adequada e permite interatividade do conteúdo); na modalidade (o vocabulário é apropriado, sem gerar equívocos) e na tipicidade (o vocabulário é condizente com a temática, com conceitos adequados). Cada protocolo finalizado contou com um fluxograma com algoritmo gráfico seguido por orientações detalhadas com as intervenções de enfermagem (Apêndice 2 Apêndice 2 Protocolos com o respectivo algoritmo gráfico seguido por orientações detalhadas com as intervenções de enfermagems ).

Ressalta-se que, nestes protocolos, os pacientes que forem submetidos à QT com potencial para náusea, vômito, diarreia e constipação precisarão ser avaliados pelo enfermeiro, mediante aplicação da escala CTCAE. As pessoas em primeiro ciclo de QT deve haver registro em prontuário das orientações fornecidas de acordo com os protocolos. A partir do segundo ciclo de QT necessitará ter registro no prontuário, das orientações fornecidas/modificadas e a adesão, ou não, do paciente com os respectivos motivos, bem como toda recusa da pessoa em seguir orientações.

No processo de validação, o comitê de especialistas foi composto por 16 profissionais na primeira rodada e 12 na segunda (salienta-se que estes 12 expertises colaboraram em ambas as rodadas), com perda de quatro juízes em virtude da não devolução dos protocolos dentro do prazo firmado previamente. Participaram doutores com experiência assistencial e de gestão na oncologia, além da docência, idade mínima dos especialistas foi de 35 anos e máxima de 58 anos (média=40,12 e desvio padrão=6,75 em Delphi I; média=42,71 e desvio padrão=7,80 em Delphi II), cujo tempo de formação média foi de 20,20 e desvio padrão=5,81 em Delphi I; média=19,64 e desvio padrão=5,84 em Delphi II. Laboravam em quatro regiões do Brasil a saber: sudeste com 13 (81,1%) juízes, nordeste, centro-oeste e sul, com um (6,3%) expertise cada.

A tabela 1 descreve o consenso final entre os juízes quanto aos itens analisados de conteúdo dos protocolos para follow-up por telefone na redução dos efeitos colaterais (inapetência, náusea e vômito, diarreia e constipação) associados à QT para pessoas com câncer gastrointestinal, que obtiveram concordância (“adequado”), de acordo com os critérios de avaliação de Pasquali.

Tabela 1
Consenso entre os juízes nas etapas Delphi I e II para os itens avaliados de conteúdo dos protocolos para follow-up por telefone na redução dos efeitos colaterais (inapetência, náusea e vômito, diarreia e constipação) associados à quimioterapia ambulatorial para pessoas com câncer gastrointestinal

Segundo o exposto na tabela 1 , observou-se que, os protocolos assistenciais inapetência, náusea e vômito e diarreia, encontravam-se dentro do preconizado para que fossem considerados válidos desde a etapa de Delphi I. Em relação a constipação, estavam abaixo do preconizado, para que o protocolo fosse considerado válidos no Delphi I, os itens clareza (79,1%) e precisão (79,1%). Destaca-se que os itens supracitados não apresentaram significância estatística na concordância entre os juízes. Cabe destacar que as sugestões dos juízes na primeira rodada (Delphi I) para os itens que necessitaram ser revistos foram quanto à sua forma de apresentação, inclusão, exclusão, realocação ou divisão (incluído Escala de Bristol, padronizar redação dos algoritmos, revisão da redação, retirado a ação: remover manualmente a impactação fecal, se necessário, conforme recomendações do Conselho Federal de Enfermagem, esta ação pode ser realizada pelo enfermeiro, desde que registrada em protocolo institucional).

No fluxograma, com o algoritmo gráfico e as orientações de cuidados para inapetência induzida por QT, para acompanhamento por telefone na redução do efeito colateral inapetência relativo à QT para pessoas com câncer gastrointestinal, o conteúdo foi explicitado de forma clara, inequívoca e relevante (separado caixas sobre falta de apetite e outros sintomas; revisado escrita; melhora em relação as cores e aumento do tamanho da fonte utilizada; incluídas as orientações ao profissional e ao paciente, incluído orientações quanto ao uso de creme dental não abrasivo e bochechos com solução salina 0,9% ou água bicarbonatada a 3% de quatro a seis vezes por dia; além de retirado conteúdos que não eram exclusivos à inapetência).

No protocolo assistencial para follow-up por telefone na redução da náusea e do vômito associados à QT para pessoas com câncer gastrointestinal, as sugestões dos juízes foram quanto à sua forma de apresentação, inclusão de instruções e realocação (foi mudado drogas com alto e moderado grau emetogênico para protocolos de tratamento com alto e moderado grau emetogênico; incluído perguntas que avaliam o risco de desidratação; ações orientadas aos pacientes e/ou familiares foram separadas das ações exclusivas dos enfermeiros e; a redação do conteúdo foi revisada).

No que concerne o protocolo assistencial para follow-up por telefone de diarreia induzida por QT para PNMGTAA, as recomendações dos juízes permitiram que se alcançasse o objetivo desejado; foi acrescentado a Escala de Bristol, orientação para após a evacuação, lavar a região com água e sabão e secar com toalha macia, sem fricção e, fundamentação científica. Este último item foi acrescido em todos os protocolos assistenciais.

Na rodada Delphi II, todos os requisitos apresentaram concordância acima de 80,0% e, foram estatisticamente significativos (ρ≤0,05), no que corresponde a concordância entre os juízes. Além disso, após as sugestões dos juízes (Delphi II) foram imprescindíveis as modificações apenas em relação a cor das formas gráficas dos algoritmos, de modo a torná-las mais destacada e diferenciada nos protocolos assistenciais. Ressalta-se que ao final da Delphi II, os protocolos assistenciais se apresentaram válidos (inapetência [CVC = 0,98]; náusea e vômito [CVC = 0,99]; diarreia [CVC = 0,99]; e, constipação [CVC = 0,98]).

Por fim, não houve objeção dos juízes quanto à recomendação para o uso dos protocolos assistenciais em ambulatórios onde se administram QT. Em Delphi II, 100,0% fizeram a recomendação sem a necessidade de alterações.

Discussão

A QT oferece grande benefício para as pessoas com neoplasias malignas. Em geral, a doses terapêuticas e tóxicas estão muito próximas e,( 44. Bejarano S, Freed ME, Zeron D, Medina R, Zuniga-Moya JC, Kennedy L, et al. Feasibility of a Symptom Management Intervention for Honduran Adults Undergoing Chemotherapy. West J Nurs Res. 2019;41(10):1517-39. , 77. Moradian S, Krzyzanowska MK, Maguire R, Morita PP, Kukreti V, Avery J, et al. Usability evaluation of a mobile phone-based system for remote monitoring and management of chemotherapy-related side effects in cancer patients: mixed-methods study. JMIR Cancer. 2018;4(2):e10932. ) está associada a uma miríade de sintomas e efeitos colaterais advindos do tratamento que podem variar de leves a potencialmente fatais, graves e incapacitantes.( 66. Moradian S, Krzyzanowska M, Maguire R, Kukreti V, Amir E, Morita PP, et al. Feasibility randomised controlled trial of remote symptom chemotherapy toxicity monitoring using the Canadian adapted Advanced Symptom Management System (ASyMS-Can): a study protocol. BMJ Open. 2020;10(6):e035648. )

Portanto, o reconhecimento precoce e o manejo eficaz desses sintomas por profissionais de saúde, pacientes e familiares são essenciais para reduzir as sequelas do tratamento físico e psicológico. Todavia, a maioria dos pacientes recebem QT em ambulatório e, assim sendo, são compelidos a controlar os efeitos colaterais em casa sem o apoio direto de profissionais de saúde oncológicos. Assim, o uso do acompanhamento por telefone domiciliar pode ser um fator-chave em cuidados de saúde com boa relação custo-benefício.( 66. Moradian S, Krzyzanowska M, Maguire R, Kukreti V, Amir E, Morita PP, et al. Feasibility randomised controlled trial of remote symptom chemotherapy toxicity monitoring using the Canadian adapted Advanced Symptom Management System (ASyMS-Can): a study protocol. BMJ Open. 2020;10(6):e035648. , 77. Moradian S, Krzyzanowska MK, Maguire R, Morita PP, Kukreti V, Avery J, et al. Usability evaluation of a mobile phone-based system for remote monitoring and management of chemotherapy-related side effects in cancer patients: mixed-methods study. JMIR Cancer. 2018;4(2):e10932. )

Os protocolos assistenciais, a partir de duas etapas Delphi, foi considerado válido em seu conteúdo (inapetência [CVC = 0,98]; náusea e vômito [CVC = 0,99]; diarreia [CVC = 0,99]; e constipação [CVC = 0,98]), são aceitáveis para considerar válidos. Portanto, os protocolos mostraram-se válidos; e sua aplicação poderá contribuir para a promoção da saúde, já que é uma ferramenta que visa à melhoria da qualidade do cuidado, redução de eventos adversos, apoio à adesão terapêutica e o aprimoramento da comunicação entre os pacientes e os enfermeiros. Envolveu a participação de 16 juízes na etapa Delphi I (DI) e 12 na Delphi II (DII), com vistas a tornar os protocolos assistenciais confiáveis e válidos no que diz respeito ao conteúdo e a aparência. A validade constitui-se em um critério essencial para validação da qualidade de um instrumento.( 1111. Gomes AT, Alves KY, Bezerril MS, Rodrigues CC, Ferreira Júnior MA, Santos VE. Validation of graphic protocols to evaluate the safety of polytrauma patients. Acta Paul Enferm. 2018;31(5):504-17. , 2121. Hernández-Nieto RA. Contributions to statistical analysis. Mérida: Universidade de Los Andes; 2002. 228 p. , 2222. Souza AC, Alexandre NM, Guirardello EB. Psychometric properties in instruments evaluation of reliability and validity. Epidemiol Serv Saúde. 2017;26(3):649-59. )

Quanto à preeminência do sexo feminino (87,5% – DI e 83,5% – DII) entre os juízes participantes dessa pesquisa, estudo( 2323. Macedo RM. Resistência e resignação: narrativas de gênero na escolha por enfermagem e pedagogia. Cad Pesq. 2019;49(172):54-76. ) evidenciou que este fato acompanha a profissão desde os primórdios da história da enfermagem, uma vez que é uma das profissões feminizadas da saúde, mantém a relação entre “cuidado” e “ação feminina”. Por volta de 85,0% dos profissionais de enfermagem são mulheres.( 2323. Macedo RM. Resistência e resignação: narrativas de gênero na escolha por enfermagem e pedagogia. Cad Pesq. 2019;49(172):54-76. , 2424. Silva MC, Machado MH. Health and work system: challenges for the Nursing in Brazil. Cien Saude Colet. 2020;25(1):7-13. )

Destaca-se a experiência dos juízes participantes das fases de avaliação, os quais eram doutores com elevada experiência em assistência oncológica, gestão, pesquisa e docência. Por esse ângulo, a literatura expõe que mestres e doutores são os principais responsáveis por possibilitar repercussões nas práticas e, consequentemente, no avanço da Enfermagem.( 1111. Gomes AT, Alves KY, Bezerril MS, Rodrigues CC, Ferreira Júnior MA, Santos VE. Validation of graphic protocols to evaluate the safety of polytrauma patients. Acta Paul Enferm. 2018;31(5):504-17. , 2525. Frota MA, Wermelinger MC, Vieira LJ, Ximenes-Neto FR, Queiroz RS, Amorim RF. Mapeando a formação do enfermeiro no Brasil: desafios para atuação em cenários complexos e globalizados. Cien Saude Colet. 2020;25(1):25-35. )

Diante disso, compreende-se que a participação de profissionais experientes e envolvidos no âmbito assistência oncológica, gestão, pesquisa e docência é veementemente relevante para a validação de protocolos a serem aplicados na prática, como se propôs esse estudo ao validar protocolos assistenciais assistências para follow-up por telefone na redução dos efeitos colaterais associados à QT.

No processo de validação dos protocolos assistenciais, produto final da presente pesquisa, os juízes apresentaram coeficiente de concordância significativo em todos os itens avaliados, de modo a tornar o instrumento válido em relação à avaliação do utilidade/pertinência, objetividade, simplicidade, clareza, relevância, precisão, variedade, consistência, exequibilidade, atualização, precisão e comportamento.( 1414. Pasquali L. Instrumentação psicológica: fundamentos e práticas. Porto Alegre: Artmed; 2010. 560 p. ) Isto certifica que o instrumento apresenta-se adequado para a aplicabilidade na prática de maneira confiável.

No que se refere ao CVC, se pode inferir que houve consenso entre os participantes no julgamento da validade dos protocolos assistenciais, assim como se considerou que o instrumento avaliado supre o teor conteudístico para acompanhamento por telefone na redução dos efeitos colaterais (inapetência, náusea e vômito, diarreia e constipação) associados à QT ambulatorial para pessoas com neoplasia maligna gastrointestinal. Realidade esta que é comprovada pela concordância obtida entre os juízes na avaliação dos componentes da inapetência (CVC: DI – 0,90 e DII – 0,98), da náusea e vômito (IVC: DI – 0,89 e DII – 0,99), da diarreia (IVC: DI – 0,87 e DII – 0,99) e da constipação (IVC: DI – 0,84 e DII – 0,98) e; mostraram-se estatisticamente significativas (ρ ≤ 0,05), o que denota alcance de melhor consenso associado a melhorias dos protocolos entre as rodadas de Delphi.

Apesar do rigor na avaliação de conteúdo e aparência dos protocolos assistenciais, precisam-se avançar com as fases consecutivas, para equivalência operacional e de mensuração. Para tanto, foi iniciada a sua aplicação em hospital de grande porte brasileiro, habilitado como Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON), de modo que seja possível constatar sua eficiência.

A limitação deste estudo está relacionada a especificidade dos protocolos para o acompanhamento por telefone na redução apenas dos efeitos colaterais inapetência, náusea e vômito, diarreia e constipação associados à QT ambulatorial para pessoas com neoplasia maligna gastrointestinal. Logo, recomenda-se que outras pesquisas sejam realizadas para a construção e validação de protocolos voltados para os demais efeitos colaterais.

Mesmo assim, essa pesquisa contribuirá de forma substancial para suscitar a atenção dos profissionais quanto à importância das adequações para a prestação de um cuidado ambulatorial com maior interação entre os profissionais de saúde-pacientes, além de possibilitar o controle de alguns efeitos adversos, por meio do monitoramento por telefone embasado em evidências científicas.

Conclusão

O processo de validação dos protocolos assistenciais arrolou 16 juízes no Delphi I, os quais julgaram que apenas os itens relacionados ao efeito colateral constipação não se mostravam adequados quanto à clareza (79,1%) e a precisão (79,1%), mesmo assim obteve-se CVC de 0,84. Na segunda rodada Delphi, abrangeu 12 juízes, atingiu-se a validação de conteúdo e aparência dos protocolos (inapetência [CVC = 0,98]; náusea e vômito [CVC = 0,99]; diarreia [CVC = 0,99]; e, constipação [CVC = 0,98]). Diante dos resultados, comprovou-se que os protocolos são confiáveis e válidos quanto ao conteúdo e aparência para serem submetidos à validação clínica na prática dos serviços ambulatoriais.

Apêndice 1

. Referências utilizadas como fundamentação para a construção dos protocolos
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Apêndice 2 Protocolos com o respectivo algoritmo gráfico seguido por orientações detalhadas com as intervenções de enfermagems

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Editado por

Editor Associado (Avaliação pelos pares): Edvane Birelo Lopes De Domenico (https://orcid.org/0000-0001-7455-1727) Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo, SP, Brasil

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Jun 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    29 Mar 2021
  • Aceito
    29 Set 2021
Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo R. Napoleão de Barros, 754, 04024-002 São Paulo - SP/Brasil, Tel./Fax: (55 11) 5576 4430 - São Paulo - SP - Brazil
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