Acessibilidade / Reportar erro

A dor do existir e a religião na perspectiva dos católicos 1 1 Artigo extraído da tese de doutorado "O manejo da dor do existir por meio da religião: uma das possibilidades de encontro consigo mesmo", apresentada à Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil.

Resumo

Objetivo:

caracterizar a compreensão de líderes e afiliados da religião católica acerca da dor do existir.

Método:

participaram 80 católicos. A coleta de dados foi realizada pelo Instrumento de Avaliação de Conteúdos Religiosos. Foi feita análise de conteúdo e calculou-se a média aritmética e desvio-padrão.

Resultados:

emergiram as categorias: tempo de afiliação, início da prática religiosa e mudanças de afiliação, responsabilidade pelos atos e relação com a morte, descrição de Deus, consciência da existência de experiências profundas, possibilidade de recompensa, aumento da fé na proximidade com a morte, religião como tentativa de explicar as limitações humanas, relação entre religião e ciência e a religião do passado e do presente em relação à ciência. No instrumento, os itens de maior atribuição foram: eu acredito que a natureza deveria ser respeitada (9,96±0,19); eu acredito que todos os seres vivos merecem respeito (9,70±0,67); fazer a vida valer a pena (9,70±0,78); minha vida é um processo de transformação (9,63±1,04) e eu respeito a diversidade de pessoas (9,56±0,91).

Conclusão:

perceberam-se associações existentes entre a opinião dos participantes e os constructos religiosos, evidenciando a necessidade de abordagem do fenômeno religioso como parte do ser humano e potencial recurso para manejo e modulação da dor do existir.

Descritores:
Dor; Religião; Avaliação; Morte

Abstract

Objective:

to characterize the understanding of leaders and members of the Catholic religion on pain of existing.

Method:

80 Catholics participated in the study. Data collection was carried out using the Religious Content Assessment Tool. The content analysis was carried out and arithmetic mean and standard deviation were calculated.

Results:

the following categories emerged: length of affiliation, beginning of the religious practice and affiliation changes, responsibility for the actions and relationship with death, description of God, awareness of the existence of profound experiences, possibility of reward, increased faith in proximity to death, religion as an attempt to explain human limitations, relationship between religion and science and religion of the past and present in relation to science. On the instrument, the highest assigning items were: I believe that nature should be respected (9.96±0.19); I believe that all living beings deserve respect (9.70±0.67); make life worth living (9.70±0.78); my life is a transformation process (9.63±1.04) and I respect the diversity of people (9.56±0.91).

Conclusion:

it was observed associations between the participants' perceptions and religious constructs, highlighting the need to approach the religious phenomenon as part of the human being and potential resource for management and modulation of the pain of existing.

Descriptors:
Pain; Religion; Evaluation; Death

Resumen

Objetivo:

caracterizar la comprensión de los líderes y miembros de la religión católica sobre el dolor de existir.

Método:

80 católicos participaron en el estudio. La recogida de datos se realizó a través del Instrumento de Evaluación de Contenidos Religiosos. Se ha realizado el análisis de contenido y se calculó la media aritmética y la desviación estándar.

Resultados:

las siguientes categorías emergieron: tiempo de afiliación, inicio de la práctica religiosa y cambios de afiliación religiosa, responsabilidad de los actos y relación con la muerte, descripción de Dios, conciencia de la existencia de experiencias profundas, posibilidad de recompensa, aumento de la fe en la proximidad con la muerte, religión como un intento de explicar las limitaciones humanas, relación entre religión y ciencia y religión del pasado y del presente en relación a la ciencia. En el instrumento, los ítems con las asignaciones más altas fueron: creo que la naturaleza debe ser respetada (9,96±0,19); creo que todos los seres vivos merecen respeto (9,70±0,67); hacer que la vida vale la pena vivir (9,70±0,78); mi vida es un proceso de transformación (9,63±1,04) y respeto de la diversidad de las personas (9,56±0,91).

Conclusión:

se han notado asociaciones existentes entre las percepciones de los participantes y las construcciones religiosas, destacando la necesidad de abordar el fenómeno religioso como parte del ser humano y recurso potencial para la gestión y la modulación del dolor de existir.

Descriptores:
Dolor; Religión; Evaluación; Muerte

Introdução

O conceito de dor total 1. Saunders C. Hospice and palliative care. An interdisciplinary approach. London: Edward Arnold; 1991.é definido como sofrimento que pode ser de ordem física, psíquica, social, espiritual, familiar, dentre outras. Tal conceito deixa clara a necessidade de se ampliar a visão de ser humano como ser biopsicossocial e espiritual, para que seja possível compreender a complexidade do fenômeno doloroso.

Em consonância com o conceito de dor total, a dor do existir representa a dor do ser humano diante da ideia de morte e apresenta-se como desafio nesse sentido, pois é necessário que o gerador de conhecimentos desenvolva recursos para que a dor possa ser comunicada e, com isso, adequadamente manejada. Um dos recursos para o manejo da dor do existir, que vem ganhando espaço no meio científico, é a religião(2-3).

Diversos autores discutem o interesse que tem sido percebido na relação entre a dor e a religiosidade, o que vai ao encontro do conceito de dor total(4-6). Autores abordam que a busca pelo equilíbrio biopsicossocial e espiritual nunca foi tão percebido, havendo estudos que indicam, inclusive, mudanças fisiológicas secundárias à espiritualidade e à religiosidade, independente da denominação religiosa 7. Lago-Rizzardi CD, Teixeira MJ, Siqueira SRDT. Espiritualidade e religiosidade no enfrentamento da dor. O Mundo da Saúde. 2010;34(4):483-7..

Uma forma de tentar lidar com a angústia causada pela proximidade e visualização da finitude é a religião, enquanto um sistema de crenças, com tradições que envolvem rituais, símbolos, enfim, uma construção de significados para a morte8. Kovács MJ. Espiritualidade e psicologia - cuidados compartilhados. O Mundo da Saúde. 2007;31(2):246-55..

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam, no censo realizado em 2010, que a distribuição de crenças ou religiões gira em torno de 50 denominações em todo o país, num total de 190.755.799 pessoas que referem ter alguma crença ou religião. Devido à grande quantidade de denominações religiosas, foi optado, neste estudo, por abordar apenas a religião católica, devido à sua maior representatividade, que consiste em 64,6% dos religiosos da população brasileira 9. Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE). [Internet]. [acesso 12 jan 2012]; Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/ censo2010/populacao/religiao_Censo2010.pdf
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/...
.

Na Igreja Católica, assim como nas demais religiões cristãs, a morte é vista de acordo com a concepção de Páscoa, sendo essa o modelo para a compreensão tanto da morte em si como dos ritos de passagem instituídos e praticados. Nessa visão, a morte humana não significa o fim da vida, mas, sim, uma passagem para uma existência infinitamente mais ampla num contato direto com Deus 1010 . Blank R. Catolicismo: Ritos de Passagem e Visão de Pós-Morte. In: Incontri D, Santana F, organizadores. A Arte de Morrer - Visões Plurais. Bragança Paulista: Editora Comenius; 2007..

Avaliar a percepção da dor e sua multidimensionalidade representa imenso desafio, pois não basta conhecer apenas a etiologia da dor, antes é preciso estar atento ao sofrimento humano, a partir da percepção e expressão de quem vivencia a experiência dolorosa, independente de que forma essa dor se apresenta ao ser humano 1111 . Faleiros Sousa FAE, Pereira LV, Cardoso R, Hortense P. Multidimensional Pain Avaliation Scale. Rev. LatinoAm. Enfermagem. 2010;18(1):3-10..

Não foram encontradas, nas bases de dados disponíveis, escalas ou avaliações da dor do existir associada à religião, ou, ainda, um instrumento que pudesse capturar especificidades de cada segmento religioso e sua relação com a dor.

Evidencia-se, portanto, a importância do tema dor do existir, associado à religiosidade, em consonância com o conceito de dor total, de maneira que o ser humano possa ser entendido em toda sua complexidade e amplitude biopsicossocial e espiritual e até mesmo concebido como um homem inteiramente homem, inserido num contexto infinitamente complexo.

Objetivo

Caracterizar a compreensão de líderes e afiliados da religião católica acerca da dor do existir.

Método

Tipo de estudo

Trata-se de estudo qualitativo, descritivo.

Participaram 40 líderes e 40 afiliados da religião católica que residiam em uma cidade no interior do Estado de São Paulo. Utilizou-se papel, caneta, lápis e borracha para impressão e preenchimento do instrumento.

Em conformidade com a Resolução nº196/96, para pesquisa com seres humanos, este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, sob Parecer nº236.138. Utilizou-se Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) na realização do estudo.

Para a coleta de dados utilizou-se uma entrevista e uma escala elaboradas pelos próprios autores que compõem o Instrumento de Avaliação de Conteúdos Religiosos (IACOR). A entrevista é composta por questões sociodemográficas, como idade, tempo de afiliação religiosa, dentre outras, como também por dez questões acerca das percepções gerais dos líderes e afiliados da religião católica, com base nas temáticas levantadas na literatura, com o propósito de ampliar a compreensão do fenômeno. A escala foi elaborada com base em escalas já validadas, identificadas na literatura internacional e na experiência da autoria. Após o levantamento dos itens para composição da escala, esses foram validados, em sua forma aparente e de conteúdo, por cinco juízes (três teólogos, um médico e uma psicóloga). Após esse procedimento, houve redução de 781 para 74 itens. Outros 4 itens foram acrescentados, oriundos das sugestões feitas pelos juízes, resultando no total de 78 itens na sua forma final.

Foram realizados contatos prévios, por telefone e pessoalmente, nas igrejas católicas, para agendamento. Todos os participantes eram ingênuos quanto aos instrumentos, ou seja, não conheciam previamente nenhum dos itens propostos nos instrumentos. Tal ingenuidade é reconhecida por se tratar de um novo instrumento, elaborado pelos próprios autores.

Anteriormente à aplicação do instrumento, foi apresentado a cada participante o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), que foi lido e assinado pelo mesmo. Após esse procedimento, realizou-se a entrevista semiestruturada e, em seguida, aplicou-se a escala contendo atributos relacionados à dor do existir. A tarefa a ser executada pelo sujeito encontra-se descrita no início do instrumento, para leitura antes de sua execução.

A entrevista semiestruturada foi conduzida pelos autores, sendo a tarefa do participante dissertar sobre sua opinião acerca dos temas abordados.

Na aplicação da escala, a tarefa dos participantes foi demonstrar, por meio de uma nota atribuída em uma escala de 11 pontos (0-10), quanto o participante concordava com cada afirmação. O participante foi instruído que poderia assinalar qualquer uma das notas que representasse seu julgamento. Dessa maneira, quanto menos concordasse mais próxima de 0 (zero) a nota deveria ser, e quanto mais concordasse, mais próxima de 10 (dez).

Análise dos dados

As entrevistas foram redigidas para a realização da análise qualitativa, utilizando-se a técnica de análise de conteúdo temática, visando a organização do material, de forma que esse pudesse ser sistematizado em categorias de análise, facilitando a compreensão do fenômeno.

As categorias de análise foram desenvolvidas de acordo com as questões propostas na entrevista e as subcategorias estruturadas respeitaram a individualidade dos grupos. Foram calculadas as médias aritméticas e respectivos desvios-padrão dos dados da escala.

Resultados

Participaram 80 sujeitos da religião católica, sendo 40 afiliados (CAT-AF) e 40 líderes (CAT-LD). Os dados mostram que a média de idade do grupo CAT-LD foi 50,30 anos, sendo mais alta do que do grupo CAT-AF de 37,64 anos, assim como maior número de participantes do sexo masculino no grupo CAT-LD, com 57,50% da amostra, e do sexo feminino, no grupo CAT-AF, com 80% da amostra. A maioria dos participantes do grupo CAT-AF, 87,50%, está incluída no grupo de pessoas economicamente ativas. No grupo CAT-LD, 100% dos participantes são atuantes, tendo como grupos mais numerosos de padres com 52,50% da amostra e de 42,50% de consagradas ou freiras. A maioria dos participantes do grupo CAT-AF relatou que não teve outra religião anterior à católica, perfazendo um total de 95% do grupo e um líder dessa religião relatou experiências em outras religiões, representando 2,5% da amostra.

Em relação às categorias de análise, as mesmas foram desenvolvidas com base na análise de conteúdo e de acordo com as questões propostas na entrevista; as subcategorias estruturadas em cada questão respeitaram a individualidade dos grupos, devido às diferentes visões e compreensões que cada forma de viver a religiosidade e a relação desses com a dor do existir diante da situação de morte. Foram 10 as categorias elencadas, descritas a seguir.

Entrevistas dos grupos católicos (CAT-AF n=40 e CAT-LD n=40)

1)Tempo de afiliação

Com relação ao tempo de afiliação religiosa, o grupo CAT-AF apresentou variação de 3 a 65 anos, média de 32,17 anos de participação em atividades relacionadas à Igreja Católica. Já para o grupo CAT-LD, esse período variou de 20 a 92 anos, tendo média de 47,33 anos de participação na religião católica. Foi respeitada a forma como o participante definiu sua participação, independente de essa acontecer como uma decisão consciente ou não.

Bom... se eu tenho 92 anos e sou católico desde que nasci, porque já vim de família católica, então posso dizer que sou católico há 92 anos!!(CAT-LD 29).

2) Início da prática religiosa e mudanças de afiliação

Em relação à prática religiosa espontânea no grupo CAT-AF, 30% referiram início na infância, 22,5% na adolescência, 10% na vida adulta e 37,5% referiram um processo natural, no qual não houve uma determinação de início da busca espontânea. Houve 5% de mudança de afiliação religiosa para esse grupo.

Comecei desde criança a ir por vontade própria, no grupo de coroinhas, por volta dos 8 anos(CAT-AF20).

No grupo CAT-LD, 42,5% referiram busca espontânea na infância; 37,5% na adolescência, 2,5% na idade adulta e 17,5% não identificam especificamente um período.

É difícil saber como começou espontaneamente, porque foi tudo tão natural que fluía, veio junto com a consciência, com o querer(CAT-LD35).

3) Responsabilidade pelos atos e relação com a morte

No grupo CAT-AF, 67,5% acreditavam que o indivíduo tem responsabilidade total sobre seus atos e situações de vida, 30% acreditavam que essa responsabilidade é parcial e 2,5% acreditavam que ter ou não essa responsabilidade independe de qualquer questão relacionada à morte ou à religiosidade.

Na concepção do grupo CAT-LD sobre o tema, 80% acreditavam que se trata de uma responsabilidade total do ser humano em relação aos atos e situação de vida e 20% em uma responsabilidade parcial.

Assim, percebe-se que, para a maioria dos participantes dos dois grupos, o ser humano tem responsabilidade total pelos atos praticados, assim como as consequências advindas desses em suas vidas, sendo, portanto, também responsáveis pela sua morte.

Você é responsável, não dá pra culpar ninguém. É uma chegada, e quando você fica mais velha você percebe com mais clareza que você tem pequenas mortes com o passar dos anos. E as pessoas vão se dando conta de que você está envelhecendo e é doloroso porque você tem que aceitar (...)(CAT-LD35).

4) Descrição de Deus

Nessa categoria, é possível perceber a forma como os participantes caracterizam a Deus e de que forma o definem. Na descrição dos participantes dos dois grupos, ficam claras algumas diferenças na qualidade dos atributos relacionados à descrição de Deus. O descritor de maior atribuição, por exemplo, refere-se à forma personificada de imaginar ou descrever Deus, como se observa a seguir.

A imagem é aquela mais representada pela cultura europeia: alguém mais velho, mais sábio, de um homem mais sábio, fonte de sabedoria. Um homem por quem o próprio Cristo nos ensinou a chamá-lo de Pai(CAT-LD9).

Encontram-se também descrições abrangentes com características que envolvem tanto aspectos físicos quanto abstratos como, por exemplo, nos descritores "tudo" e "inexplicável".

5) Consciência da existência de experiências profundas

No questionamento acerca deste tema, os participantes do grupo CAT-AF opinaram de três formas diferentes: 75% acreditavam que a maioria das pessoas tem consciência de que existem experiências profundas, que não são explicáveis ou dizíveis, referindo experiências ditas sobrenaturais ou experiências com Deus, 7,5% acreditavam que as pessoas no geral não têm essa consciência, por fim, 17,5% acreditavam que essa consciência, ou a ausência dela, encontra-se distribuída de maneira dividida na população em geral.

No grupo CAT-LD, as respostas dos participantes demonstra que 70% acreditavam que sim, 5% que não têm essa consciência e 25% acreditavam que apenas uma parte tinha essa consciência.

Assim, a maioria dos participantes dos dois grupos acreditava na expressão de algo sobrenatural atrelado à religião em suas vidas.

Sim, acho que tem. Assim como tem coisas que são só nossas. Sempre existe no ser humano coisas que são só dele, e uma dessas coisas é a experiência com Deus, e onde não se deve invadir(CAT-LD6).

6) Possibilidade de recompensa

No que diz respeito à possibilidade de recompensa após a morte, no grupo CAT-AF, 27,5 % dos participantes relataram acreditar, 22% não e outros 17,5% acreditavam que depende da compreensão do uso que se faz da palavra "recompensa".

No grupo CAT-LD, 52,5% disseram que acreditavam que exista recompensa após a morte, sendo que 40% acreditavam que essa seria estar na presença de Deus e 12,5% acreditavam que seria o amor de Deus. Os líderes que referiram que não, somam 32,5%.

No grupo de líderes, a maioria acreditava que existe recompensa após a morte, assim, percebe-se associação entre o que o indivíduo vive e a vida após a morte. Embora não seja maioria, no grupo dos afiliados esse ponto de vista foi expresso em maior porcentagem pelos participantes.

Acredito sim. Não somente pela fé, mas pela morte mesmo, acho que tem coisa boa depois da morte. Acho que, no nosso caso, esperamos a ressurreição, abrir mão dos sofrimentos e ter uma recompensa de amor após a morte(CAT-LD3).

7) Aumento da fé na proximidade com a morte

Dos participantes do grupo CAT-AF, 65% acreditavam que a fé aumenta e 25% dos participantes acreditavam que a fé não aumenta com a proximidade da morte.

No grupo CAT-LD, 55% acreditavam que a fé aumenta, 17,5% acreditavam que a morte não está associada ao aumento da fé e 27,5% acreditavam que existem situações em que a fé possa aumentar, mas não em todas.

Novamente, para os dois grupos, a maioria acreditava no aumento da fé, conforme o indivíduo se aproxima da morte, como evidenciado pelo relato abaixo.

Eu acredito que, quando a pessoa se vê próxima da morte, sua fé aumenta e aumentando a fé ela se aproxima ainda mais de Deus. A pessoa pode se arrepender dos erros, reflete mais sobre a vida e procura Deus com mais fervor para se aproximar mais e ser perdoado(CAT-AF26).

8) Religião como tentativa de explicar as limitações humanas

Dos participantes do grupo CAT-AF, 50% acreditavam que a religião tem como função tentar explicar ao ser humano as limitações que esse percebe em si e 35% acreditavam que a religião tem outras funções que não a de explicar as limitações humanas.

O homem é limitado. A religião até tenta explicar, mas é preciso ver se a gente coloca em prática, racionalizar isso (...)(CAT-AF6).

No grupo CAT-LD, 57,5% dos participantes acreditavam que sim, 32,5% acreditavam que não e 10% do grupo falaram da associação entre ambas para explicar as limitações do homem.

(...) Hoje as pessoas têm instrução e a religião ajuda nos pensamentos delas e propõe um caminho de vivência cristã(CAT-LD14).

(...) A missão da religião é fazer com que as pessoas cultivem a sua fé, conserve sua fé, e esse é um dom gratuito, uma graça de Deus (...)(CAT-LD37).

Sim, por essa relação de fé e razão. Nenhum dos dois lados tem explicações totais. Há limitações de uma e de outra.

Uma completa a outra (...)(CAT-LD13).

9) Relação entre religião e ciência

No grupo CAT-AF, 85% afirmaram que divergências existem, sendo que a mais observada é a oposição da razão e da crença ou fé e 7,5% do grupo acreditavam que não existem divergências entre as duas em si e 7,5% acreditavam que há aumento da convergência entre as posturas da ciência e da religião.

(...) Mas a religião sobressai à ciência. Pela tradição ancestral que carrega, já tá mais consolidada que a ciência... Mas uma não anda sem a outra. E as pessoas também vão pro mesmo lugar depois da morte, tanto o religioso quanto o cientista(CAT-AF16).

No grupo CAT-LD, 67,5% identificaram que há divergências, sendo a principal delas acerca da oposição entre razão e crença, 7,5% acreditavam que não existem divergências, 25% referiram aumento da aproximação, em alguns casos, da religião e da ciência, dependendo do uso feito pelos atores desse contexto.

10) A religião do passado e do presente em relação à ciência

No grupo CAT-AF, 92,5% responderam que há uma diferença entre a religião do passado e a religião do presente.

Acredito que é diferente, até porque as pessoas e coisas mudam ao longo do tempo, mas não acredito que a teologia esteja se baseando em algo científico, porque a religião não tenta provar nada nem experimentar as coisas. As pessoas que seguem a religião seguem sem a necessidade de provar algo, mas sim porque acreditam naquilo(CAT-AF4).

No grupo CAT-LD, 72,5% acreditavam que existem diferenças e 27,5% acreditavam que não existem diferenças entre a religião do passado e a de hoje.

Em relação aos itens (78) do instrumento IACOR, abaixo segue a descrição dos 5 atributos de maior e menor atribuição.

Os atributos de maior atribuição foram: eu acredito que a natureza deveria ser respeitada, MA: 9,96, desviopadrão (dp): 0,19; eu acredito que todos os seres vivos merecem respeito, MA: 9,70, dp: 0,67; fazer a vida valer a pena, MA: 9,70, dp: 0,78; minha vida é um processo de transformação, MA: 9,63, dp: 1,04; eu respeito a diversidade de pessoas, MA: 9,56, dp: 0,91.

Os atributos de menor atribuição foram: não existe vida após a morte, MA: 1,21, dp: 2,72; tentei lidar com a situação do meu jeito, sem a ajuda de Deus, MA: 1,59, dp: 2,57; uma pessoa pode ser completa sem buscar uma vida espiritual ativa, MA: 1,85, dp: 3,12; imaginei o que teria feito para Deus me punir, MA: 1,90, dp: 2,80; eu não aceito mudanças provocadas na minha vida em decorrência das perdas, MA: 2,08, dp: 2,88.

Discussão

Neste estudo, foi encontrado alto índice de participantes com grau superior completo, especialmente no grupo CAT-LD. Tal fato pode se relacionar com a exigência de formação superior, atrelada à figura do líder do sexo masculino dessa religião. O censo do IBGE caracteriza a amostra de católicos no Brasil com grau de escolaridade prevalente no ensino fundamental incompleto, somando 39,8%9. Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE). [Internet]. [acesso 12 jan 2012]; Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/ censo2010/populacao/religiao_Censo2010.pdf
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/...
.

O início da prática religiosa no grupo estudado encontra-se atrelada à participação em grupos ligados aos ritos católicos, como os dos coroinhas, dos catequistas etc. É importante compreender o significado da prática dos ritos de devoção, pois esses expressam a possibilidade, para o fiel, de reviver o tempo original dos acontecimentos que caracterizam sua denominação religiosa. Entende-se que é imprescindível reconhecer a importância do desenvolvimento dos ritos para melhor compreensão dos significados do universo religioso 1212 . Couto ES. Devoções, festas e ritos: algumas considerações. Rev Bras História Religiões. 2008;1(1):110..

Para explicar a percepção de responsabilidade relatada pela maioria dos participantes, discute-se que o cristianismo mantém a ideia da herança deixada por Adão e Eva e sua desobediência a Deus. Essa questão refere-se ao processo conhecido como queda do ser humano, em que o ser humano assume a condição de não estar mais sob a responsabilidade divina, sendo seus atos de sua responsabilidade 1313 . Pinheiro RA. Dor e Religião. Rev Dor. 2007;8(4):1113-5..

No que diz respeito às descrições de Deus, essas estão bastante ligadas à questão da personificação, ou seja, atribuir a Deus características físicas, humanas. Pensar na figura de Jesus Cristo é pensar na espinha dorsal da escatologia cristã, pois, nessa concepção, é por meio do Cristo que se atinge a salvação1414 . Belini LA. Temas de Escatologia. Paraná: Humanitas Vivens; 2009. 136 p..

Observa-se, também, que a maioria dos participantes referiu acreditar na consciência da existência de experiências profundas. O transcendente é a perspectiva de ir além de si mesmo e, nessa visão, o ser humano sempre o busca, quando sente a necessidade de algo além de si. Percebe-se, pelos relatos, que, em determinadas situações, a busca por esse algo além de si pode encontrar sua expressão na religiosidade, o que o autor afirma ser um caminho para as respostas do ser humano 1515 . Boff L. Tempo de transcendência: o ser humano como um projeto infinito. Petrópolis: Vozes; 2009. 85 p..

Nos relatos dos participantes percebe-se que a visão de recompensa está ligada à ideia de alcançar o paraíso e estar mais próximo de Deus, tanto no grupo CAT-AF como no grupo CAT-LD, que apresentou número ainda maior de participantes que acreditavam na possibilidade de recompensa. A religiosidade ajuda no agir do ser humano para que essa possa se preparar para a morte e que, no cristianismo, há uma relação entre o arrependimento dos pecados e a recompensa de se estar com Deus após a morte, reservada para aqueles que O amam e O obedecem 1616 . Diniz AC, Aquino TAA. A relação da religiosidade com as visões de morte. Religare. 2009;(6):101-3..

Para discutir a questão do aumento da fé quando da proximidade da morte, pontua-se que a fé cristã traz a esperança de salvação, pois está diretamente associada com a ressurreição e a vida eterna, sendo essa ideia que dá sentido à morte. Não fosse por uma visão de continuidade, a morte não teria significado dentro da crença, que pontua que, se se viver de acordo com o proposto por Deus, há a vida com Ele após a morte 1414 . Belini LA. Temas de Escatologia. Paraná: Humanitas Vivens; 2009. 136 p..

A maioria dos participantes compreende que a religião tenta explicar limitações humanas. Uma revisão realizada discute a associação da religião como algo positivo, diante de questões como o estresse, abuso de substâncias, psicose, depressão, ansiedade, suicídio, dentre outras. A religião oferece conforto, significados e esperança para sujeitos nessas situações 1717 . Koenig HG. Research on Religion, Spirituality and Mental Health: A Review. Can J Psychiatry. 2009;54(5):283-91.. Os achados do estudo corroboram o apontado pelos participantes que acreditavam que a religião tenha como papel oferecer explicações ao ser humano sobre suas limitações. Percebe-se que nem todos concordavam com essa função da religião ou acreditavam que ela é totalmente responsável por isso. Existem participantes que acreditavam nessa ideia como um auxílio e não que a religião oferecesse todas as explicações necessárias sobre as limitações humanas.

No quesito relação entre religião e ciência, percebese que nos dois grupos, a principal divergência apontada diz respeito à oposição entre razão e crença, ou razão e fé. Oficialmente, o posicionamento da Igreja Católica, com relação à associação entre ciência e fé, é uma posição de complementaridade e de apoio ao se pensar no desenvolvimento do ser humano 1818 . Wojtyla K. Relações entre Fé e Razão. [Internet]. 1998. [acesso 12 jan 2012]; Disponível em: http:// www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/encyclicals/ documents/hf_jp-ii_enc_15101998_fides-et-ratio_ po.html.
http://www.vatican.va/holy_father/john_p...
.

A posição apontada pela maioria do grupo é de conflito, quando se trata de pessoas com pontos de vista extremados como, por exemplo, os literalistas bíblicos que acreditam que a teoria evolucionista está em conflito com a fé1919 . Sanches MA, Danilas S. Busca de harmonia entre religião e ciência no Brasil: reflexões a partir do ano de Darwin. Teocomunicação. 2012;42(1):98-118..

Ao comparar a religião do presente e do passado, dados do estudo apontam que a maioria dos participantes acreditava na diferença da religião do passado e do presente, o que pode ser explicado pela discussão que, desde o início das religiões cristãs até a atualidade, momentos de mudança e adaptação foram propostos, sendo que, na Igreja Católica, ocorreram, ao longo da história, diversos concílios, que são reuniões dos líderes da igreja para discussão de questões tanto doutrinais como também disciplinares. Na Igreja Católica foram realizados, ao todo, 21 concílios, tendo sido o último realizado entre 1962 e 1965. Nesses eventos, aspectos teológicos das novas propostas são também discutidos 2020 . Libanio JB. Concílio Vaticano II- Em busca de um primeira compreensão. São Paulo: Edições Loyola; 2005. 223 p.. Nos relatos dos participantes, há uma percepção predominante no sentido de que as mudanças propostas, mas não necessariamente as mudanças ocorridas, são atribuídas à ciência.

Com relação à escala, para os itens de maior atribuição, os dois primeiros referem-se ao respeito atribuído à relação com o meio, como parte da criação. Os três seguintes relacionam-se com ideias gerais sobre a vida, considerando sua importância, dinamismo e significado.

No que diz respeito aos itens de menor atribuição, o primeiro refere-se à ideia de vida após a morte sem continuidade, o que pode ser entendido de acordo com a concepção de morte utilizada pelos participantes para atribuir as notas para a frase. O segundo item diz respeito à relação negativa com Deus que, devido ao fato de estar entre as menos atribuídas, entende-se a rejeição de tal ideia pelos grupos católicos. O terceiro trata da possibilidade de se sentir completo sem a prática espiritual. Já o quarto, traz a ideia de Deus punitivo, o que condiz com o entendimento das religiões cristãs acerca da criação, queda e redenção humanas. O quinto revela a dificuldade de lidar com perdas, ou seja, de elaboração do processo de luto, entendendose que, para os grupos católicos, essa dificuldade é superável, havendo aceitação das mudanças advindas com as perdas.

No siteoficial do Vaticano, são apresentados os objetivos centrais postulados: a missão da igreja é levar o Evangelho a todos, como instrumento da união íntima com Deus e com todo o gênero humano. O projeto de Deus desenvolve-se em torno do fato de se considerar Deus como absoluto para que as relações entre os homens possam ser fraternas, tendo Jesus Cristo, vindo até o ser humano, para realizar o projeto de Deus, seu Pai 2121 . Vaticano. Constituição Dogmática Lumen Gentium. [Internet]. Itália; 1964. [acesso 24 abr 2014]. Disponível em: http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_ lumen-gentium_po.html.
http://www.vatican.va/archive/hist_counc...
.

É possível perceber que houve evolução na concepção do catolicismo acerca da morte, de ideias de condenação ao inferno e a morte servindo a esse propósito como o castigo do pecado, passando a ser entendida sem os elementos de ameaça, dando lugar a uma visão de que, após a morte, Deus propõe a ressurreição desde que o ser humano concorde em buscar a evolução, de acordo com os critérios propostos pelo próprio Deus. 1010 . Blank R. Catolicismo: Ritos de Passagem e Visão de Pós-Morte. In: Incontri D, Santana F, organizadores. A Arte de Morrer - Visões Plurais. Bragança Paulista: Editora Comenius; 2007.

Observa-se que, para os grupos deste estudo, há o reconhecimento da condição d queda do ser humano, com o reconhecimento de que esse é responsável pelos próprios atos e situações de vida. A descrição de Deus reflete os aspectos tanto da criação quanto da redenção, com a afirmação de que há a vontade salvífica do Pai. Nesse mesmo sentido, há a expressão do respeito pela criação divina, pelos itens de maior atribuição da escala. Isso demonstra a percepção de união íntima com Deus, assim como os itens que se referem à relação positiva com Deus.

Pode-se identificar, dessa forma, que existem diversos aspectos expressos pelos participantes dos grupos católicos que se relacionam diretamente com o proposto pelo órgão de representação oficial da Igreja Católica.

Conclusão

O estudo evidencia a necessidade de se conhecer e abordar o fenômeno religioso como parte integrante do ser humano, bem como um potencial recurso de manejo da dor do existir, expresso pela dor diante das questões associadas à morte, à finitude e à desesperança.

Na análise entre a entrevista e a escala do IACOR, foi possível perceber as associações existentes entre a opinião dos participantes e os constructos religiosos da denominação da qual fazem parte, o que demonstra que os mesmos foram capazes de expressar claramente a relação que estabelecem entre a dor do existir e as religiões das quais fazem parte, independente de participarem como líderes ou como afiliados das religiões.

Dada a complexidade do fenômeno, tanto no que tange à dor do existir quanto à religião, estudos futuros são necessários para que se possa progressivamente aumentar o diálogo entre a religião e a ciência, visando ampliar as possibilidades de recursos e de abordagens, capacitando os profissionais responsáveis pelo manejo de dor para o reconhecimento e o respeito necessários na condução do desenvolvimento de práticas clínicas e de pesquisas.

References

  • 1
    Saunders C. Hospice and palliative care. An interdisciplinary approach. London: Edward Arnold; 1991.
  • 2
    Lucchetti G, Granero AL, Bassi RM, Latorraca R, Nacif SAP. Espiritualidade na prática clínica: o que o clínico deve saber? Rev Bras Clin Med. 2010;8(2):154-8.
  • 3
    Nogueira M, Teixeira MJ. Central pain due to stroke: cognitive representation and coping according to gender. Arq Neuropsiquiatr. 2012;70(2):125-8.
  • 4
    Corrêa DAM. Religião e saúde: Um estudo sobre as representações do fiel carismático sobre os processos de recuperação de enfermidades nos grupos de oração da RCC em Maringá, PR. Ciênc Cuidado Saúde. 2006;5:134-41.
  • 5
    Jonhstone B, Franklin KL, Yoon DP, Burris J, Shigaki C. Relationships Among Religiousness, Spirituality, and Health for Individuals with Stroke. J Clin Psychol Med Settings. 2008;15:308-13.
  • 6
    Carqueja E. A prática religiosa e a percepção do sofrimento: um estudo em doentes com cancro e em doentes com dor crônica. Cad Saúde. 2009;2(1):7-40.
  • 7
    Lago-Rizzardi CD, Teixeira MJ, Siqueira SRDT. Espiritualidade e religiosidade no enfrentamento da dor. O Mundo da Saúde. 2010;34(4):483-7.
  • 8
    Kovács MJ. Espiritualidade e psicologia - cuidados compartilhados. O Mundo da Saúde. 2007;31(2):246-55.
  • 9
    Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE). [Internet]. [acesso 12 jan 2012]; Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/ censo2010/populacao/religiao_Censo2010.pdf
    » http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/populacao/religiao_Censo2010.pdf
  • 10
    Blank R. Catolicismo: Ritos de Passagem e Visão de Pós-Morte. In: Incontri D, Santana F, organizadores. A Arte de Morrer - Visões Plurais. Bragança Paulista: Editora Comenius; 2007.
  • 11
    Faleiros Sousa FAE, Pereira LV, Cardoso R, Hortense P. Multidimensional Pain Avaliation Scale. Rev. LatinoAm. Enfermagem. 2010;18(1):3-10.
  • 12
    Couto ES. Devoções, festas e ritos: algumas considerações. Rev Bras História Religiões. 2008;1(1):110.
  • 13
    Pinheiro RA. Dor e Religião. Rev Dor. 2007;8(4):1113-5.
  • 14
    Belini LA. Temas de Escatologia. Paraná: Humanitas Vivens; 2009. 136 p.
  • 15
    Boff L. Tempo de transcendência: o ser humano como um projeto infinito. Petrópolis: Vozes; 2009. 85 p.
  • 16
    Diniz AC, Aquino TAA. A relação da religiosidade com as visões de morte. Religare. 2009;(6):101-3.
  • 17
    Koenig HG. Research on Religion, Spirituality and Mental Health: A Review. Can J Psychiatry. 2009;54(5):283-91.
  • 18
    Wojtyla K. Relações entre Fé e Razão. [Internet]. 1998. [acesso 12 jan 2012]; Disponível em: http:// www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/encyclicals/ documents/hf_jp-ii_enc_15101998_fides-et-ratio_ po.html.
    » http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_15101998_fides-et-ratio_ po.html
  • 19
    Sanches MA, Danilas S. Busca de harmonia entre religião e ciência no Brasil: reflexões a partir do ano de Darwin. Teocomunicação. 2012;42(1):98-118.
  • 20
    Libanio JB. Concílio Vaticano II- Em busca de um primeira compreensão. São Paulo: Edições Loyola; 2005. 223 p.
  • 21
    Vaticano. Constituição Dogmática Lumen Gentium. [Internet]. Itália; 1964. [acesso 24 abr 2014]. Disponível em: http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_ lumen-gentium_po.html.
    » http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_ lumen-gentium_po.html
  • 1
    Artigo extraído da tese de doutorado "O manejo da dor do existir por meio da religião: uma das possibilidades de encontro consigo mesmo", apresentada à Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    July-Aug 2015

Histórico

  • Recebido
    29 Maio 2014
  • Aceito
    08 Mar 2015
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto / Universidade de São Paulo Av. Bandeirantes, 3900, 14040-902 Ribeirão Preto SP Brazil, Tel.: +55 (16) 3315-3451 / 3315-4407 - Ribeirão Preto - SP - Brazil
E-mail: rlae@eerp.usp.br