Resumo
Objetivo:
avaliar o uso do aplicativo Renal Health por transplantados renais.
Método:
estudo observacional retrospectivo com amostra composta por usuários que realizaram cadastro na seção para transplantados renais do aplicativo de julho de 2018 a abril de 2021. Foram coletadas as seguintes variáveis: dados demográficos, inserção de dados, tempo de uso, registros de peso, pressão arterial, glicemia, creatinina, horários das medicações, consultas e exames. Realizou-se análise descritiva dos dados.
Resultados:
houve 1.823 downloads do aplicativo e 12,3% cadastraram-se na seção para transplantados renais, a maioria do Sudeste do Brasil (44,9%), com 36±11 anos e do sexo feminino (59,1%). Da amostra, 35,1% inseriram informações como creatinina (62%), peso (58,2%) e pressão arterial (51,8%). A maioria utilizou o aplicativo por um dia (63,3%) e 13,9% por mais de cem dias. Os que utilizaram por mais de um dia (36,7%), inseriram peso (69%), agendaram consultas (69%), medicações (65,5%) e creatinina (62%).
Conclusão:
a seção para transplantados renais do aplicativo Renal Health despertou interesse na população jovem, mas apresentou baixa adesão ao longo dos meses avaliados. Esses resultados oferecem perspectiva relevante na implementação de tecnologias mHealth no transplante renal.
Descritores:
Enfermagem em Nefrologia; Estratégias de Saúde; Adesão à Medicação; Transplante de Rim; Autocuidado; Ciência da Implementação
Abstract
Objective:
to evaluate the use of a renal health application by kidney transplant recipients.
Method:
a retrospective, observational study with a sample composed of individuals registered in the kidney transplant section of the application from July of 2018 to April of 2021. Demographic data, data entry, time of use, weight, blood pressure, blood glucose, creatinine, medication schedules, appointments, and tests were the variables collected. Descriptive analysis of the data was performed.
Results:
eight hundred and twenty-three downloads of the application were identified, and 12.3% of those were registered as kidney transplant recipients, the majority from southeastern Brazil (44.9%), 36±11 years old, and female (59.1%). Of the sample, 35.1% entered information such as creatinine (62%), weight (58.2%), and blood pressure (51.8%). Most used the application for one day (63.3%) and 13.9% for more than one hundred days. Those who used it for more than one day (36.7%) recorded weight (69%), medication intake (65.5%) and creatinine (62%), and scheduled appointments (69%).
Conclusion:
the kidney transplant recipient section of the Renal Health application generated interest in the young population, but showed low adherence throughout the assessed months. These results offer a relevant perspective on the implementation of mHealth technologies in kidney transplantation.
Descriptors:
Nephrology Nursing; Health Strategies; Medication Adherence; Kidney Transplantation; Self-Care; Implementation Science
Resumen
Objetivo:
evaluar el uso de la aplicación Renal Health por parte de los receptores de trasplante renal.
Método:
estudio observacional retrospectivo con una muestra compuesta por usuarios que se registraron en la sección de trasplantados renales dentro de la aplicación desde julio de 2018 hasta abril de 2021. Se recolectaron las siguientes variables: datos demográficos, ingreso de datos, tiempo de uso, registros de peso, presión arterial, glucosa en sangre, creatinina, esquemas de medicación, consultas y exámenes. Se realizó un análisis descriptivo de los datos.
Resultados:
Ocurrieron 1.823 descargas de la aplicación y 12,3% se registró en la sección de trasplantados, la mayoría del sudeste de Brasil (44,9%), con edad de 36±11 años y del sexo femenino (59,1%). De la muestra, 35,1% ingresó información como: creatinina (62%), peso (58,2%) y presión arterial (51,8%). La mayoría utilizó la aplicación durante un día (63,3%) y el 13,9% más de cien días. Quienes lo usaron por más de un día (36,7%), agregaron peso (69%), programación de consultas (69%), medicación (65,5%) y creatinina (62%).
Conclusión:
la sección para trasplantados renales de la aplicación Renal Health despertó interés en la población joven, pero mostró baja adherencia en los meses evaluados. Estos resultados ofrecen una perspectiva relevante en la implementación de tecnologías mHealth en el trasplante renal.
Descriptores:
Enfermería Nefrológica; Estrategias de Salud; Adherencia a la medicación; Trasplante de riñón; Autocuidado; Ciencia de la implementación.
(1) Os transplantados renais interessados no aplicativo Renal Health eram jovens.
(2) Os dados mais inseridos foram peso, agendamento de consultas e tomada das medicações.
(3) O uso do aplicativo sem o incentivo profissional apresentou baixa aderência.
(4) Melhor divulgação e apoio profissional podem promover maior engajamento
Introdução
A eHealth, que abrange serviços da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) de suporte à saúde11. World Health Organization. mHealth: New horizons for health through mobile technologies. Global Observatory for eHealth series (Internet). Geneva: WHO; 2011 (cited 2021 Jun 12). Available from: https://apps.who.int/iris/handle/10665/44607
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, ganha espaço à medida que cresce o acesso à internet22. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Acesso à internet e à televisão e posse de telefone móvel celular para uso pessoal 2019 (Internet). Rio de Janeiro; IBGE; 2021. Available from: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2101794
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. As ferramentas de mHealth, componente da eHealth voltado ao fornecimento de serviços e informações de saúde por meio de tecnologias móveis e sem fio11. World Health Organization. mHealth: New horizons for health through mobile technologies. Global Observatory for eHealth series (Internet). Geneva: WHO; 2011 (cited 2021 Jun 12). Available from: https://apps.who.int/iris/handle/10665/44607
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, têm se destacado na última década. No Brasil, em 2019, 99,5% dos domicílios com acesso à internet utilizavam o smartphone para este fim22. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Acesso à internet e à televisão e posse de telefone móvel celular para uso pessoal 2019 (Internet). Rio de Janeiro; IBGE; 2021. Available from: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2101794
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.
O cenário de uma pandemia, com restrições de circulação, e a assistência à saúde em regiões isoladas podem potencializar o alcance da mHealth em virtude do acesso fácil, oportuno e personalizado às informações necessárias para a autogestão33. Donald M, Beanlands H, Straus SE, Smekal M, Gil S, Elliott MJ, et al. A web-based self-management support prototype for adults with chronic kidney disease (my kidneys my health): co-design and usability testing. JMIR Form Res. 2021;5(2):1-14. https://formative.jmir.org/2021/2/e22220
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. Os resultados dos estudos sobre a implementação dessas estratégias digitais em diferentes contextos clínicos destacam a sua aplicabilidade44. Geramita EM, Dabbs AJDV, DiMartini AF, Pilewski JM, Switzer GE, Posluszny DM, et al. Impact of a mobile health intervention on long-term nonadherence after lung transplantation: follow-up after a randomized controlled trial. Transplantation. 2020;104(3):640-51. Doi: 10.1097/TP.0000000000002872
https://doi.org/10.1097/TP.0000000000002...
5. Leppla L, Mielke J, Kunze M, Mauthner O, Teynor A, Valenta S, et al. Clinicians and patients perspectives on follow-up care and eHealth support after allogeneic hematopoietic stem cell transplantation: a mixed-methods contextual analysis as part of the SMILe study. Eur J Oncol Nurs. 2020;45:101723. Doi: 10.1016/j.ejon.2020.101723
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-66. Sülz S, van Elten HJ, Askari M, Weggelaar-Jansen AM, Huijsman R. eHealth applications to support independent living of older persons: scoping review of costs and benefits identified in economic evaluations. J Med Internet Res. 2021;23(3):e24363. Doi: 10.2196/24363
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, a importância do desenvolvimento centrado no usuário55. Leppla L, Mielke J, Kunze M, Mauthner O, Teynor A, Valenta S, et al. Clinicians and patients perspectives on follow-up care and eHealth support after allogeneic hematopoietic stem cell transplantation: a mixed-methods contextual analysis as part of the SMILe study. Eur J Oncol Nurs. 2020;45:101723. Doi: 10.1016/j.ejon.2020.101723
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,77. Ribaut J, Leppla L, Teynor A, Valenta S, Dobbels F, Zullig LL, et al. Theory-driven development of a medication adherence intervention delivered by eHealth and transplant team in allogeneic stem cell transplantation: the SMILe implementation science project. BMC Health Serv Res. 2020;20(1):827. Doi: 10.1186/s12913-020-05636-1
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, o potencial para auxiliar no gerenciamento do tratamento e a necessidade de evidências mais robustas sobre as repercussões do uso de tais estratégias nos desfechos88. Tang J, James L, Howell M, Tong A, Wong G. eHealth interventions for solid organ transplant recipients: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Transplantation. 2020;104(8):e224-e235. Doi: 10.1097/TP.0000000000003294
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.
O transplante renal (TR) é o tratamento de escolha no estágio mais avançado da doença renal crônica (DRC)99. Eslami S, Khoshrounejad F, Golmakani R, Taherzadeh Z, Tohidinezhad F, Mostafavi SM, et al. Effectiveness of IT-based interventions on self-management in adult kidney transplant recipients: a systematic review. BMC Med Inform Decis Mak. 2021;21(1):2. Doi: 10.1186/s12911-020-01360-2
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. Contudo, para melhores resultados, os pacientes precisam de acompanhamento periódico com equipe especializada, bem como desenvolver ações de autocuidado, como gerenciar o uso de múltiplos medicamentos, realizar exames, comparecer às consultas e automonitorar sintomas de infecção e rejeição1010. Abasi S, Yazdani A, Kiani S, Mahmoudzadeh-Sagheb Z. Effectiveness of mobile health-based self-management application for posttransplant cares: A systematic review. Health Sci Rep. 2021;4(4):e434. Doi: 10.1002/hsr2.434
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.
A capacidade de compreender as orientações e a comunicação com a equipe de saúde, habilidades definidas como Letramento em Saúde (LS), são fundamentais para a autogestão do plano de cuidados pós-TR1111. Dahl KG, Wahl AK, Urstad KH, Falk RS, Andersen MH. Changes in health literacy during the first year following a kidney transplantation: using the health literacy questionnaire. Patient Educ Couns. 2021;104(7):1814-22. Doi: 10.1016/j.pec.2020.12.028
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. Entretanto, o baixo LS é frequente entre candidatos ao transplante e transplantados1212. Lennerling A, Petersson I, Andersson UM, Forsberg A. Health literacy among patients with end-stage kidney disease and kidney transplant recipients. Scand J Caring Sci. 2021;35(2):485-91. Doi: 10.1111/scs.12860
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. A não adesão ao tratamento, especialmente ao medicamentoso, também é considerada elevada no TR1313. Sanders-Pinheiro H, Colugnati FAB, Denhaerynck K, Marsicano EO, Medina JOP, De Geest S. Multilevel correlates of immunosuppressive nonadherence in kidney transplant patients: the multicenter Adhere Brazil study. Transplantation. 2021;105(1):255-66. Doi: 10.1097/TP.0000000000003214
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-1414. Gokoel SRM, Gombert-Handoko KB, Zwart TC, van-der-Boog PJM, Moes DJAR, Fijter JW. Medication non-adherence after kidney transplantation: a critical appraisal and systematic review. Transplant Rev (Orlando). 2020;34(1):100511. Doi: 10.1016/j.trre.2019.100511
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, e suas causas têm caráter complexo, multifatorial e, portanto, representam um desafio para toda a equipe de saúde1515. Taj SM, Baghaffar H, Alnajjar DK, Almashabi NK, Ismail S. Prevalence of non-adherence to immunosuppressive medications in kidney transplant recipients: barriers and predictors. Ann Transplant. 2021;26:e928356. Doi: 10.12659/AOT.928356
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.
Como estratégia para ampliar o LS, auxiliar no automonitoramento e reduzir a não adesão no TR, algumas ferramentas eHealth têm sido desenvolvidas e testadas88. Tang J, James L, Howell M, Tong A, Wong G. eHealth interventions for solid organ transplant recipients: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Transplantation. 2020;104(8):e224-e235. Doi: 10.1097/TP.0000000000003294
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,1616. Han A, Min S, Ahn S, Min SK, Hye-jing H, Han N, et al. Mobile medication manager application to improve adherence with immunosuppressive therapy in renal transplant recipients: a randomized controlled trial. PLoS One. 2019;14(11):1-18. Doi: 10.1371/journal.pone.0224595
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17. Lee H, Shin BC, Seo JM. Effectiveness of eHealth interventions for improving medication adherence of organ transplant patients: a systematic review and meta-analysis. PLoS One. 2020;15(11):e0241857. Doi: 10.1371/journal.pone.0241857
https://doi.org/10.1371/journal.pone.024...
18. McGillicuddy JW, Chandler JL, Sox LR, Taber DJ. Exploratory analysis of the impact of an mHealth medication adherence intervention on tacrolimus trough concentration variability: post hoc results of a randomized controlled trial. Ann Pharmacother. 2020;54(12):1185-93. Doi: 10.1177/1060028020931806
https://doi.org/10.1177/1060028020931806...
-1919. Serper M, Ladner DP, Curtis LM, Nair SS, Hur SI, Kwasny MJ, et al. Transplant regimen adherence for kidney recipients by engaging information technologies (TAKE IT): rationale and methods for a randomized controlled trial of a strategy to promote medication adherence among transplant recipients. Contemp Clin Trials. 2021;103:106294. Doi: 10.1016/j.cct.2021.106294
https://doi.org/10.1016/j.cct.2021.10629...
. Embora os resultados sobre a eficácia dessas ferramentas em transplantes não sejam unânimes, os pesquisadores as destacam como promissoras99. Eslami S, Khoshrounejad F, Golmakani R, Taherzadeh Z, Tohidinezhad F, Mostafavi SM, et al. Effectiveness of IT-based interventions on self-management in adult kidney transplant recipients: a systematic review. BMC Med Inform Decis Mak. 2021;21(1):2. Doi: 10.1186/s12911-020-01360-2
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-1010. Abasi S, Yazdani A, Kiani S, Mahmoudzadeh-Sagheb Z. Effectiveness of mobile health-based self-management application for posttransplant cares: A systematic review. Health Sci Rep. 2021;4(4):e434. Doi: 10.1002/hsr2.434
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,1717. Lee H, Shin BC, Seo JM. Effectiveness of eHealth interventions for improving medication adherence of organ transplant patients: a systematic review and meta-analysis. PLoS One. 2020;15(11):e0241857. Doi: 10.1371/journal.pone.0241857
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,2020. Kuypers DRJ. From nonadherence to adherence. Transplantation. 2020;104(7):1330-40. Doi: 10.1097/TP.0000000000003112
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.
O aplicativo Renal Health é uma iniciativa mHealth pioneira no Brasil, com seções específicas para a população geral (sem diagnóstico de DRC), pacientes em hemodiálise e transplantados renais. Nele, são disponibilizadas informações sobre a prevenção e o tratamento da DRC, além de funcionalidades de automonitoramento.
O objetivo deste estudo foi avaliar o uso do aplicativo Renal Health por transplantados renais.
Método
Tipo do estudo
Trata-se de um estudo observacional retrospectivo, que analisou a experiência de uso do aplicativo Renal Health, do download às características de utilização, por transplantados renais.
Local da coleta de dados
O estudo foi realizado a partir do banco de dados do aplicativo Renal Health para smartphones. A primeira versão do aplicativo foi lançada em 2018, em português, desenvolvida por um grupo de pesquisadores da área da saúde e do Núcleo de Aplicação em Tecnologia da Informação (NATI) da Universidade de Fortaleza. A segunda versão, lançada em 2019, está disponível gratuitamente nas lojas virtuais das plataformas Android (https://play.google.com/store/apps/details?id=br.unifor.renalhealth&hl=pt-BR) e iOS (https://apps.apple.com/br/app/renal-health/id1485397798), nos idiomas português, espanhol e inglês.
A abordagem de desenvolvimento do aplicativo foi o Design de Interação Centrado no Usuário2121. Preece J, Rogers Y, Sharp H. Design de Interação: além da interação homem-computador. 3. ed. Porto Alegre: Bookman; 2013.. Foram realizadas avaliação da usabilidade com pacientes e validação do conteúdo por especialistas em Nefrologia, com excelentes resultados2222. Oliveira JGR, Askari M, Silva Jr. GB, Freitas Fo. RA, Vasconcelos Fo. JE. Renal Health: an innovative application to increase adherence to treatment through self-monitoring for patients with CKD and provide information for the general population. Kidney Int Reports. 2019;4(4):609-13. Doi: 10.1016/j.ekir.2019.01.008
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.
Na seção para transplantados renais, além de informações sobre diversos aspectos do tratamento, como indicações e principais efeitos colaterais dos imunossupressores, sinais e sintomas de infecção e rejeição, informações gerais e nutricionais, os usuários podem inserir manualmente dados como peso, pressão arterial, glicemia e dosagem de creatinina, cuja evolução pode ser acompanhada através de um gráfico. Os horários da tomada dos medicamentos, agendamento de consultas e exames podem ser programados, inclusive com a opção de alarme (Figura 1).
Período
Foram analisados os usuários que fizeram download do aplicativo no período de julho de 2018 a abril de 2021. A coleta de dados foi realizada em maio de 2021.
População
A população do estudo foi composta pelas 1.823 pessoas que fizeram download do aplicativo Renal Health no período analisado.
Definição da amostra
A amostra compreendeu os 225 usuários que se cadastraram na seção do transplante renal no período do estudo.
Variáveis do estudo
Foram coletados os seguintes dados demográficos: idade, sexo e região brasileira de residência. Para informações sobre a facilidade e usabilidade do aplicativo, foram avaliados: número de downloads, inserção de dados pessoais e tempo de uso (quantidade de acessos e período de uso). Quanto ao automonitoramento, avaliou-se a inserção dos seguintes dados: peso, pressão arterial, glicemia, creatinina sérica, horários de tomada das medicações, acionamento de alarme, agendamento de consultas e exames.
Coleta de dados
Os dados foram extraídos do banco de dados PostgreSQL, que abriga o conteúdo do aplicativo Renal Health, disponível no servidor da Universidade de Fortaleza para os pesquisadores.
Tratamento e análise dos dados
A extração, compilação e a análise descritiva dos dados de interesse foram realizadas com auxílio da ferramenta Microsoft Power BI (Business Intelligence), versão Desktop (Redmond, Washington, EUA). As variáveis contínuas foram demonstradas como média e desvio-padrão e as variáveis categóricas como percentuais.
Aspectos éticos
A utilização dos dados do aplicativo Renal Health para pesquisa foi consentida pelos usuários, mediante concordância do termo de consentimento livre e esclarecido enviado após o download, e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Fortaleza (nº 4.134.607).
O tratamento e a análise dos dados inseridos no aplicativo atenderam às recomendações da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais-LGPD.
Resultados
Os usuários cadastrados na seção para transplantados renais do aplicativo Renal Health eram predominantemente das regiões Sudeste (44,9%) e Nordeste (28,9%) do Brasil. A média de idade foi de 36±11 anos e prevaleceu o sexo feminino (59,1%).
Do total de cadastrados, 146 (64,9%) não inseriram informações no aplicativo (Figura 2).
Características do uso da seção para transplantados renais do aplicativo Renal Health, no período de julho/2018 a abril/2021
Entre os que inseriram dados (35,1%), os principais foram creatinina (62%), peso (58,2%), pressão arterial (51,8%), agendamento da medicação (50,6%), consultas (31,6%), glicemia (27,8%) e exames (26,5%).
Quanto ao número de inserções de dados, dos usuários que inseriram o resultado da dosagem de creatinina (62%), 30 o fizeram apenas uma vez (61,2%), 9 duas vezes (18,4%) e 10 três vezes ou mais (20,4%). Dos usuários que inseriram dados de peso (58,2%), 36 o fizeram apenas uma vez (78,3%), 4 duas vezes (8,7%) e 6 três vezes ou mais (13%). No que se refere aos usuários que inseriram dados de pressão arterial (51,8%), 28 inseriram apenas uma vez (68,3%), 5 duas vezes (12,2%) e 8 três vezes ou mais (19,5%). Inseriram resultado da glicemia 27,8% dos usuários, dos quais 17 o fizeram apenas uma vez (77,3%) e 5 três vezes ou mais (22,7%) (Figura 3).
Número de usuários e inserções de dados de automonitoramento na seção para transplantados renais do aplicativo Renal Health, no período de julho/2018 a abril/2021
No que diz respeito à programação na agenda, 40 usuários realizaram o agendamento da tomada da medicação (50,6%), dos quais 35 inseriram imunossupressores (87,5%) e 21 ativaram o alarme (52,5%). As consultas foram agendadas por 25 usuários (31,6%), 19 delas com a opção de alarme (76%), e os exames por 21 (26,5%), dos quais 10 ativaram o alarme (47,6%).
Quanto ao tempo de uso, a maioria utilizou o aplicativo apenas por 1 dia (63,3%) e 18,9% mantiveram o uso por mais de um mês (Tabela 1).
Período de uso da seção para transplantados renais do aplicativo Renal Health por pessoas que inseriram informações (n= 79), de julho/2018 a abril/2021. Fortaleza, CE, Brasil, 2021
Quando analisadas as inserções de dados dos usuários que utilizaram o aplicativo por 1 dia (63,3%), observou-se que as seções mais exploradas foram: dosagem de creatinina (62%), registro do peso (52%), pressão arterial (50%) e programação da tomada dos medicamentos (42%).
Os usuários por período superior a 1 dia (36,7%) inseriram, preferencialmente, dados de registro do peso (69%), agendamento de consultas (69%), agendamento da tomada de medicações (65,5%) e registro da dosagem de creatinina (62%) (Tabela 2).
Discussão
Ao nosso conhecimento, este é o primeiro estudo brasileiro sobre o uso de um aplicativo auxiliar ao tratamento pós-TR. Analisamos o interesse, com base no número de downloads e cadastro, e o uso, a partir da frequência e das preferências, da seção para transplantados renais do aplicativo Renal Health. Apesar do processo inclusivo na criação2222. Oliveira JGR, Askari M, Silva Jr. GB, Freitas Fo. RA, Vasconcelos Fo. JE. Renal Health: an innovative application to increase adherence to treatment through self-monitoring for patients with CKD and provide information for the general population. Kidney Int Reports. 2019;4(4):609-13. Doi: 10.1016/j.ekir.2019.01.008
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, ou seja, do aplicativo ter sido desenvolvido com a participação dos usuários e da excelente aceitabilidade2323. Oliveira JGR, Askari M, Dias DC, Sanders-Pinheiro H, Daher EDF, Vasconcelos Filho JE, et al. P1862 Use of novel e-Health technologies and its acceptability by kidney transplanted patients: first experience in Northeast Brazil. Nephrol Dial Transplant. 2020;35(Supp3). Doi: 10.1093/ndt/gfaa142.P1862
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, houve baixa frequência de uso após o lançamento nas lojas virtuais, o que pode estar associado à divulgação do aplicativo, à falta de incentivo ao uso por profissionais de saúde e à necessidade de inserção manual dos dados.
A maioria dos usuários era composta por mulheres jovens, residentes em regiões populosas do Brasil e com grande número de transplantes renais2424. Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. Registro Brasileiro de Transplantes. Dimensionamento dos transplantes no Brasil e em cada estado (2013-2020) (Internet). São Paulo: ABTO; 2020 (cited 2021 Feb 28). Available from: https://abto.org.br
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. A faixa etária predominante neste estudo foi inferior à da população transplantada brasileira1313. Sanders-Pinheiro H, Colugnati FAB, Denhaerynck K, Marsicano EO, Medina JOP, De Geest S. Multilevel correlates of immunosuppressive nonadherence in kidney transplant patients: the multicenter Adhere Brazil study. Transplantation. 2021;105(1):255-66. Doi: 10.1097/TP.0000000000003214
https://doi.org/10.1097/TP.0000000000003...
,2525. Sandes-Freitas TV, Mazzali M, Manfro RC, Andrade LGM, Vicari AR, Sousa MV, et al. Exploring the causes of the high incidence of delayed graft function after kidney transplantation in Brazil: a multicenter study. Transpl Int. 2021;34(6):1093-104. Doi: 10.1111/tri.13865
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, o que pode sinalizar uma tendência de absorção maior dessas tecnologias entre os adultos jovens em virtude da maior facilidade na utilização de smartphones e aplicativos2626. Duettmann W, Naik MG, Zukunft B, Osmonodja B, Bachmann F, Choi M, et al. eHealth in transplantation. Transpl Int. 2021;34(1):16-26. Doi: 10.1111/tri.13778
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. O percentual de acesso à internet neste grupo etário é elevado, representando 90,4%, na população brasileira22. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Acesso à internet e à televisão e posse de telefone móvel celular para uso pessoal 2019 (Internet). Rio de Janeiro; IBGE; 2021. Available from: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2101794
https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php...
.
Observou-se que 64,9% das pessoas que fizeram cadastro na seção para transplantados renais não inseriram dados no aplicativo, restringindo-se às informações em saúde e à descoberta da ferramenta. Em estudo sobre o uso de aplicativo na gestão do diabetes, esse percentual foi de 57,3%, evidenciando um comportamento de exploração superficial dos aplicativos ou até mesmo certo grau de insegurança sobre as formas de incorporar a mHealth na rotina do tratamento2727. Böhm AK, Jensen ML, Sørensen MR, Stargardt T. Real-world evidence of user engagement with mobile health for diabetes management: longitudinal observational study. JMIR mHealth uHealth. 2020;8(11):e22212. Doi: 10.2196/22212
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. Elevadas taxas de aceitação inicial e o baixo uso real das ferramentas ao longo do tempo também foram constatados entre os transplantados de pulmão44. Geramita EM, Dabbs AJDV, DiMartini AF, Pilewski JM, Switzer GE, Posluszny DM, et al. Impact of a mobile health intervention on long-term nonadherence after lung transplantation: follow-up after a randomized controlled trial. Transplantation. 2020;104(3):640-51. Doi: 10.1097/TP.0000000000002872
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.
No presente estudo, dos usuários que inseriram algum dado no aplicativo, apenas 13,9% permaneceram utilizando por mais de 100 dias. O envolvimento baixo ou decrescente dos usuários da eHealth, em geral, foi relatado anteriormente em diferentes grupos, como transplantados de pulmão55. Leppla L, Mielke J, Kunze M, Mauthner O, Teynor A, Valenta S, et al. Clinicians and patients perspectives on follow-up care and eHealth support after allogeneic hematopoietic stem cell transplantation: a mixed-methods contextual analysis as part of the SMILe study. Eur J Oncol Nurs. 2020;45:101723. Doi: 10.1016/j.ejon.2020.101723
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, rim1616. Han A, Min S, Ahn S, Min SK, Hye-jing H, Han N, et al. Mobile medication manager application to improve adherence with immunosuppressive therapy in renal transplant recipients: a randomized controlled trial. PLoS One. 2019;14(11):1-18. Doi: 10.1371/journal.pone.0224595
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e pessoas com diabetes2727. Böhm AK, Jensen ML, Sørensen MR, Stargardt T. Real-world evidence of user engagement with mobile health for diabetes management: longitudinal observational study. JMIR mHealth uHealth. 2020;8(11):e22212. Doi: 10.2196/22212
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. Manter o usuário engajado a essas tecnologias ao longo do tempo é um desafio e tem motivado o desenvolvimento de diversos estudos2828. Biduski D, Bellei EA, Rodriguez JPM, Zaina LAM, De Marchi ACB. Assessing long-term user experience on a mobile health application through an in-app embedded conversation-based questionnaire. Comput Human Behav. 2020;104. Doi: 10.1016/j.chb.2019.106169
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29. Al-Naher A, Downing J, Scott KA, Pirmohamed M. Factors affecting patient and physician engagement in remote health care for heart failure: systematic review. JMIR Cardio. 2022;6(1):e33366. Doi: 10.2196/33366
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30. Svendsen MJ, Wood KW, Kyle J, Cooper K, Rasmussen CDN, Sandal LF, et al. Barriers and facilitators to patient uptake and utilization of digital interventions for the self-management of low back pain: a systematic review of qualitative studies. BMJ Open. 2020;10(12):e038800. Doi: 10.1136/bmjopen-2020-038800
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-3131. Wei Y, Zheng P, Deng H, Wang X, Li X, Fu H. Design features for improving mobile health intervention user engagement: systematic review and thematic analysis. J Med Internet Res. 2020;22(12):e21687. Doi: 10.2196/21687
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.
Os dados de uso do sistema são um marcador importante de engajamento, pois sinalizam o que é envolvente em uma intervenção. Contudo, outras medidas são necessárias para avaliar os aspectos psicológicos que influenciam as percepções, o uso e a eficácia3232. Short CE, DeSmet A, Woods C, Williams SL, Maher C, Middelweerd A, et al. Measuring engagement in eHealth and mHealth behavior change interventions: Viewpoint of methodologies. J Med Internet Res. 2018;20(11):1-18. Doi: 10.2196/jmir.9397
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.
Entre as funcionalidades de automonitoramento, o registro do peso, o agendamento das consultas, a tomada das medicações e o registro da dosagem de creatinina foram os dados com maiores percentuais de inserção pelos usuários que utilizaram o aplicativo por período superior a 1 dia. Tal resultado indica a percepção dos transplantados acerca da importância desses aspectos no tratamento pós-TR. A adesão à terapia imunossupressora é um dos fatores mais importantes na sobrevida do enxerto em longo prazo3333. Shi YX, Liu CX, Liu F, Zhang HM, Yu MM, Jin YH, et al. Efficacy of adherence-enhancing interventions for immunosuppressive therapy in solid organ transplant recipients: a systematic review and meta-analysis based on randomized controlled trials. Front Pharmacol. 2020;11:578887. Doi: 10.3389/fphar.2020.578887
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. Sabe-se que os registros de pressão arterial e glicemia podem favorecer os subgrupos de hipertensos e diabéticos e que o envolvimento com módulos específicos da ferramenta é influenciado por características dos pacientes2727. Böhm AK, Jensen ML, Sørensen MR, Stargardt T. Real-world evidence of user engagement with mobile health for diabetes management: longitudinal observational study. JMIR mHealth uHealth. 2020;8(11):e22212. Doi: 10.2196/22212
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.
A inserção manual e contínua de dados é considerada outro aspecto decisivo no baixo engajamento dos usuários2727. Böhm AK, Jensen ML, Sørensen MR, Stargardt T. Real-world evidence of user engagement with mobile health for diabetes management: longitudinal observational study. JMIR mHealth uHealth. 2020;8(11):e22212. Doi: 10.2196/22212
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, que pode ter influenciado a permanência do uso neste estudo, sendo necessário automatizar algumas funcionalidades para superar essa barreira. Embora não tenhamos dados mais específicos do nosso estudo, alguns fatores já foram descritos como decisivos no engajamento com as ferramentas mHealth, como a personalização, comunicação, navegação, credibilidade, apresentação e aparência das ferramentas3131. Wei Y, Zheng P, Deng H, Wang X, Li X, Fu H. Design features for improving mobile health intervention user engagement: systematic review and thematic analysis. J Med Internet Res. 2020;22(12):e21687. Doi: 10.2196/21687
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. Outros elementos que também se destacam são o automonitoramento, feedback personalizado e gameficação3434. Fleming JN, Pollock MD, Taber DJ, McGillicuddy JW, Diamantidis CJ, Docherty SL, et al. Review and evaluation of mHealth apps in solid organ transplantation: past, present, and future. Transplant Direct. 2022;8(3):e1298. Doi: 10.1097/TXD.0000000000001298
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e o incentivo do uso por profissionais envolvidos no cuidado2626. Duettmann W, Naik MG, Zukunft B, Osmonodja B, Bachmann F, Choi M, et al. eHealth in transplantation. Transpl Int. 2021;34(1):16-26. Doi: 10.1111/tri.13778
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,3030. Svendsen MJ, Wood KW, Kyle J, Cooper K, Rasmussen CDN, Sandal LF, et al. Barriers and facilitators to patient uptake and utilization of digital interventions for the self-management of low back pain: a systematic review of qualitative studies. BMJ Open. 2020;10(12):e038800. Doi: 10.1136/bmjopen-2020-038800
https://doi.org/10.1136/bmjopen-2020-038...
.
Os recém-transplantados podem apresentar maior aceitação à mHealth pela contribuição na incorporação dos cuidados na rotina1616. Han A, Min S, Ahn S, Min SK, Hye-jing H, Han N, et al. Mobile medication manager application to improve adherence with immunosuppressive therapy in renal transplant recipients: a randomized controlled trial. PLoS One. 2019;14(11):1-18. Doi: 10.1371/journal.pone.0224595
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. Dessa forma, é provável que ela seja utilizada apenas para o aprendizado inicial e que haja declínio no uso com o passar do tempo. Nesse sentido, estudos futuros são necessários para entender melhor as razões do baixo uso e abandono de ferramentas mHealth, como no caso do Renal Health.
Pesquisas anteriores evidenciaram que o acompanhamento e o incentivo profissional ao uso da mHealth podem fomentar resultados melhores no envolvimento dos pacientes2626. Duettmann W, Naik MG, Zukunft B, Osmonodja B, Bachmann F, Choi M, et al. eHealth in transplantation. Transpl Int. 2021;34(1):16-26. Doi: 10.1111/tri.13778
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, sendo necessário planejar a integração dessas tecnologias no fluxo de trabalho dos programas de transplante44. Geramita EM, Dabbs AJDV, DiMartini AF, Pilewski JM, Switzer GE, Posluszny DM, et al. Impact of a mobile health intervention on long-term nonadherence after lung transplantation: follow-up after a randomized controlled trial. Transplantation. 2020;104(3):640-51. Doi: 10.1097/TP.0000000000002872
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. Entretanto, mesmo em intervenções com ferramentas eHealth guiadas por profissionais de saúde e pesquisadores, como nos ensaios clínicos randomizados com longo período de acompanhamento, observa-se que os hábitos incentivados não se sustentam após a conclusão dos estudos devido à interrupção do reforço periódico44. Geramita EM, Dabbs AJDV, DiMartini AF, Pilewski JM, Switzer GE, Posluszny DM, et al. Impact of a mobile health intervention on long-term nonadherence after lung transplantation: follow-up after a randomized controlled trial. Transplantation. 2020;104(3):640-51. Doi: 10.1097/TP.0000000000002872
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.
Três desafios principais merecem destaque na criação e implementação da mHealth: “manter a adaptabilidade e reduzir a complexidade; manter crenças positivas sobre a intervenção entre aqueles que a realizam, com a definição de metas, e fornecer feedback de maneira oportuna e compreensível para as principais partes interessadas”3535. Meyer AJ, Armstrong-Hough M, Babirye D, Mark D, Turimumahoro P, Ayakaka I, et al. Implementing mHealth interventions in a resource-constrained setting: case study from Uganda. JMIR mHealth uHealth. 2020;8(7):e19552. Doi: 10.2196/19552
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. Embora o uso prolongado pelo público-alvo seja uma métrica relevante para qualificar o desempenho da mHealth, o padrão-ouro na avaliação do engajamento e da adesão a essas ferramentas ainda não está bem estabelecido2727. Böhm AK, Jensen ML, Sørensen MR, Stargardt T. Real-world evidence of user engagement with mobile health for diabetes management: longitudinal observational study. JMIR mHealth uHealth. 2020;8(11):e22212. Doi: 10.2196/22212
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. O acompanhamento permanente dos resultados da mHealth é necessário, pois contribui para o aperfeiçoamento e fornece subsídios para mudanças nas estratégias de implementação3232. Short CE, DeSmet A, Woods C, Williams SL, Maher C, Middelweerd A, et al. Measuring engagement in eHealth and mHealth behavior change interventions: Viewpoint of methodologies. J Med Internet Res. 2018;20(11):1-18. Doi: 10.2196/jmir.9397
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.
A mHealth não substitui a relação equipe de saúde - paciente, tampouco a assistência no modelo tradicional, mas surge como uma ferramenta capaz de melhorar a eficácia do tratamento, tendo em vista a necessidade de contínua supervisão e o incentivo profissional para seu uso com vistas à obtenção de efeitos sustentados44. Geramita EM, Dabbs AJDV, DiMartini AF, Pilewski JM, Switzer GE, Posluszny DM, et al. Impact of a mobile health intervention on long-term nonadherence after lung transplantation: follow-up after a randomized controlled trial. Transplantation. 2020;104(3):640-51. Doi: 10.1097/TP.0000000000002872
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Apesar do caráter inovador deste estudo, algumas limitações precisam ser destacadas. Os dados sociodemográficos e clínicos coletados restringem a análise da amostra atingida pelo aplicativo. Além disso, embora durante o cadastro dos usuários seja solicitada a inclusão do serviço de saúde no qual são acompanhados, não é possível afirmar que os indivíduos cadastrados sejam exclusivamente transplantados renais. O servidor que abriga os dados não fornece informações sobre o acesso dos usuários às seções educativas do aplicativo, o que limita a amplitude da investigação sobre o LS. Além disso, o número reduzido de usuários que inseriu dados e utilizou o aplicativo por período superior a 1 dia inviabilizou a associação entre as variáveis.
Estudos futuros devem ser realizados para identificar as razões da baixa adesão ao aplicativo e se o uso incentivado e incorporado ao programa de cuidado pós-TR do aplicativo Renal Health poderá ampliar o LS, incentivar o automonitoramento e reduzir a não adesão ao tratamento. Ademais, no intuito de tornar o aplicativo mais atrativo, outras ações estão previstas para as próximas atualizações, como a automatização de algumas funcionalidades, estratégias de gameficação e o desenvolvimento de canais de comunicação com a equipe de saúde.
Com o avanço da TIC e do uso das ferramentas digitais em diversas áreas do cotidiano das pessoas, faz-se necessário desenvolver estratégias que integrem os cuidados em saúde a esta nova rotina tecnológica. Os ganhos em qualidade da assistência e nos desfechos clínicos da incorporação dessas ferramentas estão sob investigação contínua. Os resultados apresentados até o momento são animadores, pois sinalizam as potencialidades e fragilidades na implementação em diferentes grupos. Quanto aos transplantados renais, foi evidenciado o interesse em ferramentas da TIC para o seguimento pós-TR, mas os resultados indicam a necessidade de discutir estratégias de engajamento.
Conclusão
A seção para transplantados renais do aplicativo Renal Health despertou interesse na população jovem. As principais funcionalidades utilizadas pelos usuários foram registro do peso, agendamento de consultas, tomada de medicações e registro da dosagem de creatinina. Entretanto, o aplicativo apresentou baixa adesão ao longo dos meses avaliados.
Embora preliminares, os resultados deste estudo oferecem uma perspectiva relevante a ser considerada na implementação de tecnologias eHealth no TR. Um maior investimento na divulgação do aplicativo como auxiliar no cuidado pós-TR, na sociedade e nos centros transplantadores, e o desenvolvimento de parcerias com os profissionais de saúde que acreditem no potencial dessa ferramenta podem oportunizar maior engajamento dos usuários, com potencial repercussão nos desfechos.
Agradecimentos
Agradecemos aos alunos do Núcleo de Aplicação em Tecnologia da Informação da Universidade de Fortaleza pelas contribuições na construção e implementação deste estudo.
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Trabalho acadêmico associado
Este artigo refere-se à chamada temática “Inovação na prática, no ensino ou na pesquisa em saúde e Enfermagem”. Artigo extraído da tese de doutorado “Análise do contexto da doença renal crônica, aceitabilidade e implementação inicial do Renal Health - uma nova ferramenta de saúde digital”, apresentada à Universidade de Fortaleza, Fortaleza, CE, Brasil. -
Apoio financeiro
International Society of Nephrology, processo nº 17-02-0155, Brasil.
Editado por
Editora Associada
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
30 Jan 2023 -
Data do Fascículo
Jan-Dec 2023
Histórico
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Recebido
02 Mar 2022 -
Aceito
24 Ago 2022