Acessibilidade / Reportar erro

Associação entre Síndrome de burnout, uso prejudicial de álcool e tabagismo na Enfermagem nas UTIs de um hospital universitário

Resumo

O artigo tem por objetivos verificar a presença da Síndrome de burnout entre profissionais da área de Enfermagem, nas Unidades de Terapia Intensiva de um Hospital Universitário, e a existência de associação entre consumo de álcool e tabaco. Participaram da pesquisa 160 profissionais de Enfermagem de 04 Unidades de Terapia Intensiva, no período de Março de 2013 a Fevereiro de 2014. Utilizou-se um questionário estruturado, acrescido da história tabágica, Maslach Burnout Inventory, Alcohol Use Disorders Identification Test, Questionário de Dependência de Fagerström, e a mensuração do monóxido de carbono. Utilizou-se o teste qui-quadrado ou exato de Fisher. A Síndrome foi encontrada em 34 profissionais, sendo a maioria do sexo feminino, casados e adultos jovens. Dezoito profissionais se declararam fumantes. Um percentual de 6,4% dos Auxiliares de Enfermagem, 50% dos Técnicos de Enfermagem e 71,4% dos Enfermeiros bebiam moderado; 5,4% dos Auxiliares de Enfermagem e 14,3% dos Enfermeiros apresentaram padrão de beber de risco e somente 01 Técnico de Enfermagem possuía possível dependência de álcool. Houve associação positiva da Síndrome com tabagismo em 01 UTI. Os serviços de Terapia Intensiva do hospital necessitam de intervenções dos gestores dos serviços, com a finalidade de cuidar da saúde dos seus cuidadores.

Palavras-chave
Burnout; Terapia Intensiva; Enfermagem; Alcoolismo; Tabagismo

Abstract

The article aims to determine the presence of burnout syndrome among professionals in the field of Nursing in the Intensive Care Unit in a university hospital and a possible association with consumption of alcohol and tobacco. Participants were 160 nursing professionals from 04 intensive care unit of a university hospital in the period from March 2013 to February 2014. We used a structured questionnaire, plus the smoking history, Maslach Burnout Inventory, Alcohol Use Disorders Identification Test, Fagerström Dependence Questionnaire and the measurement of carbon monoxide. We used Fisher's chi-square or Fisher exact test. Syndrome was found in 34 professionals, most of them female, married and young adults. 18 professionals reported being smokers. 6,4% of Nursing Assistants, 50% Practical Nurses and Nurses 71,4% drank moderate; 5,4% Nursing Assistant and 14,3% Nurses scored default risk drinking and only 01 Practical Nurses had possible alcohol dependence. There was a positive association of the syndrome with smoking in 01 ICU. Final considerations: Hospital Intensive Care services need assistance from the managers of services for the purpose of caring for the health of their caregivers.

Key words
Burnout; Intensive Care Nursing; Alcoholism; Smoking

Introdução

A Síndrome de burnout (SB) - ou Síndrome de Esgotamento Profissional - é uma das consequências do estresse profissional, considerada uma doença do trabalho11. Moreno F, Gil GP, Haddad MCL, Vannuchi MTO. Estratégias e intervenções no enfrentamento da síndrome de burnout. Rev Enferm UERJ 2011; 19(1):140-145. e um problema de Saúde Pública22. Ayala E, Carnero AM. Determinants of burnout in acute and critical care military nursing personnel: a cross-sectional study from Peru. PLoS ONE 2013; 8(1):e54408.,33. Braga LC. Síndrome do esgotamento profissional entre trabalhadores da rede básica de saúde de município do interior paulista [tese]. Botucatu: Faculdade de Medicina de Botucatu; 2012..

Caracteriza-se pela resposta a fontes crônicas de estresse emocional e interpessoal no trabalho e atinge, em maior número, os profissionais da área de saúde22. Ayala E, Carnero AM. Determinants of burnout in acute and critical care military nursing personnel: a cross-sectional study from Peru. PLoS ONE 2013; 8(1):e54408.,44. Ezaias GM, Gouvea PB, Haddad MCL, Vannuchi MTO, Sardinha DSS. Síndrome de burnout em trabalhadores de saúde em um hospital de média complexidade. Rev Enferm UERJ 2010; 18(4):524-529.66. Ezaias GM, Haddad MCL, Vannuchi MTO. Manifestações psico-comportamentais do burnout em trabalhadores de um hospital de média complexidade. Rev Rene [periódico na internet]. 2012 [acessado 2014 jun 29]; 13(1). Disponível em: http://www.revistarene.ufc.br/revista/index.php/revista/article/view/12
http://www.revistarene.ufc.br/revista/in...
. Esse fato, ocorre como resultado das constantes interações humanas em serviços de saúde, as quais envolvem sentimentos de afetividade, insegurança, desmotivação, medo e angústia e estão além da capacidade de enfrentamento do indivíduo22. Ayala E, Carnero AM. Determinants of burnout in acute and critical care military nursing personnel: a cross-sectional study from Peru. PLoS ONE 2013; 8(1):e54408.,77. Trindade LL, Lautert L, Beck CLC. Coping mechanisms used by non-burned out and burned out workers in the family health strategy. Rev Lat Am Enfermagem 2009; 17(5):607-612.1010. Lasebikan VO, Oyetunde MO. Burnout among nurses in a Nigerian general hospital: prevalence and associated factors. ISRN Nurs [periódico na internet]. 2012 Abr [acessado 2014 maio 27]. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3350958/
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles...
.

Essa síndrome apresenta uma concepção multidimensional, sendo caracterizada por exaustão emocional (EE), redução da realização pessoal (RP) no trabalho e despersonalização do outro33. Braga LC. Síndrome do esgotamento profissional entre trabalhadores da rede básica de saúde de município do interior paulista [tese]. Botucatu: Faculdade de Medicina de Botucatu; 2012.,44. Ezaias GM, Gouvea PB, Haddad MCL, Vannuchi MTO, Sardinha DSS. Síndrome de burnout em trabalhadores de saúde em um hospital de média complexidade. Rev Enferm UERJ 2010; 18(4):524-529..

A Síndrome torna-se mais evidente em profissionais de Enfermagem, como consequência de diversos fatores, tais como: demanda, sobrecarga de trabalho, dupla jornada, número insuficiente de pessoal, riscos ocupacionais, precariedade de recursos materiais, pressão no trabalho, relações interpessoais conflituosas, contato direto com a dor e a morte, falta de pessoal qualificado, de reconhecimento, de suporte social, de feedback, de participação na tomada de decisões e de autonomia22. Ayala E, Carnero AM. Determinants of burnout in acute and critical care military nursing personnel: a cross-sectional study from Peru. PLoS ONE 2013; 8(1):e54408.,1111. Mealer M, Burnham EL, Goode CJ, Rothbaum B, Moss M. The prevalence and impact of post traumatic stress disorder and burnout syndrome in nurses. Depress Anxiety 2009; 26(12):1118-1126.1515. Frade Mera MJ, Gaspar RV, García IZ, Sánchez SV, Melero EA, González SA, Martín PM. Síndrome de burnout en distintas unidades de cuidados intensivos. Enferm Intensiva 2009; 20(4):131-140.. Bem como contato direto e intenso com os pacientes e seus familiares, gravidade dos problemas desses pacientes, complexidade das atividades desenvolvidas, nível de responsabilidade e constante busca de especialização na área para melhorar a assistência22. Ayala E, Carnero AM. Determinants of burnout in acute and critical care military nursing personnel: a cross-sectional study from Peru. PLoS ONE 2013; 8(1):e54408.,1111. Mealer M, Burnham EL, Goode CJ, Rothbaum B, Moss M. The prevalence and impact of post traumatic stress disorder and burnout syndrome in nurses. Depress Anxiety 2009; 26(12):1118-1126.1515. Frade Mera MJ, Gaspar RV, García IZ, Sánchez SV, Melero EA, González SA, Martín PM. Síndrome de burnout en distintas unidades de cuidados intensivos. Enferm Intensiva 2009; 20(4):131-140..

Portanto, a exposição progressiva a esses fatores considerados estressores leva ao esgotamento físico e emocional, interferindo na qualidade de vida, prejudicando a interação com suas funções, diminuindo a qualidade dos cuidados, provocando o aumento da rotatividade e do absenteísmo, prejudicando, assim, o ambiente de trabalho1111. Mealer M, Burnham EL, Goode CJ, Rothbaum B, Moss M. The prevalence and impact of post traumatic stress disorder and burnout syndrome in nurses. Depress Anxiety 2009; 26(12):1118-1126.,1616. Pereira CA, Miranda LCS, Passos JP. The occupational stress of the nursing team in closed sector. Rev Pesqui Cuid Fundam [periódico na internet]. 2009 [acessado 2014 jun 9]; 1(2). Disponível em: http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&profile=ehost&scope=site&authtype=crawler&jrnl=21755361&AN=52408253&h=%2FPgZ2jVp7qeRR62BrNMAfJBW%2BsmVGroQPhJvIGp8M7GmrJWuPtcjHa%2FFAQjC0BorSTmZey1auSyXdDhoB1sSrA%3D%3D&crl=c
http://search.ebscohost.com/login.aspx?d...
.

O uso prejudicial de álcool é considerado o terceiro motivo de ausência do trabalho e a oitava causa de concessão de auxílio-doença pela Previdência Social1717. Donato M, Zeitoune RCG. Reinsertion of the alcoholic worker: perception, limits and possibilities of the labor nurse's intervention. Esc Anna Nery 2006; 10(3):399-407.,1818. World Health Organization. Alcohol [Internet]. WHO [acessado 2014 abr 25]. Disponível em: http://www.who.int/substance_abuse/facts/alcohol/en/
http://www.who.int/substance_abuse/facts...
. Ele afeta a saúde e a qualidade de vida, inclusive dos familiares; por ano, falecem 2,5 milhões de pessoas em razão das consequências do uso do álcool1717. Donato M, Zeitoune RCG. Reinsertion of the alcoholic worker: perception, limits and possibilities of the labor nurse's intervention. Esc Anna Nery 2006; 10(3):399-407.,1818. World Health Organization. Alcohol [Internet]. WHO [acessado 2014 abr 25]. Disponível em: http://www.who.int/substance_abuse/facts/alcohol/en/
http://www.who.int/substance_abuse/facts...
.

O seu uso prejudicial está diretamente relacionado à violência, à negligência, ao prejuízo do trabalhador para com o seu trabalho, ao absenteísmo e ao aumento de acidentes no trabalho, devido, principalmente, às alterações de reação, percepção e reflexos1717. Donato M, Zeitoune RCG. Reinsertion of the alcoholic worker: perception, limits and possibilities of the labor nurse's intervention. Esc Anna Nery 2006; 10(3):399-407.,1818. World Health Organization. Alcohol [Internet]. WHO [acessado 2014 abr 25]. Disponível em: http://www.who.int/substance_abuse/facts/alcohol/en/
http://www.who.int/substance_abuse/facts...
.

O tabagismo, assim como o alcoolismo, é um grande problema de Saúde Pública. Além de interferir na saúde física e mental da população, interfere significativamente na economia do país e na qualidade do meio ambiente1919. Echer IC, Corrêa APA, Ferreira SAL, Lucena AF. Smoking in a nursing school in southern Brazil. Texto Amp Contexto - Enferm 2011; 20(1):152-159..

Objetivou-se verificar a presença da Síndrome de burnout entre profissionais de Enfermagem, nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de um Hospital universitário, e a existência de sua associação com o consumo de álcool e tabaco.

Metodologia

Estudo de abordagem quantitativa, realizado com profissionais de Enfermagem que atuavam nas UTIs Adulto, Coronariana, Neonatal e Pediátrica de um Hospital universitário, do Interior de São Paulo, no período de Março de 2013 a Fevereiro de 2014.

Do total de 184 profissionais de Enfermagem que foram convidados a participar do estudo, foram excluídos 24 indivíduos pelos seguintes motivos: 14 se recusaram a participar, 05 não devolveram o questionário e 05 estavam em licença médica. Portanto, participaram da pesquisa 160 indivíduos de três diferentes categorias profissionais.

Optou-se por utilizar a população total, devido ao número reduzido de algumas categorias profissionais na UTI Coronariana e Pediátrica.

Todos os profissionais de Enfermagem das UTIs Adulto, Coronariana, Neonatal e Pediátrica de um Hospital universitário do Interior de São Paulo foram previamente orientados sobre a pesquisa, seu objetivo e convidados que participariam da mesma. Aqueles que aceitaram assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias, ficando uma via com a pesquisadora e a outra, com o profissional.

Para a coleta de dados, utilizou-se um questionário estruturado, autoaplicável, conforme modelo utilizado em um estudo realizado por Jodas e Haddad2020. Jodas DA, Haddad MCL. Síndrome de burnout em trabalhadores de enfermagem de um pronto socorro de hospital universitário. Acta Paul Enferm 2009; 22(2):192-197., que foi modificado, devido ao acréscimo dos dados sobre história tabágica, para possibilitar avaliação da relação da Síndrome com o tabagismo. Esse questionário continha dados sociodemográficos, profissionais, informações a respeito de lazer, fatores preditores e sintomas somáticos relacionados à Síndrome de burnout.

Para complementações dessas informações, utilizou-se Maslach burnout Inventory (MBI), Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT), Questionário de Dependência de Fagerström (QDF), além da mensuração do Monóxido de Carbono no ar expirado (COex).

O Maslach burnout Inventory auxilia na identificação dos sintomas da Síndrome e classifica como Síndrome de burnout a obtenção de alto nível para exaustão emocional e despersonalização e de baixo nível para realização profissional2020. Jodas DA, Haddad MCL. Síndrome de burnout em trabalhadores de enfermagem de um pronto socorro de hospital universitário. Acta Paul Enferm 2009; 22(2):192-197.. O AUDIT avalia problemas associados ao consumo de álcool, detecta o padrão de consumo de risco, identifica a quantidade, frequência e dependência de álcool, classificado em situação de risco quem obtém oito ou mais pontos2121. Rubiatti AMM, Campos JADB. Alcoolismo – estudo epidemiológico no município de Araraquara (SP). Alim Nutr Araraquara 2009; 20(2):279-288.. Por fim, o questionário de dependência de Fagerström avalia o grau de dependência da nicotina: o resultado maior que seis pontos, provavelmente, representa um grau elevado de dependência e representa a síndrome de abstinência ao deixar de fumar2222. Halty LS, Hüttner MD, Oliveira NIC, Santos VAD, Martins G. Analysis of the use of the Fagerström Tolerance Questionnaire as an instrument to measure nicotine dependence. J Pneumol 2002; 28(4):180-186..

Foi mensurado o Monóxido de Carbono no ar expirado de todos os profissionais que atuavam nas UTIs, afim de averiguar o tabagismo com maior fidedignidade. A mensuração foi realizada após o preenchimento dos questionários pelos profissionais.

Foi realizada a análise descritiva da população estudada através do cálculo de média, desvio padrão e mediana para as variáveis quantitativas. Para as variáveis, foram calculadas frequências e percentuais e o valor de p.

Utilizou-se teste de Tukey para comparação entre as diferentes UTIs e as categorias profissionais nas questões referentes à exaustão emocional e realização profissional. Para despersonalização, utilizou-se a distribuição Gama.

As associações entre as variáveis categorizadas foram feitas através do teste qui-quadrado, ou exato de Fisher, considerando as variáveis: exaustão emocional, redução da realização profissional, despersonalização, desfecho de síndrome, alcoolismo e tabagismo.

Para todos os testes, foi fixado o nível de significância de 5% ou o p-valor correspondente.

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) – UNESP em 2013.

Resultados

A média de idade dos profissionais era de 35,1 (± 9,6) anos. Trabalhavam na unidade por período médio de 9 (± 7,8) anos, com carga horária média de 38,7 (± 10) horas semanais. Dos participantes, 48% eram casados, 72,5% trabalhavam 12/36 horas, 68,1% tinham vínculo trabalhista celetista, 53,7% consumiam bebida alcoólica e 11,2% eram fumantes. Todos os Auxiliares de Enfermagem, 94,5% dos Técnicos e 92,8% dos Enfermeiros eram do sexo feminino.

A mediana do tempo de tabagismo dos fumantes foi de 10 anos, com consumo de 09 cigarros/dia e 02 maços/semana. A mediana do nível de dependência de nicotina dos tabagistas (QDF) foi de 1,5 pontos, sendo que 61,1% apresentaram muito baixa dependência, 27,8% baixa e 11,1% elevada. Dezenove profissionais foram avaliados como fumantes pelo teste da mensuração do Monóxido de Carbono no ar expirado (02 Auxiliares, 14 Técnicos e 03 Enfermeiros). A mediana de COex foi de 2 pontos. Dentre os profissionais estudados que referiram ser não fumantes, 01 foi classificado como fumante, de acordo com a mensuração de Monóxido de Carbono no ar expirado.

Os ex-fumantes fizeram uso do cigarro com mediana de 10 anos, consumiram 15 cigarros/dia e 3 maços/semana. Pararam de fumar, com mediana, de 2 anos.

Segundo o AUDIT, 74 profissionais não consumiam bebida alcoólica, 73 bebiam moderadamente, 12 apresentaram padrão de beber de risco e somente um apresentou possível dependência de álcool.

A média de EE foi 23,4 (± 13) pontos e de RP foi 31,4 (± 10,6) pontos. A mediana de despersonalização foi de 4 pontos.

Portanto, considerando as classificações, a SB foi identificada em 34 profissionais. Na UTI Adulto, foram classificados com a SB 26 profissionais (03 Auxiliares de Enfermagem, 17 Técnicos de Enfermagem e 06 Enfermeiros). Na UTI Coronariana, 01 Técnico de Enfermagem. Na UTI Neonatal, 01 Auxiliar de Enfermagem, 02 Técnicos de Enfermagem e 02 Enfermeiros. Na UTI Pediátrica, 02 Técnicos de Enfermagem.

Na UTI Adulto, a maioria dos profissionais casados, que tinham filhos, com vínculo de trabalho celetista, que trabalhavam 12/36 horas, cursaram o Ensino Médio, apresentaram alto padrão para despersonalização e eram Técnicos de Enfermagem. A maioria dos solteiros e que tinham especialização eram Enfermeiros, na UTI Adulto. Na UTI Coronariana, a maioria dos profissionais que cursou o Ensino Médio era de Técnico de Enfermagem.

Em relação aos Técnicos de Enfermagem fumantes, o menor número de cigarros/dia consumido foi na Pediátrica (4,2 cigarros/dia). Os Técnicos de Enfermagem ex-fumantes, da UTI Neonatal, consumiram cigarro por mais tempo (24,3 anos). A quantidade de anos que parou de fumar foi maior na UTI Pediátrica (13 anos). Os Técnicos, da UTI Pediátrica, consumiram mais cigarros/dia (20cigarros/dia) e maço/dia (12 maços/semana).

EE e despersonalização apresentaram maior média na UTI Adulto (29,2 e 11,3 pontos, respectivamente). RP apresentou maior média na UTI Pediátrica (36,06 pontos).

A Tabela 1 apresenta a distribuição das categorias do Maslach Burnout Inventory (MBI) de acordo com a unidade de trabalho. Com relação à exaustão emocional (p < 0,0001) e realização profissional (p = 0,0011), apresenta diferença entre UTI Adulto e as demais. Com relação à despersonalização (p = 0,0015) constata-se diferença entre UTI Adulto de Coronariana e Neonatal, e entre UTI Coronariana e UTI Pediátrica.

Tabela 1
Distribuição das categorias do Maslach Burnout Inventory de acordo com a unidade de trabalho. São Paulo-SP / Brasil, 2014.

A distribuição das variáveis categorizadas de acordo com exaustão emocional, despersonalização e a Síndrome de burnout, estão apresentadas na Tabela 2. Não houve associação significativa entre as variáveis categorizadas e a realização profissional.

Tabela 2
Variáveis categorizadas de acordo com o nível de exaustão emocional, despersonalização e Síndrome de burnout. São Paulo-SP / Brasil. 2014.

A associação entre EE e período de trabalho apresentou diferença significativa (p = 0,0139), sendo que a maioria dos profissionais que apresentou alta EE trabalhava 12/36 horas (56 profissionais). Essa associação também revelou a despersonalização (p = 0,0030), que 40 profissionais foram classificados com alta despersonalização.

O sexo feminino apresentou diferença entre a classificação baixa e as demais classificações em relação à despersonalização (p = 0,0030), assim como em relação à aquisição da SB, entre desenvolver ou não a Síndrome (p = 0,0217). Portanto, podemos afirmar que o sexo feminino apresentou chance maior de ter a Síndrome (29 profissionais), bem como a maioria dos profissionais com a síndrome eram casados (21 profissionais).

A Tabela 3 apresenta a distribuição das variáveis categorizadas segundo a realização profissional, despersonalização e Síndrome de burnout na UTI Adulto; e exaustão emocional, despersonalização e Síndrome de burnout na UTI Neonatal.

Tabela 3
Distribuição das variáveis categorizadas segundo o padrão de realização profissional, despersonalização e Síndrome de burnout na UTI Adulto; e exaustão emocional, despersonalização e Síndrome de burnout na UTI Neonatal. São Paulo-SP / Brasil. 2014.

Na UTI Adulto, a maioria dos profissionais ex-fumantes e não fumantes apresentaram baixa realização profissional (75 e 78 profissionais, respectivamente). Aqueles que trabalhavam 12/36 horas apresentaram alta despersonalização (31 profissionais), bem como os não fumantes (29 profissionais). Dentre os não fumantes, 21 foram classificados com SB.

Na UTI Neonatal, quem praticava atividade física apresentou baixa exaustão emocional (65%), já quem não praticava apresentou alta EE (48,9%) (p = 0,0191). Em relação à despersonalização, tanto quem praticava atividade física quanto quem não praticava apresentou baixa despersonalização (80% e 46,8%, respectivamente) (p = 0,0150). A SB foi diagnosticada em dois profissionais, que trabalhavam seis horas por dia, na UTI Neonatal (p = 0,0122). Os profissionais que tinham filhos foram classificados como não fumantes pelo COex (79,5%) (p = 0,0171).

A Tabela 4 apresenta a distribuição das variáveis categorizadas de acordo com Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT) e mensuração do Monóxido de Carbono no ar expirado (COex).

Tabela 4
Distribuição das variáveis categorizadas segundo o AUDIT, nível de dependência de nicotina (QDF) e mensuração do Monóxido de Carbono no ar expirado (COex). São Paulo-SP / Brasil. 2014.

A maioria dos profissionais casados não bebia (46 profissionais), bem como os que têm filhos (48 profissionais). Os solteiros (62%), celetistas (49,5%), graduados (60,6%), especialistas (60,7%), fumantes (58,8%) e fumantes passivos (30,8%) bebiam moderadamente.

Em relação à mensuração do Monóxido de Carbono no ar expirado, um fumante passivo, um ex-fumante e oito não fumantes foram classificados como fumantes pelo COex.

A Tabela 5 apresenta a distribuição das variáveis categorizadas de acordo com Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT) e mensuração do Monóxido de Carbono no ar expirado (COex) na UTI Adulto; e Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT) na UTI Neonatal.

Tabela 5
Distribuição das variáveis categorizadas segundo o Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT) e mensuração do Monóxido de Carbono no ar expirado (COex) na UTI Adulto; e Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT) na UTI Neonatal. São Paulo-SP / Brasil. 2014.

Na UTI Adulto, a maioria dos profissionais celetistas (56,8%), estatutários (76,9%), graduados (85,8%) e não fumantes (61%) bebiam moderadamente. Dois profissionais auto-classificados como fumantes foram classificados como não fumantes pela mensuração do Monóxido de Carbono no ar expirado (COex).

Na UTI Neonatal, a maioria dos casados (29 profissionais), que têm filhos (33 profissionais), celetistas (25 profissionais), estatutários (20 profisisonais), que cursaram ensino médio (37 profissionais) e que não fazem faculdade ou curso (38 profissionais) não bebiam. Os solteiros (12 profissionais) e aqueles que não tem filhos (15 profissionais) bebiam moderadamente.

Discussão

Os profissionais de Enfermagem, por ficarem em constante contato com pacientes e/ou familiares, vivenciarem situações de estresse e não estarem psicologicamente preparados, podem transformar o trabalho em algo penoso e afetar a sua vida pessoal44. Ezaias GM, Gouvea PB, Haddad MCL, Vannuchi MTO, Sardinha DSS. Síndrome de burnout em trabalhadores de saúde em um hospital de média complexidade. Rev Enferm UERJ 2010; 18(4):524-529., bem como se afastar das pessoas de quem estão cuidando, construindo uma barreira88. Meneghini F, Paz AA, Lautert L. Fatores ocupacionais associados aos componentes da síndrome de Burnout em trabalhadores de enfermagem. Texto Contexto Enferm 2011; 20(2):225-233..

Os resultados de nosso estudo demonstraram, que a maioria dos profissionais, que desenvolveram a SB eram do sexo feminino, casados e adultos jovens, corroborando com estudos realizados em unidades intensivistas44. Ezaias GM, Gouvea PB, Haddad MCL, Vannuchi MTO, Sardinha DSS. Síndrome de burnout em trabalhadores de saúde em um hospital de média complexidade. Rev Enferm UERJ 2010; 18(4):524-529.,2323. Van Bogaert P, Clarke S, Roelant E, Meulemans H, Van de Heyning P. Impacts of unit-level nurse practice environment and burnout on nurse-reported outcomes: a multilevel modelling approach. J Clin Nurs 2010; 19(11-12):1664-1674.2727. Monteiro JK, Oliveira ALL, Ribeiro CS, Grisa GH, Agostini N. Adoecimento psíquico de trabalhadores de unidades de terapia intensiva. Psicol Ciênc Prof 2013; 33(2):366-379..

A Enfermagem é uma área na qual predominam profissionais mulheres e adultos jovens, conformação decorrente do grande número de profissionais de Enfermagem existentes e da composição por jovens88. Meneghini F, Paz AA, Lautert L. Fatores ocupacionais associados aos componentes da síndrome de Burnout em trabalhadores de enfermagem. Texto Contexto Enferm 2011; 20(2):225-233.. Os profissionais jovens são mais propensos a desenvolver a SB, em virtude da inexperiência de trabalho e da não adaptação às condições de trabalho e das organizações2828. Özden D, Karagözoğlu Ş, Yildirim G. Intensive care nurses’ perception of futility: job satisfaction and burnout dimensions. Nurs Ethics 2013; 20(4):436-447., resultando má qualidade do cuidado2626. Panunto MR, Guirardello EB. Professional nursing practice: environment and emotional exhaustion among intensive care nurses. Rev Lat Am Enfermagem 2013; 21(3):765-772..

Estudo relata que os enfermeiros que têm filhos, além de sua carga horária de trabalho, dedicam uma grande parte do seu tempo aos filhos, causando alto índice de desgaste físico e emocional2929. Czaja AS, Moss M, Mealer M. Symptoms of posttraumatic stress disorder among pediatric acute care nurses. J Pediatr Nurs 2012; 27(4):357-365.. Os resultados de nosso estudo mostraram que 54,4% dos profissionais tinham filhos, desses somente 16,7% são Enfermeiros.

O fato de ter filhos e ser casado pode ser considerado um fator protetor, pois o profissional se sente amparado e surge o sentimento de afetividade, que é um protetor para o desenvolvimento da SB3030. Rossi SS, Santos PG, Passo JP. A síndrome de burnout no enfermeiro: um estudo comparativo entre atenção básica e setores fechados hospitalares. Rev Pesqui Cuid Fundam Online [periódico na internet]. 2010 [acessado 2014 out 5]; 2(0):381-384. Disponível em: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/950
http://www.seer.unirio.br/index.php/cuid...
.

Dentre todos os participantes, 46,5% apresentaram alto padrão para exaustão emocional, 54,7%, baixo padrão para realização profissional e 32,7%, alto para despersonalização, resultados estes superiores ao da literatura2424. Van Bogaert P, Kowalski C, Weeks SM, Van Heusden D, Clarke SP. The relationship between nurse practice environment, nurse work characteristics, burnout and job outcome and quality of nursing care: a cross-sectional survey. Int J Nurs Stud 2013; 50(12):1667-1677.. Entretanto, em outro estudo, os resultados encontrados mostraram que 45% dos profissionais tinham alto índice para EE; 38%, alto, para despersonalização; e 46%, baixo, para RP, e que esses resultados estavam associados à ansiedade do profissional2929. Czaja AS, Moss M, Mealer M. Symptoms of posttraumatic stress disorder among pediatric acute care nurses. J Pediatr Nurs 2012; 27(4):357-365.. Esses resultados foram semelhantes aos de nosso estudo.

A carga horária de trabalho superior a 12 horas diárias mostrou uma significância positiva com alto padrão de EE (p = 0,0139), assim como a despersonalização (p = 0,0163). Tal fato pode ser justificado pela organização de trabalho, em que os procedimentos ficam a cargo dos profissionais do período diurno e, aos do noturno, cabe somente a realização da medicação para não incomodar os pacientes, sobrecarregando, assim, o período diurno88. Meneghini F, Paz AA, Lautert L. Fatores ocupacionais associados aos componentes da síndrome de Burnout em trabalhadores de enfermagem. Texto Contexto Enferm 2011; 20(2):225-233.. Isso pode ser um influenciador da EE e, consequentemente, da SB88. Meneghini F, Paz AA, Lautert L. Fatores ocupacionais associados aos componentes da síndrome de Burnout em trabalhadores de enfermagem. Texto Contexto Enferm 2011; 20(2):225-233..

Deve-se também considerar que, quando não é possível uma negociação entre o sujeito e a organização ou chefia, esta deve ser mais flexível e interferir nos problemas oriundos do trabalho para minimizar os efeitos do estresse na equipe e nos indivíduos, diminuindo, assim, o comprometimento da psique e, consequentemente, a sua exclusão11. Moreno F, Gil GP, Haddad MCL, Vannuchi MTO. Estratégias e intervenções no enfrentamento da síndrome de burnout. Rev Enferm UERJ 2011; 19(1):140-145.,2727. Monteiro JK, Oliveira ALL, Ribeiro CS, Grisa GH, Agostini N. Adoecimento psíquico de trabalhadores de unidades de terapia intensiva. Psicol Ciênc Prof 2013; 33(2):366-379.. Quando isso não ocorre, o profissional desenvolve mecanismos de defesa que culminam em diminuição da pressão e da fonte de estresse e, se usado rotineiramente, podem tornar-se noviços e gerar resistência à mudança e à alienação, mascarando a ansiedade grave, resultando no desenvolvimento da SB2727. Monteiro JK, Oliveira ALL, Ribeiro CS, Grisa GH, Agostini N. Adoecimento psíquico de trabalhadores de unidades de terapia intensiva. Psicol Ciênc Prof 2013; 33(2):366-379..

Na UTI Adulto, a maioria dos profissionais de Enfermagem foi classificada com alto padrão de EE. Esse achado está de acordo com a literatura, na qual a maioria das unidades avaliadas apresentaram altos scores para EE2525. França FM, Ferrari R, Ferrari DC, Alves ED. Burnout and labour aspects in the nursing teams at two medium-sized hospitals. Rev Lat Am Enfermagem 2012; 20(5):961-970.. É no trabalho que o estresse se acentua e ressalta os sinais de exaustão emocional44. Ezaias GM, Gouvea PB, Haddad MCL, Vannuchi MTO, Sardinha DSS. Síndrome de burnout em trabalhadores de saúde em um hospital de média complexidade. Rev Enferm UERJ 2010; 18(4):524-529.. Assim, a exaustão psicológica é consequência do trabalho, e o desgaste é decorrente do fato de o indivíduo ser exigido além de seus limites de resistência44. Ezaias GM, Gouvea PB, Haddad MCL, Vannuchi MTO, Sardinha DSS. Síndrome de burnout em trabalhadores de saúde em um hospital de média complexidade. Rev Enferm UERJ 2010; 18(4):524-529..

O apoio social tem resultados positivos na redução da EE, enquanto a carga de trabalho apresenta resultados negativos nos cuidados2424. Van Bogaert P, Kowalski C, Weeks SM, Van Heusden D, Clarke SP. The relationship between nurse practice environment, nurse work characteristics, burnout and job outcome and quality of nursing care: a cross-sectional survey. Int J Nurs Stud 2013; 50(12):1667-1677.. Em um estudo na Alemanha, o apoio social favoreceu a redução da EE, bem como melhorou o cuidado e as relações profissionais2929. Czaja AS, Moss M, Mealer M. Symptoms of posttraumatic stress disorder among pediatric acute care nurses. J Pediatr Nurs 2012; 27(4):357-365..

As UTIs onde se obtiveram baixos scores de RP são as menos favoráveis ao trabalho, considerando a quantidade de leito e cuidado que as UTIs Adulto, Pediátrica e Coronariana exigem dos seus profissionais. Os profissionais mais jovens são mais propensos a desenvolver sentimentos de despersonalização, devido à pouca experiência profissional2828. Özden D, Karagözoğlu Ş, Yildirim G. Intensive care nurses’ perception of futility: job satisfaction and burnout dimensions. Nurs Ethics 2013; 20(4):436-447.. O não reconhecimento do trabalho leva à descompensação psíquica, que pode levar à diminuição da realização profissional e à despersonalização2727. Monteiro JK, Oliveira ALL, Ribeiro CS, Grisa GH, Agostini N. Adoecimento psíquico de trabalhadores de unidades de terapia intensiva. Psicol Ciênc Prof 2013; 33(2):366-379..

Resultado de estudo anterior mostrou que 50% dos Enfermeiros foram avaliados positivamente para a SB3131. Cho SH, June KJ, Kim YM, Cho YA, Yoo CS, Yun SC, Sung YH. Nurse staffing, quality of nursing care and nurse job outcomes in intensive care units. J Clin Nurs 2009; 18(12):1729-1737. e que o fato de ser Enfermeiro predispõe o profissional a desenvolver burnout, devido à carga de trabalho e estresse2020. Jodas DA, Haddad MCL. Síndrome de burnout em trabalhadores de enfermagem de um pronto socorro de hospital universitário. Acta Paul Enferm 2009; 22(2):192-197.,3232. Cimiotti JP, Aiken LH, Sloane DM, Wu ES. Nurse staffing, burnout, and health care-associated infection. Am J Infect Control 2012; 40(6):486-490.. Entretanto, nosso estudo mostrou que 19% dos Enfermeiros apresentaram a SB.

Sugere-se que a SB se desenvolva nas unidades onde há sobrecarga de trabalho e não haja uma relação positiva entre investimentos e resultados2323. Van Bogaert P, Clarke S, Roelant E, Meulemans H, Van de Heyning P. Impacts of unit-level nurse practice environment and burnout on nurse-reported outcomes: a multilevel modelling approach. J Clin Nurs 2010; 19(11-12):1664-1674.. Outra pesquisa evidencia que os profissionais que trabalham menos horas por dia necessitam de mais de um emprego para aumentar a renda familiar, desencadeando a Síndrome2525. França FM, Ferrari R, Ferrari DC, Alves ED. Burnout and labour aspects in the nursing teams at two medium-sized hospitals. Rev Lat Am Enfermagem 2012; 20(5):961-970.. Resultados estes divergentes dos nossos, pois os profissionais que trabalhavam por um período de 6 horas por dia apresentaram menor índice da Síndrome.

O uso abusivo de substâncias como tabaco e álcool pode ser uma forma de manifestação comportamental de fuga ou esquecimento do trabalho, bem como a busca do prazer que não conseguem nas atividades laborais do, dia a dia, em decorrência das más condições de trabalho66. Ezaias GM, Haddad MCL, Vannuchi MTO. Manifestações psico-comportamentais do burnout em trabalhadores de um hospital de média complexidade. Rev Rene [periódico na internet]. 2012 [acessado 2014 jun 29]; 13(1). Disponível em: http://www.revistarene.ufc.br/revista/index.php/revista/article/view/12
http://www.revistarene.ufc.br/revista/in...
. Situações de estresse constantes levam os profissionais ao alcoolismo, usado como relaxante, tranquilizante, ansiolítico e até mesmo como fuga3333. Matos L, Peres RL, Silva AMR, Pires JS, Costa LLL, Neves DS, Barbosa RA, Vilela KF. Causas ambientais para síndrome de burnout em uti neonatal. Rev Eletrônica em Gest Educ e Tecnol Ambient 2012; 7(7):1291-1296.; os profissionais de Enfermagem são mais propensos ao abuso de substâncias alcoólicas e suicídio1111. Mealer M, Burnham EL, Goode CJ, Rothbaum B, Moss M. The prevalence and impact of post traumatic stress disorder and burnout syndrome in nurses. Depress Anxiety 2009; 26(12):1118-1126.. Em nosso estudo, de maneira geral, não houve associação do uso abusivo de álcool e do tabagismo com a Síndrome.

Considerações finais

A SB foi encontrada entre os profissionais de Enfermagem avaliados, em maior porcentagem, entre os Auxiliares (50%), Técnicos de Enfermagem (20%) e, por fim, Enfermeiros (19%). No total, 34 profissionais foram avaliados positivamente para a SB; desses, 26 são da UTI Adulto, 01 da UTI Coronariana, 05 da UTI Neonatal e 02 da UTI Pediátrica. Tais resultados são preocupantes, indicando condições de trabalho ameaçadoras e desencadeadoras da Síndrome.

Nas categorias do MBI analisadas separadamente, prevaleceu alto índice para EE (46,5%) e baixo para RP (54,7%). Esse resultado mostra a necessidade de medidas que amenizem esta situação, considerando que a UTI é um ambiente estressante, que exige muito do profissional e acarreta altas prevalências da Síndrome.

O consumo de álcool associou-se positivamente à situação de trabalho, titulação e filhos, sendo que, em alguns casos, o seu consumo foi considerado excessivo, podendo interferir no trabalho.

O consumo de tabaco também apresentou significância estatística nas três variáveis do MBI, evidenciando que a exaustão emocional, redução de realização profissional e despersonalização podem levar ao aumento do consumo de tabaco como forma de escape.

As associações positivas entre as variáveis estudadas e a SB foram significativas, porém o número de profissionais categorizados por Unidade de Terapia Intensiva foi reduzido, necessitando-se de novos estudos. Além do fato de necessitar mensurar a carga de trabalho dos profissionais das UTIs.

A prevalência da SB, a ocorrência das dimensões da síndrome isoladamente, o consumo de álcool e tabaco mostrado pelos resultados deste trabalho sugerem que os serviços de Terapia Intensiva do Hospital das Clínicas de Botucatu necessitam de intervenções dos gestores dos serviços com a finalidade de cuidar da saúde dos seus cuidadores.

Referências

  • 1
    Moreno F, Gil GP, Haddad MCL, Vannuchi MTO. Estratégias e intervenções no enfrentamento da síndrome de burnout. Rev Enferm UERJ 2011; 19(1):140-145.
  • 2
    Ayala E, Carnero AM. Determinants of burnout in acute and critical care military nursing personnel: a cross-sectional study from Peru. PLoS ONE 2013; 8(1):e54408.
  • 3
    Braga LC. Síndrome do esgotamento profissional entre trabalhadores da rede básica de saúde de município do interior paulista [tese]. Botucatu: Faculdade de Medicina de Botucatu; 2012.
  • 4
    Ezaias GM, Gouvea PB, Haddad MCL, Vannuchi MTO, Sardinha DSS. Síndrome de burnout em trabalhadores de saúde em um hospital de média complexidade. Rev Enferm UERJ 2010; 18(4):524-529.
  • 5
    Franco GP, Barros ALBL, Nogueira-Martins LA, Zeitoun SS. Burnout in nursing residents. Rev Esc Enferm USP 2011; 45(1):12-18.
  • 6
    Ezaias GM, Haddad MCL, Vannuchi MTO. Manifestações psico-comportamentais do burnout em trabalhadores de um hospital de média complexidade. Rev Rene [periódico na internet]. 2012 [acessado 2014 jun 29]; 13(1). Disponível em: http://www.revistarene.ufc.br/revista/index.php/revista/article/view/12
    » http://www.revistarene.ufc.br/revista/index.php/revista/article/view/12
  • 7
    Trindade LL, Lautert L, Beck CLC. Coping mechanisms used by non-burned out and burned out workers in the family health strategy. Rev Lat Am Enfermagem 2009; 17(5):607-612.
  • 8
    Meneghini F, Paz AA, Lautert L. Fatores ocupacionais associados aos componentes da síndrome de Burnout em trabalhadores de enfermagem. Texto Contexto Enferm 2011; 20(2):225-233.
  • 9
    Mallmann CS, Palazzo LS, Carlotto MS, Castro Aerts DRG. Fatores associados à síndrome de burnout em funcionários públicos municipais. Psicol Teor Prática 2009; 11(2):69-82.
  • 10
    Lasebikan VO, Oyetunde MO. Burnout among nurses in a Nigerian general hospital: prevalence and associated factors. ISRN Nurs [periódico na internet]. 2012 Abr [acessado 2014 maio 27]. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3350958/
    » http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3350958/
  • 11
    Mealer M, Burnham EL, Goode CJ, Rothbaum B, Moss M. The prevalence and impact of post traumatic stress disorder and burnout syndrome in nurses. Depress Anxiety 2009; 26(12):1118-1126.
  • 12
    Ruviaro MFS, Bardagi MP. Síndrome de burnout e satisfação no trabalho em profissionais da área de enfermagem do interior do RS. Barbarói 2010; (33):194-216.
  • 13
    Tito R. Burnout e transtornos mentais comuns nos trabalhadores de enfermagem que assistem crianças com cardiopatia grave [dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2013.
  • 14
    Silva JLL, Dias AC, Teixeira LR. Discussion on the burnout syndrome. Aquichán 2012; 12(2):144-159.
  • 15
    Frade Mera MJ, Gaspar RV, García IZ, Sánchez SV, Melero EA, González SA, Martín PM. Síndrome de burnout en distintas unidades de cuidados intensivos. Enferm Intensiva 2009; 20(4):131-140.
  • 16
    Pereira CA, Miranda LCS, Passos JP. The occupational stress of the nursing team in closed sector. Rev Pesqui Cuid Fundam [periódico na internet]. 2009 [acessado 2014 jun 9]; 1(2). Disponível em: http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&profile=ehost&scope=site&authtype=crawler&jrnl=21755361&AN=52408253&h=%2FPgZ2jVp7qeRR62BrNMAfJBW%2BsmVGroQPhJvIGp8M7GmrJWuPtcjHa%2FFAQjC0BorSTmZey1auSyXdDhoB1sSrA%3D%3D&crl=c
    » http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&profile=ehost&scope=site&authtype=crawler&jrnl=21755361&AN=52408253&h=%2FPgZ2jVp7qeRR62BrNMAfJBW%2BsmVGroQPhJvIGp8M7GmrJWuPtcjHa%2FFAQjC0BorSTmZey1auSyXdDhoB1sSrA%3D%3D&crl=c
  • 17
    Donato M, Zeitoune RCG. Reinsertion of the alcoholic worker: perception, limits and possibilities of the labor nurse's intervention. Esc Anna Nery 2006; 10(3):399-407.
  • 18
    World Health Organization. Alcohol [Internet]. WHO [acessado 2014 abr 25]. Disponível em: http://www.who.int/substance_abuse/facts/alcohol/en/
    » http://www.who.int/substance_abuse/facts/alcohol/en/
  • 19
    Echer IC, Corrêa APA, Ferreira SAL, Lucena AF. Smoking in a nursing school in southern Brazil. Texto Amp Contexto - Enferm 2011; 20(1):152-159.
  • 20
    Jodas DA, Haddad MCL. Síndrome de burnout em trabalhadores de enfermagem de um pronto socorro de hospital universitário. Acta Paul Enferm 2009; 22(2):192-197.
  • 21
    Rubiatti AMM, Campos JADB. Alcoolismo – estudo epidemiológico no município de Araraquara (SP). Alim Nutr Araraquara 2009; 20(2):279-288.
  • 22
    Halty LS, Hüttner MD, Oliveira NIC, Santos VAD, Martins G. Analysis of the use of the Fagerström Tolerance Questionnaire as an instrument to measure nicotine dependence. J Pneumol 2002; 28(4):180-186.
  • 23
    Van Bogaert P, Clarke S, Roelant E, Meulemans H, Van de Heyning P. Impacts of unit-level nurse practice environment and burnout on nurse-reported outcomes: a multilevel modelling approach. J Clin Nurs 2010; 19(11-12):1664-1674.
  • 24
    Van Bogaert P, Kowalski C, Weeks SM, Van Heusden D, Clarke SP. The relationship between nurse practice environment, nurse work characteristics, burnout and job outcome and quality of nursing care: a cross-sectional survey. Int J Nurs Stud 2013; 50(12):1667-1677.
  • 25
    França FM, Ferrari R, Ferrari DC, Alves ED. Burnout and labour aspects in the nursing teams at two medium-sized hospitals. Rev Lat Am Enfermagem 2012; 20(5):961-970.
  • 26
    Panunto MR, Guirardello EB. Professional nursing practice: environment and emotional exhaustion among intensive care nurses. Rev Lat Am Enfermagem 2013; 21(3):765-772.
  • 27
    Monteiro JK, Oliveira ALL, Ribeiro CS, Grisa GH, Agostini N. Adoecimento psíquico de trabalhadores de unidades de terapia intensiva. Psicol Ciênc Prof 2013; 33(2):366-379.
  • 28
    Özden D, Karagözoğlu Ş, Yildirim G. Intensive care nurses’ perception of futility: job satisfaction and burnout dimensions. Nurs Ethics 2013; 20(4):436-447.
  • 29
    Czaja AS, Moss M, Mealer M. Symptoms of posttraumatic stress disorder among pediatric acute care nurses. J Pediatr Nurs 2012; 27(4):357-365.
  • 30
    Rossi SS, Santos PG, Passo JP. A síndrome de burnout no enfermeiro: um estudo comparativo entre atenção básica e setores fechados hospitalares. Rev Pesqui Cuid Fundam Online [periódico na internet]. 2010 [acessado 2014 out 5]; 2(0):381-384. Disponível em: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/950
    » http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/950
  • 31
    Cho SH, June KJ, Kim YM, Cho YA, Yoo CS, Yun SC, Sung YH. Nurse staffing, quality of nursing care and nurse job outcomes in intensive care units. J Clin Nurs 2009; 18(12):1729-1737.
  • 32
    Cimiotti JP, Aiken LH, Sloane DM, Wu ES. Nurse staffing, burnout, and health care-associated infection. Am J Infect Control 2012; 40(6):486-490.
  • 33
    Matos L, Peres RL, Silva AMR, Pires JS, Costa LLL, Neves DS, Barbosa RA, Vilela KF. Causas ambientais para síndrome de burnout em uti neonatal. Rev Eletrônica em Gest Educ e Tecnol Ambient 2012; 7(7):1291-1296.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan 2018

Histórico

  • Recebido
    03 Maio 2015
  • Revisado
    24 Nov 2015
  • Aceito
    26 Nov 2015
ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Coletiva Av. Brasil, 4036 - sala 700 Manguinhos, 21040-361 Rio de Janeiro RJ - Brazil, Tel.: +55 21 3882-9153 / 3882-9151 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cienciasaudecoletiva@fiocruz.br