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Nova planta hospedeira e novos padrões cromáticos de Pachycoris torridus (Scopoli) (Hemiptera: Scutelleridae) no Brasil

New record of host plant and new morphs of Pachycoris torridus (Scopoli) (Hemiptera: Scutelleridae) in Brazil

Resumos

Neste trabalho é registrada pela primeira vez a ocorrência de Pachycoris torridus (Scopoli) em Schinus terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae). Os espécimes foram coletados em Piracicaba, São Paulo. Dos 43 adultos coletados apenas quatro apresentaram padrões diferentes de manchas da face dorsal não registrados na literatura até o momento.

Insecta; Heteroptera; Schinus terebinthifolius; polimorfismo


The occurrence of Pachycoris torridus (Scopoli) on Schinus terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae), is recorded for the first time. The specimens were collected in Piracicaba, State of Sao Paulo; only four out of 43 adults showed new spots morphs of pronotum and scutellum.

Insecta; Heteroptera; Schinus terebinthifolius; polymorphism


SCIENTIFIC NOTE

Nova planta hospedeira e novos padrões cromáticos de Pachycoris torridus (Scopoli) (Hemiptera: Scutelleridae) no Brasil

New record of host plant and new morphs of Pachycoris torridus (Scopoli) (Hemiptera: Scutelleridae) in Brazil

Saúl Sánchez-SotoI; Patrícia MilanoII; Octavio NakanoII

ICampus Tabasco, Colegio de Postgraduados, Apdo. postal 24, 86500, H. Cárdenas, Tabasco, México e-mail: sssoto@starmedia.com IIDepto. Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola, ESALQ/USP, C. postal 9, 13418-900, Piracicaba, São Paulo, Brasil, e-mail: patmilano@hotmail.com

RESUMO

Neste trabalho é registrada pela primeira vez a ocorrência de Pachycoris torridus (Scopoli) em Schinus terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae). Os espécimes foram coletados em Piracicaba, São Paulo. Dos 43 adultos coletados apenas quatro apresentaram padrões diferentes de manchas da face dorsal não registrados na literatura até o momento.

Palavras-chave: Insecta, Heteroptera, Schinus terebinthifolius, polimorfismo

ABSTRACT

The occurrence of Pachycoris torridus (Scopoli) on Schinus terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae), is recorded for the first time. The specimens were collected in Piracicaba, State of Sao Paulo; only four out of 43 adults showed new spots morphs of pronotum and scutellum.

Key words: Insecta, Heteroptera, Schinus terebinthifolius, polymorphism

Pachycoris torridus (Scopoli) é o único percevejo da família Scutelleridae de importância agrícola no Brasil (Monte 1938, Gallo et al. 2002). Além de ser registrado como praga da acerola (Gallo et al. 2002, Sánchez-Soto & Nakano 2002), tem sido constatado em araçazeiro (Psidium araça), arroz (Oryza sativa), cajueiro (Anacardium occidentale), eucalipto (Eucalyptus sp.), goiabeira (Psidum guajava), laranjeira (Citrus sinensis), mandioca (Manihot esculenta), mangueira (Mangifera indica), pinhão (Jatropha curcas) e tungue (Aleurites fordii) (Silva et al. 1968). Apresenta diversas variações no padrão das manchas e cores do seu corpo (Monte 1937), sendo a forma básica de coloração negra ou marrom com oito manchas no pronoto e 14 no escutelo, amarelas ou vermelhas (Fig. 1 A-C). Esseautor registrou 13 formas de manchas e seis cores diferentes em 13 de 16 exemplares coletados em uma planta não identificada no estado de Rio de Janeiro.



Foram coletados 43 espécimes adultos de P. torridus em abril de 2001 em Schinus terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae), utilizada como planta ornamental no Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola, ESALQ/USP, Piracicaba, SP. Este constitui um novo registro de hospedeira para esse percevejo, observando que também foram encontradas ninfas. Sua presença foi constatada na mesma planta no verão de 2002 e 2003. S. terebinthifolius é uma planta perenifólia, heliófita e pioneira, que ocorre em várias formações vegetais do Brasil, desde Pernambuco até Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, a qual por ser de pequeno porte e ter aspecto ornamental é indicada para arborização de ruas estreitas e sob fios elétricos (Harri 1992).

Dos 43 exemplares de P. torridus coletados em 2001, 38 apresentaram as cores básicas (negra ou marrom) e o padrão básico de manchas (Fig. 2) de coloração amarela ou vermelha (Fig. 1 A-C); um apresentou o padrão básico de manchas (Fig. 2), vermelhas, mas com a face dorsal do tegumento de coloração diferente, que de acordo com o código universal de cores (Séguy 1936) trata-se da cor laranja 173 (Fig. 1D), e 4 apresentaram novos padrões (Fig. 1 E-H) com relação aos registrados por Monte (1937).


É possível que a cor laranja 173 (Fig. 1 D) seja a mesma registrada por Monte (1937) como "cor tijolo", referida por esse autor a um exemplar indicado com o número 2, cujo padrão de manchas é diferente da forma básica.

Os novos padrões são descritos a seguir:

Padrão 1. Correspondente a um exemplar fêmea de coloração negra com manchas amarelas, difere do padrão básico (Fig. 2) por apresentar as manchas 10, 11 e 12 do escutelo de maior tamanho e muito próximas entre si formando quase uma faixa transversal (Fig. 1E).

Padrão 2. De um espécime macho negro com manchas amarelas. As oito manchas do pronoto estão unidas pelas margens laterais e anterior, deixando duas áreas negras na margem anterior e outras duas de maior tamanho localizadas desde a margem posterior até a região média formando uma bifurcação. No escutelo, as manchas 2-4 permanecem inalteráveis; as manchas 1 e 5 unem-se respectivamente com as 6 e 9, as quais junto com as 7 e 8 formam uma faixa continua transversal; as manchas 10-12 formam também uma faixa transversal que aumenta lateralmente unindo-se nas margens com as manchas 13 e 14 que ficam separadas uma da outra por uma estreita faixa negra vertical (Fig. 1F).

Padrão 3. De um exemplar fêmea negro com manchas amarelas. Difere do padrão anterior porque no pronoto a união das manchas amarelas cobrem uma maior superfície reduzindo as duas manchas negras maiores a duas faixas verticais convergentes; as duas áreas negras da margem anterior são maiores e prolongam-se posteriormente. No escutelo, a diferença com relação ao padrão anterior deve-se também a uma maior união e expansão das manchas amarelas, de modo que na metade posterior a coloração negra se reduz a seis manchas: quatro anteriores e duas posteriores (Fig. 1 G).

Padrão 4. Correspondente a um espécime macho de coloração negra com manchas vermelhas. Este padrão apresenta semelhanças com os padrões 2 e 3. O pronoto é quase igual ao do padrão 3, exceto que as duas áreas negras da margem anterior são menores, separadas da projeção posterior que fica reduzida a uma pequena mancha isolada. No escutelo as manchas 2-4 estão fundidas e unem-se com a faixa formada pelas manchas 6-9, ficando quatro manchas negras na metade anterior. Na metade posterior do escutelo, as manchas 10-12, e 13 e 14 unem-se e expandem-se deixando uma faixa transversal negra como no padrão 2, e uma segunda faixa negra posterior mais estreita, interrompida no meio (Fig. 1H). Este padrão também tem semelhança com o padrão número 3 registrado por Monte (1937), diferindo por apresentar as manchas da margem anterior do pronoto não unidas às da margem posterior, e pela união das manchas 2-4 do escutelo; além disso, a coloração é vermelha, intensa, enquanto a coloração do exemplar indicado por esse autor é castanha escura.

Esses novos padrões devem ser adicionados aos registrados por Monte (1937), pois até o momento constam 17 variações no padrão de manchas da face dorsal de P. torridus no Brasil. Essa informação é necessária na identificação desse percevejo, pois devido a sua grande variação já recebeu oito nomes distintos (Lima 1940). Para diferenciar os novos padrões (1-4) dos 13 constatados por Monte (1937), eles podem ser registrados respectivamente com os números 14-17.

Agradecimentos

Ao M.Sc. Wellington Forster, Departamento de Botânica, ESALQ/USP, pela identificação da planta hospedeira.

Literatura Citada

Received 05/03/03

Accepted 20/07/03

  • Gallo, D., O. Nakano, S.S. Neto, R.P.L. Carvalho, G.C. Batista, E.B. Filho, J.R.P. Parra, R.A. Zucchi, S.B. Alves, J.D. Vendramim, L.C. Marchini, J.R.S. Lopes & C. Omoto. 2002. Entomologia agrícola. Piracicaba, FEALQ, 920p.
  • Harri, L.1992. Árvores brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa, Editora Plantarum, 352p.
  • Lima, A.C. 1940. Insetos do Brasil, 2º tomo, capítulo 22, Hemípteros. Série Didática Num. 3. Escola Nacional de Agronomia, Rio de Janeiro, 351p.
  • Monte, O. 1937. Algumas variações nos desenhos e cores de Pachycoris torridus (Scopoli). Campo 8: 71.
  • Monte, O. 1938. Hemípteros fitófagos, III. Campo 9: 24-27.
  • Sánchez-Soto, S. & O. Nakano. 2002. Ocorrência de Pachycoris torridus (Scopoli) (Hemiptera: Scutelleridae) em acerola (Malpighia glabra L.) no Brasil. Neotrop. Entomol. 31: 481-482.
  • Séguy, E. 1936. Code universel des couleurs. Paris, Paul Lechevalier, 68p.
  • Silva, A.G.A., C.R. Gonçalves, D.M. Galvão, A.J.L. Gonçalves, J. Gomes, M.N. Silva & L. Simoni. 1968. Quarto catálogo dos insetos que vivem nas plantas do Brasil. Seus parasitos e predadores. Parte 2, Tomo 1º, insetos, hospedeiros e inimigos naturais. Rio de Janeiro, Ministério da Agricultura, 622p.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Maio 2004
  • Data do Fascículo
    Fev 2004

Histórico

  • Aceito
    20 Jul 2003
  • Recebido
    05 Mar 2003
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