Resumos
O presente trabalho teve como objetivos conhecer a composição da flora apícola de um fragmento de cerrado da Estação Experimental de Itirapina, unidade da Divisão de Florestas e Estações Experimentais do Instituto Florestal, no município de Itirapina, SP (22º14'S e 47º49'W). O espectro polínico do mel produzido e do pólen coletado por Apis mellifera L. foram determinandos no local. Essas informações contribuem para o conhecimento do potencial de exploração da apicultura em áreas remanescentes de cerrado, como alternativa para o desenvolvimento sustentável. As plantas em florescimento foram coletadas quinzenalmente de dezembro de 2004 a novembro de 2005, ao longo de uma trilha com 3 km de extensão. As amostras de cargas de pólen foram coletadas quinzenalmente de fevereiro a novembro de 2005; e as amostras de mel, mensalmente de fevereiro a outubro do mesmo ano, em cinco colméias de A. mellifera instaladas numa mesma área. A flora local foi representada por 82 espécies pertencentes a 59 gêneros e 30 famílias, sendo 3,7% representadas no mel e 6,1% nas cargas de pólen. Asteraceae, Bignoniaceae, Malpighiaceae e Myrtaceae foram as famílias mais representativas.
Espectro polínico; fonte de alimento; flora apícola
The present work had as objectives to know the bee flora composition in an savannah fragment of the Estação Experimental de Itirapina, unit of Divisão de Florestas e Estações Experimentais do Instituto Florestal, in Itirapina county, São Paulo State, Brazil (22º14'S and 47º49'W). The pollen spectrum of the produced honey and the pollen collected by the Africanized honey bee Apis mellifera L. were determined in the area. The information contributes to understand the beekeeping exploration potential in remaining areas of savannah, as an alternative for the sustainable development. The blooming plants were collected biweekly between December 2004 and November 2005, along a trail with 3 km of extension. Pollen loads samples were collected biweekly from February to November 2005, and honey samples were collected monthly, from February to October of the same year, in five beehives of A. mellifera, installed at the same area. The local flora was represented by 82 species, belonging to 59 genera and 30 families, being 3.7% represented in hony samples and 6.1% in pollen loads. Asteraceae, Bignoniaceae, Malpighiaceae and Myrtaceae were the most representative families.
Pollen spectrum; food source; bee flora
ECOLOGY, BEHAVIOR AND BIONOMICS
Plantas apícolas de importância para Apis mellifera L. (Hymenoptera: Apidae) em fragmento de cerrado em Itirapina, SP
Important bee plants to the africanized honey Bee Apis mellifera L. (Hymenoptera: Apidae) in a fragment of savannah in Itirapina, São Paulo State, Brazil
Kiára MendonçaI; Luís C. MarchiniI; Bruno de A. SouzaII; Daniela de Almeida-AnacletoI; Augusta C. de C.C. MoretiIII
IDepto. Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Av. Pádua Dias, 11, C. postal 9, 13418-900, Piracicaba, SP; lcmarchi@esalq.usp.br
IIEMBRAPA Meio-Norte, Núcleo de Pesquisa com Abelhas (NUPA), Av. Duque de Caxias, 5650 Buenos Aires, 64006-220, Teresina, PI; bruno@cpamn.embrapa.br
IIICentro de Pesquisa e Desenvolvimento de Zootecnia Diversificada, Instituto de Zootecnia/Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios/Secretaria de Agricultura e Abastecimento, 13460-000 Nova Odessa, SP; acmoreti@iz.sp.gov.br
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivos conhecer a composição da flora apícola de um fragmento de cerrado da Estação Experimental de Itirapina, unidade da Divisão de Florestas e Estações Experimentais do Instituto Florestal, no município de Itirapina, SP (22º14'S e 47º49'W). O espectro polínico do mel produzido e do pólen coletado por Apis mellifera L. foram determinandos no local. Essas informações contribuem para o conhecimento do potencial de exploração da apicultura em áreas remanescentes de cerrado, como alternativa para o desenvolvimento sustentável. As plantas em florescimento foram coletadas quinzenalmente de dezembro de 2004 a novembro de 2005, ao longo de uma trilha com 3 km de extensão. As amostras de cargas de pólen foram coletadas quinzenalmente de fevereiro a novembro de 2005; e as amostras de mel, mensalmente de fevereiro a outubro do mesmo ano, em cinco colméias de A. mellifera instaladas numa mesma área. A flora local foi representada por 82 espécies pertencentes a 59 gêneros e 30 famílias, sendo 3,7% representadas no mel e 6,1% nas cargas de pólen. Asteraceae, Bignoniaceae, Malpighiaceae e Myrtaceae foram as famílias mais representativas.
Palavras-chave: Espectro polínico, fonte de alimento, flora apícola
ABSTRACT
The present work had as objectives to know the bee flora composition in an savannah fragment of the Estação Experimental de Itirapina, unit of Divisão de Florestas e Estações Experimentais do Instituto Florestal, in Itirapina county, São Paulo State, Brazil (22º14'S and 47º49'W). The pollen spectrum of the produced honey and the pollen collected by the Africanized honey bee Apis mellifera L. were determined in the area. The information contributes to understand the beekeeping exploration potential in remaining areas of savannah, as an alternative for the sustainable development. The blooming plants were collected biweekly between December 2004 and November 2005, along a trail with 3 km of extension. Pollen loads samples were collected biweekly from February to November 2005, and honey samples were collected monthly, from February to October of the same year, in five beehives of A. mellifera, installed at the same area. The local flora was represented by 82 species, belonging to 59 genera and 30 families, being 3.7% represented in hony samples and 6.1% in pollen loads. Asteraceae, Bignoniaceae, Malpighiaceae and Myrtaceae were the most representative families.
Keywords: Pollen spectrum, food source, bee flora
O cerrado compreende uma das mais representativas fisionomias vegetais do Brasil depois da floresta Amazônica, sendo caracterizado por uma formação xeromórfica que ocupa atualmente dois milhões de km2 do território brasileiro, e considerado ponto crítico para a preservação da biodiversidade. No entanto, os avanços das cidades, da agricultura e da pecuária têm promovido intensa fragmentação e degradação nesse bioma, que já ocupou 14% da área do estado de São Paulo e que atualmente restringe-se somente a 1% (Fiori & Fioravanti 2001).
Nesses ecossistemas naturais, as abelhas desempenham papel importante para a manutenção das comunidades de plantas e animais, de forma que, segundo Silberbauer-Gottsberger & Gottsberger (1988), em cerrados de São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais, cerca de 75% das espécies de plantas são polinizadas de forma exclusiva, primária ou secundária por abelhas. Dentre as quais, destaca-se Apis mellifera L.
A diversidade da flora brasileira, associada à extensão territorial e a variabilidade climática existente, possibilita ao país um grande potencial apícola, com colheitas durante praticamente todo o ano, o que acaba por diferenciar o Brasil de outros países produtores que, normalmente, colhem mel uma única vez por ano (Marchini et al. 2004).
A apicultura tem estreita relação com o desenvolvimento da flora de uma região, quer pela participação direta da abelha por meio da polinização, quer pela ação do homem procurando melhorar as condições apícolas e favorecendo, desse modo, o ambiente (Scheren 1983).
Nesse contexto, a identificação das espécies vegetais visitadas pelas abelhas assume grande importância, por indicar aos apicultores fontes adequadas e de abundante suprimento de néctar e pólen, principalmente considerando-se que a apicultura no Brasil visa o maior aproveitamento das riquezas que a vegetação natural oferece (Freitas 1991, Alcoforado Filho 1993).
A identificação do tipo polínico presente nas amostras de mel é uma das principais maneiras de caracterizar a flora visitada pelas abelhas. Apesar de existirem controvérsias em relação ao seu uso (Molan 1998), esse método ainda é o que tem sido mais utilizado, sendo aplicado em diversos estudos conduzidos em diferentes localidades do país e do exterior (e.g. Barth1989, Seijo et al. 1992, Moreti et al. 2000, Carvalho et al. 2001, Bastos et al. 2003).
O interesse pela apicultura no estado de São Paulo e a escassez de informações sobre o potencial de exploração da atividade apícola na vegetação de cerrado tornam necessárias pesquisas nessas áreas, para possibilitar estratégias futuras de utilização racional da flora apícola e de conservação desses ecossistemas.
Este trabalho teve como objetivos conhecer a composição e importância da flora apícola de um fragmento de cerrado para A. mellifera, localizado no município de Itirapina, SP, contribuindo para o conhecimento dos recursos disponíveis nesta área de vegetação remanescente.
Material e Métodos
Considerações sobre a área de estudo. O presente trabalho foi realizado em um fragmento de cerrado chamado Valério, localizado no município de Itirapina, SP (22º14'S e 47º49'W), apresentando altitude média de 760 m e solo do tipo Latossolo Vermelho Amarelo fase rasa (Gianotti 1988). A região apresenta clima úmido com inverno seco, precipitação anual média de 1425 mm, temperatura média de 19,7?C e clima classificado como Cwa de Köeppen. A área pertence à Estação Experimental de Itirapina, unidade da Divisão de Florestas e Estações Experimentais do Instituto Florestal, e apresenta cobertura vegetal correspondente a cerca de 68,9% de vegetação natural, representada em sua maior parte por fragmentos de cerrado em todas as suas formas fisionômicas, que fazem limite com áreas de floresta implantada com Eucalyptus e Pinus, e plantios comerciais de Citrus.
Segundo a classificação de fitofisionomias de cerrado de Ribeiro & Walter (1998), a área do Valério pode ser classificada como cerradão, caracterizando-se por apresentar flora com elementos do cerrado sensu strictu e da mata, com cobertura arbórea de 50-60%. O extrato arbóreo é composto por in-divíduos tortuosos e eretos, contendo poucas espécies com caducifolia na estação da seca e alturas médias de 8 m a 15m.
Levantamento da flora apícola. Durante o período de um ano (dezembro/2004 a novembro/2005) foram coletados ramos com flores das plantas para preparação de exsicatas e confecção do laminário de referência de pólen. As coletas foram realizadas quinzenalmente ao longo de uma trilha pré-determinada com cerca de 3000 m de extensão, seguindo método baseado em Sakagami et al. (1967). Dessa forma, foram consideradas como componentes da flora apícola da área em estudo, as plantas cujos grãos de pólen foram constatados nas amostras de mel coletadas nas colméias e/ou nas cargas de pólen coletadas diretamente das corbículas das campeiras de A. mellifera. As exsicatas após a identificação realizada pelo Laboratório de Sistemática Vegetal da ESALQ foram depositadas no Laboratório de Insetos Úteis.
Coleta de amostras de mel e de cargas de pólen. Para coleta das amostras de mel e de cargas de pólen foram utilizadas cinco colônias de A. mellifera L. habitando caixas racionais tipo Langstroth. As colônias foram mantidas dentro da área de estudo e avaliadas durante o período de fevereiro a novembro de 2005.
As amostras de mel foram obtidas mensalmente, de fevereiro a outubro de 2005, adotando-se o critério de fornecimento de quadros vazios, marcados e colocados nas melgueiras para evitar a mistura de mel produzido nos diferentes meses de coleta. Os favos de cada mês, após colhidos, foram centrifugados, e o mel decantado e filtrado antes de se iniciarem as análises polínicas.
As cargas de pólen foram obtidas quinzenalmente, entre fevereiro e novembro de 2005, por meio da captura das abelhas que regressavam para a colméia apresentando cargas de pólen em suas corbículas. As coletas foram realizadas na entra de cinco colméias, utilizando-se rede entomológica.
Montagem do laminário de referência e análise polínica do mel e das cargas de pólen. A montagem das lâminas e as análises polínicas de mel e das cargas de pólen foram realizadas no Laboratório de Insetos Úteis do Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Campus de Piracicaba, da Universidade de São Paulo.
Nesta etapa do trabalho, utilizou-se o método da acetólise (Erdtman 1952), que consiste no tratamento químico do grão de pólen, eliminando a intina, o citoplasma e as substâncias aderentes aos grãos, fossilizando-os artificialmente e tornando a exina mais transparente e adequada para o estudo de seus detalhes.
A preparação das lâminas em duplicata variou de acordo com o material: lâminas de referência foram montadas a partir da retirada e lavagem das anteras com água destilada para obtenção dos grãos de pólen; para as lâminas de mel foi utilizada uma alíquota de 10 g de cada amostra representativa do mês; e para as cargas de pólen tomou-se uma amostra de 1 g do homogeneizado das cargas de cada mês.
As lâminas foram observadas sob microscópio, sendo realizadas as análises (A) qualitativa, para determinação das espécies botânicas (ou tipos polínicos) presentes nas amostras, levando-se em consideração aspectos morfológicos dos grãos de pólen quando comparados com o laminário de referência; e (B) quantitativa, mediante contagem de 300 a 500 grãos de pólen por amostra (média da contagem das lâminas em duplicata) e agrupamento por espécies botânicas e/ou tipos polínicos. Essa contagem é caracterizada por agrupar os grãos de pólen em quatro classes de freqüência: pólen dominante (Pd) com presença em mais de 45% do total de grãos, pólen acessório (Pa) entre 16% e 44%, pólen isolado importante (Pii) entre 3% e 15% e pólen isolado ocasional (Pio) em menos de 3% (Barth 1989, Louveaux et al. 1978).
Resultados e Discussão
Composição da flora. Foram coletadas 82 espécies de plantas, pertencentes a 59 gêneros e 30 famílias no levantamento florístico (Tabela 1).
Realizando levantamento florístico no mesmo fragmento de cerrado, Gianotti (1988) obteve 118 espécies pertencentes a 87 gêneros e 46 famílias, correspondentes a componentes de vegetação arbustiva e arbórea. No cerrado de Corumbataí, também estado de São Paulo, Andena et al. (2005) identificaram 119 espécies vegetais pertencente a 92 gêneros e 38 famílias.
Das 30 famílias catalogadas neste trabalho, 15 foram representadas por apenas uma espécie, seis famílias por duas espécies, três famílias por três espécies, a família Melastomataceae por quatro espécies, Bignoniaceae, Malpighiaceae e Myrtaceae por seis espécies cada, Fabaceae por 10 espécies e a família Asteraceae por 14 espécies.
Em outros estudos realizados em área de cerrado, a família Asteraceae também se destacou pela riqueza totalizando 27 espécies, como observado por Almeida (2002) no município de Pirassununga, SP; e por Andena et al. (2005), no município de Corumbataí, SP, totalizando 14 espécies, sendo seguida por Fabaceae (= Leguminosae) (12), Malpighiaceae, Melastomataceae e Rubiaceae (8). Em área de cerrado em Cajurú, SP, Pedro (1992) observou grande número de A. mellifera nas flores de espécies da família Malpighiaceae.
Para áreas de cerrado de outros estados, destacaram-se Mimosaceae na Bahia (Carvalho 1999), Malpighiaceae em Cassilândia, MS (Vieira 2005) e na região do Alto Taquari, Brasil central (GO, MS, MT), Myrtaceae e Fabaceae com 18 e 17 espécies, respectivamente, sendo seguidas por Apocynaceae, Malpighiaceae e Melastomataceae, com cinco espécies cada (Martins & Batalha 2006).
Os gêneros com maior representatividade no presente estudo foram: Eupatorium, Byrsonima, Miconia (quatro espécies cada) e Serjania (três espécies). Serjania e Eupatorium também destacaram-se nos levantamentos realizados por Almeida (2002) e Vieira (2005), em áreas de cerrado de Pirassununga, SP e Cassilândia, MS, respectivamente.
O gênero Byrsonima (Malphigiaceae), identificado no presente estudo, cujas espécies são freqüentes no cerrado, foi destacado por Goodland & Ferri (1979), por compreender espécies de reconhecida importância apícola. A família Malphigiaceae também se destacou em abundância de espécies de importância apícola em levantamentos realizados em áreas de cerrado de Corumbataí (Campos 1989) e de Luiz Antônio, SP (Mateus 1998).
Tipos polínicos presentes no mel. Os resultados das análises polínicas do mel, referentes à média de contagem de duas lâminas, são apresentados na Tabela 2, sendo identificados 12 tipos polínicos, distribuídos em 11 famílias botânicas.
Foram considerados dominantes: Eucalyptus sp. (Myrtaceae) e Citrus sp. (Rutaceae) devido à porcentagem apresentada por eles. As microfotografias dos tipos polínicos observados como dominantes ou acessórios nas amostras de mel são apresentadas na Fig. 1.
Das espécies presentes nas amostras foram Eucalyptus sp. (Myrtaceae) e Eupatorium sp. (Asteraceae) foram representadas em 100,0% e 77,8%, respectivamente. Excluindo-se Eucalyptus sp., por não se tratar de planta nativa de cerrado, a grande freqüência de Eupatorium sp. demonstra o potencial apícola dessa planta na área estudada.
Bastos et al. (2003), analisando o espectro polínico presente no mel produzido por A. mellifera em área de cerrado de Minas Gerais, verificaram alterações nesse espectro durante as estações seca e chuvosa do ano, caracterizado pela presença de Astronium sp., Schinus sp., Eucalyptus sp., Alternanthera sp., Serjanea sp., Baccharis sp., Hyptis sp. e Mimosa sp. durante o período seco (abril a novembro); e de Mimosa sp., Schinus sp. e Eucalyptus sp. durante o período chuvoso (novembro a março).
Apesar de ser uma espécie exótica, a importância de Eucalyptus sp. como fonte de recursos alimentares para A mellifera também foi registrada por Almeida (2002) e Vieira (2005) em áreas de cerrado de São Paulo e Mato Grosso do Sul, respectivamente.
Tipos polínicos presentes nas cargas de pólen. Os resultados das análises polínicas de cargas de pólen, referentes à média de contagem de duas lâminas, são apresentados na Tabela 3, sendo identificados 17 tipos polínicos, distribuídos em 13 famílias botânicas.
Com relação à porcentagem encontrada nas amostras, foram considerados dominantes: Eucalyptus sp. (Myrtaceae), Tipo Myrcia (Myrtaceae), uma espécie não identificada da família Poaceae e Citrus sp. (Rutaceae). As microfotografias dos tipos polínicos observados como dominantes ou acessórios nas amostras de cargas de pólen são apresentadas na Fig. 2.
Das espécies presentes nas amostras de cargas de pólen analisadas, Eucalyptus sp. (Myrtaceae) foi representado em 100,0%, Eupatorium sp. (Asteraceae), Tipo Myrcia (Myrtaceae) e Citrus sp. (Rutaceae) em30,0%.
Quanto à distribuição dos tipos polínicos por família, Asteraceae apresenta maior diversidade (16,7%), seguida por Myrtaceae (11,1%).
Os resultados obtidos são semelhantes ao observado por Vieira (2005) em área de cerrado no município de Cassilândia, MS, sendo a família Asteraceae a com maior diversidade. Costa (2002) também observou maior diversidade de tipos polínicos para a família Asteraceae em estudos em Cruz das Almas, BA. Além desta família, Almeida (2002) também encontrou grande diversidade em tipos polínicos de Myrtaceae e Mimosaceae em estudo em área de cerrado no município de Pirassununga, SP.
Barth & Luz (1998) relatam como mais freqüentes nas amostras de mel e pólen as famílias Mimosaceae e Asteraceae, enquanto, em análises de pólen coletados por A mellifera em uma área do estado do Rio de Janeiro, observaram maior frequência para as famílias Asteraceae, Euphorbiaceae, Fabaceae, Myrtaceae e Arecaceae.
Das 82 espécies de plantas identificadas durante o levantamento florístico realizado, apenas três espécies (Eupatorium sp., Anadenanthera sp. e Serjania sp.) apresentaram grãos de pólen presentes nas amostras do mel produzido, correspondendo a 3,7% do total; e cinco espécies (Eupatorium sp., Vernonia sp., Pyrostegia venusta (Ker-Gawl.) Miers, Anadenanthera sp. e Miconia sp.) nas amostras do pólen coletado, equivalente a 6,1% do total de plantas levantadas na área. Essa seletividade por utilização de determinadas espécies disponíveis no local também foi verificada por Antonini et al. (2006), em área de ambiente urbano, com 18% de plantas disponíveis no local visitadas por Melipona quadrifasciata Lepeletier.
A presença de espécies vegetais representadas nas amostras de mel e pólen, mas não amostradas no levantamento florístico, sugere a ocorrência dessas espécies fora da trilha amostrada, ou mesmo fora da área remanescente, a exemplo do Eucalyptus e Citrus. Isso reforça a indicação que o levantamento de plantas realizado nas trilhas representa uma amostra da população de plantas presentes na área em estudo e nunca a totalidade das espécies presentes no local. Demonstra ainda que, embora uma planta seja visitada por abelhas, ela pode não ser a principal fonte de alimento em um dado instante, mas poderá tornar-se importante na manutenção das espécies quando os alimentos preferidos não estiverem presentes.
Agradecimentos
Os autores agradecem à FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) pelo suporte tecnológico com o fornecimento de equipamentos e reagentes, tornando viável o desenvolvimento do presente trabalho; à Unidade da Divisão de Florestas e Estações Experimentais do Instituto Florestal, pela cessão da área experimental; ao CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pela concessão de bolsas de Produtividade em Pesquisa e de Doutorado aos segundo e terceiro autores respectivamente; ao revisor anônimo pelas valiosas sugestões.
Received 11/IV/07. Accepted 18/IV/08.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
27 Nov 2008 -
Data do Fascículo
Out 2008
Histórico
-
Aceito
18 Abr 2008 -
Recebido
11 Abr 2007