Resumos
Estudos de correlação foram usados para avaliar a metodologias de extração para micronutrientes em solos do Paraná, visando à padronização dos métodos. Foram avaliados extratores ácidos (Mehlich 1), na proporção solo/extrator de 1:5 e 1:10, um extrator ácido complexantes (Mehlich 3), na proporção de 1:10, e um complexante (DTPA), na proporção 1:2. O Mehlich 1 e Mehlich 3 foram extraídos: a) filtragem imediata após a agitação e b) filtragem após decantação de 16h. As correlações foram estabelecidas entre os teores no solo e em plantas de milho. Os maiores teores de Zn e Cu ocorreram com o uso do Mehlich 1 (1:10), com filtragem após decantação, e Mehlich 3 (1:10), com filtragem imediata e filtragem após decantação. Nos estudos de correlação entre os extratores, a metodologia-padrão dos laboratórios do Paraná, a qual usa o Mehlich 1, com filtragem após decantação, obteve boa correlação, na determinação do Zn, com o Mehlich 1 (1:10) e (1:5), com filtragem imediata ou após decantação de 16h; na determinação do Mn e Fe, a metodologia-padrão apresentou melhor correlação com o DTPA e com o Mehlich 3, com filtragem imediata ou após decantação. Para a determinação do Cu houve equivalência entre todas as metodologias de extração.
micronutrientes; disponibilidade; solos paranaenses
Correlation studies were used to evaluate the extraction methodologies for micronutrients in soils of Paraná State, Brazil, aiming at the standardization of methods. The following were evaluated: Acid extractors (Mehlich 1), in a soil-to-extractor ratio of 1:5 and 1:10; an extractor composed of acid and complexing components (Mehlich 3), used in a 1:10 ratio; and a complexing extractor (DTPA), in 1:2. The Mehlich 1 and Melich 3 had two extraction forms: a) immediate filtration or after agitation; and b) filtration after decantation of 16 hours. Correlations were established between the micronutrients in the soil and in corn plants. It was concluded that the higher content of Zn and Cu occurred with the use of Mehlich 1 (1:10), with filtration after decantation and with Mehlich 3 (1:10), with immediate filtration and filtration after decantation.. In the correlation studies, it was verified that the standard methodology of the laboratories in Paraná State, which uses Mehlich 1, with filtration after decantation, obtained good correlation in the determination of Zn, with Mehlich 1 (1:10) and (1:5), with immediate filtration or after decantation; in the determination of Mn and Fe, the methodology pattern presented better correlation with DTPA and with Mehlich 3, with immediate filtration or after decantation. For the determination of Cu, all extraction methodologies were equivalent.
micronutrients; availability; Paraná State soils
SOLOS
Metodologias e eficiência de extratores para zinco, cobre, ferro e manganês
Methodologies and extractor efficiency for zinc, copper, iron and manganese
Maria Anita Gonçalves da SilvaI,* * Autor para correspondência. E-mail: magsilva@uem.br ; Antonio Saraiva MunizI; Antonio Yoshinori NodaI; Marlene Estevão MarchettiII; José de Deus Viana da MataI; Elaine Reis Pinheiro LourenteII
IDepartamento de Agronomia, Universidade Estadual de Maringá, Av. Colombo 5790, 87020-900, Maringá, Paraná, Brasil
IIDepartamento de Agronomia, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, Mato Grosso do Sul, Brasil
RESUMO
Estudos de correlação foram usados para avaliar a metodologias de extração para micronutrientes em solos do Paraná, visando à padronização dos métodos. Foram avaliados extratores ácidos (Mehlich 1), na proporção solo/extrator de 1:5 e 1:10, um extrator ácido complexantes (Mehlich 3), na proporção de 1:10, e um complexante (DTPA), na proporção 1:2. O Mehlich 1 e Mehlich 3 foram extraídos: a) filtragem imediata após a agitação e b) filtragem após decantação de 16h. As correlações foram estabelecidas entre os teores no solo e em plantas de milho. Os maiores teores de Zn e Cu ocorreram com o uso do Mehlich 1 (1:10), com filtragem após decantação, e Mehlich 3 (1:10), com filtragem imediata e filtragem após decantação. Nos estudos de correlação entre os extratores, a metodologia-padrão dos laboratórios do Paraná, a qual usa o Mehlich 1, com filtragem após decantação, obteve boa correlação, na determinação do Zn, com o Mehlich 1 (1:10) e (1:5), com filtragem imediata ou após decantação de 16h; na determinação do Mn e Fe, a metodologia-padrão apresentou melhor correlação com o DTPA e com o Mehlich 3, com filtragem imediata ou após decantação. Para a determinação do Cu houve equivalência entre todas as metodologias de extração.
Palavras-chave: micronutrientes, disponibilidade, solos paranaenses.
ABSTRACT
Correlation studies were used to evaluate the extraction methodologies for micronutrients in soils of Paraná State, Brazil, aiming at the standardization of methods. The following were evaluated: Acid extractors (Mehlich 1), in a soil-to-extractor ratio of 1:5 and 1:10; an extractor composed of acid and complexing components (Mehlich 3), used in a 1:10 ratio; and a complexing extractor (DTPA), in 1:2. The Mehlich 1 and Melich 3 had two extraction forms: a) immediate filtration or after agitation; and b) filtration after decantation of 16 hours. Correlations were established between the micronutrients in the soil and in corn plants. It was concluded that the higher content of Zn and Cu occurred with the use of Mehlich 1 (1:10), with filtration after decantation and with Mehlich 3 (1:10), with immediate filtration and filtration after decantation.. In the correlation studies, it was verified that the standard methodology of the laboratories in Paraná State, which uses Mehlich 1, with filtration after decantation, obtained good correlation in the determination of Zn, with Mehlich 1 (1:10) and (1:5), with immediate filtration or after decantation; in the determination of Mn and Fe, the methodology pattern presented better correlation with DTPA and with Mehlich 3, with immediate filtration or after decantation. For the determination of Cu, all extraction methodologies were equivalent.
Key words: micronutrients, availability, Paraná State soils.
Introdução
Produtividades elevadas das culturas, associadas à maior remoção de nutrientes do solo e ao uso de fertilizantes concentrados, podem resultar em desequilíbrio e deficiência nutricional. Esses motivos justificam a diminuição da concentração dos micronutrientes, principalmente em função da não-reposição pela adubação, da falta de matéria orgânica, da calagem e adubação fosfatada superficial, em plantio direto. A disponibilidade dos micronutrientes depende da sua dinâmica no solo, que está relacionada à sua mineralogia, textura e conteúdo de matéria orgânica.
O teor de Zn acompanha a distribuição da matéria orgânica nos solos, sendo mais alto superficialmente. Da mesma forma, a argila e a matéria orgânica são os principais componentes envolvidos na retenção do Cu no solo. O nutriente forma complexos estáveis com ácidos húmicos e fúlvicos, por ligação ao oxigênio nos grupamentos carboxílicos e fenólicos (FERREIRA; CRUZ, 1991; ABREU et al., 2001)
O suprimento adequado de Fe e Mn às plantas depende das condições de pH e do potencial redox. Em solos altamente intemperizados, e com pH corrigido, ambos possuem baixa disponibilidade, pois por oxidação transformam-se em óxidos hidratados bastante estáveis no solo, entre eles a goetita para o ferro e a pirolusita para o manganês (DEHCEN; NACHTIGALL, 2006), minerais componentes da fração argila.
Deficiência e excesso de micronutrientes são observados nas análises de solo e de tecido vegetal. No Brasil, porém, ainda há poucos estudos que contribuem para uma definição e padronização de metodologias de extração e determinação dos micronutrientes. Igualmente, a falta de estudos sobre correlação e calibração dificulta o estabelecimento de limites de classes de teores para a interpretação dos resultados. A opção por determinado extrator muitas vezes ocorre pela facilidade de uso no laboratório e não pela sua eficiência analítica.
O programa de controle de qualidade das análises de solo do Estado do Paraná (CELA) inclui a análise de micronutrientes e concomitantemente avalia o desempenho dos laboratórios, em função do uso de uma metodologia-padrão entre eles. A metodologia-padrão para o Fe, Mn, Cu e Zn utiliza como extrator o Mehlich 1, e a determinação dos teores ocorre após decantação da amostra por 16h. No entanto, como o comportamento e a dinâmica dos micronutrientes no solo é diferente para cada elemento e para cada solo, pode-se ter também uma especificidade nas metodologias de determinação, para cada nutriente. Por isso, objetivou-se: a) verificar a eficiência da metodologia-padrão, quando comparada a outras metodologias utilizadas para a avaliação dos micronutrientes no solo; b) quantificar os teores dos micronutrientes do solo, extraídos pelos extratores ácidos (Mehlich 1), complexantes (DTPA) e ácido-complexantes (Mehlich 3), em função de cada metodologia.
Material e métodos
As amostras de solo foram coletadas na profundidade da camada arável (0-20 cm), em 18 locais do Estado do Paraná, abrangendo regiões e características distintas (Tabela 1). Os solos de textura mais argilosa (teor de argila entre 470 a 660 g kg-1) são Nitossolo Vermelho eutroférrico (NVef), Nitossolo Vermelho distroférrico (NVdf), Chernossolo Argilúvico férrico (MTf), Latossolo Vermelho eutroférrico (LVef), Latossolo Vermelho distroférrico (LVdf), Vertissolo Hidromórfico órtico (Vgo) e foram coletados nas localidades de Ibiporã, Iguatemi, Maringá e Campo Mourão. Os solos de textura média ou areno-argilosos (teor de argila entre 140 a 470 g kg-1) são Argissolo Vermelho distrófico (PVd), Gleyssolo háplico (GXbd), Latossolo Vermelho distrófico (LVd) e foram coletados em Iguatemi, Maringá e Ponta Grossa. Os solos foram classificados de acordo com Embrapa (1999) e as análises químicas seguiram metodologia da Embrapa (1997). Os solos foram corrigidos e a saturação de bases esteve entre 63 a 79%; o pH (CaCl2) variou de 4,9 a 6,4 e a matéria orgânica variou desde 11,5 até 40,5 g dm-3.
A cultura do milho foi utilizada como um parâmetro dos teores de micronutrientes no solo, pelos testes de correlação. A cultura foi adubada na semeadura com NPK, de acordo com Raij et al. (1996), assim como a adubação nitrogenada em cobertura (40 kg ha-1 de uréia), aos 25 dias. Os adubos foram colocados em vasos contendo 5 kg de cada solo amostrado. As doses (kg ha-1) de N e S na semeadura foram de 20 e 24 kg ha-1, utilizando como fonte o sulfato de amônio. A cobertura nitrogenada (uréia) foi realizada na dose de 40 kg ha-1; o P foi aplicado como super fosfato triplo nas doses entre 30 a 80 kg ha-1 de P2O5 e o K, como KCl, foi aplicado em doses entre 20 a 50 kg ha-1, de acordo com a análise de solo.
O milho Exceler (Novartis), com três plantas por vaso de 4 L, desenvolveu-se até 45 dias, quando foi cortado para a análise dos teores de Zn, Cu, Fe e Mn. A análise química dos nutrientes foi realizada na planta inteira, após digestão nitroperclórica, seguindo metodologia de MALAVOLTA et al. (1997). As leituras foram feitas por espectroscopia de absorção atômica.
Os tratamentos consistiram de extratores ácidos (Mehlich 1), nas proporções 1:10 e 1:5, e ácido complexante (Mehlich 3), na proporção 1:10, e um extrator complexante (DTPA), avaliados nas seguintes metodologias de extração, como especificado abaixo:
a) com filtragem imediata;
b) com filtragem após 16h de decantação (metodologia usada pelos laboratórios de análises do Paraná e avaliadas pelo Controle Estadual de Laboratórios - CELA).
1. Mehlich 1 (1:10): 5 cm-3 de solo e 50 mL de extrator; com 5 min. de agitação a 180 rpm e filtragem imediata;
2. Mehlich 1 (1:10) 5 cm-3 de solo e 50 mL de extrator; com 10 min. de agitação a 220 rpm e filtragem após decantação por 16h;
3. Mehlich 1 (1:5): 10 cm-3 de solo e 50 mL de extrator, com 5 min. de agitação a 180 rpm e filtragem imediata;
4. Mehlich 1 (1:5): 10 cm-3 de solo e 50 mL de extrator, com 10 min. de agitação a 220 rpm e filtragem após decantação por 16h;
5. Mehlich 3 (1:10): 5 cm-3 de solo e 50 mL do extrator, com 5 min. de agitação a 180 rpm e filtragem imediata;
6. Mehlich 3 (1:10): 5 cm-3 de solo e 50 mL do extrator, com 10 min. de agitação a 200 rpm e filtragem após decantação de 16h;
7. DTPA TEA pH 7,3 (1:2): 20 cm-3 de solo e 40 mL da solução extratora, com agitação por 2h a 220 rpm e filtragem imediata.
A solução Mehlich 1 foi constituída por HCl 0,05 mol L-1 + H2SO4 0,0125 mol L-1; o Mehlich 3 constitui-se de CH3COOH 0,2 mMol L-1; NH4NO3 0,25 mol L-1; NH4F 0,015 mol L-1; HNO3 0,013 mol L-1; EDTA 0,01 mol L-1 e a solução de DTPA 0,005 mol L-1, trietanolamina (TEA), CaCl2 0,01 mol L-1 a pH 7,3.
Adotou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, com 18 tratamentos (solos), e foram avaliados os extratores e as metodologias de extração e quatro repetições, totalizando 72 parcelas. A análise de variância dos resultados foi realizada por meio do programa estatístico SAS (SAS INSTITUTE, 2000).
Resultados e discussão
Correlações entre as metodologias de extração
Em função dos resultados de teores dos nutrientes no solo e na planta, pode-se relatar que a metodologia de extração de Zn, adotada pelos laboratórios do Paraná, a qual utiliza o Mehlich 1 (1:10), com filtragem após decantação de 16h (metodologia-padrão), apresentou alta correlação, quando comparada ao mesmo extrator, quando a filtragem foi imediata, ou quando comparada ao Mehlich 1 na proporção 1:5, com e sem filtragem imediata (Tabela 2). No entanto, as correlações foram mais baixas quando a metodologia-padrão foi comparada ao DTPA e ao Mehlich 3 (Tabela 2), diferentemente do encontrado na extração de Zn por Ortiz et al. (2007), os quais estabeleceram uma correlação de 0,93% entre o DTPA e Mehlich 1, com decantação por 16h. Segundo Gonçalves Júnior et al. (2006), em comparação com o DTPA, o Mehlich 1 apresentou melhor correlação entre as quantidades extraídas de solo argiloso do Paraná, com 600 g kg-1 de argila, e o conteúdo foliar de zinco absorvido pelo milho.
Para o Cu, pode-se dizer que as metodologias de extração equivaleram-se, e o menor coeficiente de correlação ocorreu quando foi usado o DTPA (Tabela 3).
Os resultados corroboram com outros trabalhos realizados em solos de diferentes texturas (BATAGLIA; RAIJ, 1989; KREIJ et al., 1993; ABREU et al., 1996; NASCIMENTO et al., 2003). Ortiz et al. (2007) encontraram uma correlação de 0,75% entre o Cu extraído pelo DTPA e Mehlich 1, com filtragem após decantação, em solos do Paraná.
As correlações entre os teores no solo e na planta foram mais altas para o Fe (Tabela 4) do que para o Mn (Tabela 5). Considerando a metodologia-padrão de análise de micronutrientes nos solos utilizada no Estado do Paraná (Mehlich 1 1:10, com filtragem após decantação de 16h), observou-se tanto para o Fe quanto para o Mn alto coeficiente de correlação com o uso do Mehlich 1 (1:10), com filtragem imediata, assim como foi obtida alta correlação com o DTPA e com o Mehlich 3, com filtragem imediata ou filtragem após decantação. Abreu et al. (2004) encontraram maior correlação na extração do Mn, quando usaram o DTPA e a resina, em milho com 54 dias de idade. As correlações entre o Mehlich 1 e o Mehlich 3 foram semelhantes. Ortiz et al. (2007) encontraram uma correlação de 0,88% entre o Mn extraído pelo DTPA e Mehlich 1, com filtragem após decantação, em solos do Paraná.
Os resultados divergem daqueles realizados em outros solos e condições climáticas, como os de Rodrigues et al. (2001) e Bataglia e Raij (1989), os quais caracterizam o DTPA como mais indicado para a extração de Fe e Mn, em relação ao Mehlich 1. Oliveira e Nascimento (2006) estabeleceram o Mehlich 1 e DTPA, como os extratores que apresentaram as melhores correlações com as formas biodisponíveis de Fe e Mn, em solos do Estado de Pernambuco.
Teor de Zn nos solos
De forma geral, o Zn foi mais extraído pelo Mehlich 1, com filtragem imediata, comparativamente ao DTPA (Figura 1). O maior teor de Zn extraído pelo Mehlich 1, em relação ao DTPA, foi confirmado por Abreu e Raij (1996), Galrão (1995), Borges e Coutinho (2004), Araújo e Nascimento (2005) e Ortiz et al. (2007), neste caso em Latossolos de textura franco-arenosa do Estado do Paraná. Da mesma forma, Cunha et al. (2008) referem-se aos mais altos teores de Zn extraídos pelo Mehlich 1 e Mehlich 3, comparativamente ao DTPA, em solos com e sem correção da acidez pela calagem. Foi atribuída a maior capacidade de extrair o Zn pelas soluções ácidas à solubilização de formas de Zn que o DTPA, por apresentar reação alcalina, não solubiliza (ABREU; RAIJ, 1996).
Os teores mais altos de Zn (7,64 mg kg-1) obtidos ocorreram no Nitossolo Vermelho distroférrico (NVdf), quando a filtragem ocorreu após 16h, tendo como extratores o Mehlich 1 (9,39 mg kg- 1) e o Mehlich 3 (7,64 mg kg-1), como apresentado na Figura 1. Por outro lado, quando a filtragem foi imediata, os resultados de concentração de Zn foram semelhantes para os dois extratores, concordando, neste caso, com o exposto por Galrão (1996) que encontrou semelhança entre o nível crítico de Zn, em Latossolo Vermelho distrófico, para os extratores Mehlich 1 (1:10) e Mehlich 3 (1:10), com filtragem e 5 min. de agitação.
Teor de Cu nos solos
Os mais altos teores de Cu ocorreram no Nitossolo Vermelho distroférrico (NVdf), usando os extratores Mehlich 1, com filtragem após decantação de 16h (33,86 mg dm-3) e o Mehlich 3, com decantação de 16h (28,85 mg dm-3). Os menores teores foram relativos à extração com DTPA e Mehlich 1, com filtragem imediata (Figura 2).
Independentemente da metodologia, os teores de Cu foram mais altos que os citados por Milagres et al. (2007), em solos de Minas Gerais e da Bahia. Por outro lado, o DTPA extraiu mais Cu em solos de textura média e mais argilosa, comparativamente ao Mehlich 1 e Mehlich 3, segundo Borges e Coutinho (2004), com ou sem a aplicação de calcário. Sims (1989) estudaram 400 amostras de solos de Delaware e revelaram que o Mehlich 3 extraiu 50% mais Cu que o Mehlich 1.
Teor de Mn nos solos
O solo Nitossolo Vermelho distroférrico (NVdf) apresentou os teores mais altos de Mn, para todos os extratores estudados, principalmente nas metodologias com filtragem após decantação, em que o extrator permaneceu maior tempo com o solo. Quando o extrator foi o Mehlich 3, com e sem decantação, os teores estiveram próximos a 400 mg dm-3. Em seguida o Mehlich 1, com decantação, extraiu 356 mg dm-3.
Os resultados corroboram os de Rodrigues et al. (2001), em solos da Amazônia cultivados sucessivamente três anos com arroz, onde o Mehlich 3 foi o que mais retirou Mn dos solos estudados.
O Mn foi mais extraído pelo Mehlich 1 (1:10) e Mehlich 1 (1:5) e menos extraído pelo DTPA, todos com filtragem imediata do extrato (Figura 3), de forma semelhante ao encontrado por Milagres et al. (2007). Pigozzo et al. (2008) utilizaram o DTPA para a extração do Mn em Latossolos de textura média, com 130 g kg-1 de argila, no Estado do Paraná e encontraram teores próximos a 20 mg dm-3. Borges e Coutinho (2004) concluíram ser o DTPA o extrator com o melhor comportamento para avaliar a disponibilidade deste elemento, embora tenha extraído menos Mn que o Mehlich 1. Por outro lado, Rosolem et al. (1992) observaram, em Latossolo Vermelho distroférrico, maior eficiência de extração do Mn pelo DTPA, comparativamente ao Mehlich 1, na cultura da soja.
Teor de Ferro nos solos
Os teores de Fe extraídos pelo Mehlich 1 (1:10) e pelo DTPA foram semelhantes e mais altos, comparativamente à extração pelo Mehlich 1 (1:5), ambos com filtragem imediata (Figura 4). Porém, foram mais baixos que o Fe reportado por Milagres et al. (2007), os quais avaliaram os micronutrientes em solos de Minas Gerais e Bahia, utilizando o Mehlich 1 e DTPA.
Segundo Bataglia e Raij (1989), que avaliaram micronutrientes em 26 solos paulistas, o DTPA retirou mais Fe e Cu, enquanto os extratores ácidos retiraram mais Mn. Pigozzo et al. (2008) utilizaram o DTPA para a extração do Fe em Latossolos de textura média, com 130 g kg-1 de argila, no Estado do Paraná e encontraram teores próximos a 35 mg dm-3. De acordo com Coscione et al. (2009) os extratores complexantes apresentarm-se eficientes para extrair formas de micronutrientes total e solúvel, entre eles Fe, Zn e Cu em solos contaminados com resíduos orgânicos e inorgânicos.
Por outro lado, o Mehlich 3 (1:10), nas duas metodologias de extração, e o Mehlich 1 (1:10), com decantação, apresentaram os mais altos teores do nutriente. O Argissolo Vermelho distrófico (PVd) apresentou as maiores concentrações de Fe, em todas as metodologias; os teores estiveram entre 39,3 a 419,2 mg dm-3, os mais altos referentes ao Mehlich 3, com decantação. Os resultados concordam com os de Rodrigues et al. (2001), em que o Mehlich 3 foi o que mais retirou Fe da camada superficial, após três cultivos sucessivos com arroz na Amazônia.
Teor dos micronutrientes no milho após 40 dias de cultivo
O milho absorveu mais Mn e Fe, seguidos do Zn e do Cu (Tabela 6), principalmente nos solos de textura mais arenosa (LVd e PVd), possivelmente em função da mineralogia e do potencial redox, os quais contribuíram para que esses nutrientes estivessem mais livres em solução, facilitando a extração. Os teores médios de micronutrientes estão inseridos nas faixas adequadas, segundo Malavolta et al. (1997) e Epstein e Bloom (2005), cujos teores nas folhas de milho (mg kg-1), na época do florescimento, devem estar entre: Cu (6-20); Fe (50-250); Mn (50-150); Zn (15-50).
Os teores de Cu, Zn e Mn no milho, em Latossolo Vermelho distrófico (LVd), após 45 dias de cultivo, foram semelhantes aos teores encontrados por Fageria (2002) e Martins et al. (2003), os quais avaliaram folhas de milho, coletadas no florescimento, durante quatro anos consecutivos. Por outro lado, o Fe foi mais baixo que os referidos por Pauletti et al. (2000) e Martins et al. (2003), porém semelhante aos descritos por Pigozzo et al. (2000). Neste caso, os autores avaliaram os micronutrientes absorvidos pelo milho, após 40 dias do cultivo, em solos do Estado do Paraná, com e sem a aplicação de resíduos agroindustriais.
Conclusão
A metodologia-padrão para análise de micronutrientes Zn, Cu, Fe e Mn no Estado do Paraná, em que se usa (Mehlich 1 (1:10), com filtragem após 16h de decantação), apresenta boa correlação com as metodologias nas quais o extrator é o DTPA, assim como quando o extrator é o Mehlich 1 (1:10 ou 1:5) ou o Mehlich 3, ambos com filtragem imediata ou filtragem após 16h.
Os teores mais altos de Zn, Cu, Fe e Mn ocorreram com o uso do Mehlich 1 (1:10), com filtragem após 16h, e com o Mehlich 3 (1:10), com filtragem imediata e filtragem após 16h de decantação.
Received October 10, 2007.
Accepted on January 23, 2008.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
04 Abr 2012 -
Data do Fascículo
Set 2009
Histórico
-
Aceito
23 Jan 2008 -
Recebido
10 Out 2007