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INVENTÁRIO DE LAZER SÉRIO: ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL E EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DO SERIOUS LEISURE INVENTORY AND MEASURE (SLIM)

SERIOUS LEISURE INVENTORY: TRANSCULTURAL ADAPTATION AND EVIDENCE TO VALIDATE THE SERIOUS LEISURE INVENTORY AND MEASURE (SLIM)

INVENTARIO DE OCIO SERIO: ADAPTACIÓN TRANSCULTURAL Y EVIDENCIAS DE VALIDEZ DEL SERIOUS LEISURE INVENTORY AND MEASURE (SLIM)

Resumo

Este estudo teve como objetivo realizar a tradução e a adaptação transcultural do Inventário de Lazer Sério - SLIM (Serious Leisure Inventory and Measure) e investigar evidências iniciais de validade de construto (confiabilidade e estrutura interna). Participaram 361 universitários (63% de mulheres), com idades entre 18 e 26 anos. A análise fatorial confirmatória indicou adequação do modelo de 18 fatores, com índices de ajuste apresentando valores próximos aos do artigo original [χ2/gl = 1,95; CFI = 0,90; TLI = 0,89; RMSEA = 0,05 (0,04-0,05); SRMR = 0,05]. Os índices de confiabilidade desses fatores variaram entre a 0,73 e 0,94. Conclui-se que o SLIM-Brasil possui evidências de validade satisfatórias para sua aplicação em jovens brasileiros. Com este instrumento à disposição em língua portuguesa, é importante realizar estudos na perspectiva do lazer sério em outras faixas etárias.

Palavras chave
Atividades de lazer; Avaliação; Estudos de validação.

Abstract

This study aimed to conduct translation and transcultural adaptation of the Serious Leisure Inventory and Measure (SLIM) and investigate initial evidence of construct validity (reliability and internal structure). Participants were 361 university students (63% female) aged 18-26. Confirmatory factor analysis indicated the adequacy of the 18-factor model, with adjustment indexes presenting values close to those of the original article [χ2 / gl = 1.95; CFI = 0.90; TLI = 0.89; RMSEA = 0.05 (0.04-0.05); SRMR = 0.05]. Reliability indexes for these factors varied from 0.73 to 0.94. SLIM-Brazil has satisfactory validity evidence to be used with young Brazilians. With this instrument available in Portuguese, it would be important to carry out studies from the perspective of serious leisure with other age groups.

Keywords
Leisure activities; Serious leisure; Evaluation; Cultural adaptation; Validation studies.

Resumen

Este estudio tuvo como objetivo realizar la traducción y la adaptación transcultural del Inventario de Ocio Serio (IOS), e investigar evidencias iniciales de validez de constructo (confiabilidad y estructura interna). Participaron 361 universitarios (63% de mujeres), con edades entre 18 y 26 años. El análisis factorial confirmatorio indicó adecuación del modelo de 18 factores, con índices de ajuste presentando valores próximos a los del artículo original [χ2/gl = 1,95; CFI = 0,90; TLI = 0,89; RMSEA = 0,05 (0,04-0,05); SRMR = 0,05]. Los índices de confiabilidad de estos factores variaron entre 0,73 y 0,94. Se concluye que el SLIM-Brasil posee evidencias de validez satisfactorias para su aplicación en jóvenes brasileños. Con este instrumento disponible en lengua portuguesa, sería importante realizar estudios en la perspectiva del ocio serio en otras franjas de edad.

Palabras clave
Actividades de ocio; Evaluación; Estudios de validación.

1 INTRODUÇÃO

Lazer é coisa séria! À primeira vista, esta afirmação parece estranha. Não seria lazer exatamente o contrário de um trabalho sério, atividades para relaxar, se divertir, sem maiores obrigações e esforços? O sociólogo Robert Stebbins encontrou nas suas pesquisas sobre lazer, nos anos de 1970, uma outra perspectiva - pessoas que levavam seu lazer muito a sério (ELKINGTON; STEBBINS, 2014ELKINGTON, Sam; STEBBINS, Robert A. The serious leisure perspective: an introduction. Abington: Routledge, 2014.). Mais precisamente, essas pessoas conduziam as suas atividades tão seriamente que tinham dificuldades em entender isso como um lazer. Foram os achados das pesquisas de Stebbins que o motivaram a criar um novo conceito, o de “lazer sério”.

No presente estudo, apresenta-se um breve panorama da teoria do lazer sério de Robert Stebbins, que fundamenta a criação do Inventário do Lazer Sério - “Serious Leisure Inventory and Measure (SLIM)”. Em segundo lugar, descreve-se o inventário - sua estrutura e conceitos. Em terceiro, são relatados os procedimentos de tradução, adaptação transcultural e aplicação do SLIM-Brasil em estudantes universitários e os resultados que evidenciam a validade e confiabilidade do instrumento, o que consiste nos objetivos deste estudo. Ao final, discute-se o SLIM-Brasil tendo em vista futuros estudos brasileiros dedicados à pesquisa sobre o lazer sério.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A perspectiva do lazer sério

A Perspectiva do Lazer Sério (PLS) de Robert Stebbins é um modelo teórico para a compreensão do lazer através de três formas: lazer sério, lazer casual e lazer baseado em projeto. As primeiras conceituações para essa abordagem surgiram na década de 1970 (OLIVEIRA; DOLL, 2014OLIVEIRA, Saulo Neves; DOLL, Johannes. O Serious Leisure de Robert A. Stebbins. Licere, v. 17, n. 1, p. 1-22, 2014.). Ao longo dos anos, Stebbins (1982STEBBINS, Robert A. Serious leisure: a conceptual statement. Pacific Sociological Review, n. 25, p. 251-272, 1982.; 1999STEBBINS, Robert A. Educating for Serious Leisure: leisure education in theory and practice. World Leisure & Recreation, v. 41, n. 4, p. 14 -19, 1999.; 2000STEBBINS, Robert A. Un Estilo de Vida Óptimo de Ocio: combinar ocio serio y casual en la búsqueda del bienestar personal. In: CUENCA CABEZA, Manuel. (Ed.). Ocio y desarrollo humano. Bilbao: Instituto de Estudios de Ocio de la Universidad de Deusto/ World Leisure, 2000. p.109-116.; 2003STEBBINS, Robert A. Serious Leisure. In: JENKINS, John; PIGRAM, John (Eds.). Encyclopedia of leisure and outdoor recreation. London: Routledge, 2003. p.452-455.; 2006STEBBINS, Robert A. Serious Leisure. In: ROJEK, Chris; SHAW, Susan M.; VEAL, A. J. A. (Eds.). Handbook of Leisure Studies. New York: Palgrave Macmillan, 2006. p. 448-456.; 2008STEBBINS, Robert A. Serious Leisure: a perspective for our time. New Jersey: Transaction, 2008.; 2012STEBBINS, Robert A. The Idea of Leisure: first principles. New Jersey: Transaction , 2012. ) foi aprimorando a perspectiva, culminando na proposta de um instrumento para avaliar os construtos que a amparam (GOULD et al., 2008GOULD, James et al. Development of the Serious Leisure Inventory and Measure. Journal of Leisure Research, v. 40, n. 1, p. 47-68, Jan. /Mar. 2008.).

Na PLS, os três tipos de lazer (casual, baseado em projeto e sério) são posicionados de acordo com o grau de comprometimento requerido para sua prática. Além disso, eles se relacionam com a presença ou ausência de qualidades/dimensões específicas da experiência na atividade. Seis qualidades da experiência de lazer são propostas na PLS para ajudar a compreensão das relações entre os três lazeres identificados. Embora essas seis qualidades façam parte das atividades de lazer em diferentes medidas e configurações/combinações, é somente no lazer sério que todas essas seis qualidades estão presentes. Por essa razão, essa série de características é conhecida como “seis qualidades distintivas do lazer sério”.

A qualidade “esforço”, a primeira dessa série, representa a possibilidade do sujeito que pratica a atividade experimentar a necessidade de empenhar algum esforço para que a atividade se realize. Esse esforço pode estar relacionado com aprender alguma habilidade como, por exemplo, usar o controle remoto para poder ligar a TV e poder assisti-la; rebater uma bola no pingue-pongue ou tênis de mesa e realizar um jogo.

A segunda qualidade é a da “perseverança”, que representa a possibilidade de haver desapontamentos das pessoas em suas atividades que podem fazê-las desistir ou abandonar o lazer. A “perseverança” pode ser notada nos altos e baixos que a pessoa experimenta e nos momentos em que decide por continuar na atividade, lidando com as dificuldades e desafios. Essa continuidade no desenvolvimento da atividade de lazer leva à terceira qualidade, conhecida como “carreira”, cuja definição está relacionada ao percurso que a pessoa desenvolve em sua atividade, compreendendo desde sua iniciação na atividade até o final ou o seu abandono.

As outras três qualidades indicadas na PLS são: benefícios duráveis, mundo social único e identificação. Os “benefícios duráveis” representam uma longa lista de benefícios de que os praticantes da atividade de lazer podem dispor. Esses benefícios são classificados em benefícios sociais, como, por exemplo, o de participar de um grupo e manter-se inserido em uma rede de sociabilidade, e benefícios psicológicos/emocionais, como a melhora da autoestima, da autopercepção e assim por diante.

A qualidade “mundo social único” enfatiza a potencial presença de comportamentos, atitudes, costumes, valores, linguagens e também produtos/materiais específicos relacionados às práticas de lazer. Essa cultura, que têm suas particularidades, vai se relacionar com a qualidade “identificação”, que representa o possível processo em que a pessoa se percebe como compartilhando dos valores que compõem o “mundo social único” envolvido na atividade de lazer.

No lazer sério, a atividade é visualizada como central na vida da pessoa que a pratica. Essa centralidade requer um envolvimento sistemático com a atividade, percebida pelo sujeito como substancial, interessante e realizadora, que se realiza/manifesta/expressa através de uma carreira de lazer. Essa carreira se expõe na aquisição e na expressão de um conjunto de habilidades, conhecimentos e experiências específicos da atividade (OLIVEIRA; DOLL, 2014OLIVEIRA, Saulo Neves; DOLL, Johannes. O Serious Leisure de Robert A. Stebbins. Licere, v. 17, n. 1, p. 1-22, 2014.).

Ademais, três tipos de envolvimento com o lazer sério são propostos por Stebbins (2008STEBBINS, Robert A. Serious Leisure: a perspective for our time. New Jersey: Transaction, 2008.): amador, voluntariado (não casual, também referido como trabalho voluntário) e como hobby. Nesse espectro de diferentes formas de engajamento no lazer sério, podemos destacar que o envolvimento como amador pressupõe, em alguma medida, uma ligação com os profissionais dessa mesma atividade, bem como uma relação com o seu público, mas sem considerar essa prática como meio indispensável de subsistência ou de dedicação em tempo integral. O envolvimento como voluntário pode ser compreendido por meio da “liberdade de escolha” ao se engajar com determinada atividade e oferecer um serviço ou assistência a uma ou mais pessoas. Nesse vínculo, não há necessidade de retorno financeiro, mas se torna possível obter benefícios pessoais a partir de uma perspectiva de “ajuda” aos outros em questões que podem envolver demandas individuais ou em escala macrossocial. Por fim, o envolvimento com o lazer sério como um hobby envolve uma busca pela especialização, conhecimento e dedicação com afinco em determinada atividade, também sem a necessidade de obter retorno financeiro, mas, diferentemente do envolvimento dos amadores, não há necessariamente uma relação com os profissionais e com o público correspondente (STEBBINS, 2006STEBBINS, Robert A. Serious Leisure. In: ROJEK, Chris; SHAW, Susan M.; VEAL, A. J. A. (Eds.). Handbook of Leisure Studies. New York: Palgrave Macmillan, 2006. p. 448-456.; 2008; OLIVEIRA; DOLL, 2014OLIVEIRA, Saulo Neves; DOLL, Johannes. O Serious Leisure de Robert A. Stebbins. Licere, v. 17, n. 1, p. 1-22, 2014.).

Considerando a PLS, estudos empíricos atuais apontam para diferentes benefícios do lazer sério, principalmente no que se refere a questões psicológicas, de saúde e satisfação de vida (HEO et al., 2013HEO, Jinmoo et al. Serious Leisure, Life Satisfaction, and Health of Older Adults. Leisure Sciences, v. 35, n. 1, p. 16-32, jan./fev. 2013.; KIM et al., 2014KIM, Junhyoung et al. Health benefits of serious involvement in leisure activities among older Korean adults. International Journal of Qualitative Studies on Health and Well-being, v. 9, n. 10, p. 1-9, 2014. Disponível em: <Disponível em: http://www.tandfonline.com/doi/pdf/10.3402/qhw.v9.24616 >. Acesso em: 15 fev. 2018.
http://www.tandfonline.com/doi/pdf/10.34...
; LEPP, 2018LEPP, Andrew. Correlating leisure and happiness: the relationship between the leisure experience battery and the Satisfaction With Life Scale. Annals of Leisure Research, v. 21, n. 2, p. 246-252, 2018.). No estudo de Lee e Hwang (2018LEE, Kang Jae; HWANG, Sunhwan. Serious leisure qualities and subjective well-being. The Journal of Positive Psychology, v. 13, n. 1, p. 48-56, 2018.), no qual os autores utilizam as 18 dimensões do SLIM, os fatores demográficos, como idade, educação, renda, estado civil, possuem menos relação com o bem-estar subjetivo que as qualidades de lazer sério.

2.2 Serious Leisure Inventory And Measure (SLIM)

Mais de três décadas de estudos qualitativos sobre as seis qualidades do lazer sério embasaram a construção do Serious Leisure Inventory and Measure (SLIM). Trata-se de um instrumento com 72 frases ou itens, com o objetivo de avaliar as seis qualidades e, mais especificamente, as 18 dimensões que as compõem. Cada dimensão é representada por um conjunto de itens: por exemplo, o conceito de “esforço” é avaliado através de quatro itens que o representam conforme a sua definição na PLS.

Como referido, o SLIM avalia as 18 dimensões que se desdobram a partir das seis qualidades do lazer sério. Cada dimensão mostra como a atividade de lazer influencia o sujeito quando ele a pratica, a saber: 1) perseverança: persistir diante de dificuldades, buscando superá-las; 2) progresso na carreira: perceber melhorias e avanços ao longo do tempo; 3) contingências da carreira: identificar momentos decisivos que influenciam o envolvimento na atividade; 4) esforço: dedicar-se de modo significativo em busca de aperfeiçoamento na atividade; 5) autoimagem: reconhecer a si; 6) autoexpressão: demonstrar quem se é, sua personalidade e valores; 7) autorrealização: exercer seu talento ou potencial máximo; 8) enriquecimento pessoal: acrescentar valores à vida em geral; 9) expressão de habilidades: demonstrar habilidades e/ou conhecimentos sobre a atividade; 10) renovação: revigorar-se, revitalizar-se; 11) satisfação profunda/gratidão: sentir-se profundamente grato, edificado; 12) prazer: divertir-se, “curtir”; 13) retorno financeiro; 14) atração do grupo: buscar interagir com pessoas que também têm essa atividade como algo central em suas vidas; 15) manutenção do grupo: promover a coesão do grupo; 16) realizações do grupo: valorizar as conquistas do grupo; 17) etos único: compartilhar ideias, sentimentos e ideais do grupo; 18) identificação: ser reconhecido pelas pessoas como praticante/integrante do grupo.

O trabalho de Gould et al. (2008GOULD, James et al. Development of the Serious Leisure Inventory and Measure. Journal of Leisure Research, v. 40, n. 1, p. 47-68, Jan. /Mar. 2008.) descreve o desenvolvimento do SLIM e sua validade quanto à estrutura interna (fatorial). Os autores aplicaram a técnica estatística de análise fatorial confirmatória (AFC) que testa o quanto a covariância dos dados empíricos é explicada pelo modelo teórico de base. Em outras palavras, a técnica permite verificar o grau em que os itens medidos são refletidos pelos construtos latentes teóricos (HAIR et al., 2009HAIR, Joseph F. et al. Análise multivariada dos dados. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. ). Com os 72 itens, os autores testaram um modelo composto por 18 fatores ou construtos latentes, com quatro itens por fator. Tratou-se de um modelo de primeira ordem, em que há apenas uma camada de fatores latentes. O segundo modelo foi composto por seis fatores (qualidades), com quatro fatores de primeira ordem e dois de 2ª ordem. As dimensões carreira no lazer (composta pelos itens de progresso na carreira e contingências) e resultados duráveis (abrangendo a união de 12 dimensões) constituem uma segunda camada de fatores que explicam os quatro fatores (dimensões) de primeira ordem que, por sua vez, explicam os itens medidos.

Os resultados da AFC indicaram que o modelo de 18 fatores foi o que melhor se ajustou aos dados empíricos. Não foi possível sustentar que duas das seis qualidades seriam de segunda ordem ou latentes (carreira e benefícios duráveis), isto é, explicadas pelas outras quatro. Os autores observaram que a baixa carga fatorial dos itens sobre prazer (self-gratification/enjoyment) pode ter colaborado para que o modelo com dois fatores de segunda ordem não se confirmasse. A carga fatorial é importante porque ela indica o quanto o item se correlaciona com o grupo de itens que o abriga - o fator, que no presente texto também é referido como dimensão. Gould et al. (2008GOULD, James et al. Development of the Serious Leisure Inventory and Measure. Journal of Leisure Research, v. 40, n. 1, p. 47-68, Jan. /Mar. 2008.) concluíram que mais estudos precisam ser conduzidos para aperfeiçoar o SLIM.

Além disso, Gould et al. (2008GOULD, James et al. Development of the Serious Leisure Inventory and Measure. Journal of Leisure Research, v. 40, n. 1, p. 47-68, Jan. /Mar. 2008.) frisam que o SLIM não deve ser utilizado fora de contexto e sem o amparo da PLS. Não se trata de avaliar a “seriedade” de uma prática de lazer ao aplicar o SLIM na sua totalidade. Há práticas de lazer, por exemplo, nas quais não há sentido em avaliar o retorno financeiro. Portanto, essa dimensão não deve ser utilizada na aplicação do SLIM. É necessário um conhecimento prévio sólido sobre a atividade sob estudo para que se possa escolher quais as dimensões mais adequadas do SLIM a serem sujeitas à avaliação. Assim, estudos qualitativos prévios contribuem substancialmente para a compreensão das características da população-alvo e a análise da pertinência da avaliação de cada dimensão do SLIM para o estudo.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Tradução e adaptação transcultural do SLIM para o português brasileiro

O SLIM foi obtido diretamente do artigo de Gould et al.1 1 Os autores não só autorizaram a tradução do instrumento para o português, como também colocaram o instrumento inteiro com as instruções à disposição. (2008GOULD, James et al. Development of the Serious Leisure Inventory and Measure. Journal of Leisure Research, v. 40, n. 1, p. 47-68, Jan. /Mar. 2008.), que apresenta 72 itens distribuídos nos grupos conceituais que os representam. O processo seguiu as orientações de Hambleton, Merenda e Spielberger (2005HAMBLETON, Ronald K.; MERENDA, Peter Francis; SPIELBERGER, Charles D. (Eds.). Adapting educational and psychological tests for cross-cultural assessment. Mahwah, N.J.: Lawrence Erlbaum, 2005. ) para a realização de adaptações culturais de instrumentos educacionais e psicológicos. O primeiro passo da adaptação transcultural do SLIM envolveu sua tradução, na íntegra, para o Português Brasileiro, por uma tradutora profissional registrada. Em complemento, dois integrantes do grupo de pesquisa realizaram traduções independentes. Um dos integrantes possui doutorado em Psicologia, com conhecimento avançado da língua inglesa e experiência em adaptação transcultural de instrumentos psicológicos para uso em pesquisa; o outro pesquisador é formado em Educação Física, doutor em Educação, pesquisador em lazer sério e estudioso do tema, com experiência na língua inglesa. De posse das três traduções independentes, o grupo de pesquisa reuniu-se para compará-las e definir a melhor tradução para cada item do SLIM. A escolha foi fundamentada na literatura científica sobre o lazer sério, nas experiências dos integrantes do grupo na realização de pesquisas sobre a PLS, nas experiências profissionais com o tema e nas experiências de alguns autores como praticantes de lazer sério. Ao final da comparação, chegou-se a uma tradução consensual, embasada em teoria e em experiências pessoais e científicas, para a continuidade do processo de adaptação transcultural do SLIM.

O segundo passo foi o envio da tradução finalizada do SLIM para três pesquisadores brasileiros que conduzem pesquisas científicas no campo de estudos do lazer, com publicações nesta área. Para amparar a análise dos pesquisadores, junto ao SLIM, foram enviados a definição de lazer sério, de cada fator que sustenta o modelo conceitual e as diferenças para o lazer casual. Por escrito, os pesquisadores emitiram, de modo independente, um parecer, relatando que os 72 itens refletem de modo adequado os conceitos que compõem o modelo, sem sugestões de ajustes.

No artigo de Gould et al. (2008GOULD, James et al. Development of the Serious Leisure Inventory and Measure. Journal of Leisure Research, v. 40, n. 1, p. 47-68, Jan. /Mar. 2008.), o SLIM não consta em seu formato para aplicação. Portanto, criar este formato foi o terceiro passo do processo de adaptação transcultural do SLIM para uso no Brasil. Dessa forma, os 72 itens foram sorteados, numerados e dispostos em sequência. Em seguida, foram definidas as opções de resposta. No instrumento original (GOULD et al., 2008GOULD, James et al. Development of the Serious Leisure Inventory and Measure. Journal of Leisure Research, v. 40, n. 1, p. 47-68, Jan. /Mar. 2008.) é utilizada uma escala Likert de nove pontos, sendo 1 = “discordo totalmente” e o 9 = “concordo totalmente”, com os demais números sem legenda. Para a presente adaptação, optou-se por uma escala Likert de cinco pontos, sendo o 1 “discordo totalmente”, o 5 “concordo totalmente”, com os demais números sem legenda. Essa decisão foi calcada em Pasquali (1999PASQUALI, Luiz (Org.). Instrumentos psicológicos: manual prático de elaboração. Brasília: LabPAM/IBAPP, 1999.), que afirma que acima de cinco pontos há quase nenhuma variabilidade que realmente contribua com o item avaliado.

O quarto passo foi a aplicação do SLIM-Brasil a um grupo focal com três estudantes universitários da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Os alunos, voluntários provenientes dos cursos de graduação em Psicologia, Enfermagem e Educação Física, representam a população-alvo da pesquisa: adultos-jovens universitários, com idade entre 18 e 30 anos. Após o preenchimento individual do instrumento, que levou em torno de 20 minutos, dois membros do grupo de pesquisa promoveram um debate sobre o instrumento e a experiência de preenchê-lo. Na discussão, os participantes relataram compreender todos os 72 itens do SLIM. Sugeriram apenas alterações nas questões que os antecedem e que solicitam dados, por exemplo, sobre o tipo de envolvimento com a prática de lazer, frequência da prática etc. Essas questões compõem a Parte I do instrumento, ao passo que os 72 itens compõem a Parte II.

O quinto e último passo na adaptação transcultural do SLIM foi a reunião do grupo de pesquisa para discutir as alterações sugeridas pelo grupo focal para as questões da Parte I. A Parte I possui a seguinte estrutura: define prática de lazer, distinguindo-a de atividades cotidianas como dormir, comer, práticas de higiene pessoal etc.; solicita a listagem de até três atividades favoritas no tempo livre do trabalho e do estudo; requer a escolha daquela que, dentre as citadas, é a atividade mais seriamente considerada pela pessoa (mais “levada a sério”); instrui sobre responder a todas as questões seguintes pensando nessa escolha; e solicita informações sobre tempo de envolvimento com a atividade (em anos e meses), como a pessoa se percebe entre um iniciante e um especialista nessa atividade, gastos mensais realizados, média de horas por semana dedicadas, sazonalidade e tipo de envolvimento (amador, como hobby, voluntariado ou outro).

A Parte I, disponibilizada pelos autores do SLIM e adaptada no processo da pesquisa, mostra-se significativa para a aplicação do instrumento, pois auxilia o preenchimento da Parte II com maior atenção e foco nas questões. Cabe destacar, em primeiro lugar, que se faz necessária a distinção entre trabalho, estudo, atividade cotidiana (comer, dormir) e prática de lazer para o participante. Em segundo lugar, a Parte I colabora para que a pessoa consiga indicar entre uma e três práticas favoritas de lazer e, posteriormente, escolher uma delas. Essa escolha é crucial para a pesquisa, porque o SLIM exige que o sujeito se concentre sobre uma prática de lazer específica, considerada séria para ele. Será com base nesta opção que o participante estará apto a prosseguir no preenchimento do instrumento. Além disso, permite que o próprio participante classifique a atividade como amadora, de voluntariado, ou como um hobby - classificação relevante dentro da teoria do lazer sério.

O Inventário de Lazer Sério, incluindo a Parte I e a Parte II, consta no Apêndice A. Há recomendações básicas para a utilização do instrumento, com toda e qualquer aplicação de instrumentos de autorrelato para fins de pesquisa. Precedendo a entrega do SLIM impresso aos participantes, sempre esclarecer que não há respostas certas ou erradas, não haverá “escore” ou “resultado” individual a partir do seu preenchimento e que a opinião sincera do participante é o que trará maior contribuição para a pesquisa. Cabe frisar que os participantes não devem se comunicar durante a aplicação quando essa for coletiva. Isso interfere na concentração que um instrumento de autorrelato requer e, portanto, interfere sobre a qualidade dos resultados da pesquisa. Para manter o ambiente silencioso, instruir os participantes a sinalizar para o pesquisador diante de dúvidas ou perguntas e aguardar que ele vá até seu assento para respondê-las. No esclarecimento de dúvidas, nunca fazer sugestões sobre suas respostas, buscando, no lugar disso, fazer perguntas ao participante de modo que o auxilie a responder por si mesmo. Também informar que não se deve interromper o preenchimento do instrumento para atender ao telefone, ausentar-se por alguns minutos, etc.

3.2 Análise psicométrica do SLIM-Brasil

Após a adaptação cultural do SLIM para uso no Brasil, foi realizada uma pesquisa com 430 estudantes universitários, a exemplo de Gould et al. (2008GOULD, James et al. Development of the Serious Leisure Inventory and Measure. Journal of Leisure Research, v. 40, n. 1, p. 47-68, Jan. /Mar. 2008.). Com essa coleta de dados, buscou-se examinar algumas propriedades psicométricas do instrumento. Por critério de conveniência, foram abordados docentes de cursos de graduação e de pós-graduação de variadas áreas do conhecimento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Universidade Federal de Minas Gerais. Explicada a pesquisa e o tempo estimado de preenchimento do instrumento (20 minutos), os docentes que aceitaram colaborar com a pesquisa ofertaram uma data e horário de seu cronograma de aulas para que os pesquisadores pudessem: 1) convidar os estudantes a participar; 2) explicar a pesquisa; 3) entregar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), em duas vias iguais, e explicá-lo; 4) entregar o SLIM impresso e fornecer os esclarecimentos descritos anteriormente. Os docentes também foram convidados a preencher o instrumento e a maioria, de fato, participou da pesquisa. Coletas complementares foram realizadas em pequenos grupos de pessoas que frequentam atividades regulares em grupo, como a prática de algum esporte, curso etc. Foram excluídos da análise estatística os questionários que não estavam completos e os questionários de alunos com menos que 18 anos. Desta forma, restaram 361 participantes.

A análise estatística do SLIM-Brasil foi realizada com os programas estatísticos SPSS 24.0 (SPSS Inc., Chicago IL, USA) e R 4.1 (R CORE TEAM, 2013R CORE TEAM. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria, 2013. Disponível em: <http://www.R-project.org/> Acesso em: 20 ago. 2018. ). Com o primeiro, foram obtidos dados descritivos (frequências, porcentagens, médias e desvios-padrão) para as questões da Parte I do instrumento e os índices de confiabilidade por meio de alfa de Cronbach, com valores satisfatórios acima de 0,70 (HAIR et al., 2009HAIR, Joseph F. et al. Análise multivariada dos dados. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. ). Com o programa R, utilizando o pacote lavaan (ROSSEEL, 2012ROSSEEL, Yves. lavaan: An R Package for Structural Equation Modeling. Journal of Statistical Software, v. 48, n. 2, p. 1-36, 2012. ), foi realizada a análise fatorial confirmatória (AFC). O número de 361 participantes permite que se tenha o número mínimo de cinco pessoas por item, conforme orientações de Pasquali (2010PASQUALI, Luiz. Instrumentação Psicológica: fundamentos e práticas. Porto Alegre: Artmed, 2010.) para análise fatorial.

Na AFC, foram avaliados os dois modelos testados porGould et al. (2008GOULD, James et al. Development of the Serious Leisure Inventory and Measure. Journal of Leisure Research, v. 40, n. 1, p. 47-68, Jan. /Mar. 2008.) com 72 itens. O primeiro modelo (Modelo A) é composto por 18 fatores ou construtos latentes, com quatro itens por fator. O segundo modelo (Modelo B) consiste no modelo de seis fatores (qualidades), com quatro fatores de primeira ordem e dois de 2ª ordem (“carreira no lazer”, composta pelos itens de progresso na carreira e contingências, e “resultados duráveis”, abrangendo a união de 12 dimensões). O método de estimação foi o Maximum Likelihood, considerando os índices de ajuste recomendados pela literatura (JACKSON; GILLASPY; PURC-STEPHENSON, 2009JACKSON, Dennis L.; GILLASPY, J. Arthur; PURC-STEPHÉNSON, Rebbeca. Reporting Practices in CFA: an overview and some recommendations. Psychological Methods, v.1, n.14, p. 6-23, 2009.): razão qui-quadrado por graus de liberdade (X2/gl) (devendo o valor ser igual ou menor que 3); Comparative Fit Index (CFI) (com valor devendo ser igual ou maior que 0,90); Tucker-Lewis Index (TLI) (igual ou acima de 0,90); Root Mean Square Error Approximation (RMSEA) (valor abaixo de 0,10); e SRMR (Standardized Root Mean Square Residual) (valor próximo a 0,05).

Com relação aos dados descritivos da Parte I, observou-se que a amostra foi composta por 63% de mulheres; 83% na faixa etária entre 18 e 26 anos; 13% com ensino superior completo; 83,9% cursando ensino superior; 37% de solteiros; 50% namorando à época do estudo; 95% sem filho(s); 37% exercendo atividade remunerada; e 53% admitiram não ter uma religião.

Quanto à AFC, houve ajuste satisfatório do Modelo A (18 fatores) aos dados empíricos, com os índices apresentando valores próximos aos do artigo original, como pode ser observado na Tabela 1.

Tabela 1
Índices de Ajuste para os Modelos do SLIM-Brasil

O Modelo B (seis qualidades com dois fatores de 2º ordem) apresentou valores de ajuste inferiores aos limites de referência, o que também foi observado em Gould et al. (2008GOULD, James et al. Development of the Serious Leisure Inventory and Measure. Journal of Leisure Research, v. 40, n. 1, p. 47-68, Jan. /Mar. 2008.). No presente estudo, as cargas fatoriais do Modelo A foram adequadas, variando entre 0,57 e 0,94. As cargas fatoriais do modelo B variaram entre 0,30 e 0,85. O melhor ajuste do modelo de 18 fatores corrobora o modelo teórico que fundamenta o SLIM para amostra brasileira (GOULD et al., 2008GOULD, James et al. Development of the Serious Leisure Inventory and Measure. Journal of Leisure Research, v. 40, n. 1, p. 47-68, Jan. /Mar. 2008.). A confiabilidade dos 18 fatores (18 dimensões) pode ser observada no Quadro 1, bem como os itens do SLIM-Brasil que compõem cada um dos 18 fatores.

Quadro 1
Confiabilidade das Dimensões/fatores do SLIM na Amostra Brasileira

A análise das características psicométricas da SLIM-Brasil, da validade da estrutura interna (AFC) e da confiabilidade (alfa de Cronbach) indicou que o modelo de 18 fatores alcançou índices de ajuste satisfatórios, na comparação com o modelo de seis qualidades com dois fatores de 2ª ordem. Ademais, os 18 fatores possuem bons valores de confiabilidade, o que indica estabilidade da medida. Portanto, é possível utilizar cada uma das dimensões do inventário separadamente, atentando para a pertinência de cada dimensão no estudo do lazer sério escolhido (surfe, voleibol, xadrez, aeromodelismo etc.).

Um resultado importante decorrente das análises relatadas é a ausência de indicativos de itens que não estejam representando o fator ao qual pertencem. Nenhum dos 72 itens demonstrou necessidade de reformulação em sua escrita ou mesmo sua retirada. Isso demonstra quão importantes são as etapas que precedem as análises estatísticas e que envolvem traduções comparadas, a consulta a especialistas na área, o debate em grupos focais e o contato constante do grupo de pesquisa com a teoria e, ao mesmo tempo, com a manifestação do lazer sério no Brasil.

4 CONCLUSÕES: UTILIZANDO DO SLIM-BRASIL EM PESQUISAS COM PARTICIPANTES BRASILEIROS

Como referido na introdução do presente trabalho, o SLIM-Brasil não deve ser utilizado na sua totalidade como se fosse uma medida para avaliar a seriedade de uma dada atividade de lazer. Em primeiro lugar, seu uso está intimamente ligado aos pressupostos teóricos da PLS proposta por Stebbins (2012STEBBINS, Robert A. The Idea of Leisure: first principles. New Jersey: Transaction , 2012. ) - ou seja, para utilizar o SLIM-Brasil, é preciso aceitar e dialogar sobre as formulações da teoria. Em segundo lugar, é preciso conhecimento adequado do contexto ao qual o SLIM-Brasil será aplicado - para tanto, a condução de um estudo qualitativo e/ou o estudo atento à literatura disponível têm muito a contribuir nesse sentido. De posse desse conhecimento, será possível escolher quais dimensões do SLIM-Brasil são pertinentes para aplicação na população-alvo. Em terceiro lugar, não se trata de comparar escores das dimensões de atividades distintas: futebol versus voleibol, tênis versus tênis de mesa - isso pouco faria sentido (possivelmente nenhum). De outro lado, acompanhar o desenvolvimento de uma pessoa, ou grupo de pessoas, em uma atividade de lazer sério pode fornecer dados interessantes sobre como cada dimensão avaliada se comporta conforme a trajetória do grupo ou da pessoa. Dessa forma, estudos longitudinais são metodologicamente fortalecidos com o uso do SLIM em diferentes momentos do grupo ou sujeito na interação com a atividade.

Atendendo a estas observações, o SLIM na sua versão brasileira pode representar uma ferramenta interessante de pesquisa sobre o lazer no Brasil. Ainda são poucos os estudos no Brasil que utilizam a referência da PLS. Os primeiros começaram a surgir em torno de 2000, abordando temas como trabalho voluntário de jovens (BRAMANTE, 1999BRAMANTE, Antônio Carlos. O lazer levado a sério. Revista Agitação, p. 36-37, 1999. ) e esportes praticados na natureza (COSTA, 2000COSTA, Vera Lúcia de Menezes. Esportes de Aventura e Risco na Montanha: um mergulho no imaginário. São Paulo: Manole, 2000. ). Trabalhos mais recentes focalizam no esporte amador, como voleibol feminino (PACHECO, 2012PACHECO, Ariane Corrêa. “É lazer, tudo bem, mas é sério”: o cotidiano de uma equipe master feminina de voleibol. 2012. 128f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento Humano) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012. ; PACHECO; STIGGER, 2016PACHECO, Ariane Corrêa; STIGGER, Marco Paulo. “É lazer, tudo bem, mas é sério”: notas sobre lazer a partir do cotidiano de uma equipe máster feminina de voleibol. Movimento, v. 22, n. 1, 129-142, jan./mar. 2016.) e corrida de rua (OLIVEIRA, 2010OLIVEIRA, Saulo Neves. Lazer sério e envelhecimento: loucos por corrida. 2010. 102f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.; OLIVEIRA, 2016OLIVEIRA, Saulo Neves. Lazer sério e envelhecimento: explorando a carreira de corredores de longa distância em um grupo de corridas de rua no sul do Brasil. 2016. 177f. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2016.; OLIVEIRA, DOLL, 2016OLIVEIRA, Saulo Neves; DOLL, Johannes. A carreira no lazer: uma possibilidade a partir da perspectiva do serious leisure. Licere , n. 19, v. 33, p. 293-331, 2016. ), mas até agora foram trabalhos isolados. Com o Inventário do Lazer Sério à disposição, será possível conduzir pesquisas à luz do referencial teórico do Lazer Sério no Brasil.

Agradecimentos:

Os autores agradecem a Robert Stebbins, James Gould, DeWayne Moore e Francis McGuire pela autorização da tradução do original e a todos que colaboraram para que este estudo fosse possível, em especial, aos participantes.

Apoio: CNPq, CAPES, UFRGS.

REFERÊNCIAS

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  • STEBBINS, Robert A. The Idea of Leisure: first principles. New Jersey: Transaction , 2012.
  • 1
    Os autores não só autorizaram a tradução do instrumento para o português, como também colocaram o instrumento inteiro com as instruções à disposição.

APÊNDICE A

Inventário de
Lazer Sério

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Jun 2022
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2018

Histórico

  • Recebido
    06 Abr 2018
  • Aceito
    31 Out 2018
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