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ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DE ESTAGIÁRIOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA SOBRE A INCLUSÃO NA ESCOLA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DE ESTAGIÁRIOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA SOBRE A INCLUSÃO NA ESCOLA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

ANÁLISIS DE LA PERCEPCIÓN DE LOS PASANTES DE EDUCACIÓN FÍSICA SOBRE LA INCLUSIÓN EN LA ESCUELA: UNA REVISIÓN INTEGRATIVA

Resumo

Este estudo objetivou analisar os estudos científicos acerca da percepção de estagiários de Educação Física sobre a inclusão de alunos com deficiência nas aulas de Educação Física Escolar. Foi realizada uma revisão integrativa com busca nas bases de dados Scopus, Web of Science, SciELO, BVS/Lilacs, PubMed, e ERIC via Portal de Periódicos CAPES. Os descritores utilizados foram: “Estagiário”, “Educação Física Adaptada”, “Educação Física Inclusiva”, “Inclusão Escolar”, “Estudante com Deficiência” e “Percepção”, em português e inglês. Ao final, foram analisados 11 artigos científicos. Para a análise dos dados foram criadas 3 categorias. A primeira diz respeito à dificuldade encontrada pelos estagiários em conceituar inclusão; a segunda trata do papel do estágio na formação inicial e inclusiva, na qual os estagiários destacam o papel de auxiliares nos processos da educação física escolar e relatam que o estágio agregou valores e saberes sobre a inclusão. Por fim, a terceira categoria relata as dificuldades dos estagiários referentes à inclusão, sendo essas de cunho pedagógico, ligadas diretamente a lacunas na Formação Inicial.

Palavras-chave:
Estágio; Estagiário; Educação Física Adaptada; Educação Física Inclusiva; Inclusão.

Abstract

This study aimed to analyze the scientific literature regarding the perception of Physical Education trainees about the inclusion of students with disabilities in School Physical Education classes. An integrative review was carried out with searches in the following databases: Scopus, Web of Science, SciELO, BVS/Lilacs, PubMed, and ERIC via CAPES Portal. We used the descriptors: “Trainee”, “Adapted Physical Education”, “Inclusive Physical Education”, “School Inclusion”, “Student with Disabilities” and “Perception”, in Portuguese and English. 11 scientific articles were analyzed. For data analysis, 3 categories were created. The first category concerns the difficulty encountered by trainees in conceptualizing inclusion; the second category deals with the role of the internship in the inclusive initial teacher training, in which the interns highlight the function as assistants in the school physical education processes and report that the internship added values and knowledge about inclusion; finally, the third category reports the interns' difficulties regarding inclusion, these being of a pedagogical nature, directly linked to gaps in initial training.

Keywords:
Internship; Trainee; Adapted Physical Education; Inclusive Physical Education; Inclusion.

Resumen

Este estudio tuvo como objetivo analizar la literatura científica sobre la percepción de los alumnos de Educación Física sobre la inclusión de estudiantes con discapacidad en las clases de Educación Física Escolar. Se realizó una revisión integradora con búsquedas en las siguientes bases de datos: Scopus, Web of Science, SciELO, BVS/Lilacs, PubMed y ERIC a través del Portal CAPES. Utilizamos los descriptores: “Aprendiz”, “Educación Física Adaptada”, “Educación Física Inclusiva”, “Inclusión Escolar”, “Estudiante con Discapacidad” y “Percepción”, en portugués e inglés. Se analizaron 11 artículos científicos. Para el análisis de datos se crearon 3 categorías. La primera categoría se refiere a la dificultad que encuentran los alumnos para conceptualizar la inclusión; la segunda categoría trata sobre el papel de la pasantía en la formación inicial docente inclusiva, en la que los pasantes destacan la función como asistentes en los procesos de educación física escolar y relatan que la pasantía agregó valores y conocimientos sobre inclusión; finalmente, la tercera categoría relata las dificultades de los pasantes en cuanto a la inclusión, siendo estas de carácter pedagógico, directamente vinculadas a los vacíos en la formación inicial.

Palabras clave:
Pasantía; Aprendiz; Educación Física Adaptada; Educación Física Inclusiva; Inclusión.

1 INTRODUÇÃO

A inclusão das Pessoas com Deficiência (PCD) é um tema amplamente discutido atualmente na sociedade. Ao longo da história, esse grupo perpassou por diversos tipos de tratamentos, transitando entre a exclusão social, a segregação (institucionalização), os processos de integração até chegar à inclusão (GARCIA; FAVARO, 2020GARCIA, Dorcely Isabel Bellanda; FAVARO, Neide de Almeida Lança Galvão. Educação Especial: políticas públicas no Brasil e tendências em curso. Research, Society and Development, v. 9, n. 7, p. e184973894, 2020. Disponível em https://www.researchgate.net/publication/341262825_Educacao_Especial_politicas_publicas_no_Brasil_e_tendencias_em_curso. Acesso em: 18 out. 2023.
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). No cenário educacional, essa discussão ganhou força na década de 1990 com a Declaração Mundial de Educação Para Todos (DECLARAÇÃO..., 1990DECLARAÇÃO MUNDIAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOS: Plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. UNESCO, 1990. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/declaracao-mundial-sobre-educacao-para-todos-conferencia-de-jomtien-1990. Acesso em: 17 mar. 2022.
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), e com a Declaração de Salamanca: acerca dos princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais (DECLARAÇÃO..., 1994DECLARAÇÃO DE SALAMANCA: sobre princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais. UNESCO, 1994. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf. Acesso em: 17 mar. 2022.
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).

A Educação Especial (EE) detinha-se a ser um sistema de ensino paralelo ao sistema regular, segregando os alunos com deficiências, transtornos e distúrbios (GLAT; PLETSCH; FONTES, 2007GLAT, Rosana; PLETSCH, Márcia Denise; FONTES, Rejane de Souza. Educação inclusiva & educação especial: propostas que se complementam no contexto da escola aberta à diversidade. Educação, v. 32, n. 2, p. 343-355, 2007. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/678. Acesso em: 4 set. 2023.
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). Por outro lado, esse cenário inicia um processo de mudança à medida que a política de Educação Inclusiva (EI) ganha reconhecimento a partir da década de 1990. Segundo Glat, Pletsch e Fontes (2007)GLAT, Rosana; PLETSCH, Márcia Denise; FONTES, Rejane de Souza. Educação inclusiva & educação especial: propostas que se complementam no contexto da escola aberta à diversidade. Educação, v. 32, n. 2, p. 343-355, 2007. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/678. Acesso em: 4 set. 2023.
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para termos uma EI é necessário pensar uma escola que garanta o acesso e a permanência de todos os alunos, onde as barreiras para aprendizagem sejam derrubadas, minimizando os mecanismos de seleção e discriminação.

Com uma visão da EE baseada em um modelo clínico, a legislação brasileira promoveu garantias para alunos com deficiência. A Constituição Federal, promulgada em 1998, nos seus Artigos 206 e 208 garantem a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, e asseguram o Atendimento Educacional Especializado (AEE) aos alunos com deficiência, preferencialmente, na rede regular de ensino. BRASIL, [2016]BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidente da República, [2016]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 17 maio 2022.
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).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/96, no seu capítulo V, que se baseia nos princípios da igualdade, liberdade e respeito à diversidade humana, entre outros (BRASIL, 1996BRASIL, Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece a lei de diretrizes e bases da educação nacional, 1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 17 maio 2022.
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), e o Decreto 6.571/08, que dispõe sobre o AEE (BRASIL, 2008aBRASIL. Decreto-Lei n. 6.571 de 17 de setembro de 2008. Dispõe sobre o atendimento educacional especializado, regulamenta o parágrafo único do art. 60 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e acrescenta dispositivo ao Decreto no 6.253, de 13 de novembro de 2007. 2008a. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2008/decreto-6571-17-setembro-2008-580775-publicacaooriginal-103645-pe.html. Acesso em 17 maio 2022.
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), objetivam proporcionar a inclusão dos alunos com deficiência, no ensino regular em todas as etapas da educação, bem como tentar garantir a permanência dos estudantes da EE na escola.

Nesta perspectiva, as escolas regulares e os professores cada vez mais são chamados a atender as demandas da sociedade.

Quando se trata da EI, importa que estejam preparados para intervenções de acordo com as especificidades do aluno com deficiência (FIORINI, 2013FIORINI, Maria Luiza Salzani. Recursos e estratégias para o ensino do aluno com deficiência visual na atividade física adaptada. Revista Gestão & Saúde, v. 4, n. 4, p. 1497-1498, 2013. DOI: https://periodicos.unb.br/index.php/rgs/article/view/371
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).

A EE na perspectiva inclusiva é entendida como uma escola que possui seus aspectos curriculares, pedagógicos e metodológicos capazes de contemplar a todos, possibilitando estratégias de aulas para turmas heterogêneas, onde crianças com e sem deficiência sejam beneficiadas (BRIANT; OLIVER, 2012BRIANT, Maria Emília Pires; OLIVER, Fátima Corrêa. Inclusão de crianças com deficiência na escola regular numa região do município de São Paulo: conhecendo estratégias e ações. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 18, n. 1, p. 141-154, 2012. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-65382012000100010
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). Bezerra e Oliveira (2016)BEZERRA, Maria José da; OLIVEIRA, Gislene Farias de. Escola inclusiva: articulação curricular. ID online. Revista de Psicologia, v. 10, n. 31, p. 237-245, 2016. DOI: https://doi.org/10.14295/idonline.v10i31.564
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ressaltam que é fundamental que as crianças com necessidades educacionais especiais atendidas pela escola regular sejam tratadas de igual forma, assim como seus pares, e como todos os outros, devem ser acompanhadas nas suas necessidades individuais.

Pesquisas indicam que professores têm dificuldade em atender a demanda da inclusão educacional nas aulas de Educação Física, quando existem alunos com e sem deficiência na mesma turma (FIORINI; MAZINI, 2014FIORINI, Maria Luiza Salzani; MANZINI, Eduardo José. Inclusão de alunos com deficiência na aula de Educação Física: identificando dificuldades, ações e conteúdos para prover a formação do professor. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 20, n. 3, p. 387-404, 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-65382014000300006
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). Neste contexto, estudos apontam que alguns fatores contribuem para o despreparo dos professores, como a falta de disciplinas que tratem com profundidade esse tema durante a graduação, não ter contato pessoal com PCD, e ainda, a falta do debate sobre a inclusão durante toda a formação inicial (BRITO; LIMA, 2012BRITO, Raull Felippe de Almeida; LIMA, João Franco. Educação Física adaptada e inclusão: desafios encontrados pelos professores de educação física no trabalho com alunos com deficiência. Corpo, movimento e saúde, v. 2, n. 1, p. 1-12, 2012.).

O curso de licenciatura em Educação Física tem como objetivo central formar e habilitar os futuros professores que atuarão diretamente na educação básica, conhecendo e refletindo sobre as especificidades da EI no espaço escolar, bem como as mudanças necessárias para aproximar as aulas da graduação com a realidade a ser encontrada nas escolas (BISCONSINI; OLIVEIRA, 2019BISCONSINI, Camila Rinaldi; OLIVEIRA, Amauri Aparecido Bássoli de. Possibilidades de aproximação do cenário escolar na formação inicial em Educação Física. Journal of Physical Education, v. 30, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jpe/a/sZ8qVY4kCKXq5cXBcfdrPzq/abstract/?lang=en. Acesso em: 18 out. 2023.
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).

Logo, deve-se pensar nos contextos em que a formação inicial docente é capaz de realizar essa aproximação. Neste sentido, o Estágio Curricular Supervisionado (ECS) pode ser considerado uma atividade laboral do exercício profissional do professor e, por isso, tem a oportunidade de integrar a sua situação de futuro professor com a realidade encontrada nas escolas (KRUG et al., 2017KRUG, Hugo Norberto et al. As dificuldades enfrentadas pelos acadêmicos de Educação Física em situação de estágio curricular supervisionado frente aos alunos com deficiência. Itinerarius Reflectionis, v. 13, n. 1, p. 1-13, 2017. DOI: https://doi.org/10.5216/rir.v13i1.43283
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).

Neste direcionamento, o ECS é um componente teórico-prático presente na matriz curricular de todos os cursos de formação de professores, com o amparo legal na Lei 11.788/08BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Lei 11.788, de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o estágio de estudantes e dá outras providências. 2008. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm Acesso em: 17 maio 2022.
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. Além disso, se faz indispensável por permitir vivência e experiência na docência, e na construção da identidade profissional (SOUZA, 2019SOUZA, Priscilla de Araújo Costa de. Educação Física e inclusão: experiências no estágio supervisionado na educação infantil. Revista Educação, Artes e Inclusão, v. 15, n. 1, p. 246-265, 2019. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/arteinclusao/article/view/12144. Acesso em: 4 set. 2023.
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).

Santos (2019)SANTOS, Carlos Afonso Ferreira dos. Estágio curricular supervisionado em educação física: experiência e implicações para a formação de professores. Caderno de Educação Física e Esporte, v. 17, n. 2, p. 193-201, 2019. DOI: https://doi.org/10.36453/2318-5104.2019.v17.n2.p193
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ressalta que essa etapa da formação docente, na maioria das vezes, é a primeira oportunidade em que graduandos têm contato com a realidade das escolas, dos professores e dos alunos, possibilitando experimentar situações concretas sobre a atuação profissional e o exercício direto no espaço escolar. Esse é o momento do estudante atuar e perceber a realidade da prática pedagógica no ambiente escolar, como um futuro professor (SOUZA NETO; SARTI; BENITES, 2016SOUZA NETO, Samuel de; SARTI, Flavia Medeiros; BENITES, Larissa Cerignoni. Entre o ofício de aluno e o habitus de professor: os desafios do estágio supervisionado no processo de iniciação à docência. Movimento, v. 22, n. 1, p. 311-324, 2016. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.49700
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).

Neste sentido, é de central importância compreender como graduandos de Educação Física, no ECS, percebem a inclusão de alunos com deficiência nas aulas deste componente curricular. A percepção do indivíduo leva em consideração as suas concepções estabelecidas e suas teorias pessoais, que podem influenciar nas suas escolhas e na sua tomada de decisão. Também influenciam nesta percepção seus conflitos internos e problemas vivenciados no cotidiano, que vão ajudar nos seus processos de construção e desconstrução, contribuindo para sua transformação como profissional e ser humano (GIANOTTO; CARVALHO, 2015GIANOTTO, Dulcinéia Ester Pagani; CARVALHO, Fabiana Aparecida de. Diário de aula e sua relevância na formação inicial de professores de Ciências Biológicas. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v. 14, n. 2, p. 131-156, 2015. Disponível em: http://reec.uvigo.es/volumenes/volumen14/REEC_14_2_2_ex898.pdf. Acesso em: 4 set. 2023.
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).

Desta forma, intencionamos produzir uma revisão da literatura que tem por objetivo explorar e analisar estudos científicos acerca da percepção de estudantes de graduação em Educação Física sobre a inclusão de alunos com deficiência nas aulas de Educação Física escolar, as dificuldades e as possibilidades frente a inclusão no ECS nas escolas.

2 METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura. A escolha da revisão integrativa se justifica por ser um método que tem como finalidade sintetizar resultados obtidos em pesquisas sobre um tema ou questão, de maneira estruturada, ordenada e abrangente. É denominada integrativa porque fornece informações mais amplas sobre um assunto/problema, constituindo, assim, um corpo de conhecimento. Deste modo, o revisor/pesquisador pode elaborar uma revisão integrativa com diferentes finalidades, podendo ser direcionada para a definição de conceitos, revisão de teorias ou análise metodológica dos estudos incluídos de um tópico particular (ERCOLE; MELO; ALCOFORADO, 2014ERCOLE, Flávia Falci; MELO, Laís Samara de; ALCOFORADO, Carla Lúcia Goulart Constant. Revisão integrativa versus revisão sistemática. Revista Mineira de Enfermagem, v. 18, n. 1, p. 9-12, 2014. Disponível em: https://cdn.publisher.gn1.link/reme.org.br/pdf/v18n1a01.pdf. Acesso em: 16 out. 2023.
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).

A questão de pesquisa foi construída a partir do acrônimo PICOS, sendo a "população" (P); os estagiários de educação física, - a "intervenção" (I); o estágio em educação física na escola, - a "comparação" (C); aulas com e sem alunos com deficiência, o "desfecho" (O); e a partir das respostas encontradas nos artigos, buscou-se compreender a percepção dos estagiários sobre a inclusão e os "tipos de estudo" (S): os estudos observacionais, experimentais e documentais (SANTOS; PIMENTA; NOBRE, 2007SANTOS, Cristina Mamédio da Costa; PIMENTA, Cibele Andrucioli de Mattos; NOBRE, Moacyr Roberto Cuce. A estratégia PICO para a construção da pergunta de pesquisa e busca de evidências. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 15, n. 3, p. 508-511, 2007. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-11692007000300023
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). Essa questão, portanto, foi: "Qual é a percepção dos estagiários de Educação Física sobre a inclusão dos alunos com deficiência nas aulas de Educação Física?".

2.1 PROCEDIMENTOS DE BUSCA E SELEÇÃO DOS ESTUDOS

Para a busca e seleção dos estudos foram utilizados os seguintes acervos on-line: Scopus, Web of Science, SciELO, BVS/Lilacs, PubMed, e ERIC no Portal de Periódicos Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), por meio de acesso à Comunidade Acadêmica Federada (CAFe). Para a pesquisa foram adotadas as seguintes palavras-chave como descritores nos acervos on-line: "Estagiário", "Educação Física Adaptada", "Educação Física Inclusiva", "Inclusão Escolar", "Estudante com Deficiência" e "Percepção", com a interconexão dos descritores por meio dos operadores booleanosAND” e “OR". Também foi realizada uma busca manual no Portal de Periódicos Capes, com os descritores "escola", "estágio", "educação física" e "inclusão". A referida busca foi realizada no mês de julho de 2022. Para maximizar a estratégia de busca nos diversos acervos online, foram formadas combinações dos descritores e seus sinônimos, em português e inglês, e os operadores booleanos conforme Quadro 1.

Quadro 1
Estratégia de buscas com as variáveis do estudo

Os arquivos do resultado da busca em cada acervo foram importados para o aplicativo gratuito RAYYAN onde foi realizada a avaliação de título e resumo, por dois revisores independentes, a partir dos critérios de elegibilidade, e um terceiro revisor resolveu as discordâncias (OUZZANI et al., 2016OUZZANI, Mourad et al. Rayyan - a web and mobile app for systematic reviews. Systematic Review, v. 5, n. 210, 2016. DOI: https://doi.org/10.1186/s13643-016-0384-4
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).

2.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Como critérios de inclusão foram adotados os estudos que abordaram o ECS em Educação Física na escola, a inclusão de alunos com deficiência e a percepção dos estagiários. Optou-se por incluir estudos publicados entre o ano 2000 e 2022, e estudos que estivessem nos idiomas português, inglês ou espanhol. Como critérios de exclusão foram adotados os seguintes: publicações repetidas, revisões, artigos de congresso ou evento e publicações não científicas.

2.3 ANÁLISE DE DADOS

Os dados foram analisados a partir da análise de conteúdo de Lawrence Bardin (2016)BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2016.. Análise de conteúdo pode ser definida como conjunto das análises das comunicações. Especificamente para este estudo foi utilizada a análise categorial, semântica por acervo. Isso significa dizer que após o processo de pré-análise, exploração do material e o tratamento dos resultados, leitura e interpretação dos dados, os mesmos foram organizados e estruturados em categorias emergidas a posteriori (BARDIN, 2016BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2016.).

Figura 1
Fluxograma do processo de identificação e seleção dos artigos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram identificadas 361 publicações nos acervos online e seis artigos foram encontrados na busca manual no Portal de Periódico CAPES, totalizando assim 367 artigos. Dos artigos excluídos, 87 registros eram de duplicatas, e 251 publicações foram excluídas por não atenderem aos critérios de elegibilidade após a leitura dos títulos e resumos. Para a leitura na íntegra ficaram 29 publicações e após a leitura foram excluídas 18, restando 11 artigos selecionados para a realização deste estudo de revisão.

Os resultados do estudo estão apresentados e discutidos a partir de três categorias, sendo elas: 1) a inclusão e suas conceituações; 2) o papel do estágio na formação inicial e inclusiva e 3) dificuldades e possibilidades no estágio de Educação Física inclusiva.

No quadro 2 são apresentadas as características descritivas dos estudos, conforme: autor/ano de publicação, título, local do estudo, objetivo do estudo, metodologia, principais resultados e a categoria de análise e discussão.

Quadro 2
Características dos estudos

3.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS

No que diz respeito às características gerais dos estudos selecionados é possível observar no Quadro 2 que entre os 11 estudos, cinco foram realizados em Instituições de Ensino Superior (IES) públicas localizadas nos estados do Rio Grande do Sul (Universidade Federal de Santa Maria e Universidade Federal do Rio Grande do Sul), São Paulo (Universidade Estadual Paulista) e Distrito Federal (Universidade de Brasília), três estudos foram realizados em IES públicas e privadas, não identificadas nos estados do Ceará, Rio Grande do Sul e São Paulo, um estudo realizado em diversas IES públicas não identificadas localizadas no estado de São Paulo, um estudo realizado em universidade privada (Universidade de Birmingham, Inglaterra) e um estudo realizado em IES e local não identificados.

Importa ressaltar, que apesar de não ter sido adotado nenhum critério geográfico ou de nacionalidade dos estudos, somente um estudo realizado fora do Brasil atendeu aos critérios de elegibilidade da presente revisão, o que pode apontar dois caminhos de entendimento: a) os descritores utilizados descrevem termos típicos da forma de abordagem do estágio para estudos em língua portuguesa e com características do entendimento da perspectiva inclusiva da educação física no ensino escolar regular, com isso, destacando os artigos em publicações nacionais; b) o tema, ainda que relevante para a área da formação inicial em educação física frente à inclusão, é pouco estudado e com amplo caminho para novos estudos.

Em relação aos anos de publicação dos estudos foi observado que o artigo mais antigo é do ano de 2009 e o mais recente foi publicado em 2021.

O tamanho amostral dos estudos variou entre 4 e 366 participantes, com destaque para a pesquisa de Neville, Makopoulou e Hopkins (2020)NEVILLE, Ross D.; MAKOPOULOU, Kyriaki; HOPKINS, William G. Effect of an inclusive physical education (ipe) training workshop on trainee teachers’ self efficacy. Research Quarterly for Exercise and Sport, v. 91, n. 1, p. 102-114, 2020. DOI: https://doi.org/10.1080/02701367.2019.1650877
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, onde foram investigados 366 participantes, 230 mulheres e 136 homens, com idade média de 23 anos. Destaca-se entre os estudos realizados no Brasil o de Salerno et al., (2018)SALERNO, Marina Brasiliano et al. O conceito de inclusão de discentes de educação física de universidades públicas do estado de São Paulo no contexto social da sua prática. Movimento, v. 24, n. 3, p. 721-734, 2018. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.78055
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, com 322 graduandos concluintes em diversas IES públicas localizadas no estado de São Paulo.

Em relação aos tipos de estudos, foram realizadas oito pesquisas com abordagens qualitativas, duas quantitativas, e uma qualiquantitativa, do tipo participante, estudo de múltiplos casos, grupo focal, de intervenção e narrativa. Com relação aos instrumentos foram utilizados questionários, entrevistas e análise documental.

3.2 A INCLUSÃO E SUAS CONCEITUAÇÕES

Para que a EI ocorra de forma plena, a escola deve estar preparada para atender as necessidades desses alunos nas suas mais diversas características e especificidades. E uma das formas de receber esses alunos com dignidade, é ter os seus professores formados com os conhecimentos necessários e preparados para atender os alunos com deficiência (GLAT; PLETSCH; FONTES, 2007GLAT, Rosana; PLETSCH, Márcia Denise; FONTES, Rejane de Souza. Educação inclusiva & educação especial: propostas que se complementam no contexto da escola aberta à diversidade. Educação, v. 32, n. 2, p. 343-355, 2007. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/678. Acesso em: 4 set. 2023.
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). Dentre esses conhecimentos, os professores precisam conhecer com nitidez o que significam os termos relacionados à EI. A Inclusão, por exemplo, é um conceito que estudos apontam dificuldade de entendimento por parte dos estagiários e, por consequência, dos futuros professores que irão atuar na educação básica (TELLES; KRUG, 2014TELLES, Cassiano; KRUG, Hugo Norberto. A inclusão de alunos com deficiência na Educação Física Escolar. Revista Gestão Universitária, v. 7, p. 1-9, 2014. Disponível em: http://gestaouniversitaria.com.br/artigos/a-inclusao-de-alunos-com-deficiencia-na-educacao-fisica-escolar. Acesso em: 4 set. 2023.
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).

Nos estudos de Carvalho et al. (2017)CARVALHO, Camila Lopes et al. A percepção dos discentes de Educação Física sobre a inclusão escolar: reconstruções por intervenção na formação inicial. Motrivivência, v. 29, n. 50, p. 153-169, 2017. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2017v29n50p153
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e Neville, Makopoulou e Hopkins (2019) foram utilizadas estratégias práticas em favor da compreensão acerca das atitudes e conceitos relacionados à inclusão, e foi possível verificar um aumento significativo no entendimento dos discentes sobre os conceitos de "inclusão educacional" e "educação física escolar especial", como também uma melhora nos conceitos e atitudes em relação à EI.

Foi possível observar na pesquisa de Salerno et al. (2018)SALERNO, Marina Brasiliano et al. O conceito de inclusão de discentes de educação física de universidades públicas do estado de São Paulo no contexto social da sua prática. Movimento, v. 24, n. 3, p. 721-734, 2018. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.78055
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que os investigados, concluintes da graduação de diversas IES do estado de São Paulo, são favoráveis à inclusão, mas não demonstraram ter um completo entendimento sobre o conceito, já que a maioria se referiu somente à inclusão da PCD, quando o termo significa a participação de todos, inclusive de grupos minoritários.

Esses achados corroboram com o estudo de Krug et al. (2017)KRUG, Hugo Norberto et al. As dificuldades enfrentadas pelos acadêmicos de Educação Física em situação de estágio curricular supervisionado frente aos alunos com deficiência. Itinerarius Reflectionis, v. 13, n. 1, p. 1-13, 2017. DOI: https://doi.org/10.5216/rir.v13i1.43283
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, que ao questionarem sobre as dificuldades de dez acadêmicos de Educação Física em situação de ECS frente a alunos com deficiência, relataram como uma dessas dificuldades, não saber exatamente o que significa o conceito de inclusão na EF escolar.

Neste contexto, o estudo de Telles e Krug (2014)TELLES, Cassiano; KRUG, Hugo Norberto. A inclusão de alunos com deficiência na Educação Física Escolar. Revista Gestão Universitária, v. 7, p. 1-9, 2014. Disponível em: http://gestaouniversitaria.com.br/artigos/a-inclusao-de-alunos-com-deficiencia-na-educacao-fisica-escolar. Acesso em: 4 set. 2023.
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, confirma essa dificuldade quanto ao conceito de inclusão. No estudo em questão, os acadêmicos conceituaram a inclusão de três maneiras distintas, foram elas: fazer parte de algo; a colocação de aluno deficiente em classe de alunos normais e fazer com que o aluno deficiente participe ativamente nas atividades da aula. É possível perceber como essa limitação e dificuldade dos discentes quanto à conceituação da inclusão podem influenciar negativamente na sua atuação profissional futura, pois mesmo que tenham a intenção de realizar uma Educação Física inclusiva, as suas atitudes frente a alunos com deficiência podem ser negativas e dificultar as relações no ambiente escolar. Nesse sentido se faz relevante identificar o papel que o estágio pode desempenhar na formação inicial e inclusiva.

Os artigos mapeados nesta categoria indicam que os conceitos relacionados ao debate sobre inclusão são frágeis do ponto de vista da formação inicial em Educação Física mediada pelos ECS. A leitura desse material sistematizado em nossa revisão revela que é necessário ampliar as discussões teóricas sobre os diversos conceitos, almejando que as experiências e as intervenções no campo de estágio sejam realizadas de maneira mais consistente, baseadas no respeito às diferenças cognitivas, motoras e emocionais.

3.3 O PAPEL DO ESTÁGIO NA FORMAÇÃO INICIAL E INCLUSIVA

Quando os estudantes iniciam o curso de licenciatura em Educação Física, eles já chegam com uma compreensão sobre a EF e sobre o que é ser professor, principalmente por meio de suas experiências vivenciadas durante a educação básica ou treinamentos desportivos. Mas é durante o ECS, que o estudante poderá pensar a sua prática docente aliada aos conhecimentos didático-pedagógicos estudados nas disciplinas teóricas, e refletir sobre como a EF poderá ser inclusiva para os alunos com deficiência.

Nesse sentido, Conceição e Krug (2009)CONCEIÇÃO, Victor Julierme Santos da; KRUG, Hugo Norberto. Formação inicial de professores de educação física frente a uma realidade de inclusão escolar. Revista Educação Especial, v. 22, n. 34, p. 237-249, 2009. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/276. Acesso em: 4 set. 2023.
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realizaram uma investigação com cinco acadêmicos de EF em situação de ECS. Inicialmente, os investigados assistiram aulas ministradas pela professora da turma, se inteiraram do Projeto Político Pedagógico da escola, participaram de reuniões e se aproximaram dos alunos. Conforme os estagiários se envolveram e vivenciaram a realidade da escola, foram além das obrigações do ECS e participaram de atividades complementares, demonstrando interesse ainda maior em atuar na Educação Física escolar com o olhar responsável para a inclusão (CONCEIÇÃO; KRUG, 2009CONCEIÇÃO, Victor Julierme Santos da; KRUG, Hugo Norberto. Formação inicial de professores de educação física frente a uma realidade de inclusão escolar. Revista Educação Especial, v. 22, n. 34, p. 237-249, 2009. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/276. Acesso em: 4 set. 2023.
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).

Ainda sobre a inclusão durante o ECS, o estudo de El Tassa e Cruz (2016)EL TASSA, Khaled Omar Mohamad; CRUZ, Gilmar de Carvalho. Formação docente e inclusão escolar em um curso de Licenciatura em Educação Física. Revista Educação Especial, v. 29, n. 54, p. 121-131, 2016. DOI: https://doi.org/10.5902/1984686X17629
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, revelou a importância que parte desses alunos dá ao estágio para a sua formação acadêmica, por possibilitar vivências em situações reais encontradas no cotidiano escolar. Foi durante o ECS que os estagiários se depararam com situações de exclusão nas aulas de Educação Física, e tiveram a oportunidade de refletir para criarem estratégias para superarem esses episódios.

Tanto o professor supervisor quanto o professor colaborador são fundamentais para o ECS nas funções de apoio aos estagiários. O professor supervisor de estágio é o professor que orienta na disciplina do curso de licenciatura, e o professor colaborador é o responsável por acompanhar o estagiário nas atividades na escola, junto às turmas (QUARANTA; PIRES; 2013QUARANTA, André Marsiglia; PIRES, Giovani de Lorenzi. Formação de professores de Educação Física na EAD: inserção na cultura escolar através do estágio supervisionado. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 21, n. 1, p. 51-65, 2013. Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/rbcm/article/view/3333. Acesso em: 4 set. 2023.
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). Eles têm como uma de suas atribuições auxiliar na preparação profissional adequada para o atendimento dos alunos com necessidades especiais, e assim contribuir para a inclusão escolar.

No estudo de Quaranta e Pires (2013)QUARANTA, André Marsiglia; PIRES, Giovani de Lorenzi. Formação de professores de Educação Física na EAD: inserção na cultura escolar através do estágio supervisionado. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 21, n. 1, p. 51-65, 2013. Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/rbcm/article/view/3333. Acesso em: 4 set. 2023.
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, os investigados relatam que a supervisão e acompanhamento das atividades ficaram a cargo dos professores regentes da escola, e como estes não foram capacitados para tal função, isso foi um limitador no processo formativo, com a falta de diálogo sobre as especificidades da área. Em contrapartida, no estudo de El Tassa e Cruz (2016)EL TASSA, Khaled Omar Mohamad; CRUZ, Gilmar de Carvalho. Formação docente e inclusão escolar em um curso de Licenciatura em Educação Física. Revista Educação Especial, v. 29, n. 54, p. 121-131, 2016. DOI: https://doi.org/10.5902/1984686X17629
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, os estagiários reconhecem a importância da professora supervisora, cujo acompanhamento contribuiu para o desenvolvimento dos mesmos junto às turmas e agregou valores e saberes a todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem.

Os resultados do estudo sobre o ECS na formação inicial de Gomes e Both (2021)GOMES, Nilton Munhoz; BOTH, Jorge. Estágio curricular em educação especial na formação inicial docente em Educação Física. O caso de uma universidade pública brasileira. Educación, v. 30, n. 59, p. 213-236, 2021. DOI: http://dx.doi.org/10.18800/educacion.202102.011
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corroboram os achados anteriores, quando os acadêmicos investigados apontaram para a falta de conhecimento no processo ensino-aprendizagem por parte do professor supervisor do estágio e certa insegurança nas orientações, como fatores negativos do estágio. Ao mencionarem estes aspectos negativos do estágio, se faz importante destacar outras dificuldades relacionadas ao estágio de Educação Física inclusiva, assim como suas possibilidades.

3.4 DIFICULDADES E POSSIBILIDADES NO ESTÁGIO DE EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA

Nos estudos de Krug et al. (2017)KRUG, Hugo Norberto et al. As dificuldades enfrentadas pelos acadêmicos de Educação Física em situação de estágio curricular supervisionado frente aos alunos com deficiência. Itinerarius Reflectionis, v. 13, n. 1, p. 1-13, 2017. DOI: https://doi.org/10.5216/rir.v13i1.43283
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, e Quaranta e Pires (2013)QUARANTA, André Marsiglia; PIRES, Giovani de Lorenzi. Formação de professores de Educação Física na EAD: inserção na cultura escolar através do estágio supervisionado. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 21, n. 1, p. 51-65, 2013. Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/rbcm/article/view/3333. Acesso em: 4 set. 2023.
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foram destacadas algumas dificuldades relatadas pelos estagiários, tais como: a falta de acessibilidade dos alunos com deficiência aos ambientes educacionais, falta de conhecimentos sobre as características da deficiência dos alunos, não saber proporcionar atividades adequadas aos alunos com deficiência para que eles aprendam, a dificuldade de relacionamento entre o aluno com deficiência e seus colegas de turma, a não participação do aluno com deficiência nas aulas, a não aceitação da inclusão pelo aluno com deficiência, não saber bem o que significa inclusão, não saber como avaliar os alunos com deficiência, falta de cooperação da direção da escola e de parte do corpo docente e problemas com o professor colaborador (KRUG et al., 2017KRUG, Hugo Norberto et al. As dificuldades enfrentadas pelos acadêmicos de Educação Física em situação de estágio curricular supervisionado frente aos alunos com deficiência. Itinerarius Reflectionis, v. 13, n. 1, p. 1-13, 2017. DOI: https://doi.org/10.5216/rir.v13i1.43283
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; QUARANTA, PIRES, 2013QUARANTA, André Marsiglia; PIRES, Giovani de Lorenzi. Formação de professores de Educação Física na EAD: inserção na cultura escolar através do estágio supervisionado. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 21, n. 1, p. 51-65, 2013. Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/rbcm/article/view/3333. Acesso em: 4 set. 2023.
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).

É possível dividir essas dificuldades em três categorias: 1) de cunho pedagógico, 2) de cunho conceitual e 3) de cunho estrutural (KRUG et al., 2017KRUG, Hugo Norberto et al. As dificuldades enfrentadas pelos acadêmicos de Educação Física em situação de estágio curricular supervisionado frente aos alunos com deficiência. Itinerarius Reflectionis, v. 13, n. 1, p. 1-13, 2017. DOI: https://doi.org/10.5216/rir.v13i1.43283
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). Em se tratando do cunho conceitual, da inclusão e suas conceituações foram apresentadas no tópico anterior "A Inclusão e suas conceituações". O autor ainda refere que com relação ao cunho estrutural, para que sejam minimizadas as dificuldades, é necessária uma ação da gestão escolar, junto à sociedade e à administração pública, pois para superar as barreiras estruturais e arquitetônicas é necessário um esforço coletivo. Em complemento no contexto pedagógico, a maioria das dificuldades apontadas pelos estagiários encontra-se intrinsecamente ligadas à formação inicial nas Instituições de Ensino Superior.

Corroborando com essa percepção sobre uma formação inicial insuficiente para a atuação na Educação Física Inclusiva, o estudo de Costa (2010)COSTA, Vanderlei Balbino da. Inclusão escolar na educação física: reflexões acerca da formação docente. Motriz: Revista de Educação Física, v. 16, n. 4, p. 889-899, 2010. DOI: https://doi.org/10.5016/1980-6574.2010v16n4p889
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evidencia resultados importantes. Professores de EF atuantes no ensino básico reportaram não incluir os alunos com deficiência visual, ou pela falta de estrutura da escola ou por se sentirem despreparados para atuar na EI. Outros argumentos são utilizados para a não inclusão dos alunos com deficiência, como a falta de apoio da comunidade escolar como um todo e medo de que os alunos se machuquem. Ouvindo os estudantes com deficiência visual, percebe-se a vontade em todos de participarem das aulas de EF e a frustração de serem discriminados no ambiente escolar.

Todavia, não só dificuldades foram reportadas por estagiários de Educação Física. Nos estudos analisados foram relatados a oportunidade de vivenciar o cotidiano da escola, se relacionar com professores com um maior tempo de atuação docente e, dessa forma, desenvolverem a sua identidade profissional e vislumbrarem o que pretendem na área da inclusão sobre a sua futura profissão (QUARANTA; PIRES, 2013QUARANTA, André Marsiglia; PIRES, Giovani de Lorenzi. Formação de professores de Educação Física na EAD: inserção na cultura escolar através do estágio supervisionado. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 21, n. 1, p. 51-65, 2013. Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/rbcm/article/view/3333. Acesso em: 4 set. 2023.
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; CONCEIÇÃO; KRUG, 2009CONCEIÇÃO, Victor Julierme Santos da; KRUG, Hugo Norberto. Formação inicial de professores de educação física frente a uma realidade de inclusão escolar. Revista Educação Especial, v. 22, n. 34, p. 237-249, 2009. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/276. Acesso em: 4 set. 2023.
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). Não foram observadas falas dos estagiários diretamente ligada à inclusão dos alunos com deficiência nas aulas de Educação Física escolar durante a realização do estágio. A falta desse olhar criterioso para a Inclusão pode estar relacionado com a falta de interesse por parte de alguns acadêmicos que veem essa fase da formação Inicial somente como algo sem importância, como execução de carga horária para cumprimento do currículo.

Além dos aspectos já discutidos, este estudo possui como possível limitação a escolha das bases de dados pesquisadas, tendo em vista que alguns periódicos da Educação e da própria Educação Física podem não constar destas bases. Para minimizar esse efeito, os autores conduziram uma busca manual ampliada (sem restrição de base de dados) no "Portal de Periódicos CAPES". Ressalta-se que essa limitação não inviabiliza os dados apresentados, tendo em vista que estão em consonância com outros apresentados pela literatura.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir desta revisão, buscou-se explorar e analisar estudos relacionados ao campo de atuação na Educação Física escolar, com a EI, partindo da percepção e ótica dos discentes dos cursos de licenciatura em Educação Física, em situação de ECS.

É possível observar como é complexa a compreensão da definição e do conceito de inclusão, entre os profissionais e estudantes da área. Essa complexidade de entendimento sobre o tema pode levar os professores que atuam na educação básica, a assumirem atitudes e valores que podem resultar em prejuízo aos alunos com deficiência nas aulas de Educação Física.

Na Formação Inicial, todos os cursos têm pelo menos uma disciplina voltada para a inclusão. Entretanto, nesse componente curricular provavelmente nem todas as deficiências e suas especificidades são abordadas com a devida profundidade. Sendo assim, se faz necessário que as Instituições de Ensino Superior busquem oferecer novas alternativas para que os discentes supram essa lacuna sobre a inclusão. Essa disciplina voltada para a inclusão deve interagir diretamente com o Estágio Curricular Supervisionado, pois os estagiários percebem que conseguem vivenciar a realidade escolar no estágio.

No que diz respeito à identificação e análise das dificuldades e possibilidades reportadas por estagiários sobre a inclusão de alunos com deficiência na Educação Física escolar, importa considerar a expressiva dificuldade de cunho pedagógico relacionada à formação inicial, assim como, a insegurança e o despreparo de docentes para atuarem na EI, somada à falta de interesse dos discentes em participar de estudos e projetos relacionados à área.

Nesse sentido, destaca-se a importância do período do ECS como um momento fundamental para a formação dos futuros professores que irão atuar na educação básica em nosso país. É nesse momento que os acadêmicos de licenciatura têm a chance de vivenciar a prática docente no ambiente escolar e contribuir na formação da identidade profissional docente. É nessa etapa da formação inicial que os estagiários não só experimentam as primeiras dificuldades da realidade escolar brasileira, mas também podem descobrir possibilidades para a futura atuação.

Tendo em vista a estreita relação entre o professor da escola (professor supervisor) e o estagiário, pode-se ressaltar a relevância da busca por parte dos professores que já atuam na educação básica por uma formação continuada e especializada na área da inclusão. A percepções dos estagiários acerca da inclusão perpassa pela observação e interação com práticas pedagógicas realizadas pelos professores e auxiliadas pelo estagiário como relatado nos estudos. A partir da consciência da importância desta temática é possível que consigam ter uma atuação inclusiva na sua prática docente, e também reunirem melhores condições de supervisionar o ECS em Educação Física.

  • FINANCIAMENTO
    O presente trabalho foi realizado sem o apoio de fontes financiadoras.
  • COMO REFERENCIAR

    BARBOSA, Marcio Luiz Borges; PIMENTA, Ricardo de Almeida; MARTINS, Rodrigo Lema Del Rio; PIRES, Valéria Nascimento Lebeis; ALMEIDA, Vitor Alexandre Rabelo de. Análise da percepção de estagiários de educação física sobre a inclusão na escola: uma revisão integrativa. Movimento, v. 29, p. e29046, jan./dez. 2023. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.130615

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  • BRASIL. Decreto-Lei n. 6.571 de 17 de setembro de 2008 Dispõe sobre o atendimento educacional especializado, regulamenta o parágrafo único do art. 60 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e acrescenta dispositivo ao Decreto no 6.253, de 13 de novembro de 2007. 2008a. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2008/decreto-6571-17-setembro-2008-580775-publicacaooriginal-103645-pe.html Acesso em 17 maio 2022.
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Editado por

RESPONSABILIDADE EDITORIAL

Alex Branco Fraga*, Elisandro Schultz Wittizorecki*, Mauro Myskiw*, Raquel da Silveira*
*Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Porto Alegre, RS, Brasil.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Nov 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    27 Mar 2023
  • Aceito
    25 Ago 2023
  • Publicado
    31 Out 2023
Universidade Federal do Rio Grande do Sul Rua Felizardo, 750 Jardim Botânico, CEP: 90690-200, RS - Porto Alegre, (51) 3308 5814 - Porto Alegre - RS - Brazil
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