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GAMBIER, Yves & STECCONI, Ubaldo (Orgs). A World Atlas of Translation. Amsterdam & Philadelphia: Benjamin Translation Library, 2019.

GAMBIER, Yves; STECCONI, Ubaldo. A World Atlas of Translation. Amsterdam & Philadelphia: Benjamin Translation Library, 2019

A obra “A World Atlas of Translation” é um livro composto por 21 capítulos, organizado e editado por Yves Gambier e Ubaldo StecconiGambier, Yves & Stecconi, Ubaldo (Orgs). A World Atlas of Translation. Amsterdam & Philadelphia: Benjamin Translation Library, 2019. como resultado de um projeto para fornecer um apanhado histórico sobre a tradição em tradução no mundo. Foi publicado pela Benjamin Translation Library e é o volume 145, lançada em 2019. Cada capítulo foi escrito em língua inglesa e corresponde a pesquisas feitas na área dos Estudos da Tradução na busca de fazer um recorte sobre a “noção de tradução” presente em diversos países. Como Atlas, os organizadores visaram como objetivo levar os estudos pelos cinco continentes do mundo, traçando um itinerário que conseguisse contemplar a maior quantidade de países possível. Além dos 21 capítulos, a obra apresenta prefácio, posfácio, índices de nomes, lugares, idiomas e notas sobre cada colaborador-pesquisador.

O prefácio traz o objetivo principal da obra: conseguir fazer um compilado de trabalhos sobre tradução ao redor do mundo. Tal objetivo era considerado pelos próprios organizadores como um projeto louco e desmedido. Trata-se, na verdade, de trazer novos debates sobre o fenômeno da tradução em várias partes do mundo, fugindo do eurocentrismo. Porém, apesar desta procura de se desvencilhar do eurocentrismo, a falta dele nos estudos da tradução também é um caminho que se tornaria equivocado. Portanto, os organizadores passaram a contemplar uma maior gama de trabalhos sem necessariamente afunila-los apenas em uma parte do mundo, mas ampliando seu perímetro para, assim, estimular mais debates sobre a tradução. Ou seja, o objetivo desta obra está em, através de pesquisas empíricas, acessar como e qual é a extensão das tradições em tradução e suas variações em todo o mundo.

Tendo o objetivo em mente, os organizadores do projeto precisaram delimitar a metodologia utilizada, as pesquisas, os indivíduos participantes, entre tantos outros elementos pertinentes para a elaboração da obra. No prefácio, os organizadores elencaram seus aspectos para conseguir fundamentar as escolhas das pesquisas a serem publicadas na obra: os consultores, a identificação das tradições das traduções e o projeto que os participantes receberam para conseguir formar o Atlas. Os organizadores tiveram a ajuda de seis consultores, estudiosos da área: Chan Leo Tak-kung, Vince Rafael, James Maxey, Lieven D’hulst, Maria Tymoczko e Georges L. Bastin. Segundo os organizadores, o papel dos consultores foi primordial para conseguirem traçar uma linha nas diferentes tradições em tradução dos quatro cantos do mundo, em chamarem novos pesquisadores para ajudar na pesquisa e em revisar o material adotado. Na identificação das tradições, os organizadores elencaram 27 aspectos que poderiam ser colocadas na obra, os quais apenas seis não foram realizados. De acordo com os organizadores, contemplar tradições de tradução menos estudadas era crucial para a realização do Atlas.

No prefácio, também encontramos a carta convite enviada aos pesquisadores participar da obra. Nela, os pesquisadores encontram os objetivos do Atlas, a metodologia escolhida, os passos a serem seguidos para a pesquisa, entre outras características do projeto. Além disso, os organizadores fizeram questão de esclarecer que os textos traduzidos analisados poderiam ser ampliados para uma vasta extensão de textos, ou seja, vão além de romances, jornais, artigos, mas contempla também discursos, áudio e vídeo difundidos pelos diferentes veículos midiáticos. A carta também esclarecia as principais linhas de pesquisa que norteariam os participantes em suas pesquisas, como: a relação da tradução e outras formas de comunicação, a história da tradução na comunidade, a tradução como forma de visibilidade do estrangeiro pela comunidade, a tradução e a relação com a própria língua, o impacto de novas tecnologias da comunicação e modelos de negócios na tradução. Assim, a carta era concluída com as orientações a serem seguidas pelos participantes e outros aspectos da gestão da obra.

Ainda no prefácio, os organizadores fizeram algumas considerações importantes para os pesquisadores: a primeira, que observar uma noção unificadora de tradução não era uma perda de tempo e a segunda, que era necessário apontar hipóteses, mas sem conclui-las, o que tornaria possível observar o movimento da tradução e ver seus andamentos. Detalhando as diferentes pesquisas sobre tradução, algumas focadas nos universais dos textos fontes (S-universals) e outras nos universais dos textos alvo (T-universals), os organizadores propuseram que o exercício e o ponto de vista de cada pesquisador seriam no que é prevalente nas tradições de tradução que eles estariam descrevendo e comentando.

Focadas em apanhados históricos, as pesquisas selecionadas pelos organizadores trazem a história da tradução nos mais diferentes países. O caminho pelo mapa-múndi das tradições em tradução, presentes na obra, inicia pelas ilhas do Sul do Pacífico, passando pela Austrália, Japão, China, Tailândia, Índia, Irã, Arábia, Israel, Turquia, África do Sul, Angola, Rússia, Culturas eslavas, Grécia, Cultura latina/romana, Alemanha, Espanha, Brasil, América Central, México, terminando na América do Norte. Cada uma das pesquisas equivale a um capítulo do livro.

Após o prefácio, encontramos o capítulo 1 intitulado “Translating in the Pacific: Rendering the Christian Bible in the islanders’ tongues”, escrito por Joseph P. Hong, da United Bible Societies Global Translation Advisor. Neste capítulo, vemos um levantamento histórico da tradução e interpretação nos primeiros contatos das línguas europeias com as ilhas do sul do Pacífico, considerando as ilhas do Triângulo da Polinésia, excetuando Austrália e Papua Nova Guiné. A partir deste levantamento, Hong fez uma explicação sobre como os nativos lidam com a cultura de textos escritos, os meios de tradução utilizados pelos colonizadores e pelos evangelizadores frente à dificuldade de comunicação com os nativos das ilhas. As principais línguas colonizadoras foram o inglês e o francês. Depois, analisou os aspectos históricos, como as Grandes Guerras Mundiais, a presença dos colonizadores nas ilhas e suas influências entre os nativos. Com o foco da tradução da Bíblia, Hong fez compilado através de corpora com quadros com as traduções de termos nas diferentes línguas. Assim, Hong concluiu que a maioria das línguas das ilhas do Pacífico Sul utiliza termos com significados mais genéricos nas suas traduções.

No capítulo 2, “Recent tradition in Australia”, escrito por Adolfo Gentile, da Monash University, temos uma pesquisa diacrônica sobre a tradução na Austrália desde a época de sua colonização pelos ingleses. O autor enfatiza que o termo Tradução com T maiúsculo considera todos os tipos de tradução, desde textos orais até escritos de todas as formas e tamanhos. Assim como no capítulo 1, o autor faz um apanhado histórico da presença dos colonizadores na Austrália, sua relação com as tribos nativas da ilha e seus meios para conseguir a comunicação. Em seguida, o autor faz um levantamento sobre como a tradução foi necessária, principalmente, no período pós-guerra e de incentivo a imigração, além de descrever os processos de criação e formalização da tradução no país.

O capítulo 3, “Japanese conceptualizations of ‘translation’”, escrito por Judy Wakabayashi, da Kent State University, traz apanhado histórico sobre a tradução no Japão, passando pela sua relação com a língua chinesa, com sua terminologia própria chamada kanbun kundoku (‘Japanese reading of Chinese text’), e seu contato com as línguas europeias a partir do século XVI. A tradução, apesar de ter sido considerada uma ameaça predominante à manutenção da língua japonesa, sempre foi direcionada para o texto fonte e a língua traduzida foi considerada aceita pela sua associação com culturas fontes ‘superiores’. A autora explica que a pesquisa explora parâmetros históricos de práticas e conceitos sobre tradução, os quais ainda são encontrados residualmente no Japão contemporâneo. Além de um parâmetro histórico sobre o contato da língua japonesa com outras línguas e suas trocas na tradução, Wakabayashi também traz práticas criativas presentes no processo de tradução no Japão. Assim, ela conclui seu texto que essas práticas trazem grande contribuições para as escolhas tradutórias.

Relacionado com o capítulo 3, o capítulo 4, “Contemporary views of translation in China”, escrito por Leo Tak-hung Chan, da Lingnan University (Hong Kong), faz um breve resumo das principais teorias da tradução e a visão da tradução nos aspectos nacionais e internacionais presentes na China. A pesquisa foi organizada em três partes: a primeira, concentrada nos recentes conceitos que influenciaram o crescimento econômico e político da China e a preocupação de propagar a cultura Chinesa para o exterior através da tradução; a segunda parte focou como, em tempos de globalização, a tradução serviu também para a China como forma de serviço; já a terceira parte traz um estudo de como a tradução serve para a língua oficial, Chinês, e as línguas minoritárias presentes nas comunidades não-descendentes de Han.

O capítulo 5, “From plagiarism to incense sticks: The making of self and the other in Thai translation history”, escrito por Phrae Chittiphalangsri, da Chulalongkorn University, (Bangkok, Thailand) traz como a tradução é vista pela cultura tailandesa. Chittiphalangsri esclarece que a tradução, além de aproximar diferentes culturas, define os sentidos da “própria” cultura e da “outra” cultura. Com um levantamento histórico, desde que Tailândia era chamada de Siam, a autora mostra as atividades tradutórias presentes nos períodos da história tailandesa, incluindo questões sobre plágio, adaptação, literalidade, fidelidade e autoria, e seu contato com as línguas indiana, chinesa e ocidentais. Assim, Chittiphalangsri esclarece como a tradução é utilizada para ver a cultura do “outro” diferenciando da “própria” cultura do país.

O capítulo 6, “More or less “translation”: Landscapes of language and communication in India”, escrito por Rita Kothari and Krupa Shah da Ashoka University / Pondicherry, foca em trazer um estudo sobre a tradução na Índia, desde seu período pré-moderno, seu momento de colonização e sua relação com a língua colonizadora inglesa, comparando com seu momento atual e a manutenção de línguas modernas indianas. Os autores demonstram as negociações linguísticas entre os mais diferentes idiomas presentes no território indiano e como a tradução é uma ferramenta útil e eficaz para essas trocas.

Indo mais ao centro do continente asiático, o capítulo 7, “The Persian tradition”, escrito por Omid Azadibougar and Esmaeil Haddadian-Moghaddam da Shiraz University e da University of Leuven, traz presença constante da tradução na história antiga da Pérsia, atualmente Irã, por ser um importante ponto político e geográfico na história mundial, o qual tinha muitas estradas que uniam pontos extremos de comércio. Apesar desta importância histórica, a tradução foi por muitas vezes contestada em várias áreas de pesquisa. Os autores demonstram situações referentes à tradição na tradução, ao método e a pesquisa, ao copyright, as políticas dentro da cultura e ao multilinguismo. Sugerem ainda que a tradição persa em tradução é orientada pelo tradutor com prestígio social, subversiva eticamente, reclusa politicamente e composta por diversas línguas.

O capítulo 8, “The notion of translation in the Arab world: A critical developmental perspective”, escrito por Salah Basalamah da University of Ottawa, descreve primeiramente os principais noções e estudos sobre tradução para, em seguida, contemplar o mundo da tradução na língua árabe, passando pela influência grega nos séculos IX a XI seguido pelo Latim e sua contribuição na disseminação da língua árabe, focando nos efeitos pós-coloniais. Basalamah também descreve como a tradução requer o conhecimento do Outro e como ela ajudou o renascimento do fortalecimento do mundo árabe.

O capítulo 9, intitulado “Traditions of translation in Hebrew culture”, escrito por Nitsa Ben-Ari and Shaul Levin da Tel-Aviv University, descreve os percursos clássicos da língua hebraica juntamente com o aramaico, seguidos pela relação do hebraico com o grego e línguas não-semitas. Os autores organizaram a pesquisa dividida em duas partes: a primeira, as traduções do hebraico focadas nas traduções da Bíblia e, a segunda, baseada nas traduções mais recentes a partir do século XIX. É dentro deste contexto que os autores elencam como a tradução é percebida no mundo da língua hebraica.

Seguindo o itinerário proposto pelos organizadores, o capítulo 10, “Altaic tradition: Turkey”, escrito por Cemal Demircioğlu da Okan University, chegamos à Turquia. Demircioğlu descreve o percurso da língua turca, seus campos léxicos relacionados à tradição Altaica. A partir da Ásia Central, seguindo para Ásia Menor. O autor fez um apanhado de traduções que refletiam as diferentes tradições desde o século IX. Por falta de materiais, Demircioğlu adverte que não foi possível um maior levantamento sobre a tradição turca oriental. Após os conceitos e apanhados históricos, o autor segue para as definições literárias da cultura turca sobre tradução.

O capítulo 11 nos leva para o continente africano com “Translation tradition throughout South African history”, escrito por Maricel Botha and Anne-Marie Beukes da University of Johannesburg. Os pesquisadores mostram como a relação de poder assimétrico influencia nas traduções e tradições pelo país. Para basear sua pesquisa, os autores fizeram um levantamento histórico sobre as diferentes relações de trocas e costumes no período colonial e definem que a tradução é vista como um meio de manipulação e controle, o que revelam novos insights sobre tradução, levando a novos estudos sobre ela.

O capítulo 12, intitulado “Translation traditions in Angola”, de autoria de Riikka Halme-Berneking, da United Bible Societies and Felm, traz como a tradução é vista na Angola, usada como forma de fortalecer as línguas locais. Além disso, a pesquisa é baseada nas trocas entre as línguas Umbundu, Kimbundu, Kikongo e Português, refletidas nos ambientes sociopolíticos do país. Destaca-se ainda que a tradução seja feita principalmente por meio oral, o que ressalta a necessidade de pesquisa e publicação de obras traduzidas escritas.

Voltando para o norte do continente asiático, o capítulo 13, “The culture(s) of translation in Russia”, de autoria de Brian James Baer and Sergey Tyulenev, da Kent State University / Durham University, trazem um apanhado acadêmico sobre o desenvolvimento do conceito de tradução e sua relação com a prática presente em quatro distintos períodos da história da Rússica. Tais períodos e conceitos foram relacionados também aos grandes momentos históricos, como as reformas e as revoluções dos séculos XVIII e XIX, finalizando com o período comunista e pós-comunista.

O capítulo 14 nos leva a entrar no continente europeu oriental com as línguas eslavas, intitulado “The concept of translation in Slavic cultures”, de autoria de Zuzana Jettmarova, da Charles University (Prague, Czech Republic), trazendo a evolução do conceito de tradução nas línguas eslavas desde a Idade Média até o período pós-Segunda Guerra. Através deste apanhado histórico, a autora mostra a construção da própria língua escrita e sua influência pela língua grega. Ressalta também que os estudos da tradução das línguas e culturas eslavas frequentemente oscilavam entre a literalidade e a adaptação. Assim, a autora afirma que dependendo do momento histórico e cultural, o papel da tradução foi mudando, o que acabou por necessitar a volta à representação integral do original, tanto em termos de conteúdo como de forma.

Partindo para a Grécia, o capítulo 15, intitulado “The Greek-speaking tradition”, escrito por Simos Grammenidis and Georgios Floros, da Aristotle University of Thessaloniki / University of Cyprus (Nicosia, Cyprus), traz os gêneros textuais traduzidos de diferentes formas, através das trocas intra e interlinguais, o que influenciou políticas e regimes de diferentes épocas da história do país. Assim, a pesquisa traz como método a comparação das atividades tradutórias entre os diferentes tipos textuais buscando as possíveis razões para as mudanças de conceitos que ocorreram na tradição grega.

O capítulo 16, “Latin/Romance tradition”, escrito por Lieven D’hulst, da University of Leuven, traz as traduções das línguas romana e latina. Esta pesquisa foi dividida de maneira diacrônica pelas três maiores forças presentes na Europa romana e latina: a primeira parte reflete sobre a troca de bens culturais entre Grécia e Roma; a segunda parte, sobre as trocas não apenas culturais, mas também do acesso a recursos estrangeiros como uma forma de fortalecer a cultura nacional e de processo de aprendizagem sobre a língua; e a terceira parte, as diferentes tradições intelectuais que permeiam a tradução.

O capítulo 17 nos leva para Alemanha com “Germanic tradition”, escrito por Gauti Kristmannsson, da University of Iceland, através de um levantamento histórico das tradições em tradução desde a Idade Média, passando pelo Renascimento e Reforma Protestante. A pesquisa foca em revelar as inúmeras influências e práticas tradutórias que a língua germânica recebeu e, paradoxalmente, acabou por ser uma maneira de construção da sua própria língua nacional.

O capítulo 18, “Hispanic South America”, de Alvaro Echeverri e Georges L. Bastin da Université de Montreal, nos leva a pesquisa da tradução a partir da época do período colonial até a independência da América Hispanoamericana. Através do estudo de diferentes períodos, os autores mostram como a tradução foi feita durante a colonização, suas consequências e contribuições no processo de formação da identidade dos países latinoamericanos e no próprio sistema da língua espanhola, tendo como base a teoria dos Polissistemas, a qual assegura que a própria seleção de textos a serem traduzidos é influenciada pelas condições da cultura alvo. Assim, os autores trazem um apanhado histórico culminando nas referências em tradução mais recentes de Octavio Paz e Jorge Luis Borges com a sua “infidelidade criativa”.

O capítulo 19 nos leva ao Brasil com “The history of translation in Brazil through the centuries: In search of a tradition”, de Dennys Silva-Reis and John Milton das Universidade de Brasília e Universidade de São Paulo. Neste capítulo temos uma visão geral da tradução e da interpretação no Brasil desde o século XVI até os dias atuais com o objetivo de demonstrar o processo, os principais autores, trabalhos e processos para ilustrar a tradição da tradução no país.

Após a América do Sul, os organizadores nos levam para a América Central e o México, com o capítulo 20, “Translation in Central America and Mexico” de Nayelli Castro da University of Massachusetts. Neste capítulo, o foco gira em torno das práticas de tradução presentes na época da colonização que influenciaram na formação da língua e dos países, sendo a pesquisa dividida em três sub-contextos: tradução como processo de formação política usada nos documentos de independência, práticas de tradução implícitas e explicitas e a tradução como ameaça a repúblicas multilinguísticas.

O último capítulo na viagem pelo Atlas termina na América do Norte com “Translation and North America: A reframing” de Maria Constanza Guzman e Lyse Hebert da Glendon College, York University. O capítulo 21 traz a experiência da tradução nos territórios do Canadá e dos Estados Unidos, baseada em discussões sobre a experiência histórica da tradução em várias perspectivas, tais como colonização, a construção da nação, imperialismo, fronteiras e imigração.

Os organizadores encerram o livro com o Posfácio. Nele, eles trazem o tempo levado para a construção da obra, que foi idealizada em 2014 e lançada em 2019. Retornam ao objetivo da obra e seu desafio aceito pelos consultores e colaboradores em tornar um único caminho histórico da tradução do seu país, o qual eles chamam de “noção de tradução”. Os organizadores fazem uma crítica à própria obra, elencando aspectos pertinentes a todos os capítulos: os dados referentes ao passado, uma exigência para que tivessem dados precisos, com referências precisas das obras pesquisadas, o que acabou levando as pesquisas focadas em textos escritos, apesar de saberem que grande parte da história da tradução pertence a textos orais; as diferentes metodologias, as quais os organizadores esclarecem que não interferiram em nenhum momento com os colaboradores e deixaram-nos bastante confortáveis com o estilo que cada um gostaria de apresentar sua pesquisa; e a amplitude das pesquisas, que trouxeram bases acadêmicas para novas pesquisas em tradução. Por fim, ainda no posfácio, os organizadores concluem que o objetivo do Atlas foi atingido, pela necessidade de estudos históricos sobre tradução em todos os países. Levantam ainda a premissa que tais estudos podem ser ampliados e compilados de diferentes formas, o que contribui para novas pesquisas acadêmicas. Ainda esclarecem que não percebem se o Atlas ficou robusto ou centrado em apenas algumas regiões, deixando outras defasadas, mas que novas pesquisas podem ser feitas para preencher estas possíveis lacunas.

A obra ainda traz elementos paratextuais após o posfácio, como: Bio-notes, com notas sobre os colaboradores, index of languages, people, toponyms (índice de línguas, povos, topônimos), Name index (índice de Nomes) e Subject index (índice de conteúdos).

Esta obra é um excelente arcabouço de elementos acadêmicos sobre tradução que fundamentam estudos nos mais diversos países. Como os próprios organizadores esclareceram as pesquisas sobre tradução necessitam de reconhecimento e de produção. Foi possível observar nos capítulos que as pesquisas em países menos influentes mundialmente focaram mais em apresentar sua história relacionada a tradução e que os países mais influentes, conhecidos, trouxeram novos panoramas de pesquisas em suas tradições já familiarizadas pelo mundo acadêmico. Com o objetivo gigantesco em contemplar a maior extensão de pesquisas nos diferentes continentes, o fato de fugir do eurocentrismo e iniciar a viagem em outros continentes contribuem para uma nova visão de mundo para o leitor, além de instigar a curiosidade histórica dos diferentes países e suas culturas. Assim, “A World Atlas of Translation” é sem dúvida um tesouro acadêmico para os pesquisadores de vários países, por trazer informações relevantes para a construção de novas pesquisas, diferentes metodologias e curiosidades de várias culturas espalhadas pelo mundo.

Referências

  • Gambier, Yves & Stecconi, Ubaldo (Orgs). A World Atlas of Translation Amsterdam & Philadelphia: Benjamin Translation Library, 2019.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Jun 2023
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    11 Ago 2022
  • Aceito
    22 Out 2022
  • Publicado
    Nov 2022
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