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Natureza e Arte na discussão da Paisagem Geográfica

RESUMO

A arte sempre esteve em diálogo com a natureza e com os tempos do espaço. Seja na história da sociedade ou nos movimentos estéticos, a arte sempre ecoou e afirmou o seu lugar de expressão diante das vivências pessoais e coletivas. No esforço de ultrapassar e vencer os obstáculos da ciência moderna, cada vez mais distante da filosofia e da arte, este artigo cresce em uma dinâmica fluida do entendimento da paisagem geográfica como categoria espacial, trazendo em seu cerne diversos diálogos geográficos-artísticos que agem como intervenções, discussões e apontamentos espaciais. Nesse sentido, a teoria da paisagem geográfica se rebela, nos propondo novas formas de pensar as relações socioespaciais e a própria natureza, especialmente a grafada em Humboldt. Através de resgates, cresce a possibilidade teórica e ao mesmo tempo prática de pensarmos as socioespacialidades refletidas na paisagem. A arte e a geografia se sobressaem para pensarmos a paisagem como uma construção relacional entre indivíduo, natureza, sociedade, tempo e consequentemente o espaço.

Palavras-chave:
Paisagem; Geografia; Arte; Natureza; Espaço Geográfico

ABSTRACT

Art has always been in dialogue with nature and the times of space. Whether in the history of society or in aesthetic movements, art has always echoed and affirmed its place of expression promoting personal and collective experiences. To overcome the obstacles of modern science, increasingly distant from philosophy and art, this article grows in a fluid dynamic of the understanding of the geographic landscape as a spatial category, bringing several geographic-artistic dialogues that act as interventions, discussions, and spatial notes. In this sense, the theory of the geographical landscape rebels, proposing new ways of thinking about socio-spatial relationships and nature. Through rescues, the theoretical and at the same time practical possibility of thinking about the sociospatialities reflected in the landscape. The discussion brings Humboldt and Photography to increase the dialogue between art and science. Art and geography stand out for us to think landscape as a relational construction between the individual, nature, society, time and consequently space.

Keywords:
Landscape; Geography; Art; Nature; Geographic Space

RESUMEN

El arte siempre ha estado en diálogo con la naturaleza y los tiempos del espacio. Ya sea en la historia de la sociedad o en los movimientos estéticos, el arte siempre ha hecho eco y afirmado su lugar de expresión frente a las experiencias personales y colectivas. En un esfuerzo por superar los obstáculos de la ciencia moderna, cada vez más distante de la filosofía y el arte, este artículo crece en una dinámica fluida de la comprensión del paisaje geográfico como categoría espacial, trayendo en su núcleo varios diálogos geográfico-artísticos que actúan como intervenciones, debates y notas espaciales. En este sentido, la teoría del paisaje geográfico se rebela al proponer nuevas formas de pensar las relaciones socioespaciales y la propia naturaleza. A través de los rescates crece la posibilidad teórica y a la vez práctica de pensar las socioespacialidades reflejadas en el paisaje. La discusión crece desde Humboldt a la fotografía para un debate de arte y ciencia. El arte y la geografía se destacan para que pensemos el paisaje como una construcción relacional entre el individuo, la naturaleza, la sociedad, el tiempo y consecuentemente el espacio.

Palabras claves:
Paisaje; Geografía; Arte; Naturaleza; Espacio Geográfico

Introdução

O espaço se constrói e se materializa como um conjunto dinâmico e fluido de relações entre a sociedade, a natureza, os objetos e as intencionalidades (individuais e/ou coletivas), ou como um conjunto de fixos e fluxos, como afirma Milton Santos (2000SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 2000. ). Esse mesmo espaço, palco dos movimentos dos corpos, das relações humanas e das materialidades e histórias, se constrói para todos nós como paisagens, territórios, lugares e regiões, reunindo um conjunto de marcas que apontam as transformações, sensações e experimentações de mundo.

A paisagem, uma das categorias de análise do espaço geográfico, se encontra estreitamente vinculada à intimidade do indivíduo e nas suas próprias relações espaciais, pois é inconcebível um espaço deslocado dos indivíduos e coletividades, do pensamento, das sensações e experimentações da nossa existência e das nossas vivências. E a partir dessa noção de espaço tecido, permeável e vivido, é possível confluir o conhecimento geográfico e a arte, adotando uma epistemologia artística como prática cultural e crítica do espaço geográfico, contemplada por campos conceituais, saberes e criações para uma análise espacial da paisagem.

As paisagens estão conectadas com o tempo histórico. Afinal, não podemos falar de uma história a-espacial. O mundo é cenário, desdobramentos e acontecimentos, assim como as paisagens. E junto a essa contação de histórias podemos enxergar e identificar paisagens em diferentes tempos de diferentes formas. Necessitamos, no entanto, realizar resgates com nossos passados para nos localizarmos na paisagem presente, e impulsionados pelas lembranças e memórias, conectarmos com a dinâmica fluída do tempo e do espaço. Nesse sentido, a ilustração e a fotografia podem ser grandes aliadas a essa investigação da paisagem, uma vez que:

A paisagem não se cria de uma vez só, mas por acréscimos e substituições; a lógica pela qual se fez um objeto no passado era a lógica da produção daquele momento. Uma paisagem é uma escrita sobre a outra, é um conjunto de objetos que têm idades diferentes, é uma herança de muitos diferentes momentos. (SANTOS, 1998SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado, fundamentos teórico e metodológico da Geografia. São Paulo: Hucitec , 1998., p. 66).

Segundo Paul Claval (2004CLAVAL, Paul. A paisagem dos geógrafos. In: CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny (org.). Paisagens, textos e identidade. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2004. p. 92-123.), a paisagem é operativa, ou seja, ela própria é tida como intencionalidade. Nesse contexto, há uma diferenciação da visão clássica da paisagem, que é dada como realidade objetiva (biosfera) e passa a ser entendida pelos homens como agentes produtores de sentido, que gera uma espécie de semiosfera (CLAVAL, 2004CLAVAL, Paul. A paisagem dos geógrafos. In: CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny (org.). Paisagens, textos e identidade. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2004. p. 92-123.; MARQUEZ, 2006MARQUEZ, Renata Moreira. Arte e geografia. In: FREIRE-MEDEIROS, Bianca; COSTA, Maria Helena Braga e Vaz da (org.). Imagens marginais. Natal: EdUFRN, 2006. p. 11-22. Available at: http://geografiaportatil.org/files/arte-e-geografia.pdf . Accessed on: Oct 15, 2020.
http://geografiaportatil.org/files/arte-...
). Com isso posto, de que formas a natureza geográfica através da arte - especialmente da ilustração e da fotografia - conseguem ajudar na compreensão da paisagem?

Para pensar a paisagem geográfica, nesse sentido, devemos compreender um fato muito importante da história da Geografia: a sua consolidação enquanto ciência e como forma de conhecimento orientadora do pensamento e da ação humana. A paisagem surge na geografia, inicialmente, como a ciência da descrição da superfície terrestre e acompanha no decorrer da história suas correntes e pensamentos.

Na ciência contemporânea, a paisagem carrega grandes influências do legado de Humboldt, além de dialogar com outras produções sociais do conhecimento, como, por exemplo, a arte, tanto quanto a literatura, ou, principalmente, também com a arte pictórica. Horácio Capel nos indaga a pensar e refletir os estudos da paisagem em Humboldt, buscando identificar e compreender as relações aparentemente desconexas dos fenômenos, cujas conexões não podem ser deduzidas de um sistema taxonômico (CAPEL, 2007CAPEL, Horacio. Filosofia e ciência na geografia contemporânea: uma introdução à geografia. Maringá: Massoni, 2007. 1 v., p. 17).

Dessa forma, buscamos traçar, através deste artigo, uma aproximação do estudo da paisagem geográfica com as artes visuais, além de promover uma reflexão prática reconhecendo a formulação do conhecimento espacial constantemente impregnado na produção do conhecimento artístico.

Humboldt e a natureza geográfica diante da arte

Por muito tempo, antes da invenção da câmera fotográfica, a ilustração foi a mais fiel e eficaz forma de retratar as matas virgens que se faziam presentes à frente dos viajantes naturalistas e exploradores. Alexander Von Humboldt (1769-1859) estabeleceu uma ponte fiel, em suas explorações e viagens, para a aproximação da ciência geográfica com a representação da paisagem através de ilustrações. Humboldt levou em suas expedições o comprometimento com o novo, com aquilo que abarcara suas visões, e incorporou em seus livros o termo Weltbeschreibung - descrição do mundo -, que aparece logo no subtítulo de Kosmos3 3 Obra de Humboldt. .

A descrição de mundo presente nas obras de Humboldt revolucionou o estudo da paisagem na Geografia, e o empírico unido ao trabalho de campo impulsionou metodologicamente a conceituação e a teoria da paisagem. Além disso, o geógrafo da antiga Prússia influenciou, posteriormente, outros viajantes-artistas-naturalistas a desbravarem as terras sul-americanas e, através da ilustração e da pintura, registrar a diversidade das paisagens latinas, como foi o caso do conde Othon de Clarac (1777-1847).

O fato do estudo de Humboldt compreender, além do corte sistemático, o encontro da qualidade dos seres no concreto de suas relações biogeográficas, pressupõe o contato empírico e vivenciado com as situações de sua própria existência de mundo - o devir. Humboldt sofreu grandes influências da literatura e dos estudos de Johann Wolfgang von Goethe4 4 Nasceu em 28 de agosto de 1749 em Frankfurt, na Alemanha, e faleceu em março de 1832, aos 83 anos, em Weimar. Sua formação universitária foi marcada pela diversidade de conhecimento nas áreas humanas, sociais aplicadas e da natureza. Como escritor, Goethe foi uma das mais importantes figuras da literatura alemã e do Romantismo europeu, nos finais do século XVIII e inícios do século XIX. . O estudo da paisagem e da dinâmica geográfica em Humboldt se perpetua como a expansão do sujeito no mundo. E assim como em Goethe, a paisagem, para Humboldt, surge da apreciação poético-romântica e figurativa de um quadro da natureza:

Nada conseguirá apagar jamais a emoção que me fizeram sentir as noites serenas dos trópicos, nas margens do mar do sul, quando, do azul vaporoso do céu, a alta constelação Argus e a Cruz, inclinada relativamente ao horizonte, despediam a sua luz doce e planetária, ao mesmo tempo em que os delfins traçavam a sua esteira brilhante nas ondas do mar espumante. (HUMBOLDT, 1952bHUMBOLDT, Alexander von. Quadros da Natureza 2. Translated by Assis de Carvalho. São Paulo: W. M. Jackson , 1952b., p. 278).

Tanto para Goethe quanto para Humboldt, a paisagem aparece como uma porção vital da totalidade natural enquadrada pela sensibilidade do olhar treinado e transfigurada em arte, literatura e pintura, respectivamente. Em Humboldt, registra-se: “O homem que é sensível às belezas da natureza...terá prazer em examinar as variadas sensações que a vegetação produz na alma ao contemplá-la” (HUMBOLDT, 2009HUMBOLDT, Alexander von. Essay on the geography of plants. Chicago: The Chicago University Press, 2009., p. 73).

Os elementos artísticos ampliam uma visão de mundo necessária para o entendimento da paisagem tanto em Goethe quanto em Humboldt. Compreendendo o mundo como um organismo, e por uma dimensão dinâmica, Goethe não enxerga uma homogeneidade linear, oferecendo à análise científica uma linguagem própria do pensar do artista, do poeta; e é ela que permitirá ultrapassar o limite e a restrição da simples ligação causal.

A descrição do mundo se faz, portanto, fortemente presente pelos traços ilustrativos para o viajante prussiano. A natureza geográfica e biológica, dessa forma, se acoplou à natureza sensível do que era apreendido pelas paisagens submetidas em suas expedições. Nesse sentido, Humboldt contribuiu muito para fazer com que os cientistas concentrassem sua atenção na necessidade de uma coleta precisa e sistemática de dados, e incorporou técnicas fundamentais de apresentação de dados, tais como as isotermas e os perfis geológicos. Além disso, Humboldt tinha uma capacidade indescritível de admiração da natureza presente. Para o cientista, a diversidade da natureza só é possível de ser entendida e desbravada conjuntamente com a experiência estética, e, somente dessa forma, as leis universais poderiam ser construídas e explicariam a distribuição geográfica das paisagens naturais desbravadas.

Nesta que é uma de suas famosas ilustrações - a “Geografia das Plantas Equinociais” (Figura 1), Humboldt apresenta a seção da América do Sul com o vulcão Chimborazo (região andina do Equador) e a relação da topografia com as plantas. A ilustração registra, cientificamente, a distribuição da vegetação andina no relevo. O naturalista projeta os dados topográficos e da altitude e sua relação com a latitude, indicando na distribuição topográfica a diversidade das plantas na paisagem. A ilustração serviu especificamente à ciência na comprovação da relação entre a movimentação topográfica do relevo (altitude) e a latitude por meio da manifestação dos diversos estratos vegetativos na paisagem: arte-ciência.

Figura 1
Geographie des plantes equinoxiales - Humboldt e Vonpland (1803).

O objetivo de Humboldt, tanto nessa ilustração específica quanto em todos seus relatos literários de viagem, refere-se à exposição do princípio da unidade e totalidade da natureza, ou seja, da compreensão do mundo, dos fenômenos e das formas físicas em sua conexão mútua (FALCÃO; FALCÃO SOBRINHO, 2016FALCÃO, Cleire Lima da Costa; FALCÃO SOBRINHO, José. A Obra de Goethe e o Viajante Naturalista Humboldt: a prática científica do trabalho de campo. Ciência e Natura, Santa Maria, v. 38, n. 3, p. 1238-1245, sep./dec. 2016. Available at: https://periodicos.ufsm.br/cienciaenatura/article/view/20062/pdf . Accessed on: May 30, 2021.
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). Humboldt mostrou como é possível sintetizar homem e natureza, e todas as conexões da natureza com o homem. Semelhantemente, pode-se comentar a respeito da ideia de Goethe, que possuía uma visão holística das coisas que o cercava, não analisava apenas um fato isolado, e sim as relações de causa e consequência entre eles, assim como posteriormente alegou Milton Santos sobre a construção animada e relacional do espaço - do território, dos lugares, da região e também da paisagem.

Nesse contexto, as relações dos indivíduos com o meio natural são, também, um assunto constantemente abordado na ciência geográfica e ainda mais na problemática ambiental atual. E, para além da descrição da paisagem dessas relações, a arte pode agir como um porta voz e como denúncia diante da forma com que a sociedade e a produção do espaço interferem e alteram a paisagem. Humboldt contribui para o pensamento sobre a paisagem através das expedições e dos relatos naturalistas que semeou para o futuro do fazer geografia-arte formas de pensar a paisagem como o reflexo de problemas ambientais enfrentados.

Equilibrado pelo olhar de sobrevoo, ele, agora, sente-se atormentado pelo aspecto de deserto da planície - pela ausência de conhecido - e seus traços de ruína, que tenta a todo esforço negar. Quadros: a paisagem, transcrição exata da imagem visualizada no contato direto junto à natureza, e a paisagem que, embora programada pelo cálculo exato e pontual, vai ser manipulada e reconstruída a fim de atingir uma paisagem ideal. (HUMBOLDT, 1952aHUMBOLDT, Alexander von. Quadros da Natureza 1. Translated by Assis de Carvalho. São Paulo: W. M. Jackson, 1952a., p. 188).

Ao lidar com essa paisagem que abrange o todo e considerando as interações espaciais entre unidades culturais e naturais, incluindo assim o homem no seu sistema de análise, a ecologia de paisagens adota uma perspectiva correta para propor soluções aos problemas ambientais - problemas que são frutos de um idealismo de desejos e consumos que atingem a produção do espaço. Além disso, com a força da arte, essa discussão ganha ainda mais poder e impacto em diversas esferas socioespaciais se pensarmos na arte como uma oficina de saberes e de produção de conhecimento.

Ainda dentro do horizonte temporal dos Oitocentos, o arqueólogo Othon Frederic Jean-Baptiste de Clarac (1777-1847), que chegou ao Brasil possivelmente em 1816, deu sequência à importância de fazer registros por meio de ilustrações para o mundo tropical. Desenhista e cientista francês, Conde de Clarac foi fortemente influenciado por Humboldt. Participou de algumas expedições em terras brasileiras, cujos registros tornaram-se emblemáticos da representação da floresta brasileira nos Oitocentos.

As ilustrações do Conde Clarac influenciaram artistas viajantes da América. A tradição humboldtiana está embutida nas suas representações naturalistas de Othon Clarac e age como uma forma de contribuir, por meio da sensibilidade e da intuição, para os estudos científicos com o objetivo de alcançar uma apreensão totalizadora do universo

Por meio do detalhamento extraordinário da flora e da fauna tropical brasileira, como demonstrado na Figura 2, podemos constatar que a ilustração da paisagem natural com a representação da paisagem tropical foi ganhando importância. Nesse contexto, a própria coroa portuguesa foi se incumbindo de promover pedidos de encomendas artísticas aos viajantes-artistas a fim de obter um conhecimento detalhado das paisagens brasileiras e suas possíveis apropriações futuras.

Figura 2.
Othon Frederic Jean-Baptiste de Clarac - Floresta virgem do Brasil (1819).

Se a ciência se candidata ao fato de compreender a concretude das informações, a arte em Humboldt se põe no lugar de atravessar a captação de informações que estão para além da explicação racional e que caminha junto da filosofia, da imaginação, do temor, e da criatividade. O homem não pode ser entendido sem o mundo e nem o mundo entendido sem o homem. A relação mútua entre a objetividade e a subjetividade interage e formula o conhecimento. Sendo assim, a escrita humboldtiana rompe os limites entre a literatura e a ciência. Ao mesmo tempo em que descreve, Humboldt expressa seus sentimentos e emoções. A beleza e o colorido da natureza estão presentes em sua vasta obra (MIRANDA, 1977MIRANDA, Miguel Ángel. El Cosmos: entre la crisis de la ilustración y el romanticismo alemán. Geocrítica: Cuadernos Crítios de Geografia Humana, Universidad de Barcelona, año II, n. 11, p. 5-15, Sep. 1977., p. 7). A natureza é incorporada, acariciada e definida em tons poéticos e precisos em tudo aquilo que Humboldt mirava seus olhos.

Com isso o, conceito de paisagem para a geografia, que muitas vezes se limitou ao ato de descrever e desvendar características físicas de determinados espaços, ganha novos rumos ao ser pensado por outras áreas dos saberes. A paisagem se desenrola e se fluidifica na literatura, proporcionando, dessa forma, novas possibilidades de investigar o conceito dessa categoria e de trazer novos significados para a geografia.

A ideia de paisagem que está dispersa nos mais diversos saberes, nos convidam a observar a multiplicidade de significações que podem compor o conceito. Essa multiplicidade nos estimula a ampliar o conceito de paisagem e a ler e compreender os contemporâneos movimentos do espaço a partir das imagens desse conceito.

Fotografia e paisagem: uma inter-relação na investigação socioespacial da natureza

A perspectiva de discussão da paisagem geográfica pode também ser estendida para a arte fotográfica e, portanto, produzir uma série de reflexões espaciais. A fotografia ajuda e nos orienta a entender muitos processos socioespaciais. A fotografia é um texto imagético que possui ampla interrelação com as artes, confundindo-se na sua origem com as montagens de quadros. Uma foto pode chamar nossa atenção para as paisagens que imprimem novas realidades ao espaço geográfico, quer seja em sua dimensão de registro sem pretensão artística quer seja na sua apropriação enquanto uma obra da arte.

No cerne de uma foto está a originalidade e o processo criativo de determinada época, espaço e do sujeito que a produziu. Mas estão também em seu interior, uma reunião de tempos distintos, como os milhões de anos gastos pelos processos geológicos para definir o relevo, ou os dias, meses e anos para a construção do que se figura por cima desse mesmo relevo, fruto dos milhões de anos dos processos naturais. Essa foto pode ser vista por si só como um instante congelado da matéria, mas, ainda assim, nela há processos e acontecimentos humanos que levam a foto a se esboçar com determinadas características e formas naquele instante.

Desde o enquadramento e intuições conscientes e inconscientes, o artista nos leva a infinitas possibilidades de leituras para produzir a concepção fotográfica e a paisagem retratada. Sabemos, contudo, que a paisagem não está solta no tempo, pois ela compreende processos geográficos e socioespaciais:

Adorava admirar a beleza das coisas, descortinar no imperceptível, através do que é diminuto, a alma poética do universo. [...] Há poesia em tudo - na terra e no mar, nos lagos e na margem dos rios. [...] É que poesia é espanto, admiração, como de um ser tombado dos céus em plena consciência de sua queda, atónito com as coisas. (PESSOA, 1966PESSOA, Fernando. Páginas íntimas e de auto-interpretação. Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho. Translated by Jorge Rosa. Lisboa: Ática, 1966., p. 345).

A fotografia é a construção de um novo real: o fotográfico, no qual ocorre uma transformação, uma criação de algum objeto real no processo de registro. A fotografia é memória, na medida em que fragmenta o espaço, paralisa o tempo, perpetuando a representação, mas ela não pode ser só isso, pois acoplados à fotografia estão os sentidos da paisagem de quem a registra.

Se pensarmos ou admirarmos por algum momento alguma foto, estaremos exercitando o entendimento da totalidade espacial e sua implicação no recorte da paisagem registrada na fotografia. Mas, além disso, estaríamos partindo da perspectiva, das vivências e das intencionalidades do fotógrafo em um determinado desdobramento da colcha do espaço-tempo.

“Pensar dessa forma, por exemplo, em um espaço-território, espaço-lugar ou em um espaço-paisagem sem considerar as vivências humanas significa não conceber o espaço em sua natureza.” (BRAGIONI; ARAÚJO, 2020BRAGIONI, Guido Lins Lopes; ARAUJO, Marina. Corpo e espaço: uma reflexão dialética acerca do objeto de estudo da geografia. Revista Geografia, Literatura e Arte, v. 2, n. 2, p. 49-64, 2020. , p. 6). O espaço-paisagem assume um equilíbrio e uma espécie de equação engendrada pela forma e pelos diferentes sentidos que ele é capaz de suscitar e condicionar (SANTOS, 2000SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 2000. ). Nesse sentido, equacionados e construídos socialmente, os sentidos e significações da organização da paisagem são sempre advindos da relação, isto é, o espaço-paisagem é uma constituição relacional exposta ao sensível.

A fotografia, portanto, revela também uma subjetividade e uma sensibilidade partilhada, coletiva, e que se oferece à leitura enquanto fonte, remetendo ao mundo da criatividade, da cultura e de seu conjunto de significações construído sobre determinada realidade e materialidade espacial. Esse espaço presente na fotografia é o espaço que, aqui neste artigo, é entendido como geográfico e que busca compreender as relações sociais presentes nas manifestações paisagísticas do mundo e na história espacial.

Além disso, a paisagem ou o espaço-paisagem, assim como a arte da fotografia, cumpre um papel de testemunha ou de “memória de um presente que já foi” (SANTOS, 1978SANTOS, Milton. Espaço e sociedade: ensaios. Petrópolis: Editora Vozes, 1978. , p. 138), seja com ou sem sua pretensão artística. Tais paisagens-fotografias seriam as formas fixas que restaram e foram consideradas e consolidadas por diversas escalas de tempo, como pode ser entendido na fotografia anterior com a presença da igreja no centro da comunidade de André do Mato Dentro, marcando processos históricos e a historicidade do lugar (Figura 3). Entretanto, a paisagem na história é expressa pelos movimentos individuais e sociais. A dinâmica dos corpos e as suas transitoriedades são o resultado de processos muitas vezes invisíveis que se relacionam à produção e à utilização do espaço, delineado por lugares, constituído por territórios, e dinamizado por fronteiras e limites (HISSA, 2009HISSA, Cássio Eduardo Viana. Território de diálogos possíveis. In: RIBEIRO, Maria Teresa Franco; MILANI, Carlos Roberto Sanchez (org.). Compreendendo a complexidade socioespacial contemporânea: o território como categoria de diálogo interdisciplinar. Salvador: EDUFBA, 2009. p. 37-84. Available at: http://books.scielo.org/id/37t/pdf/ribeiro-9788523209322-03.pdf . Accessed on: Oct 10, 2020.
http://books.scielo.org/id/37t/pdf/ribei...
). E pensando através da perspectiva de George Simmel:

Sempre que, diante da paisagem por exemplo, a unidade da existência natural se esforça por nos integrar ao seu tecido, a brecha entre um eu que vê e um eu que sente, se mostra duplamente visível. É com toda a nossa pessoa que nos plantamos diante da paisagem, seja ela natural ou artística, e o ato que a cria para nós é simultaneamente um ver e um sentir, cindido em instâncias isoladas pela reflexão. (SIMMEL, 1996SIMMEL, George. The Philosophy of Landscape. Translated by Simone Carneiro Maldonado. Política e Trabalho, n. 12, p. 5-9, sep. 1996., p. 6).

Figura 3.
Igreja de André do Mato Dentro (2019).

Enquanto expressão fotográfica, a paisagem compreende o movimento da própria totalidade social em constituição através do sentido de observação. Sua raiz matemática está ligada ao desenvolvimento da perspectiva e à compreensão do fenômeno da luz. Do posicionamento do homem no mundo às possibilidades para sua visão, a fotografia recai sobre a matemática geométrica e indica que foi preciso um processo de educação e experiência do sentido e do espaço geográfico (SIMMEL, 1996SIMMEL, George. The Philosophy of Landscape. Translated by Simone Carneiro Maldonado. Política e Trabalho, n. 12, p. 5-9, sep. 1996.):

Mas para que nasça a paisagem é necessário, é preciso inegavelmente que a pulsação da vida, na percepção e no sentimento, seja arrancada da homogeneidade da natureza e que o produto especial assim criado, depois de transferido para uma camada inteiramente nova, se abra ainda por assim dizer, à vida universal e acolha o ilimitado nos seus limites sem falhas. (SIMMEL, 1996SIMMEL, George. The Philosophy of Landscape. Translated by Simone Carneiro Maldonado. Política e Trabalho, n. 12, p. 5-9, sep. 1996., p. 6).

A fotografia compactua diretamente com o renascimento da discussão da paisagem na era moderna. Nesse sentido, a fotografia deu uma maior abertura ao pensamento da paisagem, não apenas como uma condicionante de desenvolvimento, mas também como uma espécie de reflexo das ações da sociedade. Mas isso não aconteceu apenas por sua reprodutibilidade e mobilidade devido ao seu tamanho e baixo custo, rapidez de produção (BENJAMIN, 1936BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. Translated by Gabriel Valladão Silva. São Paulo: L&PM, 2018. ), mas também por abrigar a apresentação e a representação do espaço e da sociedade. Fotografias conseguem dizer sobre vidas, desejos, dificuldades e memórias e tudo aquilo que o olho e o sentimento buscar enxergar.

Dessa forma, a paisagem que surge como palco e também produto das relações sociais, culturais e espaciais pode ser definida através da fotografia como “[...] um produto cultural resultado do meio ambiente sob ação da atividade humana” (SCHIER, 2003SCHIER, Raul Alfredo. Trajetórias do conceito de paisagem na geografia. Raega - O Espaço Geográfico em Análise, Curitiba, v. 7, p. 79-85, dez. 2003. Available at: https://revistas.ufpr.br/raega/article/view/3353 . Accessed on: March 3, 2022.
https://revistas.ufpr.br/raega/article/v...
, p. 80). Nesse sentido, ela se apresenta de uma forma determinada por uma espacialidade e uma temporalidade, sujeita a mudanças. Ou seja, a paisagem-fotografia é a apresentação de um espaço determinado, em um tempo determinado, que expõe inúmeros elementos daquela região-lugar-território - físicos, sociais, culturais, geográficos.

A paisagem pressupõe a presença do homem e de uma racionalidade para ser entendida, ou seja, o espaço por si só pode ser morfologia, vegetação, mas não é uma paisagem propriamente dita. Para se tornar paisagem, esse ambiente precisa tocar alguém e ser absorvido por esse alguém, somente assim é dado ao espaço significado, transformando-o em paisagem. Em analogia, todo espaço-paisagem é teoricamente um espaço-fotografia, no qual só conseguimos “capturar” a espacialidade quando o corpo entra em contato com o ambiente e o decifra, o sente e o transforma em um espaço tecido, visceral, social, subjetivo, etc. Há um intermeio do acesso a verdade fotográfica e da existência de mundo que antes de tudo precede a existência do sujeito. Há uma busca, uma prática, uma experiência mediante as quais o sujeito opera sobre si próprio as transformações necessárias para ter acesso à verdade. No sentido da paisagem, essa prática é comprobatória e necessita imediatamente do estudo entre as relações subjetivas operadas na paisagem e nos modos de ver.

A partir dessa abordagem, a paisagem também surge quando o homem, previamente inserido no ambiente, começa a se distanciar dele, distanciamento esse que permite que ele entenda o universo e todas as coisas que o compõem. Em segunda analogia, o distanciamento pode ser comparado com a lente de uma câmera que nos permite enxergar o mundo em diversos graus de detalhamento, como um dinâmico evento de afastar e se aproximar do espaço.

A compilação de fotografias proposta na Figura 4 nos permite esse trabalho “angular” de aproximação e de afastamento da paisagem através da fotografia. Em algumas fotos, temos a tristeza instalada no olhar e no semblante, em outras, a resistência em forma de festividade, mas, por fim, o assombro da atividade minerária. Não obstante, nas alternâncias de lentes e capturas, todos os registros correspondem e estão interligadas ao “mesmo” lugar, André do Mato Dentro:

Como todo território mineiro, André do Mato Dentro se vê em meio a dualidades recorrentes: riqueza e esgotamento, pequeno e grande, interno e externo. Em um contexto de exploração, André se mantém em seu lugar, firma suas raízes, porque sabe que àquela terra, ele pertence. André se vê na comunidade, na relação social, nos encontros. (CESAR, 2019CESAR, Lívia. Paisagens por André: a conformação de André do Mato Dentro em lugar do meio da paisagem. 2019. Available at: https://drive.google.com/drive/folders/1NycwcVJM-jVOP85-n8QFfIPZxD5xJtJJ . Accessed on: July 7, 2021.
https://drive.google.com/drive/folders/1...
, p. 16).

Figura 4.
Série Fotográfica - Um Grito de Socorro (2019).

Nesse sentido, a fotografia é capaz de nos movimentar em meio às questões que são urgências sociais. A fotografia nos prende ao sentir, nos fazendo enxergar, escutar, experimentar e nunca esquecer. A fotografia também é um ato de resistência, de transmitir informações, textos e sentimentos. Dessa forma, entendemos a arte como reflexo da realidade social e também como uma forma de conhecimento capaz de interagir come ela, com o poder de modificá-la. Atribuímos à arte um caráter libertador, pela possibilidade de ela exercer tal função através da representação formal e realista ou metafórica dos conteúdos da luta de classes. A arte está desperta e caminha em conjunto com a transitoriedade espacial da paisagem. Justamente por acompanhar os movimentos do espaço e da sociedade, a arte consegue inscrever em seus arranjos, geografias e marcas espaciais. Com isso, a arte como ciência constitui-se em movimentos históricos e necessárias na expansão dos experimentos de mundo e de espaço.

A paisagem, nesse ponto, assume uma metalinguagem, pois ela participa do nosso cotidiano e nos permite vivenciar o espaço, contar nossa história pelas ruas, escrever nossas dores no concreto e expor nossas indignações pelo ar. Sendo assim, também construímos a paisagem a qual estamos inseridos através das nossas vontades, necessidades, desejos e interesses.

A arte, ao cumprir o papel de vigília e contestação, consegue apontar os limites e a interação entre o real e o possível, entre a palavra e a imagem, e entre o homem e seu simbólico assim como a continuidade e a ruptura (NIETZSCHE, 2000NIETZSCHE, Friedrich. Humano demasiado humano. Translated by Paulo Cezar de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.). Pode-se inferir que o artista age como um desencadeador de mudanças, polemizador e crítico da ordem presente na medida em que constrói significações novas, entre o real e o possível, e assim ele diz a paisagem.

Considerações finais

O homem percebe, através da experiência de seus sentidos assim por meio da arte, o mundo e a vida em cada momento de sua história social, formando conceitos, entendimentos, pensamentos, propósitos, culturas, etc. Essa percepção não é uma abstração de mudanças nas coisas ou transformações sociais - de uma época para outra -, mas uma participação do homem, através de sua relação e compreensão das coisas, dando importância ao passado - o que foi transmitido de gerações passadas à atual -, para a sua formação, de forma positiva ou negativa, como processo de desenvolvimento em busca de conhecimento sobre a natureza e a realidade social.

Nesse sentido, a prática artística reata vínculos e proximidades com as informações, com os relatos, e, acima de tudo, com os processos socioespaciais, tanto pela sua capacidade de subjetivação quanto de resgate histórico. Ao analisarmos qualquer paisagem, estamos automaticamente resgatando e engatando as ações sociais no espaço

Com isso posto, é conclusivo que a paisagem narra, conta histórias, descreve e representa a memória e as relações existentes de um local. Enquanto geográfica, contempla todos os sentidos humanos, pois ela não é só imagem, ela dialoga com as experiências de quem as observa, sendo assim uma construção cultural e um conjunto de signos a serem decifrados por quem as observa, assim como fez Humboldt e outros naturalistas. A paisagem, em conjunto ou através da arte, possibilita a compreensão do homem no espaço e no tempo sob a perspectiva política e estética. A arte possibilita ao sujeito se identificar e vivenciar experiências, no tempo e no espaço, não apenas como entretenimento, mas também como uma forma de enxergar o mundo a partir de um novo olhar, diferente do que está instituído.

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Editado por

Editor do artigo:

Rodrigo Ramos Hospodar Felippe Valverde

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Out 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    04 Ago 2022
  • Aceito
    12 Abr 2023
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