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O terceiro ano do Brazilian Journal of Geology e o seu desafio internacional

Em outubro 2015, junto ao Simpósio de Geologia do Sudeste da Sociedade Brasileira de Geologia, em Campos do Jordão, ocorreu uma importante reunião do Conselho Editorial da Sociedade Brasileira de Geologia - SBG, com a presença de dez de seus membros brasileiros. O objetivo principal dessa reunião foi o de avaliar a situação da revista, repensar o seu futuro, e direcionar os seus próximos passos rumo à sua completa internacionalização.

Em início de 2012, a Revista Brasileira de Geociências - RBG, com tradição continuada de mais de quatro décadas na geologia brasileira, foi colocada pela Diretoria da SBG sob a responsabilidade do presente Conselho Editorial. Com a criação desse conselho, a SBG pediu que a revista assumisse a sua posição de principal veículo científico nacional na área de Ciências da Terra, e fizesse o possível para incrementar a sua importância na comunidade geológica mundial. Após um período de alguns meses de transição, a atuação formal do novo conselho à testa da revista foi iniciada em julho. Ainda como Revista Brasileira de Geociências, dois números foram publicados em setembro e dezembro de 2012, mantendo a pontualidade que já havia sido conquistada pelo corpo editorial anterior, cujo Editor-chefe foi o colega e amigo Alberto Pio Fiori. No final de 2012, a RBG também publicou um número temático suplementar: "Avanços em Geologia Sedimentar, Ambiental e Hidrogeologia no Brasil". Naquela época, as metas iniciais para a RBG eram a de conseguir ser aceita nas bases de dados internacionais e também a de obter uma melhor classificação no sistema nacional QUALIS, ligado à CAPES.

Com o volume 43(1) de março 2013, a RBG mudou o seu nome para Brazilian Journal of Geology - BJG, de modo que com o presente volume, de dezembro de 2015, o BJG completa o seu terceiro ano de vida. Onze números do BJG já foram publicados pontualmente, com o que há de melhor a respeito do que se faz em geologia no Brasil, e este é o 12º. Há pouco tempo foi publicado também outro suplemento temático, contendo diversas contribuições que foram oferecidas em sequência ao VI Latin American Congress of Sedimentology. Entendo que as mencionadas primeiras metas, almejadas há três anos, foram obtidas. O BJG foi aceito pelo SciELO, a base de dados científicos brasileira que tem status internacional, e também pela web-of-science, o principal sistema de quantometria internacional. A revista receberá o seu primeiro fator de impacto em meados de 2016. Além disso, o BJG também foi promovido para B1 na classificação das revistas científicas elaboradas pela CAPES, que corresponde às revistas de cunho internacional.

A comunidade geológica brasileira adaptou-se às novas condições oferecidas pelo BJG, e respondeu bem às suas características. O fluxo de submissões ocorridas nos últimos três anos está resumido na Tabela 1.

Tabela 1.
Brazilian Journal of Geology - Fluxo de submissões (2013-2015).

A tabela indica que, nesses três anos de vida, o fluxo de manuscritos apresentou algumas oscilações, e se manteve entre 6 e 10 submissões mensais. Considerando os avanços obtidos, em especial a nova classificação de revista internacional outorgada pela CAPES, é possível esperar que em futuro próximo esse fluxo venha a se acentuar. No momento, 30 artigos se encontram com avaliação em andamento.

Com relação ao processo de avaliação, a migração do sistema editorial Open Journals System - OJS para o ScholarOne permitiu que a atuação dos editores associados, tanto brasileiros como estrangeiros, ficasse mais próxima dos autores e dos revisores, trazendo certo progresso na comunicação entre eles. Alguns dos editores ainda estão se adaptando ao novo sistema. Por outro lado, o sistema permite desempenho mais rápido e controle de prazos, além de os revisores poderem ser escolhidos em qualquer parte do mundo, o que garante revisões críticas e interesse internacional, possibilitando uma melhoria considerável do conteúdo de cada submissão.

Para os artigos publicados entre setembro de 2012 e setembro de 2015, os gráficos mostram (Figs. 1 e 2) o período de tempo necessário para o processo de avaliação, ou seja, o tempo decorrido entre submissão e aceite. É claro que esse intervalo de tempo depende, além da qualidade intrínseca de cada artigo, da prontidão de editores, revisores e autores. Nos dois diagramas, no eixo das ordenadas, está o número de dias. Os volumes publicados são representados por boxplots retangulares, que incluem 50% da população amostral. Os extremos são marcados, assim como a mediana e a média, em cada caso. A linha pontilhada representa um ano (365 dias). NaFigura 1, os cinco primeiros boxplots ainda incluem artigos que estavam sendo avaliados há muito tempo, indicados como outliers com asteriscos no diagrama, alguns deles com mais de três anos. A partir do quarto número publicado em 2013, o prazo médio nas avaliações se manteve, em média, próximo de seis meses. A Figura 2, com a escala vertical expandida, mostra que todos os artigos publicados em 2014 e 2015 foram avaliados em tempo inferior a um ano, e parece que o processo de avaliação está se aprimorando com o tempo. Nas últimas três edições, o prazo médio se situou por volta de quatro meses, compatível com o das revistas internacionais congêneres.

Figura 1.
Tempos de avaliação para os artigos publicados no Brazilian Journal of Geology. Boxplot para o período entre o volume 42(3), de setembro de 2012, e 44(2), de junho de 2014.

Figura 2.
Tempos de avaliação para artigos publicados no Brazilian Journal of Geology. Boxplot para o período entre o volume 44(1), março de 2014, e 45(3), setembro de 2015.

O fluxo de manuscritos e o período médio do processo de avaliação indicam que a revista apresenta no momento um regime editorial relativamente estável. Entretanto, a Figura 3, que traz a evolução do número de downloads diários dos artigos do BJG, desde setembro de 2012 até setembro de 2015, é um sinal de alerta. Verifica-se que antes de julho de 2013 o número de downloads era sempre pequeno, mas no segundo semestre desse ano atingiu uma média entre 7 e 8 downloads diários, com alguns picos de trinta. Daí houve certo decréscimo até o presente, e a média diária atualmente situa-se por volta de 4 a 5 downloads, com alguns picos de vinte. A que se deve essa diminuição? A meu ver, a revista deve buscar a sua inserção internacional com mais qualidade, o que passa também pela melhora em seu fator de impacto. No momento, ainda aguardando para 2016 o seu primeiro impact factor da Thomson & Reuters, a situação do BJG na Scimago já foi indicado para 2013 e 2014. No ranking de 40 revistas latino-americanas de Ciências Exatas e da Terra, o BJG passou de 27º em 2013 (SJC=0.14) para 14º em 2014 (SJG=0.22). Creio que ainda podemos melhorar. A revista geológica latino-americana melhor ranqueada, no momento, é a chilena Andean Geology, com SJC perto de 0.8 em 2014.

Figura 3.
Brazilian Jounal of Geology. Relatório de downloads de setembro de 2012 a agosto de 2015.

Na reunião mencionada do Conselho Editorial do BJG, houve alguma discussão a respeito do futuro da revista. Houve consenso que, para progredir com a internacionalização, será importante que os artigos a serem publicados, mantendo o seu caráter regional, possuam elementos com potencial de interesse internacional evidente. Os próprios membros do Conselho se dispuseram a contribuir, no futuro, com artigos próprios, ou de seus estudantes. Além disso, foi tomada uma decisão fundamental: a partir de 2016, as submissões no BJG deverão ocorrer apenas na língua inglesa. Outra decisão importante foi a de modificar as "Instruções aos autores", para que melhor se adaptem ao Sistema Editorial ScholarOne. As novas instruções podem ser encontradas no final deste número e também nos sites da SciELO e da SBG. Elas foram inspiradas em editoria internacional com tradicional atuação na área de Geociências (Elsevier), e certamente servirão de guia para a elaboração de artigos com maior alcance e apelo internacional.

O caminho do BJG está traçado. A comunidade geológica brasileira já conquistou o respeito do mundo pelo seu amadurecimento e a sua grande competência nas diversas especialidades das Ciências da Terra. Nas revistas internacionais da área há muitas excelentes contribuições de autores brasileiros, e é importante e necessário que isto continue. O que se busca com o BJG é um maior número de autores brasileiros no cenário internacional. Ademais, o processo de internacionalização envolve um aprendizado que estimula a busca de um apelo temático na fronteira da ciência ao invés de focos eminentemente locais. Na própria concepção de seus trabalhos, os autores brasileiros poderiam incluir a escolha de títulos que busquem soluções de problemas de cunho amplo, bem como a elaboração de abstracts informativos e mais chamativos para uma audiência a mais ampla possível. A meu ver, essas poderiam ser medidas imediatas, as quais contariam com ações pró ativas do corpo editorial do BJG.

Por alguns motivos editoriais, e para que a revista não perca a sua pontualidade, este volume 45(4) estará disponível no site da revista e no site do SciELO bem antes do fim do mês de dezembro, e por isso está contando com um número de artigos menor do que o normal.

Tenho muita fé num futuro realizado e satisfatório para a nossa revista no plano internacional, e tenho a certeza que os nossos colegas da geologia brasileira, tanto acadêmicos como profissionais, seguirão prestigiando e colaborando com a sua revista, e continuarão a encaminhar algumas de suas melhores contribuições para o Brazilian Journal of Geology.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2015
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