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Panencefalite subaguda esclerosante: transmissão de agente encefalitogênico humano ao macaco rhesus

Subacute sclerosing panencephalitis: transmission of a human encephalitogenic agent to Macacus rhezus

Resumos

Material proveniente do cérebro de um paciente com "panencefalite subaguda esclerosante" foi inoculado, por via intracerebral, em dois Macacus rhesus. Os animais permaneceram assintomáticos, aparentemente bem, por mais de um ano. Entretanto, 21 e 22 meses após as inoculações começaram a apresentar sinais de comprometimento neurológico, traduzido por paralisia dos membros posteriores, com apatia e caquexia progressivas. Os animais foram sacrificados. O exame histopatológico do sistema nervoso central mostrou gliose marginal e gliose da substância branca, com os neurônios exibindo sinais de "lesão celular crônica". Foram vistos discretos manguitos inflamatórios perivasculares. Em um animal foi encontrada inclusão acidófila intra- nuclear. Havia também proliferação da glia satélite perineuronal, com satelitose, notadamente no tronco cerebral. No exame das vísceras foi encontrado discreto processo de miocardite crônica. Foram retirados fragmentos dos encéfalos destes animais e inoculados em 4 outros, também por via intracerebral. Estes animais de 2.ª passagem após 2 meses de inoculação, em média, apresentaram sinais de comprometimento do sistema nervoso central semelhante ao dos animais doadores, de 1ª passagem. Houve, portanto, um encurtamento do período de inoculação da moléstia. Estes animais também foram sacrificados, sendo encontradas gliose marginal, gliose da substância branca, "lesão celular crônica" neuronal e proliferação da glia satélite, notadamente no tronco cerebral; vasos sangüíneos congestos; espongiose cortical. Os animais testemunhas, do mesmo lote, permaneceram normais. Acreditamos que as lesões observadas nos animais de 1.ª passagem, e que se repetiram com maior intensidade e com menor tempo de incubação nos de 2.ª passagem somente podem ser explicadas admitindo-se a existência de um agente virai que, pela natureza do quadro histopatológico (gliose, "lesão celular crônica" neuronal e espongiose cortical) bem como pelo período longo de incubação, deva pertencer ao grupo dos chamados vírus lentos.


Suspension of brain fragments obtained from a patient with subacute sclerosing panencephalitis (SSPE) were inoculated intracerebrally in two rhesus monkeys. The animals remained apparently well for more than one year after inoculation. Signs of neurological involvement (paralysis of the posterior limbs with apathy and cachexia) appeared respectively 21 and 22 months after inoculation. The animals were sacrified. At histological examination of the central nervous system marginal and white matter gliosis, and inflammatory perivascular cuffings were found; there was also proliferation of the perineural satelite glia with satelitosis in the brain stem. A discrete process of chronic myocarditis was observed on visceral examination. In one of these animals an acidophilic intranuclear inclusion was found. From these animals brain fragments were removed aseptically and inoculated intracerebrally in 4 others rhesus monkeys which, 2 to 3 months after inoculation, showed signs of central nervous system involvement similar to those observed in the first passage animals with a shorter incubation period. They were also sacrified. The histological examination showed lesions, similar to those found in the animals of the first passage, increased with cortical spongiosis. The lesions observed in the animals from the first passage and which were also present with more intensity and shorter incubation period in the second group of animals inoculated, seem to be produced by the so-called "slow viruses".


Panencefalite subaguda esclerosante: transmissão de agente encefalitogênico humano ao macaco rhesus

Subacute sclerosing panencephalitis: transmission of a human encephalitogenic agent to Macacus rhezus

Alexandre AlencarI; Estácio MonteiroII

IChefe da Seção de Anatomia Patológica do Instituto Oswaldo Cruz, Chefe da Divisão de Neuropatologia do Instituto de Neurologia da UFRJ

IIChefe da Seção de Virologia do Instituto Oswaldo Cruz (Rio de Janeiro, GB)

RESUMO

Material proveniente do cérebro de um paciente com "panencefalite subaguda esclerosante" foi inoculado, por via intracerebral, em dois Macacus rhesus. Os animais permaneceram assintomáticos, aparentemente bem, por mais de um ano. Entretanto, 21 e 22 meses após as inoculações começaram a apresentar sinais de comprometimento neurológico, traduzido por paralisia dos membros posteriores, com apatia e caquexia progressivas. Os animais foram sacrificados. O exame histopatológico do sistema nervoso central mostrou gliose marginal e gliose da substância branca, com os neurônios exibindo sinais de "lesão celular crônica". Foram vistos discretos manguitos inflamatórios perivasculares. Em um animal foi encontrada inclusão acidófila intra- nuclear. Havia também proliferação da glia satélite perineuronal, com satelitose, notadamente no tronco cerebral. No exame das vísceras foi encontrado discreto processo de miocardite crônica. Foram retirados fragmentos dos encéfalos destes animais e inoculados em 4 outros, também por via intracerebral. Estes animais de 2.ª passagem após 2 meses de inoculação, em média, apresentaram sinais de comprometimento do sistema nervoso central semelhante ao dos animais doadores, de 1ª passagem. Houve, portanto, um encurtamento do período de inoculação da moléstia. Estes animais também foram sacrificados, sendo encontradas gliose marginal, gliose da substância branca, "lesão celular crônica" neuronal e proliferação da glia satélite, notadamente no tronco cerebral; vasos sangüíneos congestos; espongiose cortical. Os animais testemunhas, do mesmo lote, permaneceram normais.

Acreditamos que as lesões observadas nos animais de 1.ª passagem, e que se repetiram com maior intensidade e com menor tempo de incubação nos de 2.ª passagem somente podem ser explicadas admitindo-se a existência de um agente virai que, pela natureza do quadro histopatológico (gliose, "lesão celular crônica" neuronal e espongiose cortical) bem como pelo período longo de incubação, deva pertencer ao grupo dos chamados vírus lentos.

SUMMARY

Suspension of brain fragments obtained from a patient with subacute sclerosing panencephalitis (SSPE) were inoculated intracerebrally in two rhesus monkeys. The animals remained apparently well for more than one year after inoculation. Signs of neurological involvement (paralysis of the posterior limbs with apathy and cachexia) appeared respectively 21 and 22 months after inoculation. The animals were sacrified. At histological examination of the central nervous system marginal and white matter gliosis, and inflammatory perivascular cuffings were found; there was also proliferation of the perineural satelite glia with satelitosis in the brain stem. A discrete process of chronic myocarditis was observed on visceral examination. In one of these animals an acidophilic intranuclear inclusion was found. From these animals brain fragments were removed aseptically and inoculated intracerebrally in 4 others rhesus monkeys which, 2 to 3 months after inoculation, showed signs of central nervous system involvement similar to those observed in the first passage animals with a shorter incubation period. They were also sacrified. The histological examination showed lesions, similar to those found in the animals of the first passage, increased with cortical spongiosis. The lesions observed in the animals from the first passage and which were also present with more intensity and shorter incubation period in the second group of animals inoculated, seem to be produced by the so-called "slow viruses".

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Instituto Oswaldo Cruz — Manguinhos — Rio de Janeiro, GB — Brasil.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Abr 2013
  • Data do Fascículo
    Dez 1971
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