Evolução neurológica de crianças de baixo peso ao nascimento

Diament, Aron J.; Deluqui, Celina G.; Grossmann, Rosi M.

doi:10.1590/S0004-282X1976000400003

Resumos

A prematuridade constitui problema de importância tanto para os pediatras, devido às intercorrências que sobrevêm na sua evolução, como para os neuropediatras, no que diz respeito aos aspectos evolutivos neurológicos. Desconhece-se ainda todas as causas que levam ao nascimento de baixo peso, embora várias estejam ligadas a fatores genéticos e ambientais intra-uterinos (quemopatias). No intuito de se estudar a evolução de tais crianças, uma equipe chefiada pelo Prof. E. Marcondes, abrangendo aspectos multidisciplinares ligados à Pediatria, Pediatria Social, Neuropediatria, Psiquiatria, Otorrinolaringologia, Oftalmologia e Odontologia, vem trabalhando, há 9 anos, no estudo longitudinal, procurando abranger todos os aspectos de crescimento e desenvolvimento de crianças de baixo peso ao nascimento. De 189 crianças encaminhadas do Berçário, 129 foram estudadas destacando-se os aspectos neurológicos e a maioria acompanhada até 4-5 anos de idade, e poucas até 9 anos. Estas crianças foram subdivididas em 3 grupos: Grupo I, crianças que nasceram com peso até 1750 g; Grupo II, entre 1751 e 2000 g; Grupo III, 2001 g em diante e abaixo de 2500 g. Os exames neurológicos foram efetuados segundo sistematização utilizada na Clínica Neurológica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo23. Inicialmente foi efetuada uma revisão da literatura sobre os trabalhos mais importantes que tratam da evolução neurológica dos prematuros. Após a apresentação de seus resultados os autores tentam correlacionar a evolução neurológica com índices de quociente de desenvolvimento, efetuados mediante testes de Gesell e suas variantes, para verificar a existência do chamado "continuum de lesão" de Knobloch & col.12.

The prematurity is still an important problem for either pediatricians and neuropediatricinas. All the mechanisms that can produce lowbirth weight, are not known, although, many of them are related to genetics and environmental intra-uterine factors. Having in mind the study of the development of such type of children, a group of investigators has been working for 9 years now, envolving aspects related to the Pediatry, Social Pediatry, Neuropediatry, Psychiatry, Otorhynolaringology, Ophtalmology and Odontology. In this study they are trying to envolve all the possible aspects on growth and development of children with lowbirth weight. In 189 chldren, 129 were followed during several years. Most of them were observed up to 5 years of age and few of them up to 9 years of age. The children were divided into three groups as follow: Group I — Children with weights under 1.750 g; Group II — Children with weights between 1.751 and 2.000 g; Group III — Children with weights over 2.001 g and under 2.500 g. The neurological tests were done according to the used system at the Neurologic Clinic of the Faculty of Medicine (University of São Paulo). The present work starts with a general revision on the most important existent papers on the prematures neurological evolution. After presenting his own results, the authors make a correlaction of the neurologic evolution with the developmental quotient (DQ), which were gotten through Gesell's tests and its variations, in order to verify the existence of what is known as "continuum of lesion" of Knobloch & col.21.

Evolução neurológica de crianças de baixo peso ao nascimento

Neurological evolution of children with lowbirth weight

Aron J. Diament^I; Celina G. Deluqui^II; Rosi M. Grossmann^II^I

^IDocente-Livre do Departamento de Neuropsiquiatria (Prof. Horácio Martins Canelas) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

^IIAssistente da Clínica Pediátrica (Seção de Higiene Mental) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Prof. E. Marcondes)

^II^IAssistente do Departamento de Neuropsiquiatria (Prof. Horário Martins Canelas) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

RESUMO

A prematuridade constitui problema de importância tanto para os pediatras, devido às intercorrências que sobrevêm na sua evolução, como para os neuropediatras, no que diz respeito aos aspectos evolutivos neurológicos. Desconhece-se ainda todas as causas que levam ao nascimento de baixo peso, embora várias estejam ligadas a fatores genéticos e ambientais intra-uterinos (quemopatias).

No intuito de se estudar a evolução de tais crianças, uma equipe chefiada pelo Prof. E. Marcondes, abrangendo aspectos multidisciplinares ligados à Pediatria, Pediatria Social, Neuropediatria, Psiquiatria, Otorrinolaringologia, Oftalmologia e Odontologia, vem trabalhando, há 9 anos, no estudo longitudinal, procurando abranger todos os aspectos de crescimento e desenvolvimento de crianças de baixo peso ao nascimento.

De 189 crianças encaminhadas do Berçário, 129 foram estudadas destacando-se os aspectos neurológicos e a maioria acompanhada até 4-5 anos de idade, e poucas até 9 anos. Estas crianças foram subdivididas em 3 grupos: Grupo I, crianças que nasceram com peso até 1750 g; Grupo II, entre 1751 e 2000 g; Grupo III, 2001 g em diante e abaixo de 2500 g. Os exames neurológicos foram efetuados segundo sistematização utilizada na Clínica Neurológica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo²³.

Inicialmente foi efetuada uma revisão da literatura sobre os trabalhos mais importantes que tratam da evolução neurológica dos prematuros. Após a apresentação de seus resultados os autores tentam correlacionar a evolução neurológica com índices de quociente de desenvolvimento, efetuados mediante testes de Gesell e suas variantes, para verificar a existência do chamado "continuum de lesão" de Knobloch & col.¹².

SUMMARY

The prematurity is still an important problem for either pediatricians and neuropediatricinas. All the mechanisms that can produce lowbirth weight, are not known, although, many of them are related to genetics and environmental intra-uterine factors.

Having in mind the study of the development of such type of children, a group of investigators has been working for 9 years now, envolving aspects related to the Pediatry, Social Pediatry, Neuropediatry, Psychiatry, Otorhynolaringology, Ophtalmology and Odontology. In this study they are trying to envolve all the possible aspects on growth and development of children with lowbirth weight.

In 189 chldren, 129 were followed during several years. Most of them were observed up to 5 years of age and few of them up to 9 years of age. The children were divided into three groups as follow: Group I Children with weights under 1.750 g; Group II Children with weights between 1.751 and 2.000 g; Group III Children with weights over 2.001 g and under 2.500 g. The neurological tests were done according to the used system at the Neurologic Clinic of the Faculty of Medicine (University of São Paulo).

The present work starts with a general revision on the most important existent papers on the prematures neurological evolution. After presenting his own results, the authors make a correlaction of the neurologic evolution with the developmental quotient (DQ), which were gotten through Gesell's tests and its variations, in order to verify the existence of what is known as "continuum of lesion" of Knobloch & col.²¹.

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Clínica Neurológica Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Caixa Postal 3161 01000 São Paulo, SP Brasil.

Trabalho apresentado ao IV Congresso Brasileiro de Neurologia, 9 a 13-7-74, Rio de Janeiro, RJ.

1. AJURIAGUERA, J. de Manuel de Psychiatrie de l'Enfant. Masson & Cie., Paris, 1970, p. 493.
2. AMENDARES, S.; SALAMANCA, F. & FRENK, S. Chromosome abnormalities in severe protein calorie malnutrition. Nature 232:271, 1971.
3. BERGÈS, J.; LÈZINE, I.; HARRISON, A. & BOISSELIER, F. Le syndrome de l'ancien premature. Recherche sur sa signification. Rev. neuropsychiat. inf. (Paris) 17:719, 1969.
4. CASTAGNA, P.; DALL'ACQUA, A. & MERONI, R. Considerazioni sullo sviluppo psichico all'inizio dell'etá scolares di soggetti con basso peso alla nascita. Min. pediat. 25:320, 1973.
5. COMSTOCK, G.W.; SHAH, F.K.; MEYER, M.B. & ABREY, H. Low birth and neonatal mortality rate related to maternal smoking and socio-economic status. Am. J. Obst. & Gynec .111:53, 1971.
6. CRAVIOTO, J.; LICARDIE, E.R.; MONTIEL, R. & BIRCH, H.G. Motor and adaptive development of premature infants from a preindustrial setting during the first year of life. Biol. Neonat. 11:151, 1967.
7. DANN, M.; LEVINE, S.Z. & NEW, E.V. A long-term follow-up study of small premature infants. Pediatrics 33:945, 1964.
8. CRICHTON, J.U.; DUNN, H.G.; McBURNEY, A.; ROBERTSON, A.M. & TREDGER, E. Minor congenital defects in children of low birth weight. J. Pediat. 80:830, 1972.
9. DIAMENT, A.J. Sistematização do exame neurológico de crianças normais no primeiro ano de vida. Tese, 1967, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
10. DOUGLAS, J.W.B. & MOGFORD, C. Health of premature children from birth to four years. Brit. Med. J. 4813:748, 1953.
11. DREYFUS-BRISAC, C.; LÈZINE, I. & BERGÉS, J. Development du premature a partir de deux ans. Interrelations psychologiques, neurologiques et electro-encephalographiques. Rev. neuropsychiat. inf. (Paris) 12:283, 1964.
12. DRILLIEN, C.M. A longitudinal study of the growth and development of prematurely and maturely born children: I Introduction. Arch. Dis. Childh. 33:417, 1958.
13. DRILLIEN, C.M. A longitudinal study of the growth and development of prematurely and maturely born children: II Physical development. Arch. Dis. Childh. 33:423, 1958.
14. DRILLEN, C.M. A longitudinal study of the growth and development of prematurely and maturely born children: III Mental development. Arch. Dis. Childh. 34:37, 1959.
15. DRILLIEN, C.M. Aetiology and outcome in low-birthweigh infants. Develop. Med. Child. Neurol. 14:563, 1972.
16. DRILLIEN. C.M. Abnormal neurologic signs in the first year life in low-birthweight infants: possible prognostic significance. Develop. Med. Child. Neurol. 14:575, 1972.
17. GLASS, L.; KOLKO, N. & EVANS, H. Factors influencing predisposition to serious illness in low birth weight infants. Pediatrics 48:368, 1971.
18. HARDY, J.B. Birth weight and subsequent physical and intellectual development. N. Engl. J. Med. 289:973, 1973.
19. HARPER, P.A.; FISCHER, L.K. & RIDER, R.V. Neurological and intellectual status of prematures at three to five years of age. J. Pediat. 55:679, 1959.
20. JAMES, L.S. Long-term follow-up studies of prematurely born infants. J. Pediat. 80:513, 1972.
21. KNOBLOCH, H. & PASAMANICK, B. The development behavioral approach to the neurologic examination in infancy. Child. Developm. 33:181, 1962.
22. KNOBLOCH, H.; RIDER, R.X.; HARPER, P. & PASAMANICK, B. Neuropsychiatry seqüelas of prematurity: a longitudinal study. J.A.M.A. 161:581, 1956.
23. LEFÊVRE, A.B. O exame neurológico da criança. In TOLOSA, A.P.M. & CANELAS, H.M., eds. Propedêutica Neurológica. Temas Essenciais. Procienx, editora, São Paulo, 1969, p. 337.
24. LINDBLAD, B.S. & ZETTERSTRÖM, R. The venous plasma free aminoacid levels of mother and child during delivery. Acta Pediat. Scand. 57:195, 1968.
25. LUBCHENCO, L.O.; HORNER, F.A.; REED, L.H.; HIX, I.E.; METCALF, D.; COHIG, R.; ELLIOTT, H.C. & BOURG, M. Sequelae of premature birth: evaluation of premature infants of low birth weights at ten years of age. Am. J. Dis. Child. 106:101, 1963.
26. LUBCHENCO, L.O.; DELIVORIA-PARADOPOULLOS, M. & SEARLS, D. Longterm follow-up studies of prematurely born infants. II Influence of birth weight and gestational age on sequelae. J. Pediat. 80:509, 1972.
27. MURPHY, J.F. & MULCAHY, R. The effect of age, parity, and cigarette smoking on baby weight. Am. J. Obst. Gynec. 111:22, 1971.
28. ROSSIER, A. The future of the premature infant. Develop. Med. Child. Neurol. 4:483, 1962.
29. SAINT-ANNE DARGASSIES, S. Evolution des signes neurologiques pathologiques ao cours des deux premiers années de vie chez le premature. Rev. neuropsychiat. inf. (Paris) 12:277, 1964.
30. SELVIN, S. & GRINKEL, J. The relationship between parental age and birth order with the percentage of low birth-weight infants. Hum. Biol. 44:501, 1972.
31. STEWART, A. The risk of handicap due to birth defect in infants of very low birthweight. Develop. Med. Child. Neurol. 14:585, 1972.
32. WIENER, G. Psychological correlates of premature birth: a review. J. Nerv. Ment. Dis. 134:129, 1962.
33. ZUCCOLOTTO, M.; DIAMENT, A.J.; DELUQUI, C.G.; MARCONDES, E.; COSTA VAZ, F.A.; CORRADINI, H.B.; HAYASHI, A.; SOUZA, M.J. de & GROSSMANN, R.M. Crescimento e desenvolvimento de crianças de baixo peso ao nascimento. Estudo longitudinal preliminar de zero a dois anos de idade em 25 crianças. Rev. Hosp. Clin. Fac. Med. São Paulo 25:149, 1970.

Datas de Publicação

Publicação nesta coleção
25 Fev 2013
Data do Fascículo
Dez 1976

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[1] 1. AJURIAGUERA, J. de Manuel de Psychiatrie de l'Enfant. Masson & Cie., Paris, 1970, p. 493.

[2] 2. AMENDARES, S.; SALAMANCA, F. & FRENK, S. Chromosome abnormalities in severe protein calorie malnutrition. Nature 232:271, 1971.

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[12] 12. DRILLIEN, C.M. A longitudinal study of the growth and development of prematurely and maturely born children: I Introduction. Arch. Dis. Childh. 33:417, 1958.

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[27] 27. MURPHY, J.F. & MULCAHY, R. The effect of age, parity, and cigarette smoking on baby weight. Am. J. Obst. Gynec. 111:22, 1971.

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[30] 30. SELVIN, S. & GRINKEL, J. The relationship between parental age and birth order with the percentage of low birth-weight infants. Hum. Biol. 44:501, 1972.

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