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Práticas e nível de conhecimento sobre doença cerebrovascular em um hospital universitário: Parte 1. Educação do corpo de enfermagem: prioridade para o tratamento do infarto cerebral

Knowledge and attitudes regarding stroke in a Brazilian teaching hospital: Part 1. Results in health care workers and non-health care workers

Resumos

CONTEXTO E OBJETIVOS: Em um hospital universitário, entrevista direta de amostras estratificadas dos 3587 funcionários, visando determinar o nível de conhecimento e a conduta prática do corpo social diante do acidente vascular cerebral ou encefálico (AVE). Estabelecer prioridades para esforços educacionais. MÉTODO: Pré-teste para otimização do instrumento e cálculo amostrai. Entrevista de 309 funcionários sorteados. Inquérito consistindo em 32 questões sobre fisiopatologia, epidemiologia e mortalidade, clínica, fatores de risco, evolução e tratamento, comportamento pessoal diante da doença. Teste de Kruskal-Wallis para múltiplas comparações de dados não-paramétricos. RESULTADOS: O corpo social do hospital exibiu baixo nível de conhecimento teórico sobre o AVE e atitudes errôneas diante da doença. A performance dos enfermeiros foi superior à de auxiliares, técnicos e atendentes de enfermagem. O corpo de enfermagem, apesar de pontuar melhor na entrevista que a população leiga, mantém-se desinformado sobre as novas possibilidades terapêuticas e dissemina mitos sobre a doença. Entre os grupos profissionais leigos, o nível de educação formal não influenciou a performance na entrevista. CONCLUSÕES: A comunidade leiga e de saúde do HUCFF não reconhece adequadamente os sintomas típicos, a evolução provável dos pacientes e a necessidade de intervir rapidamente diante da doença cerebrovascular. O corpo de enfermagem não está preparado para a tarefa de difundir conceitos corretos sobre a doença. Somente programas específicos de educação continuada podem reverter este quadro, e devem ser considerados prioritários.

isquemia cerebral prevenção e controle; pessoal de saúde; educação; relações enfermeiro-paciente


BACKGROUND AND PURPOSE: This study was undertaken to evaluate professionals working at a university hospital as to their knowledge and attitudes towards stroke. METHODS: Individuals working in the hospital were divided in two groups, health care workers (HCW) and non-health care workers (NHCW), and further subdivided according to level of schooling, resulting in seven strata. A closed questionnaire addressing epidemiology, risk factors, pathophysiology, typical symptoms, treatment, clinical course and personal attitudes towards smoking and blood pressure control, was applied to a random sample of each stratum (total n = 309). Kruskal-Wallis test for multiple comparisons of non-parametric data was used. RESULTS: Significant differences between the seven groups were found. Knowledge was strongly associated with being a HCW and with level of formal education (p<0.001), even after excluding physicians from the analysis (p<0.001). In NHCW groups, knowledge was not associated with level of education (p=0.421). In these groups, personal fear of suffering a stroke was the only variable predictive of knowledge. Smoking and poor monitoring of blood pressure levels were also more common in strata with the lowest levels of education and among NHCW. CONCLUSION: Poor knowledge and wrong attitudes towards stroke are frequent among individuals working in a Brazilian university hospital. Although these results are not necessarily applicable to the general population, they will certainly be useful for the development of educational programs on stroke.

cerebral ischemia prevention and control; health personnel education; nurse-patient relations


Práticas e nível de conhecimento sobre doença cerebrovascular em um hospital universitário: Parte 1. Educação do corpo de enfermagem: prioridade para o tratamento do infarto cerebral

Knowledge and attitudes regarding stroke in a Brazilian teaching hospital: Part 1. Results in health care workers and non-health care workers

Charles AndréI; Mônica F. CostaI; Ronir RaggioII; Letícia L. VermelhoII; Sérgio A. P. NovisI

IServiço de Neurologia; Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

IINúcleo de Estudos de Saúde Coletiva (NESC) do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

RESUMO

CONTEXTO E OBJETIVOS: Em um hospital universitário, entrevista direta de amostras estratificadas dos 3587 funcionários, visando determinar o nível de conhecimento e a conduta prática do corpo social diante do acidente vascular cerebral ou encefálico (AVE). Estabelecer prioridades para esforços educacionais.

MÉTODO: Pré-teste para otimização do instrumento e cálculo amostrai. Entrevista de 309 funcionários sorteados. Inquérito consistindo em 32 questões sobre fisiopatologia, epidemiologia e mortalidade, clínica, fatores de risco, evolução e tratamento, comportamento pessoal diante da doença. Teste de Kruskal-Wallis para múltiplas comparações de dados não-paramétricos.

RESULTADOS: O corpo social do hospital exibiu baixo nível de conhecimento teórico sobre o AVE e atitudes errôneas diante da doença. A performance dos enfermeiros foi superior à de auxiliares, técnicos e atendentes de enfermagem. O corpo de enfermagem, apesar de pontuar melhor na entrevista que a população leiga, mantém-se desinformado sobre as novas possibilidades terapêuticas e dissemina mitos sobre a doença. Entre os grupos profissionais leigos, o nível de educação formal não influenciou a performance na entrevista.

CONCLUSÕES: A comunidade leiga e de saúde do HUCFF não reconhece adequadamente os sintomas típicos, a evolução provável dos pacientes e a necessidade de intervir rapidamente diante da doença cerebrovascular. O corpo de enfermagem não está preparado para a tarefa de difundir conceitos corretos sobre a doença. Somente programas específicos de educação continuada podem reverter este quadro, e devem ser considerados prioritários.

Palavras-chave: isquemia cerebral prevenção e controle, pessoal de saúde, educação, relações enfermeiro-paciente.

ABSTRACT

BACKGROUND AND PURPOSE: This study was undertaken to evaluate professionals working at a university hospital as to their knowledge and attitudes towards stroke.

METHODS: Individuals working in the hospital were divided in two groups, health care workers (HCW) and non-health care workers (NHCW), and further subdivided according to level of schooling, resulting in seven strata. A closed questionnaire addressing epidemiology, risk factors, pathophysiology, typical symptoms, treatment, clinical course and personal attitudes towards smoking and blood pressure control, was applied to a random sample of each stratum (total n = 309). Kruskal-Wallis test for multiple comparisons of non-parametric data was used.

RESULTS: Significant differences between the seven groups were found. Knowledge was strongly associated with being a HCW and with level of formal education (p<0.001), even after excluding physicians from the analysis (p<0.001). In NHCW groups, knowledge was not associated with level of education (p=0.421). In these groups, personal fear of suffering a stroke was the only variable predictive of knowledge. Smoking and poor monitoring of blood pressure levels were also more common in strata with the lowest levels of education and among NHCW.

CONCLUSION: Poor knowledge and wrong attitudes towards stroke are frequent among individuals working in a Brazilian university hospital. Although these results are not necessarily applicable to the general population, they will certainly be useful for the development of educational programs on stroke.

Key-words: cerebral ischemia prevention and control, health personnel education, nurse-patient relations.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Agradecimentos - Os autores agradecem aos Drs. João Baptista M. Moraes Neto, Marco O. Py, Armando L. Monnerat, Denise Scandiuzzi, Renzo G. Marifío; e aos alunos de graduação em Medicina da UFRJ Lucíola S. Ribeiro, Fernando S. Afonso, Cristos Pritsivelis, Bruno B. H. Mendes, Luiz Santoro Neto, Rodrigo R. P. Rodart, Alexandre V. Santos, Alexandra F. Souza, e Marcelo Gomide, pela colaboração na fase de elaboração e aplicação do questionário deste estudo. Estes alunos participaram deste estudo através do PINC (Programa de Iniciação Científica) da Faculdade de Medicina da UFRJ

Dr. Charles André - Serviço de Neurologia, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - Av. Brigadeiro Trompowsky s/n°, 10° andar - 21941-590 Rio de Janeiro RJ - Brasil.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Out 2010
  • Data do Fascículo
    Set 1997
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